Resumos

Fátima Velez de Castro - O “laboratório de ensino” na formação inicial de professores

Tendo em conta as solicitações dos alunos e as necessidades identificadas na formação inicial de professores de Geografia, decorreu este ano letivo o “Laboratório de Ensino” para discentes do primeiro ano do Mestrado em Ensino da Geografia no 3º Ciclo e Ensino Secundário da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A experiência teve lugar no Agrupamento de Escolas de Arronches, de 29 de Janeiro a 2 de Fevereiro de 2018. O objetivo principal foi o de colocar estes alunos em contato com o contexto escolar, através da observação de aulas, da participação em outras atividades curriculares e da troca de experiências entre pares. Além disso, foi possível o contato com a comunidade local e com a realidade do património local/regional, pelo que foram recolhidos elementos para usos futuros, nomeadamente em termos da planificação de visitas de estudo transdisciplinares (Geografia e História). Os mestrandos tiveram oportunidade de observar e participar em aulas de 7º, 8º e 9º ano de várias disciplinas (Geografia, Matemática, Ciências da Natureza, História e Educação Visual), assim como de contatar com realidades concretas de alunos com planos individuais de formação a frequentar o agrupamento, e ainda planos curriculares adaptados a jovens institucionalizados no Lar “Pra Cachopos”. Nesta comunicação dar-se-á a conhecer a estrutura e dinâmica do laboratório, feedback da atividade, assim como será discutida a pertinência de uma atividade desta natureza na formação inicial de professores de geografia, bem como a possível extrapolação a outras áreas da docência.


Jacques Lima - Formação de Professores em diferentes níveis e contextos de ensino

A educação do século XXI apresenta-se complexa e dinâmica, na qual professores e alunos estão em diferentes níveis e contextos de ensino. As mudanças que ocorrem na sociedade exigem que a formação docente atenda as necessidades educativas que ocorre além dos muros da escola, denominada de educação não formal. Atualmente, os docentes podem atuar na educação não formal em diversos contextos educativos, como: hospitais, empresas, presídios, na casa do aluno, ONGs, entre outros. A educação não formal possibilita a democratização da educação e a inclusão dos alunos ao processo de ensino. A educação não formal requer do professor uma abordagem que atenda as necessidades de aprendizagem do aluno, uma prática pedagógica que seja significativa a sua vida. Nos diferentes contextos de ensino em que ocorre a educação não formal temos alunos que estão passando por algum problema de saúde e que precisam dar continuidade ao seu processo de escolarização ou de formação. A educação que ocorre no ambiente hospitalar, intitulada de atendimento pedagógico ao escolar em tratamento de saúde tem o objetivo de escolarizar e contribuir nos processos educativos a partir de uma visão democrática e inclusiva de educação para todos, em especial aos alunos que estão internados. O atendimento pedagógico ao escolar em tratamento de saúde apresenta características específicas diante do processo de ensino e aprendizagem, as quais precisam ser compreendidas pelo professor para que o mesmo possa contribuir ao processo de educação e saúde.

Sara Dias Trindade - Entre currículos e perfis: educação inclusiva para as competências do século 21

Ao longo das últimas décadas, e fruto sobretudo das grandes mudanças que têm ocorrido nos mercados de trabalho, tem-se tornado cada vez mais premente repensar as pedagogias educativas. Porém, enfrentam agora os educadores portugueses a necessidade de adaptar "novas" pedagogias a "velhos" currículos. A Escola precisa ir além do ensino das competências fundacionais, promovendo o desenvolvimento de outro tipo de competências, transversais, multidimensionais, que promovam comportamentos de ordem superior (como o espírito crítico, a autonomia ou a criatividade), em linha com aquilo que foi recentemente definido no "Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória" (2017). É então necessário repensar a Educação e assumir que não basta mais recorrer a uma pedagogia da explicação, mas há que acrescentar (não apenas substituir) momentos onde a prática, a socialização ou a emancipação tenham lugar. Mas de que forma é esta educação uma educação mais inclusiva? De que forma podemos utilizar este novo paradigma educativo para que todos sem exceção sejam dotados das competências para alcançar o sucesso nos novos mercados de trabalho? A necessidade de permitir o acesso à educação e formação por parte de grupos minoritários, como a população prisional, tem sido evidente, tal como se pode verificar pelas Recomendações do Conselho da Europa referentes à Educação nas Prisões (1989) e às Regras das prisões europeias (2006), bem como pelos diferentes estudos que têm concluído que quanto maior o acesso à educação e à formação durante a institucionalização, menor a taxa de reincidência na criminalidade. Nesta comunicação falaremos do exemplo de um projeto que tem o objetivo de promover a reintegração psicossocial de cidadãos reclusos, apresentando-se uma proposta de um programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (ALV) na modalidade de Blended Learning, direcionado para o desenvolvimento de competências sociais e emocionais, relacionadas, por exemplo, com o pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas, criatividade, comunicação, colaboração, iniciativa, adaptabilidade e liderança, tendo como principais destinatários reclusos a frequentar um curso de Ensino Superior.


Teresa Maia e Carmo - Anatomia de um Crime: cruzando Comunicação e Ciências Físicas e Químicas

Trata-se do relato e reflexão acerca da atividade interdisciplinar de base digital realizada no âmbito da formação de professores do Ensino Básico, entre as unidades curriculares Comunicar em Língua Portuguesa (CLP) e Ciências Físicas e Químicas (CFQ). Perante a prática transmedia de que os estudantes são já nativos, como enquadrar essa experiência por vezes apenas intuitiva em objetivos de aprendizagem que contribuam para a literacia digital em contexto educacional? E como ligar matérias tão díspares como a proficiência comunicativa na Língua Portuguesa e nas Ciências Físicas e Químicas? Partindo do interesse recente pela ciência forense, uma área interdisciplinar que envolve física, biologia, química, matemática e várias outras ciências de fronteira com o objetivo de dar suporte à investigação judiciária, muito potenciado pela abundância de séries televisivas em que o assunto é central, criámos uma atividade didática que consistiu na investigação em torno de um caso de homicídio fictício. De um lado (CLP), os alunos tinham de praticar a construção de uma narrativa credível, com construção de personagens, intriga e determinados vestígios que, do outro (CFQ), aprenderiam a analisar em laboratório. O exercício estruturou-se em quatro etapas, que culminaram num «Julgamento» em tribunal, onde cada grupo assumiu papéis diferentes (cientista forense, procurador, advogado de defesa ou júri), aprofundando as suas competências de discurso argumentativo. O facto de todas as etapas se desenvolverem através de plataformas digitais envolveu desafios para discentes e docentes que nos permitem equacionar algumas das questões que hoje se colocam com mais acuidade no processo de formação de futuros professores em interação com as Humanidades Digitais.


Valéria Lessa - A Educação Matemática mediada pelas tecnologias digitais: o uso da programação de computadores como espaço virtual de ensino e aprendizagem

Esta comunicação insere-se na temática sobre a Educação Matemática mediada pelas tecnologias digitais e constitui-se parte de uma investigação de doutorado em andamento realizada junto ao Grupo de Pesquisa em Cultura Digital da Universidade de Passo Fundo. Tem como objetivo trazer uma reflexão sobre o uso da programação de computadores no ensino e na aprendizagem da Matemática. O referencial teórico da tese está embasado na Teoria dos Campos Conceituais de Gerard Vergnaud e em elementos da teoria construcionista de Seymour Papert. A investigação em curso constitui-se uma pesquisa de cunho qualitativo com estudo de campo. Com base nos resultados preliminares da investigação, que apontam para o potencial do ato de programar para o reconhecimento de invariantes operatórios, pretende-se ampliar o referencial teórico e replicar o estudo empírico a partir do paradigma do virtual.


Ruth Contreras Espinosa - Cuando los fans toman el control: Motivaciones, prácticas, roles y aprendizaje informal con mods

El modding es una forma de producción en la que jugadores y fans experimentan desarrollando y conceptualizando su trabajo. Los roles se mezclan porque los participantes se involucran en una gran diversidad de prácticas en continua colaboración. En este estudio, se pueden detectar algunas de las motivaciones, prácticas cotidianas y roles adoptados por un pequeño grupo de modders (N30) de la ciudad de Barcelona que hacen modificaciones a videojuegos, con una especial atención a las consecuencias de la participación y el aprendizaje informal logrado. Los resultados muestran el objetivo que persiguen en los proyectos (finalizar complementos o mods), cuales son sus motivaciones (investigación, autoexpresión o cooperación), y el aprendizaje informal obtenido.


Anabela Fernandes & Ana Isabel Ribeiro - O desafio digital

Baseada na nossa investigação e prática docente, a reflexão que propomos neste colóquio procura sublinhar o contributo das tecnologias digitais na formação inicial de professores numa abordagem didática plural das Humanidades, considerando para isso (i) o papel do digital na educação, (ii) a consciência crítica nas Humanidades Digitais e (iii) a fluência digital. Assumindo, desde logo, que, por um lado, o digital está a mudar as nossas vidas, a forma como atuamos e pensamos e, consequentemente, a forma como aprendemos e ensinamos e, por outro, os espaços formais de educação ainda não refletem esta premissa, procuraremos refletir sobre o que são (ou o que se podem vir a tornar) os novos ambientes de aprendizagem e na necessidade de repensar toda a relação pedagógica a partir dos desafios do digital, ou seja, repensar o contexto educativo, o papel dos intervenientes, as práticas individuais e colaborativas, os artefactos facilitadores das aprendizagens, bem como as competências a desenvolver. Neste contexto, encarado como um contexto de transição entre modelos educativos tradicionais e novos modelos emergentes a partir das possibilidades abertas pela sociedade de informação, procuraremos situar o papel da formação inicial de professores na estruturação da relação dos docentes e dos discentes com o digital nos processos de ensino e aprendizagem.


Sirléia Ferreira Rosa - Tendências digitais em Educação

A influência das tecnologias digitais, a facilidade de acesso à informação, modificou a noção da importância do conhecimento. Acumular conhecimento deu lugar ao viver experiências, viver a experiência na aprendizagem. A relação entre o sujeito e o conhecimento é dinâmica e muda-se com o tempo, com a geração, com os hábitos culturais e sociais de um determinado contexto. Problemáticas como a evasão, o abandono escolar levam a escola a transformar-se de maneira drástica, adaptando assim de maneira mais rápida às inovações tecnológicas. Neste contexto, o uso de ferramentas digitais torna-se uma ponte inevitável de ligação entre esses dois mundos. Neste cenário, professores, pesquisadores e instituições de ensino, refletem e implementam novas práticas de ensino-aprendizagem que fazem uso do digital a fim de dar respostas às motivações e ao perfil deste novos jovens alunos. Dentre estas novas tendências e práticas digitais de ensino-aprendizagem, destacamos o redesenho dos espaços de aprendizagem, o uso da inteligência artificial, o aprendizado personalizado, a realidade mista, aumentada e virtual, a gamificação da aprendizagem, o uso de ipads, notebooks e telefones inteligentes na própria sala de aula. Observa-se que o uso, assim como a diversificação do uso de ferramentas digitais na sala de sala ajuda a personalizar o ensino e aproxima a escola da realidade do aluno.