Filhos Ilustres de Itapajé - Antônio Diogo de Siqueira

Filhos Ilustres de Itapajé - Antônio Diogo de Siqueira

Antônio Diogo de Siqueira, nasceu em 1 de setembro de 1864, uma quinta feira, em São Francisco de Uruburetama - atual Itapajé, em uma casa da Rua Targino Guedes, (essa rua teve diversas outras denominações: depois Rua Zé Guedes, em homenagem a José Antônio Guedes Alcanforado. Depois passou-se a denominar de Rua Sobral. Mais uma vez, algum tempo depois, muda novamente de nome e passa, a se chamar Rua Dr. Hermógenes de Oliveira. Finalmente, conforme lei n.º 573 de 25 de maio de 1968, sancionado por Jauro Bastos, prefeito em 1966/1970,Rua Dom Aureliano Matos).

Nesse endereço nasceu o industrial Antônio Diogo de Siqueira, que foi batizado um mês depois, na capela de São Francisco de Assis. Seus padrinhos foram: o Cel. Antônio Teixeira Bastos Filho e sua mulher, Dona Josefa de Sales Bastos.

Iniciou sua vida profissional, como marchante, ao lado do pai. No desempenho dessa atividade, também tentou a sorte na Amazônia, para onde se transferiu, em busca de melhores condições de vida, na primeira metade da década de 1880.

Após breve permanência naquela região, retorna ao Ceará e continua atuando exclusivamente no abate de gado e comércio de carnes até constituir, juntamente com Antônio José de Souza e Joaquim Martins Júnior, a firma Souza, Martins & Cia., com o objetivo de instalar uma saboaria na Praça de Pelotas (atual Praça Clóvis Bevilácqua – em Fortaleza). É oportuno lembrar que Antônio Diogo foi sócio também dos marchantes: Francisco de Araújo Barros e de seu irmão, Diogo Henrique de Siqueira, em outra firma, a Siqueira, Martins, Barros & Cia., cuja finalidade era a exploração da marchantaria.

Em 1902, Antônio Diogo é eleito para 1º. Tesoureiro da Diretoria da Sociedade Mutuária Cearense, com mandato desse ano até 1904. Cabe lembrar que essa sociedade benemérita foi fundada, a 15/08/1901, com o fim de garantir pequeno patrimônio às famílias de seus associados, quando falecidos em pleno gozo de seus direitos de sócios.

Em 1904, deixa ele a Souza, Martins & Cia. e constitui sua própria firma, denominada A. D. Siqueira & Cia., que tem como objetivo principal a instalação e a exploração de uma fábrica de sabão e resíduo de caroço de algodão, no cruzamento dos Av. Duque de Caxias e Av. do Imperador, batizada de Santa Elisa, em homenagem a sua esposa.

Segundo o Almanaque do Ceará de 1906, Antônio Diogo é o arrendatário do quiosque nº. 2 da Avenida Nogueira Accioly naquele ano. Vale ainda lembrar que a referida avenida se situava na atual Praça José de Alencar.

Em 1907, segundo o censo industrial daquele ano, a firma A. D. Siqueira & Cia. tinha um capital de 80 contos e sua fábrica Sta. Elisa empregava 33 operários, utilizava 6 c.v. de força e tinha o valor de sua produção estimado em 186:600$000.

No último governo do Comendador Nogueira Accioly (1908 – 1912), Antônio Diogo ganha, juntamente com membros da família do oligarca, de quem era apadrinhado, um contrato para monopolizar os talhos de carne do Mercado Público de Fortaleza.

Em 7 de novembro de 1916, estabelece uma nova firma, a A.D. Siqueira & Filho, que sucedeu a A. D. Siqueira & Cia., com capital social de 600 contos de réis e com o objetivo de, além de extrair óleos vegetais e produzir sabão, fabricar fios de algodão na Fábrica Sta. Elisa.

Em 1919, a Fábrica Sta. Elisa tinha o capital de 250 contos, empregava 70 operários, possuía 2.000 fusos e utilizava 80 c.v. de força.

Nesse ano, Antônio Diogo participa da fundação do Centro Industrial Cearense, na condição de vice presidente.

Seus negócios já prósperos, prosperam ainda mais, durante a década de 1920, quando a economia cearense passa a viver uma fase de grande dinamismo, baseado, sobretudo, na expansão de sua cotonicultura.

No começo daquela década, Diogo, além de continuar extraindo óleos vegetais e fabricando sabão e fios, passa a produzir tecidos e prensar algodão em grande escala, destinado a exportação. Simultaneamente às suas atividades no comércio de exportação, passa a se dedicar, também, ao comércio de importação.

Na primeira metade dos anos vinte, ainda, dá início a uma série de associações com outros empresários, através das quais diversificou, mais ainda, seus negócios. Em 1922, constitui, juntamente com João Caminha Muniz e Raymundo A. P. Motta, a firma Caminha, Diogo & Cia. Ltda., que explorará o ramo de fumos e seus preparados, e que, posteriormente, será uma das sócias da Philomeno, Markan & Caminha Ltda.

Em 1924, tendo como seu representante Antônio Diogo de Siqueira Filho, constitui a firma Boris, Siqueira, Lima e Cia., juntamente com a Boris Frères & Cia., Gustavo Correia Lima e a Machado & Caminha, com o objetivo de beneficiar algodão, na cidade de Iguatu, no sul do estado. Em 24 de outubro de 1924, constitui a Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda., que instalará a Usina Ceará.

No segundo lustro dos anos vinte, atinge Diogo o apogeu de sua capacidade empreendedora. Nesse período, expande ele sua atuação no ramo têxtil, ao adquirir (por volta de 1925) a Fábrica Ceará Industrial, que pertencia a Boris Frères, e ao arrendar a Fábrica Santo Antônio, da Andrade & Cia. (em torno de 1927 e que adquirirá definitivamente em 1930). Ao mesmo tempo em que expande a capacidade de produção de fios da Fábrica Santa Elisa, onde, como consequência da instalação da Usina Ceará, não mais serão extraídos óleos e fabricados sabões.

No ramo têxtil, ainda, Diogo se envolverá na construção da Fábrica São José, na qualidade de sócio da firma Frota, Siqueira & Cia. Ltda., constituída em 1926 e cujos outros sócios eram Raymundo da Silva Frota e a firma Philomeno Gomes & Cia. Por desentendimentos pessoais com Pedro Philomeno, não chegará ao final desse empreendimento, retirando-se dessa sociedade em 1927.

O Cel. Antônio Diogo continuará, ainda, na segunda metade dessa década, a beneficiar algodão na Fábrica Sta. Elisa e a prensá-lo, para exportação, na Prensa Diogo. Como beneficiador e exportador de algodão, também estará vinculado, através de seu filho Diogo Vital de Siqueira, à firma Exportadora Cearense Ltda., constituída em 1925 e que tinha também como sócios as firmas: F. Moreira & Cia.; J. Arruda & Irmão; Joaquim Gonçalves & Cia.; Fernandes & Franco Ltda.; e, mais ainda, Sebastião Moreira de Azevedo e Bernardo Jucá.

Diogo coroará suas atividades como marchante, das quais nunca se afastou, com a constituição, em 1925, da Empresa Matadouro Modelo Ltda., juntamente com Arthur Themotheo (marchante), Abel Ribeiro (capitalista) e outros sócios minoritários, com o objetivo de construir e explorar um matadouro modelo em Fortaleza. A suspensão da concessão de exploração desse matadouro se daria durante a interventoria de Fernandes Távora (1930-1931).

Foi ele, também, fazendeiro e pecuarista, tendo sido proprietário de grandes fazendas em Quixeramobim, Senador Pompeu, Caio Prado (à época Cangati) e Pajuçara (Maracanaú), onde praticava a cotonicultura ou culturas de subsistência (como na Laje, em Caio Prado, e na do Acarajuzinho, em Pajuçara), bem como a pecuária (como na Currali, Fofor e Primavera). Dessas fazendas extraía também lenha, em grande quantidade, que era vendida a Estrada-de-Ferro de Baturité e a “The Ceará Tramway Light and Power, Co. LTD.”.

Como expressão da sua prosperidade, constitui, em 24 de agosto de 1927, a firma A. D. Siqueira & Filhos (em substituição a A. D. Siqueira & Filho), com um capital de 4.000 contos de réis).

Quando decide instalar a Fábrica de Cigarros Araken, que será inaugurada em 1928, Diogo Vital de Siqueira contará também com recursos financeiros do seu pai, o Cel. Antônio Diogo de Siqueira. Até sua morte, a 24 de junho de 1932, o Cel. Antônio Diogo, ainda expandiria seus negócios, sobretudo no ramo têxtil (como co-associado da Fiação São Luiz Ltda. e da Empresa de Fios e Redes Ltda. e bancário - como Presidente do Banco dos Importadores de Fortaleza e Diretor – Conselheiro do Banco dos Proprietários).

O patrimônio deixado por ele atingiu o valor total de 8.194:259$444, tendo ficado, para sua viúva, 4.097:129$722 e, para cada um dos seus 14 filhos, 292:652$123 - (Formal de partilha de seus bens registrado no Cartório Silveira Martins).

Ribamar Ramos (Texto baseado em pesquisa na internet e outras fontes) - http://itapagece.blogspot.com.br/2012/06/antonio-diogo-de-siqueira-antonio-diogo.html - Enviado por Irene Delne