Dia 10 e 11 - Rio Amazonas~Rio Madeira~Manicoré

Data de postagem: Sep 13, 2011 4:40:15 PM

Pegamos a suíte 3. É pequena. Melhor dizendo, micro. É menor que um Uno Mille, em outras palavras. Tem 1,80x1,80x1,90. Ok, não é menor que um Uno Mille, mas a idéia permanece. Não consigo espichar as pernas de noite. Demorei até achar uma posição tolerável para dormir. A sensação é estar dormindo em uma lata de sardinha. Não tem janelas.

O banheiro, meu Deus, o banheiro. É menor ainda. Vaso, chuveiro e pia praticamente desafiam a lei da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Pois aqui pode. Se quiser cagar levando uma chuveirada e escovando os dentes ao mesmo tempo, dá.

O barco tem três decks, mais o porão de carga. Leva 110 toneladas mais os passageiros. A ponte e as suítes ficam no 2º piso. No 3º fica o bar e a área de lazer, que nada mais é uma área descoberta cheia de cadeiras. O restante está tomado por redes e carga.

As motos? Ficaram lá mesmo onde os estivadores as colocaram no deck principal, junto com as redes de quem irá dormir por lá. Veja abaixo uma geral do barco, desde o 3º piso até as motos.

Tenho que dizer. Achei o máximo o barco. Legal mesmo. Legal por ser tão diferente. Não é confortável, mas quem quer conforto para experimentar esse Brasil desconhecido, ainda mais navegando sobre os maiores rios da Terra?

O povo dorme na rede. Os banheiros são comunitários. As refeições também. Quero dizer, são poucos e caras as suítes disponíveis. Elas tem banheiro privativo e ar-condicionado. Nas circunstâncias do barco, isso é um luxo.

Como não tem muito o que fazer, ficamos em uma alternância de ler, escrever no diário, comer na lanchonete no 3º piso ou no quarto mesmo (sim, tem uma mesinha retrátil), dormir ou ficar olhando para o rio vendo a água passar ou ficar olhando para a margem vendo as folhas balançarem.

O rio, para minha surpresa, é bastante habitado. Pelo que pude observar ele significa a rodovia da amazônia. Passa tudo pelos rios. A vida do interior depende dele. E que vida! Cidades enormes. Borba, Nova Aripuanã, Manicoré são cidades de 20, 30 e 50 mil habitantes. Eis uma foto que tirei na madrugada da quarta-feira.

Chegamos em Manicoré eram 6 da manhã da quinta-feira. Ficamos por ali esperando até a hora do primeiro barco que zarpa para Humaitá chegar. Assim que o barco chegou, fomos falar com o comandante. Ele nos disse que ele atraca muito brevemente em Humaitá e o local não é apropriado para descarregar motos, pois tem uma escada que não oferece segurança para subir com elas. Perguntamos se teria como parar em outro local, pois já tínhamos ficado sabendo que existe um local lá, uma espécie de barranco que facilitaria descarregá-las.

Precisávamos pegar esse barco, ele sairia sexta-feira de manhã, e de tardezinha já estaríamos em Humaitá para encontrar o Márcio e o Nelson que à essa altura já deviam estar chegando por lá.

No bom e velho apreço por turistas que observamos desde Manaus, o que você acha que o comandante nos disse? Você já deve ter adivinhado a resposta.

O que fazer? Tinha outro barco. Chegava de noite na quinta-feira. Só que, putz, só sai na sexta de noite! Teríamos que ficar sem fazer nada em Manicoré por mais um dia. Fazer o quê? Chá de Manicoré.