ARTE É VIDA

"O tempo não para, mas nós podemos parar entre os segundos. A vida corre, ela corre mais rápido que os carros em alta velocidade passando na avenida. Você já não se reconhece mais nesse mundo que produz e reproduz em alta velocidade, que inova e já se torna obsoleto, que corre mais rápido que o tempo. A cada segundo, você se fecha ainda mais dentro do cubículo cinza da cidade e você não se reconhece nesse mundo contemporâneo, mas também não reconhece a arte pela arte, pois busca insaciavelmente o que os críticos chamam de alta cultura. Você já parou naquele milésimo de segundo para observar em câmera lenta o que está nas entrelinhas da correria? Qual imagem surge quando olha pela janela do ônibus enquanto deseja chegar em casa o quanto antes para se fechar em seu cubículo de muros? Você diz que a geração atual destruiu a arte com as produções viralizadas das músicas, com os rabiscos que "sujam" a sua cidade e com as rimas que você julga pobre. Mas você nunca parou na entrelinha para ler, ver e sentir. A cidade, a qual você não se reconhece está mergulhada em arte, você apenas não deambula com sua aura livre para enxergar. Toda a contemporaneidade é um adorno para você e você se fecha no cinza do concreto urbano."

Nosso projeto "Arte é vida" traz uma reflexão a respeito da arte, ela está nos muros da cidade, nos pequenos adesivos colados nos postes e pontos de ônibus, assim como está nos museus e nas galerias. Nós caminhamos pelas ruas de Curitiba e nos permitimos parar para enxergar os detalhes, fotografamos, filmamos e trouxemos eles aqui para compartilhar essa experiência e refletir a respeito da mesma. Pelos caminhos que traçamos, nós encontramos diversas artes murais, grafites, pichações, adesivos, lambe-lambes, etc. Essas artes de rua contam uma história, comunicam, colorem a cidade e despertam sentimentos. Constantemente o nosso mundo deslegitima porque consideram essas obras como marginais, mas elas estão ocupando os centros e não podemos negar a existência destas. Nós já estamos vivendo a época em que Gustavo e Otávio Pandolfo, os gêmeos, estão expostos no museu e que Emicida trouxe o rap das ruas para o palco do Teatro Municipal de São Paulo exaltando sua negritude, o que nos leva a pensar que arte, além de vida, é também revolução.

REGISTROS FOTOGRÁFICOS

ARTE É VIDA


Eu costumava pensar que dançar me libertava,

depois eu pensava que atuar me deixava livre,

então eu comecei a cantar e a música me liberta.


Mas de todas as artes eu ainda me liberto com uma,

a arte das palavras literais e aquelas poéticas,

escrever libera o que está na mente para os papéis.


Até que eu descobri que a dança era o texto em ritmo,

que a música era o texto em perfeita melodia

e que o teatro era o texto apresentado no palco,

então eu me senti completa quando tudo saiu da cabeça.


A liberdade existe e ela está descrita em papéis velhos,

está representada na personagem desconhecida,

está sendo cantada pelos diversos timbres do mundo

e está se movendo de dançarino para dançarino.


Porque somos descendentes das palavras de Gullar,

a nossa realidade não nos basta, então criamos a arte

porque somos descendentes das palavras de Nietzsche

porque se a arte não existisse, a realidade iria nos destruir

e eu digo que sem ela, a verdadeira vida se extinguiria.


- Dani Slaga