A cólica eqüina é uma patologia muito grave, que aparece rapidamente e pode levar o animal à morte se não for tratada logo, por esse motivo deve ser considerada emergência, independente do grau de dor. A atenção deve ser contínua até a resolução do problema. Muitas vezes são ditas pelo leigo como retenção de urina, pelo fato do animal assumir posição de micção devido a dor abdominal. Essa dor pode ser leve ou intensa dependendo do segmento de alça envolvido. Sabemos que o envolvimento do intestino delgado provoca dores mais intensas podendo levar o animal à morte em poucas horas. A seguir informações básicas sobre a cólica eqüina com suas causas, sinais clínicos, tratamento conservativo e conseqüências.
INTRODUÇÃO
A doença gastrointestinal, que produz sinais de dor abdominal em eqüinos, é comumente referida como cólica. As cólicas são resultantes de doenças do aparelho digestório e pelo fato de podermos ter dor abdominal causada por outro órgão da cavidade abdominal, a chamamos de síndrome cólica. A cólica eqüina pode estar relacionada a vários fatores, que vão desde a produção excessiva de gás no estômago, resultado da fermentação dos alimentos, até a obstrução ou torção do intestino, o que requer a intervenção cirúrgica. Sua principal característica é a dor, que vai provocar uma série de mudanças no comportamento do animal. Ele pode, por exemplo, rolar e se jogar no chão sem maiores cuidados, ter sudorese, deitar e levantar constantemente ou ter dificuldades para caminhar. Esse modo de agir é chamado mímica da dor. Devido a esse comportamento peculiar, perceptível até mesmo para um leigo, é fácil reconhecer um animal com síndrome cólica. Determinar a origem da dor, porém, é um desafio para os médicos veterinários, principalmente pelo fato de que os exames complementares muitas vezes se tornam inconclusívos. O diagnóstico rápido e preciso é fundamental para a sobrevivência do eqüino, é uma das maiores dificuldades porque os fatores que causam o distúrbio são muitos e variam de caso para caso. Sabe-se que um dos principais motivos da cólica é o fato dos animais, que antes viviam em liberdade, hoje passam praticamente 22 horas por dia estabulados. Como explica o professor Alves, a cólica é rara entre os cavalos que vivem em seu habitat natural porque eles comem pequenas quantidades de alimento e percorrem grandes distâncias durante todo o dia. “A domesticação modifica esses hábitos, pois o cavalo passa a caminhar pouco e a ficar longos períodos em jejum, para depois se alimentar com ansiedade e compulsão. A maioria dos casos de cólica tem origem na alimentação irregular. Doenças parasitárias, qualidade da forragem e estresse ambiental são outros fatores que contribuem para o surgimento de problemas gastrointestinais, que se manifestam através da dor. A multiplicidade de causas dificulta também o tratamento. É necessário conhecer os sintomas, as mudanças recentes no manejo e o histórico do cavalo a fim de se descobrir a terapia mais adequada a cada animal. Na maioria das vezes, os casos são clínicos e podem ser solucionados com a ajuda de medicamentos. Existem aqueles, porém, que requerem intervenção cirúrgica.
Um exame semiológico correto é importantíssimo para que tenhamos um diagnóstico correto. Desafortunadamente, muitas das provas diagnósticas requerem tempo e isto é essencial para a instauração rápida do processo. A decisão inicial reside na atenção rápida do Médico Veterinário, encarando os sintomas das doenças primárias. Neste caso é quando devemos tomar como indicador o grau de dor que é um dos indicadores da severidade do problema. Todas as cólicas abdominais são consideradas como emergências médicas. Os eqüinos com dor intermitente ou leve, geralmente não representam uma emergência crítica, já eqüinos em dor incontrolável e severa merecem ser encarados como sérios candidatos a laparotomia exploratória.
PRINCIPAIS TIPOS DE CÓLICA:
Compactação:
Este é o termo usado quando o intestino se torna obstruído por uma massa espessa de conteúdo alimentar ou fecal. Geralmente ocorre no intestino grosso, principalmente no cólon maior em uma das flexuras. Este é um tipo razoavelmente comum de cólica que na maioria dos casos resolve-se facilmente com tratamento adequado desde que não haja uma torção ou deslocamento da alça. Pode ocorrer por ingestão de grande quantidade de alimento ou feno muito fibroso, por problemas dentários onde sua capacidade de mastigação está alterada. A palpação retal nos permite fechar o diagnóstico desta causa. No entanto esse tipo de cólica pode surgir como um óbvio sinal de algo que pode tornar-se mais complicado.
Cólica por gases : Ocorre geralmente no intestino grosso. O gás dilata a alça intestinal, causando dor, as cólicas originadas por gases resolvem-se facilmente com tratamento apropriado, embora seja essencial assegurar-se de que não há nenhuma razão subjacente para o problema.
Cólica por Espasmos ou Espasmódica: Alguns casos de cólica devem-se às contrações intestinais aumentadas, movimentos peristálticos, alteradas no intervalo gastro-intestinal do cavalo. Os sinais da cólica são geralmente suaves e respondem bem, quando tratados com a medicação adequada.
Cólica causada por parasitas: Ocasionalmente pode haver uma obstrução por um grande número vermes. Observa-se geralmente em cavalos novos como conseqüência de uma infestação de Parascaris equorum, causando bloqueio e ruptura do intestino delgado.
Colite: Alguns casos da dor abdominal são devidos à inflamação do intestino delgado (enterites) ou grosso (colite). Estes são casos graves e requerem a atenção veterinária imediata.
Deslocamento ou torsão gástrica: Em um “deslocamento”, uma parcela do intestino moveu-se para uma posição anormal no abdômen. Um “volvulvus” ou a “torsão” ocorrem quando uma parte do intestino torce. Exceto em casos raros, estes tipos de cólica causam um bloqueio total do intestino e requerem a cirurgia imediata se o cavalo dever sobreviver. Nos estágios adiantados de uma cólica do deslocamento, os sinais podem ser similares àqueles de um cavalo com uma das causas mais benignas da cólica.
SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos de cólica envolvem desconforto, pateamento do solo como se quisesse cavar um buraco, deita-se e levanta-se constantemente, olha seguidamente para o flanco, a frequencia cardíaca e respiratória aumentam a medida que a dor vai se intensificando e a sudorese passa a ser perceptível.
Quanto maior a dor mais intensas são essas manifestações, e quanto maior as manifestações maior a possibilidade de comprometimento circulatório das alças. Vale lembrar que o envolvimento do intestino delgado nos mostra dor severa desde o começo das manifestações enquanto o envolvimento de intestino grosso nos mostra manifestações mais brandas. Isso ocorre na maioria dos casos, evidentemente temos as extremidades onde poucos animais reagem de maneira oposta.
TRATAMENTO
O tratamento pode variar de conservativo a cirúrgico. Nosso foco aqui será o tratamento conservativo uma vez que o tratamento cirúrgico será abordado em Clínica de Grandes Animais III.
Obviamente o primeiro procedimento é a anamnese que nesses casos muitas vezes nos fornece pouca informação, pois geralmente o que ouvimos é que o animal foi encontrado na baia se debatendo.
Devemos fazer uma auscultação muito criteriosa da frequencia cardíaca, respiratória e principalmente da cavidade abdominal, visando definir se há ou não movimentos peristálticos nos diferentes segmentos, se há presença de gás ou líquido bem como a frequencia desses movimentos. ´É de extrema importância deixarmos o animal solto na baia para ver seu comportamento pois os sinais clínicos nos fornecem informações importantes. Só após isso é que vamos fazer analgesia desse animal. (Alguns veterinários preferem não administrar analgésicos sob alegação de que podem mascarar a dor do cavalo. É apenas uma conduta que devemos respeitar pois, cada profissional tem sua conduta bem definida.)
Após uns 20 minutos da administração de analgésico devemos auscultar novamente o intestino para avaliar se ouve alguma melhora da condição clínica do animal.
Um segundo passo é a passagem da sonda nasogástrica para descompressão do estômago, mensuração do pH e administração de medicação, seguidos de coleta de sangue para realização de exames e fixação de catéter.
Essas condutas se fazem necessárias porque caso o quadro de dor se agrave encontraremos mais dificuldades para faze-las.
CONCLUSÃO
A melhor conduta é se evitar ao máximo o desenvolvimento de cólicas através de alimentação regular e sem excesso, assegurar o acesso constante a água limpa, manter um regime consistente do exercício e controle de parasitas intestinais. É importante que todas as pessoa que lidam com cavalos consigam reconhecer os sintomas da cólica, o que pode ser fator determinante a vida do animal.
O exame clínico e físico do aparelho respiratório de equinos tem importância relevante, principalmente nos animais de esporte, onde as lesões de locomotores são comuns. Obviamente a estatística de maior número de lesões depende daquele esporte ao que o animal é utilizado. Por exemplo, cavalos de corrida (PSI) sofrem lesões ósseas em decorrência do tipo de treinamento e principalmente por começarem esse treinamento muito jovens quando sua estrutura óssea não está ainda em condições de receber a carga de treinamentos que eles recebem. Os cavalos de salto sofrem mais com lesões de partes moles pois, iniciam o treinamento já com uma idade onde a parte óssea encontra-se apta a receber a carga de exercícios proposta. Já os animais utilizados em jogo de pólo são mais suscetíveis as fraturas de II e IV metacarpianos em decorrência dos traumas recebidos pelos tacos dos jogadores.
Os principais objetivos do exame do aparelho locomotor segundo Feitosa,(2004), são:
• Determinar qual o membro claudicante;
• Localizar a lesão no membro;
• Diagnosticar a enfermidade.
A primeira parte do exame é uma avaliação visual cuidadosa com o cavalo em repouso, realizada antes da palpação ou manipulação. Esse exame avalia a conformação e detectará tumefações anormais, atrofia muscular, deformidades, presença de cavidades ou fístulas, cicatrizes e posturas anormais como repousar a frente de um casco no chão (apontamento) (TRUTI, 2007).
ACESSE A ABA DE CLÍNICA DE GRANDES III E VOCÊ TERÁ A DISPOSIÇÃO AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS DE DIGESTÓRIO E LOCOMOTOR. A PARTE ONDE É ABORDADO O TRATAMENTO CIRÚRGICO NÃO NOS INTERESSA NESSE MOMENTO, DEVENDO SER DEIXADA DE LADO.
Problemas neurológicos são frequentes em bovinos, equinos, e caprinos e ovinos, sendo o exame neurológico um passo de fundamental importância para localização e diagnóstico de inúmeras enfermidades do sistema nervoso. o exame e dificultado pelo escasso acesso para avaliação direta, quando comparado a outros sistemas. Isso pode ser percebido já que nenhuma estrutura nervosa pode ser palpada diretamente e, com exceção da papila optica, também não pode ser visualizada. Outro fator que deve ser levado em consideração e o tamanho dos animais que dificulta a realização de vários tipos de teste, comumente utilizados na avaliação de cães e gatos. Como grande parte dos processos neurológicos em grandes animais não possui um bom prognóstico, uma avaliação mais criteriosa e desestimulada; entretanto, deve-se lembrar que algumas enfermidades apresentam bons resultados quando diagnosticadas e tratadas precocemente (poliencefalomalácia dos bovinos, mieloencefalopatia por protozoários em equinos, etc.), alem do que um diagnóstico correto permitindo a adoção de medidas que evitem que outros animais adoeçam. O objetivo deste artigo e apresentar uma metodologia para realização do exame neurológico e a interpretação dos resultados obtidos, contribuindo para que este exame seja eficiente, produzindo conclusões úteis e confiáveis. o exame neurológico baseia-se na avaliação do comportamento (estado mental), postura e movimentos (andar, trotar e galopar), pares de nervos cranianos, reações posturais e, quando possível, na realiza"ao de reflexos espinhais. Pode-se incluir ex ames complementares como analise do liquido cefalorraquidiano, radiografias simples ou contrastadas (mielografia), eletroencefalografias, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
A avaliação clínica dos animais com anormalidades locomotoras provocadas por alterações na medula espinhal tem como objetivo a localização da lesão em uma determinada região da medula espinhal para que os diagnósticos diferenciais possam ser definidos com maior segurança. Para rever a anatomia medular, essencial para a realização do exame neurológico, sugere-se retomar ao artigo citado acima e reportarmo-nos referências citadas ao final deste artigo. O Quadro relaciona alguns sintomas encontrados no exame físico do paciente, os quais fornecem indícios suficientes para que um exame neurológico seja realizado. Procurou-se simplificar o exame físico e seguir sempre os objetivos básicos de um exame neurológico.