PI Seg. hídrica-alimentar-Energética inicia mapeamento da BACIA DO S. FRANCISCO


O Projeto Integrativo Segurança Hídrica, Alimentar e Energética (PI-SHAE) da Rede Clima apresentou em agosto de 2017 os primeiros resultados (parciais) da análise, identificação e mapeamento integrado e transversal da Bacia do Rio São Francisco, com foco nas estruturas de oferta e demanda de alimentos, água e energia.

O PI-SHAE busca soluções sustentáveis para uma produção agrícola integrada à manutenção e bom uso dos recursos hídricos e à geração de energia, diante dos cenários de aquecimento global e mudanças climáticas no Brasil. O projeto integrativo alinha-se à abordagem Nexus, que destaca as interdependências entre a obtenção de água, energia e segurança alimentar para o bem-estar humano.

Formado principalmente pelas sub-redes Recursos Hídricos, Agricultura e Energias Renováveis da Rede Clima, o PI tem como objetivos específicos:

  • Identificação por município de qual a produção agrícola existente e seu potencial de crescimento em função de tecnologias de produção de baixa emissão de carbono e uso de irrigação;
  • Avaliação dos impactos na produção agrícola da Bacia do Rio São Francisco, a partir dos diferentes cenários do IPCC, com e sem as técnicas de adaptação e considerando a oferta de água, para os anos 2020, 2030 e 2040;
  • Análise das séries temporais de precipitação, vazões e temperatura para identificar os modos de variação (alta e baixa frequência) e detecção de mudanças;
  • Desenvolvimento e aplicação da modelagem hidrológica que represente o processo chuva-vazão na Bacia do São Francisco;
  • Análise das secas meteorológicas e hidrológicas ocorridas no passado e cenarizadas para o futuro utilizando índices como SPI, SPIE e SRI bem como medidas de elasticidade da bacia e esquemas de Budyko;
  • Identificação das estratégias para a Gestão Adaptativa dos Recursos Hídricos em bacias hidrográficas;
  • Identificação dos processos climáticos ou de mudança do uso da terra que expliquem os padrões de variação e mudança encontrados;
  • Avaliação quali-quantitativa da dinâmica do uso da terra na bacia com a utilização de técnicas de sensoriamento remoto;
  • Avaliação do efeito da vegetação na mudança dos padrões de transformação chuva-vazão na grande e média escala na bacia;
  • Estado da arte das técnicas e tecnologias de produção e uso de energia na região;
  • Construção de cenários da disponibilidade dos recursos energéticos na região de estudo;
  • Apresentação de diretrizes para novos arranjos produtivos de energia para produção de alimentos e demanda hídrica;
  • Divulgação dos atlas de potencial solar e eólico.

As análises estão sendo efetuadas com base em uma seleção de imagens Rapideye, com resolução espacial de 6,5 metros (sensor) e 5 metros (ortoimagens), e resolução temporal de 24 horas (off-nadir) e 5,5 (nadir).

Os resultados parciais referentes à segurança hídrica consistiram na caracterização da rede hidrográfica, nascentes e massa d’água (escala 1:20.000). A identificação de elementos de natureza hídrica, atrelada à classificação do uso e ocupação dos solos, permitiu calcular parcialmente as áreas de passivo ambiental em Áreas de Preservação Permanente (APPs). Nos 310 municípios finalizados, de um total de 546 municípios da bacia, foi constatada uma área de 1.147.689 ha de passivo, o que representa 42% da área total de APPs mapeadas.

Figura 1: Graduação do passivo em APP hídrica

Em relação à segurança alimentar, também foram mapeados 310 municípios (aproximadamente 42% da área da bacia). Os resultados obtidos até o momento mostram que maior parte da cobertura da Bacia do São Francisco, que engloba os biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, é de áreas antropizadas (53,8%); a vegetação natural (junção da classe formação florestal e formação não florestal) representa 42%; 2,6% da área possui silvicultura; 0,9% é água; e 0,7% é área edificada.

A sub-rede Energias Renováveis finalizou o mapeamento do potencial de geração de energia solar e eólica em toda a bacia e a próxima etapa será a finalização do potencial de geração de energia de biomassa. Também foi feito um exaustivo trabalho de identificação e mapeamento das unidades de energia elétrica instaladas e a instalar na bacia, referentes a termoelétricas, Pequena Central Hidrelétrica (PCH), fotovoltaicas, hidroelétricas e eólicas.

As próximas etapas serão a verificação da evolução da agricultura para estimar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na região, em função do uso e cobertura do solo; o mapeamento de técnicas e tecnologias de produção e uso de energia na região; e o desenvolvimento da metodologia de integração de todos os temas, segundo, como já mencionado, a abordagem Nexus.