Dia 20 - Sonora~Dourados

Data de postagem: Sep 22, 2011 2:21:49 PM

Quem disse que no último dia a gente não teria história para contar?

Estávamos lá arrumando as motos quando me apareceu a Rê Bordosa, personagem de Angeli. Mas o Angeli não matou essa personagem no HQ? O que ela estava fazendo ali, louca, vendida, mais para lá do que para cá, cabelo todo desgrenhado, cigarro entre os dedos? Não dando a mínima para meus devaneios ela entra dentro do carro e joga ali no chão mesmo uma lata vazia de Budweiser, lembra-se que esqueceu alguma coisa não sei aonde e sai desatinada novamente para dentro do hotel.

Que bom, saímos do hotel pegamos sol. Ontem estava frio. O tempo mudou de noite. Achei que iria me lascar. Mas não. Esquentou durante o dia e fez sol até Dourados, com uns chuviscos já perto de casa.

Paramos primeiro em Campo Grande, onde o Márcio e o Jardim moram. A turma da Confraria da Motocicleta estava nos esperando no posto. Aquela festa. Fotos. Brindes com latinhas de cerveja. Não bebi. Tinha que pegar mais 220 km até minha casa. Foi legal. Despedimos e saí para almoçar na casa do Jardim.

Lasanha! Hmm, adoro lasanha. Depois de tantos dias só comendo o que dava, nada mal uma comidinha caseira. Estava sentindo falta disso. Na casa do Jardim as suas filhas e esposa e neto e genro o receberam com festa. Foi legal ver isso, ou seja, alguém "de fora" ver o carinho que a família tem pelos seus entes. E pela gente também, me trataram com bastante carinho.

Mas, barriga cheia, pé-na-areia. A saudade da minha própria família bateu mais alto e falei para o Jardim que iria seguir viagem. Ele me emprestou sua capa de chuva. No rumo de Dourados o tempo estava meio fechado. E fui embora.

Como disse, é duro segurar o acelerador nessa hora. Mas me controlei. Fui pianinho, sem pressa. O mais difícil tinha ficado para trás. Cada quilômetro percorrido, cada desafio, casa obstáculo e pensamentos de que não daríamos conta de terminar a estrada foram voltando na minha mente. Tudo isso geram agora um tempero especial, uma vontade louca de rever minha família, uma ânsia de ir partilhando aos poucos todas essas emoções e sentimentos com quem está ali para te escutar e rir com você, quase revivendo todos os momentos como se estivessem conosco.

De certa forma, elas estiveram mesmo, dentro do coração.

Dizem que é ótimo o dia que a gente sai em viagem, mas é melhor ainda o dia que a gente volta. É verdade.

Chego cansado, moído, peito doendo, costas doendo, meus pés cheio de bolhas estouradas, minhas roupas parte delas terei que jogar no lixo, a moto, coitada, precisando urgentemente e desesperadoramente de um banho, igual ao dono... mas chego feliz, em paz, a cabeça mais descansada do que nunca.

Valeu tudo. Foi, em muitos sentidos, muito melhor e muito pior do que imaginava. Isso daqui que fiz não é Disney, se é que você me entende. Por isso foi ótimo.

Fim.