Dias 1 e 2 - Dourados/MS~Vilhena/RO

Frio. Impressionante o frio. Saí de Dourados segunda cedo estava uns 10 graus. Na moto, obviamente, isso parece mais com zero graus. Ah! Eu vou pro nortão e tenho que sair com roupas de frio que usaria no Chile! Ah, ah, ah...

Ledo engano, esse meu de achar que não usaria mais roupa de frio. Até aqui em Vilhena está frio. Pegamos 13 graus em Cuiabá. O mundo está acabando.

Peraí, vamos pelo começo.

Olhe a dupla dinâmica em Campo Grande ontem de manhã aqui do lado. Esse da esquerda, para quem nunca viu antes e achava que era que nem cabeça de bacalhau -- todo mundo sabe que existe mas ninguém nunca viu -- é o vosso editor da Carta Pecuária todo fantasiado de motociclista aventureiro.

O cavalheiro à direita é o Jardim, pecuarista de Campo Grande e motociclista aventureiro também. Aliás foi ele o culpado de estar fazendo essa viagem agora. Ele já iria fazer a Rodovia Fantasma, mas daí na recepção do nosso amigo Márcio, que tinha acabado de voltar do Ushuaia no início do ano fomos apresentados. Olha o que um aperto de mão faz. Taí, 10 mil km juntos pela frente.

A gente tem que levar muita coisa na moto. Nossa, como ela estava pesada na hora quem montei pela primeira vez depois de toda carregada! Dá um frio na espinha: "Putz, isso daqui na terra vai ser um problema." Se bem que agora, no segundo dia, já me acostumei com o peso.

De Campo Grande fomos subindo até para frente um pouco de Jaciara, a gente parou para dormir em um hotelzinho na beira da estrada chamado Pensão Seca. Trinta reais. A foto do quarto está aí abaixo. Acho que foi o lugar mais barato que já dormi na vida, mas muito limpinho e tinha um chuveiro muito bom. Também, estava tão cansado da correria do final-de-semana que para falar a verdade a gente foi dormir era umas oito da noite e só acordei no outro dia 5 da manhã.

Acordamos, selamos novamente os cavalos e pegamos estrada. A estrada muito cheia. Caminhões. Carros de firma. Aliás, esse negócio de carros de firma é um caso sério.

Essas empresas compram esses Uno Mille e dão na mão desses loucos. Os caras passam a gente a 160 km/h. Mas tudo bem. Passamos uns apuros com o cidadão querendo cortar meia-faixa para engolir a moto na ultrapassagem, mas tudo bem.

Da Pensão Seca até Cuiabá, pelo rodoanel. Um movimento danado, mais caminhões no rodoanel. A mesma coisa no sentido Porto Velho, só que daí, surpresa! Uma bela de uma estrada. Melhor, muito melhor que Dorados-Goiânia, por exemplo. Um tapete, postos muitos bons a cada 200 km. Quem acha que esse oeste do MT não tem nada, tem muito mais infraestrutura que o norte de Goiás, pelo menos em conforto para o viajante na beira da estrada. Show.

Bom, mas daí chegamos em Comodoro hoje era de tardezinha. Vamos ou não vamos para Vilhena? Vamos. Chegaremos na boca da noite, mas tudo bem. Não gosto -- o Jardim também não -- de viajar de noite em motocicleta. Os faróis não ajudam. Paciência, encaramos a bronca e chegamos aqui são e salvos. Até agora.

Acho que as siriemas não gostaram do Jardim. Duas quase se jogaram em cima da moto dele hoje. Ainda bem que não teve perigo, mas assusta. Um cachorro também inventou de querer atravessar a pista na minha frente, mas pensou melhor e voltou atrás. Ai, ai...

As motos estão se comportando bem, mesmo com o frio. A do Jardim ele liga para "esquentar" de manhã. Sabe como é moto carburada... com injeção não tem isso. Quero dizer, acho que não, pois não deixo a minha esquentando. Só estou seguindo o que quando me entregaram a moto na concessionária disse que não precisava esquentar. Vai saber. O consumo também não está ruim. A minha está fazendo média de 17 km/l e a do Jardim 20 km/l.

Vi que o boi deu uma subida ontem e hoje na bolsa. Só consegui ver mercado hoje. Bom. Só falta avisar o mercado físico também.

Vamos que vamos. Temos muito chão pela frente e depois de amanhã já estaremos na terra! 600 km de terra!

Obrigado pelas mensagens, pessoal. Estou lendo todas, mas me desculpem por não responder. Estou cansado hoje. Só vou atualizar o diário.