SAUDAÇÃO AOS NOVOS ACADÊMICOS DA ACADEMIA MINEIRA MAÇÔNICA DE LETRAS (13.09.2011)
Janir Adir Moreira
Confrade Presidente Paulo Duarte Pereira, demais Confrades, Imortais que hoje são empossados, Irmãos, Senhoras, Senhores, amigos da Maçonaria.
A solenidade de que hoje participamos é a mais importante de nossa vida acadêmica, pois ela é a culminância do processo de seleção dos novos acadêmicos, através do qual a Academia se renova e permanece. É assim que a Instituição se oxigena e numa certa medida, esse processo de seleção define e caracteriza a Academia.
O prestígio de que goza a Academia na sociedade é, em boa parte, devido à lisura e seriedade com que esse processo sempre foi tratado.
Assim como na Maçonaria, aqui vivemos harmonicamente, embora sejamos completamente diferentes uns dos outros. É exatamente na diversidade que encontramos a motivação e os caminhos que nos levam ao mesmo porto.
Ao recebermos novos Acadêmicos Imortais necessitamos esclarecer-lhes acerca do direcionamento que empreendemos para melhor compreendermos a Academia e nada melhor do que buscarmos os fundamentos de sua existência.
Contam que, seis séculos antes de Cristo, lá pelas montanhas do Oriente, onde tudo nasceu, viveu um ser fulgurante chamado Lao-Tsé. Lao significa "criança, jovem, adolescente". Tsé é o fluxo de muitos nomes chineses, que quer dizer "idoso, maduro, sábio”. Lao-Tsé, o "jovem sábio", o “adolescente maduro", foi contemporâneo de Kung Fu Tsé, o Confúcio, de quem foi discípulo. Era guardião dos arquivos do Tribunal Imperial Chinês e atraiu muitos seguidores com sua sabedoria, embora sempre haja se recusado a fixar suas idéias por escrito, por temer que as palavras pudessem cair na vala comum do formalismo dogmático. Esse comportamento todavia não foi privilégio dele, eis que a história aponta diversos outros filósofos que também assim o fizeram, como por exemplo Sócrates, que embora tenha deixado grandes ensinamentos, nada escreveu.
Octogenário e desiludido com as pessoas da sua terra - que estavam pouco dispostas a seguirem o caminho da bondade natural - rumou para o Tibet, na fronteira ocidental de China, quando foi reconhecido por um guarda. Este lhe lembrou que possivelmente todos os seus ensinamentos logo migrariam para o esquecimento se ele não se dispusesse e registrar pelo menos os princípios básicos de sua doutrina. Diz a lenda que somente lhe foi permitido deixar a China após escrever seus ensinamentos básicos, a fim de que pelo menos parte de seu conhecimento pudesse ser preservada para a posteridade. Atendendo ao pedido do guarda, de uma só vez Lao Tsé redigiu a coletânea dos 81 versos que se tornariam a síntese de sua sabedoria, que entrou para a história sob o nome de Tao Te Ching (O Livro que revela Deus) e é, ao lado da obra de Krishina e de Jesus, uma das três mais importantes mensagens da humanidade. Vejamos o que ele diz no segundo poema:
“O fácil e o difícil se completam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo”.
Indiscutivelmente Lao-Tsé nos ensinou a grande lei da bipolaridade do Universo e de todas as coisas. Nada é somente o Uno, e nada é somente o Verso - tudo é Universo, unidade na diversidade, equilíbrio dinâmico, harmonia cósmica.
Esta grande lei, parece ser exatamente o exemplo que utilizamos diuturnamente em nossa Academia, eis que o seu sucesso repousa no fato de ser uma peça de renda única tecida com os fios coloridos do algodão da diversidade. Seu piso é um tablado constituído de mosaicos distintos. A poesia, filete natural e fonte cristalina, a literatura, veículo clássico para a difusão das grandes idéias, aqui caminham de mãos dadas com a mais apurada erudição de nossos Imortais, como exemplo, dos Confrades Décio de Abreu e Silva, José Airton de Carvalho, José Maurício Guimarães e tantos outros que hoje adornam este Templo Maçônico.
Pois bem, é nessa esteira que hoje, noite estrelada e memorável, abrimos os portões invisíveis das nossas almas, cedendo aos movimentos de lustre dos nossos corações, para fazer luz aos neófitos que acabam de ser recebidos em nossa Academia.
E, como bons cavalheiros, todos de chapéu na mão, nos perfilemos para recebê-los
Tiramos o chapéu inicialmente para Dálcio Antonio Cardoso. Ele já devia estar aqui desde a fundação. Não faltou quem estranhasse. Sua ausência foi sentida. Chega em nosso círculo com seu repertório de idéias criativas, juntando as palavras para bradar a sua mensagem. Músico nato, estudioso dos grandes temas, jamais consegue ser morno. É sempre gelo ou brasa.
Tiramos o chapéu para Antonio Pedro Ragazzi, o Irmão pesquisador que recentemente publicou o Livro Universo 7, que tive a honra de prefaciar. Sua obra instiga a todos para a pesquisa, revelando os segredos da numerologia e fincando raízes na crença de que o sete representa o equilíbrio das forças universais. Ragazzi sabe ser ao mesmo tempo, sensível e profundo.
Tiramos o chapéu para José Amâncio de Lima, eterno pesquisador das questões maçônicas e profundo conhecedor dos arcanos da maçonaria filosófica. Nosso Irmão e amigo de todas as horas.
Tiramos o chapéu para José Monteiro da Silva, o nosso incansável e entusiasmado maçom que de há muito tem enriquecido a pesquisa sobre os temas ligados à Instituição.
Tiramos o chapéu para Marcos Paulo de Souza Miranda, profundo pesquisador sobre a história da maçonaria e em especial sobre a participação da instituição nos movimentos cívicos de nossa Pátria. Como Promotor de Justica de defesa do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais tem aproveitado os seus dons para exercer com sobriedade e responsabilidade, a nobre missão de preservação histórica e ambiental de nossa terra e nossa gente.
Tiramos o chapéu, finalmente para Willer Eustáquio Pires Vidigal, grande jurista e profundo conhecedor da filosofia maçônica, pesquisador exigente, investigador detalhista, analista profundo.
Em relação a todos os Imortais ora recebidos na Academia podemos afirmar que “Nunca estamos vivendo à altura das nossas possibilidades", pois esta frase parece se constituir o resumo biográfico dos que hoje aqui recebemos.
Quando as Academias de Letras convocam intelectuais para a convivência e comunhão culturais não fazem obséquio político nem inventam ídolos. Simplesmente proclamam reconhecimento ao mérito dos escolhidos.
Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros, em resposta a um interpelante, que queria saber por que os acadêmicos eram imortais respondeu: “São imortais porque não têm onde cair mortos”. Na verdade, os homens são passageiros da vida, que é a dádiva divina. A humanidade os faz eternos pelos rastros de luz que deixam em sua vilegiatura terrena, fazendo-os dignos da admiração dos pósteros. Uma academia de letras é a casa das inteligências, que trabalhadas por um sentido superior da cultura, superiores se mostram na própria criação literária, incapazes de vulgaridade e muito menos de mesquinharia de forma e de conteúdo. Toda a questão está na atitude e nas idéias, na sanidade do pensamento, na dignidade de expressão e da comunicação humana, tanto quanto na capacidade de conviver. Este conjunto de valores são decisivos para numa soma final formar o “homo academicus”.
Após recebê-los para o convívio diuturno nas hostes acadêmicas, nos é permitido até mesmo a divagação sobre os fundamentos que nos movem, e assim podemos afirmar que para o equilíbrio necessário em nossa Academia Mineira Maçônica de Letras, com certeza deveremos partir da premissa da lei do cosmos ou do equilíbrio universal.
Impossível falarmos desta lei sem nos referirmos a Pitágoras. Ele acabou por definir que os números representam o todo. Indiscutivelmente provou que a evolução é a lei da vida, o número é a lei do universo, a unidade é a lei de Deus. Os historiadores aceitam que Pitágoras foi o primeiro homem a intitular-se filósofo, ou seja, amigo da sabedoria. Antes dele, os pensadores chamavam a si mesmos sages, significando algo como aqueles que sabem. Pitágoras, bem mais modesto, pretendia ser um homem que apenas procurava descobrir.
A Filosofia Pitagórica e a tradição oral do simbolismo afirmam uma verdade: nada existe que não assuma um número, numa quantidade indeterminada, que relativamente vai se determinando ou se delimitando até o infinito.
É exatamente neste ambiente que se frutificam os mais nobres sentimentos e se cria a atmosfera propícia para o desenvolvimento da Academia e consequentemente descobre-se o cimento místico capaz de forjar e solidificar os conhecimentos e incentivar a pesquisa das questões filosóficas. Acadêmicos vêem de todos os lados, das mais variadas origens, e quando chegam realizam. Esta constatação nos permite afirmar que também a natureza, pródiga em resultados, nos dá lições diuturnamente e assim existem sementes que, levadas pelos pássaros, não caem no berço dos seus frutos, nem à sombra de suas árvores, mas distantes de onde esperavam ser semeadas, mas germinam e crescem, como temos certeza ocorrerá com os novos acadêmicos hoje aqui recebidos.
Finalmente, ilustre Presidente e nobres confrades, nesta noite maravilhosa reclamo a presença dos sinos neste Templo. Sinos, Meus irmãos e amigos! faltam sinos neste templo ecumênico da cultura maçônica. Como é lindo o repicar dos sinos anunciando e ao mesmo tempo convocando a todos para, com formalidade litúrgica, participarem da solenidade essencial que ora se realiza!
E se alguém nos perguntasse: Por quem os sinos dobram? Diríamos que dobram por Antonio Pedro Ragazzi, Dálcio Antonio Cardoso, José Amâncio de Lima, José Monteiro da Silva, Marcos Paulo de Souza Miranda e Willer Eustáquio Pires Vidigal. Sim, porque todos nos postamos, reverentes, ante o brado retumbante da suas verves, fazendo um semicírculo cerimonioso neste Templo Maçônico para recebê-los. Resplandecem como historiadores, poetas, cronistas, biógrafos, pesquisadores, livres pensadores e conferencistas.
Se nada tivesse produzido, esta Academia já se justificaria apenas por um dos ensinamentos que nos legou. O de que é possível obedecermos à lei do universo que nos ensinou Lao-Tsé: as diferenças não constituem obstáculo à convivência respeitosa entre diferentes, à harmonia entre os contrários, ao louvor à pluralidade. Mas gostaria de encerrar minha saudação, com uma célebre frase de nosso grande Irmão Charles Chaplin, que foi um artista polivalente, como vocês, nobres e ilustres confrades:
“ A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, dance, chore, e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.
Meu muito obrigado.
Acadêmico Janir Adir Moreira
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CRÔNICA DO ANIVERSÁRIO
Jorge Lasmar
Aniversariamos com a Academia. Estamos contando tempo e recusamos o inexorável envelhecer. É assim mesmo. Pelo menos estamos procurando viver o presente.
A “maioria está ocupada, se organizando para viver mais tarde” (Swith). Nós estamos comemorando e agradecendo a QUEM proporciona este prazer.
O Hirohito, fruto já do tempo, diz: o amor é lindo. Eu, que não entendo de amor, acrescento: a vida é bela, dom de Deus, deve ser bem vivida! Comemoremos a Academia!
Recordo, como se fosse hoje, as tentativas para se fundar uma Academia Maçônica de Letras na capital.
Reuniões aqui e ali. O tempo passou e levou idealistas que sonharam com ela. Athenágoras elaborou belo estatuto e o Geraldo Melo registrou. Não sei por que, a Academia nunca funcionou. Está sepultada no livro velho do Registro Civil. Uma única cópia eu guardo, uma preciosidade.
Muitos anos se foram, talvez 14 ou mais (para que lembrar a idade?), um cidadão de boa vontade apareceu, o bíblico Abimael. Conseguiu fundar a Academia que hoje aniversaria. Ele fez tudo, arrumou a papelada, escreveu, escolheu e convocou os “acadêmicos” para assinar, levou, registrou, tirou cópia e pagou do seu bolso (até hoje não recebeu...), fica sentado ao lado do Presidente, vigiando, tomando conta, paternalmente, esperando! Ao seu lado, o inefável Sebastião Cardoso, de idade indefinível, pensa que a Academia é dele, não arreda pé!
A Academia é uma realidade, ideal daqueles que se voltam para as coisas do espírito, do encanto das letras, da música, dos versos, dos que abrem a janela do passado para entrar a luz do Sol, que decifra, recupera, espanta as traças que roem e dá vida a papéis velhos empoeirados.
Ela procura retirar do anonimato valores que possam contribuir para a pesquisa histórica e literária maçônica, sem desdenhar da sua finalidade: estudar a Conjuração Mineira e os chamados Inconfidentes, no altiplano das indagações, via do exercício salutar do raciocínio, do debate e do jogo das idéias.
A Academia, pela sua finalidade, é a defesa da memória histórica. É o protesto contra os que falseiam e desmoralizam o idealismo dos que reagiram contra o absolutismo, contra os que vilipendiavam a dignidade da pessoa humana.
Aos que reescrevem a historia com malicia, ao sabor de ideologia malsã, que ignoram a verdade histórica e a tradição dos valores morais e cívicos, um recado: aqui estará sempre a palavra da reação dos que amam o verdadeiro Brasil.
Não é demais dizer que vivemos o realismo da ficção de George Orwel, autor do livro “1984”, que, num cenário sombrio, faz desfilar os instrumentos utilizados pela tirania para sufocar as liberdades. Um deles é o Ministério da Verdade, cuja função, entre outras “nobres” tarefas é apagar ou reescrever a história.
A Academia é estudo, é reflexão, é trabalho. Deve-se ter sempre em conta que, na superficialidade de uma sociedade que não sabe ler, é necessário preservar a História, nossos mitos, nossas lendas e os nomes dos que contribuíram para a formação da brasilidade e da mineiridade.
Hoje é dia de festa, festa com letra grande, de alegria e de viver. Recordar o passado, das horas boas e das horas tristes. “Há certas memórias que são como pedaço da gente, em que não podemos tocar sem : algum gozo e dor, mistura de que se fazem saudades” (Machado de Assis).
Devemos recordar, com respeito e admiração que muitos merecem, os que passaram pela Academia e dela desistiram por motivo respeitável ou talvez porque que não encontraram a ressonância desejada.
Quem não se lembra do Adilson Savi e dos seus versos:
Eu queria fazer rimas e tecer versos para você – dizer o que sinto tudo bem a “à la volonté”- encher as linhas de cores, de flores – e criar um jardim... Combinar sons de violões e bandolins, de flautas e clarins. – Eu queria as rimas agora para soprar-lhe num sussurro e num quase escuro, bem junto ao ouvido, o que tenho querido dizer: eu amo você.
Adilson Savi... Você sumiu, apareça.
O Falabella foi enriquecer Ribeirão Preto, Está vivo aqui na academia, ao lado do Euripedes e participa de tudo.
Com saudade recordarmos os que se transportaram para a eternidade. Do Heráclides, baiano importado de Santa Rita dos Remédios, no distante sertão do Piauí. Advogado de muitas medalhas, pastor exegeta, entendedor de bíblias, como o Athos entende. Está lá em CIMA, numa alegre tertúlia com o Machado de Assis, encantado com a sua linguagem escorreita e, porque não, se entendendo com o outro Heráclides, o grego, falando a respeitos da coluna jônica- ou se – se o fogo era o primeiro elemento da matéria. Coisas que só Arnaldo Xavier entende...
Do Frederico Camelier, cronista, escritor que amava a vida, de fina ironia e educado. Logo que chegou ao Nordeste, sua preocupação foi instalar uma CASA DE AMIZADE, para distribuir leite Nestlé. Criou no Céu, para desespero de São Pedro, a primeira concorrência no comércio. E não ficou ai o “baixinho”, procurou os marechais Deodoro e Floriano Peixoto e foi dizendo; fui governador na nossa terra duas vezes, exijo continência!
O suave e cândido Onéas D´Assumpção chegou ao Paraíso depois de mais de noventa anos de vida bem vivida. São Pedro dignou-se recebê-lo dizendo: Você, maçom excomungado, aqui não entrava. Nem moço nem velhinho. Agora, o João Paulo II, que está aqui, fez há exatamente 25 anos, o outro Código Canônico, e eu já li. Não achei o palavrão. Pode passar, você vai encontrar outros “irmãos” ai dentro. Chegaram do Purgatório.
E lá se foi o Onéas, cheio de virtudes humanas, sem pecados, pensando: é vale a pena ser direito lá na terra, não fazer bobagens! Enquanto admirava as maravilhas, procurava os “irmãos” com aquele ar de autoridade. Deu de cara com o Arnaldo Pertence e gritou: Arnaldo, Arnaldo, e o Arnaldo chegando perto e responde: Onéas, aqui ninguém grita, não há surdos ou cegos... Então você chegou! O Onéas respondeu: é, cheguei, vou fundar uma loja aqui e abrir academia, acho que o São Pedro foi com a minha cara. Vou falar com ele. E perguntou: Onde está o Randofinho? Precisamos conversar.
E encontramos o Randolfo Diniz num belo escritório. Pranchetas, computadores e internet ligada. Continuava o mesmo homem das equações, ar aristocrático, educado, sóbrio. Alegre, cumprimentou o Onéas e o Pertence: Prazer em vê-los, dá cá um abraço. Em seguida, disse “Estou tentando levantar a genealogia da minha família”. Já passei por Santa Luzia, Contagem e estou em Curvelo, minha terra. O “diabo” é que aqui está cheio de Diniz e todos querem entrar na lista. Não sabia de tantos parentes... é Onéas, não tenho tempo para mais nada! E mergulhou no seu trabalho.
O Onéas e o Arnaldo foram andando e encontraram o Pedro Campos de Miranda, que ostentavam uma bela barriga, bom garfo, bom trato. Cumprimentou e contou: Entrei aqui não sei como. Agora não podem me por para fora. Não gozo de gerais simpatias. Quero fundar um jornal e a “censura” não deixa. Até apreenderam o meu ARTE REAL, livro aqui “só de reza”. Estou na “geladeira”. Em todo caso, aqui é melhor do que lá em baixo. Acho que pensam que sou “espírita”. Estou esperando a poeira baixar....
O tempo lá não existe. Numa ocasião, notaram um “bafafá” na porta do céu. Aproximaram-se e se surpreenderam com a chegada do Syllas Agostinho Ferreira.
- O porteiro, dizia: não é nome cristão, não consta na lista. Não pode entrar...
- O meu nome de batismo é Agostinho, nome do bispo africano. O padre recusou o Syllas, acrescentou “Agostinho” e me batizou....
- Padre esperto.
O porteiro continuou: vou verificar seu prontuário, sua folha corrida, você sabe como é, trabalhou na polícia.... depois.....
- Está aqui: dono de casas na praia de São Francisco, alguém exorbitante, ficou rico! Ora, moças bonitas, maiôs, biquínis.... Ainda insulta o São Francisco botando o seu nome naquela praia suspeita...Não entra mesmo, não, São Pedro?
- Vamos examinar, me dê o arquivo. Pedro, com a serenidade dos justos e tranqüila autoridade, examinou e disse: Syllas, deve ser nome de algum iluminista... Dono de casas na praia, essa não... Vai querer fazer a mesma coisa aqui: Olha, meu filho, você é muito moço, vai dar uma voltinha, depois volte.... Não vou te mandar para o purgatório, lá em “baixo” você agüentou muitos chatos!
O Onéas e o Pertence se retiraram. É num tem “jeito”, a nossa loja ou a Academia, quase sem número para reunir... Estamos indo para o “brejo”.
Andaram e notaram uma aglomeração. No centro, um gritava: Eu sou Cavaleiro dos Sonhos, o Poeta dos Sinos e do Tancredo, escutem os meus versos... São patrióticos... Eu sou Felisbino, professor e filósofo.... Uns saíram outros chegavam e o próprio também saiu para retornar fardado de coronel da polícia militar. De espada em punho, gritava: Jurei dar meu sangue em prol da liberdade, herói esquartejado; eu sou a grande nação! Comentaram: “Aqui não morre ninguém” Quem foi esquartejado? Os murmúrios cresciam e o Onéas pegou o Arnaldo Pertence pelo braço se retiraram: Vamos embora, a coisa está ficando feia, os nossos “irmãos” estão pondo para quebrar! Vamos embora senão seremos expulsos pelo GRÃO MESTRE do Grande Oriente! E a paz voltou.
A nossa Academia é isso. Resultado do esforço no tempo superou desânimos, incompreensões e se superou.
A Academia é amizade e cordialidade, é esperar a próxima terça-feira, encontrar os confrades e aguardar a próxima terça-feira.
O Barão de Itararé dizia: “Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra!”
Clarence Darrow, advogado norte-americano do século passado, falava: “Se você perde o poder de rir você perde o poder de pensar!”.
Nós todos rindo.
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ACADEMIA MINEIRA MAÇÔNICA DE LETRAS -
A.M.M.L.
Abimael de Souza Garcia
É para nós da Academia Mineira Maçônica de Letras, uma satisfação imensa, especialmente para mim, que tenho a honra e o verdadeiro privilégio de poder escrever algumas palavras nesta página da A.M.M.L, divulgando nossos atos e ações mensalmente.
Ao observar a capa do último boletim do ano de 2000, já tradicional na grande loja, vemos que esta edição refere-se aos meses de NOVEMBRO/DEZEMBRO de 2000 e JANEIRO de 2001.
Por isso mesmo digo a todos os obreiros da Grande Loja, do Grande Oriente de Minas Gerais e do Grande Oriente do Estado de Minas Gerais, que é, para mim, um privilégio poder escrever, após a espetacular entrada no TERCEIRO MILENIO, deixando DOIS MIL anos e sua história para os arquivos sombrios da memória. Não menos importante é o privilégio de todos os obreiros desta Minas Gerais e do nosso Brasil, poder ler o que estamos escrevendo.
Somos todos nós elementos vivos da transição de um século para o outro e de um Milenio para o outro. E isto não chegou a ser privilégio de tantos que já cumpriram suas mais variadas missões no Planeta Terra.
Acredito que nossa Academia Mineira Maçônica de Letras foi fundada para durar, pelo menos, MIL ANOS. Logo, outro estará aqui no meu lugar na passagem do 3º MILENIO para o 4º. Quem sabe, eu mesmo com outra encadernação!
Nós estamos acostumados a ler muito. Eu gostaria de transmitir a todos, o que ando lendo e concordando com 98% daquilo que leio. Portanto, acredito que se eu der algumas pistas, todos aproveitarão: De Zecharias Sitchin, autor, Editora Best Seller, a Obra em cinco volumes, O 12º Planeta, Gênesis Revisitado, A Escada para o Céu, A Guerra de Deuses e Homens e Reinos Perdidos. Façam bom proveito e vejam onde tudo começou. No próximo artigo, teremos novidades. Até lá.
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AO POETA
Felisbino Cassemiro Ribeiro
Entoarás na lira o hino do universo
e chamar-te-ão de louco. Oh, gênio sonhador!
Terás a dor do mundo, incrustada no verso.
E na alma sentirás a embriaguês do amor!...
Da sorte, encontrarás o acerto do reverso;
terás da natureza o perfume da flor;
mas sempre sofrerás o teu destino adverso,
cantando em cada rima, um gemido, um clamor.
Não viverás somente a tua própria vida;
nem viverás somente a dos queridos teus;
tu viverás do pobre a lágrima incontida...
Terás no coração, a vida dos museus:
reminiscências, dor e a ingratidão da lida;
Mas sentirás na flor, a perfeição de Deus.
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Tiradentes
Memória Viva da Nação Brasileira
(Trecho do discurso proferido pelo dr. Jorge Lasmar nas comemorações do 14º aniversário de fundação da Academia Mineira Maçônica de Letras)
"Falamos de sua figura todo o dia, o tema é inesgotável. O momento é significativo e propício; a oportunidade das melhores. Um país, a Nação, principalmente, só subsiste quando permanece viva e sua tradição. Sem ela, a indiferença se instalará, afastando o povo do patrimônio cultural e espiritual que faz vibrar a alma cívica.
A sociedade perde o rumo. Sem vontade, perde a capacidade de reação e se apega aos falsos valores e às frivolidades. Aceita a vulgarização das coisas sérias. O povo, anestesiado, acha tudo natural.
Acontecimentos recentes desaparecem no esquecimento a cada edição dos jornais. Enraíza-se o hábito que desvaloriza do passado e, em alta escala, a memória nacional. O que espanta não é a repercussão dos fatos, dos escândalos diários; é o silêncio dos mortos e dos que ainda não nasceram!
Na superficialidade de uma sociedade que não sabe ler ou quando sabe, não sabe interpretar, é preciso resguardar o sentimento de brasilidade, preservar a história, os mitos, as lendas, as glórias que ilustraram a formação da brasilidade. É preciso impedir que o civismo desapareça na memória negra das trevas. Um dos males maiores, a nossa omissão, cresce no dia-a-dia e permite o domínio da consciência, produzindo a indiferença amarga que anula a energia do protesto, que fica escondido na sociedade. O medo ou a convivência produzem os efeitos desastrosos do comodismo.
Não é sem motivo que falo assim. Atualmente, reescreve-se a história; Tiradentes e Caxias são vilipendiados. A censura está presente. Parece que vivemos o realismo da ficção de George Orwel, autor do livro "1984", que "num cenário sombrio, faz desfilar os instrumentos utilizados pela tirania para sufocar as liberdades. Um deles é o Ministério da Verdade, cuja função, entre outras "nobres" tarefas, é apagar ou reescrever a História".
A educação no Brasil vai mal. È o próprio presidente quem afirma. Não há segurança, há tropas policiais. Assaltos, roubos e assassinatos são coisas corriqueiras. Ruas sujas, bandidos, traficantes de drogas, seqüestros, apagões, vampiros e sanguessugas, rebeliões nos presídios! Ler jornais é um sacrifício. Aperte as páginas e suas mãos ficarão tintas de sangue...
As cidades, ruas sujas e pichadas, degradam-se ajudadas por uma explosão demográfica indesejada, assistidas eleitoralmente por litros de leite e cestas básicas assistencialistas... Até com a sujeira se acostuma!
E dos políticos, nem é bom falar.
Desta terra, um dia Tiradentes falou: "se todos quisermos, poderíamos fazer desta terra uma grande nação!" A exortação foi feita há mais de 200 anos e não foi levada em consideração. A ignorância, mãe de todos os males, continua a fazer escravos...
Tiradentes revoltou-se desde cedo com as condições de vida do seu tempo. A prova está no episódio ocorrido em Minas Novas do Fanado, no Norte de Minas. Ele mascateava e foi preso ao defender um escravo que estava sendo maltratado.
O episódio foi descrito pelo poeta maravilhoso Dantas Mota assim:
"Também já por esse tempo, o inconfidente nele tomava pé, tanto que, vindo de Todos os Santos, na Bahia, ali ergueu as colunas de um templo maçônico... O qual templo recebeu, como iniciados, o sargento-mor José da Silva e o Padre Rolim, mais tarde seus companheiros de conjura. E, havendo parado em Minas Novas, no rancho próprio para 'pousos', também chamado 'curro', deu de topo com um 'negreiro' a castigar um escravo. Tiradentes atraca-se com o sobredito 'negreiro', castiga-o e, por vias disso, é preso e processado. E, por amor disso, é roubado, ficando sem nada!"
Tempos passaram. Tiradentes já era militar da tropa paga e tem em seu poder "Recueil de Loyx Constitutive des Colonies Angloise Conféderèes sous la dénominatior d´Etats Unis d´Amerique Septentrionale" - este exemplar contendo leis da nova América, dera-o José Álvares Maciel.
Encantou-se Tiradentes com os homens que sacudiram o domínio estrangeiro e assinaram a Declaração de Virgínia, em 12 de junho de 1776.
"Todos os homens são por natureza livres e independentes e têm direitos inerentes. Não pode, por nenhum contrato, privar ou desposar sua posteridade: a saber: o gozo da vida e da liberdade, os meios de adquirir e possuir propriedade e a busca da felicidade e segurança."
"Todo poder é conferido ao povo e dele deriva: os magistrados são seus responsáveis e servos, a qualquer momento, responsáveis por ele."
"O governo deve ser instruído para o benefício, a proteção e a segurança comuns do povo e da Nação; deve fazer o que for capaz de produzir o maior grau de felicidade e de segurança e o que estiver seguro contra o perigo da má administração; e quando qualquer governo se revelar inadequado ou contrário a esses propósitos, a maioria da comunidade tem o direito indubitável de reforma-lo, ou aboli-lo da maneira que for mais condizente ao bem estar público."
(Tradução Otávio Menes Cajado, Cultrix, SP, 1980, Revista OAB-RJ-nº 19-1982)
- Tiradentes não era um homem vulgar como querem os que reescrevem história. Sua personalidade forte cada vez mais se realçava quando os seus companheiros se rebaixavam acovardados ante o temor da morte. "Não foi, pois, sem razão que dele pudera dizer o sacerdote que o assistiu nos derradeiros momentos: "Foi um daqueles indivíduos de espécie humana que põem em espanto a própria natureza".
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Estou com medo de escrever.
José Maurício Guimarães, Cadeira 39
A partir de 1º de janeiro de 2009, começa a vigorar o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Mas, não entrem em pânico: temos tempo para nos adaptar às mudanças sugeridas. Em Portugal, o prazo será maior, pois eles não aceitam todas essas invenções empurradas goela abaixo. Estão certos, pois ainda há questões controversas, principalmente no que refere ao hífen em palavras compostas. E isso vai dar pano prá manga, são páginas e mais páginas de regrinhas difíceis de aprender.
Para internacionalizar cada vez mais o idioma dominante (o inglês) foram incluídas, definitivamente, as letras k, w e y.
Estou com medo de escrever. O trema foi abolido. Delinqüente agora é delinquente. Isso talvez diminua o índice de crimes e delitos perpetrados no Brasil e em Portugal. Alvíssaras!
Outras invenções desse acordo dizem respeiro ao ditongo aberto: assembleia agora não tem acento, só assentos; também mudam as regras referentes ao hiato: ninguém mais vai sentir enjôo e sim enjoo; já é um bom começo para quem viaja de navio. E, para consolo de certas pessoas menos dotadas pela mãe natureza, mudam também o 'I' e 'U' tônicos: 'feiúra' virou 'feiura' e por aí vai.
Tanta coisa para ser mudada... e nossos representantes se debruçam sobre isso! E recebem o beneplácito de letrados que pregam a existência de uma "língua brasileira" independente do português.
Na destruição da língua pátria se aquartelam os principais inimigos de uma nação. Foi assim, por exemplo, na formação do Império Romano pela imposição do latim sobre as chamadas "línguas bárbaras". Hoje, é na rendição incondicional à língua dos norte-americanos; no futuro, os países ricos falarão inglês e os pobres, espanhol. Os letrados dos Estados Unidos, notem bem, respeitam sua origem: sequer pensam em "língua norte-americana" independente do inglês.
- Nós, que temos o hábito de escrever sobre Maçonaria, especialmente na internet, temos que nos cercar das maiores precauções. Nossa Ordem tem tradição linguística no exemplo literário deixado pelos Irmãos Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Júlio Mesquita, Júlio Ribeiro e dos estudiosos do pensamento maçônico Nicola Aslan, Rizzardo Da Camino e José Castellani - grandes escritores.
Escrever corretamente é um dever cívico; é muito difícil, reconheço, e agora ficou mais complicado.
Erros, já dizia Monteiro Lobato, são como sacis: você pega um aqui, outro ali, e logo aparecem mais dez, mais cem, espalhados pelo texto e zombando de nós. Entretanto, temos que tomar o MÁXIMO CUIDADO com a enorme quantidade de incorreções gramaticais, ortográficas e de pontuação, erros às vezes elementares que poderiam ser evitados mediante revisão mais detalhada do que é escrito sob a égide da Ordem Maçônica.
Avisem-me dos meus erros, pois estou com medo de escrever.