Conferência de abertura - 13 de julho - 14h - YouTube

DIÁLOGOS EM CENA: FUNCIONALISMO E COGNITIVISMO EM PERSPECTIVA

Prof. Dr. Edvaldo Bispo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte


No campo da Linguística, Funcionalismo e Cognitivismo constituem perspectivas teóricas distintas, com aparatos teórico-metodológicos específicos e interesses de investigação diversos. Contudo, apresentam aproximações em termos de premissas e postulados, bem como representam, individualmente, um amplo espectro que congrega vertentes particulares. Dito isso, focalizo, em minha exposição, pontos convergentes entre a Linguística Funcional norte-americana (Givón, 1984, 1995, 2009, 2018) e a Linguística Cognitiva (Langacker, 1987, 1991, 2008; Lakoff, 1987; Lakoff e Johson, 1999). Para tanto, tomo como parâmetros: i) premissas funcionalistas que, a meu ver, guardam estreita relação com postulados cognitivistas gerais; ii) os princípios de iconicidade e de marcação, com destaque às suas bases cognitivas; iii) processos cognitivos gerais (Bybee, 2010) considerados no estudo de fatos da língua em perspectiva funcional; iv) a atuação de projeções metafóricas e metonímicas em casos de extensão semântica, quer em situações de gradiência, quer de gradualidade, associadas, respectivamente, à variação e à mudança linguísticas. Nesse percurso, recorro a alguns empreendimentos já realizados como forma de ilustrar o que pontuo relativamente a cada um dos aspectos referidos.

Palavras-chave: iconicidade; princípios funcionalistas; postulados cognitivistas


Conferência de encerramento - 14 de julho - 14h - YouTube

"METÁFORA, EU QUERO UMA PARA VIVER": DISCUTINDO A PERSPECTIVA COGNITIVO-DISCURSIVA DA METÁFORA A PARTIR DE TUÍTES

Prof. Dr. Paulo Segundo

Universidade de São Paulo

Desde a virada cognitivista dos estudos da metáfora, protagonizada por Lakoff e Johnson (1980), muita disputa conceitual emergiu sobre tal objeto. Nos últimos vinte anos, contudo, tem se consolidado uma linha de pensamento que, interessada no uso concreto de metáforas e na forma com a qual as pessoas interagiam (dinamicamente) com elas, buscou aliar pressupostos teóricos tanto dos estudos da cognição quanto dos estudos do discurso e da interação para dar conta desse fenômeno. Trata-se da perspectiva cognitivo-discursiva da metáfora, categoria em que incluo pesquisadores como Vereza (2013), Hart (2014), Pelosi e Gabriel (2016), Steen (2017), Charteris-Black (2018), Gonçalves-Segundo (2019), dentre outros e outras. Tendo isso em vista, meus objetivos, nesta fala, são três: a partir de um corpus composto por tuítes que evidenciam distintas perspectivações conceptuais (construals) metafóricas sobre vacinas e armas, (i) tratarei de conceitos relevantes para a perspectiva cognitivo-discursiva sobre a metáfora, tais como metáfora conceptual (Lakoff; Johnson, 1980), metáfora situada (Vereza, 2013), metáfora distribuída (Morais, 2015; Gonçalves-Segundo, 2019) e metaforicidade (Müller, 2008; Dienstbach, 2018); (ii) discutirei sobre a produtividade de tais noções para os estudos do texto e do discurso, argumentando por uma intensificação do diálogo entre a Linguística Cognitiva e os Estudos do Discurso (Hart, 2014; Gonçalves-Segundo, 2017); e, por fim, (iii) colocarei em debate algumas questões que ainda julgo serem pertinentes para o desenvolvimento da perspectiva cognitivo-discursiva da metáfora, levantadas a partir da análise dos dados.

Palavras-chave: metáfora; perspectivação conceptual; discurso.


Mesa-redonda: Pesquisas em Linguística Cognitiva e Interfaces - 13 de julho - 16h

EXPRESSÃO DE CONCEITOS E FUNÇÕES ABSTRATAS: O CORPO IMPLICADO NO SISTEMA LEXICAL E GRAMATICAL DAS LÍNGUAS

Leosmar Aparecido da Silva

Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística/UFG


O objetivo dessa exposição é mostrar evidências em diferentes línguas do mundo, com especial enfoque no português contemporâneo falado no Brasil, de como o corpo humano está implicado tanto no sistema lexical quanto no sistema gramatical das línguas. Para isso, utilizou-se de pesquisa bibliográfica e de levantamento. Dados coletados por outros pesquisadores foram reunidos neste trabalho para compor um quadro de evidências que atestam a hipótese da corporificação da mente, proposta inicialmente por Johnson (1987). Os resultados mostraram que grande parte dos conceitos abstratos e funções gramaticais conceptualizados/as por falantes de diferentes línguas do mundo insere o corpo ou partes do corpo em seu sistema lexical e gramatical. Pesquisas dessa natureza contribuem para o avanço de estudos sobre a relação entre cognição, linguagem, sociedade e cultura.


Palavras-chave: cognição; corpo; metaforização.


COMPLEXIDADE TEXTUAL: DOS RECURSOS COMPUTACIONAIS AOS PRINCÍPIOS FUNCIONALISTAS

Prof. Dr. Wellington Mendes (UERN)

O interesse pela complexidade de textos e sua inteligibilidade não é recente e tem mobilizado estudiosos, docentes e instituições ocupadas de avaliação em larga escala no Brasil. Esta comunicação apresenta uma investigação cujo objetivo foi propor um instrumento de avaliação do nível de complexidade de textos verbais e visuais, por meio do emprego de recursos tecnológicos computacionais, baseado em categorias e princípios funcionalistas, especialmente a Linguística Funcional e a Linguística de Corpus como orientação teórica e metodológica. A pesquisa tomou como amostra textos e provas do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), submetidos a uma comparação quantitativa e estatística cujos dados permitiram a elaboração de fórmulas de medida escalares que avaliam a partir de três níveis de complexidade: estrutural, cognitiva e visual.


Palavras-chave: complexidade; linguística funcional; linguística de corpus.

INTERAÇÃO E FORÇA: A NOÇÃO DE CAUSALIDADE NA GRAMÁTICA COGNITIVA

Profa. Dra. Claudete Lima (UFC)

A causalidade é tema da filosofia, da psicologia e do direito. Na Linguística Cognitiva, a noção de Causalidade é associada a modelos cognitivos diversos, como a Dinâmica de Forças (TAMLY, 1988), o modelo de fábrica (LAPAIRE, 2004) e o modelo bola de bilhar (LANGACKER, 1991). Meu objetivo é discutir a noção de causalidade na Gramática Cognitiva, em paralelo com a noção de construto absoluto. Para tanto, apresentarei dados do português arcaico e contemporâneo para ilustrar os fenômenos discutidos.

Palavras-chave: causalidade; modelo bola de bilhar. construto absoluto.


MINICURSO 1: Gramaticalização - 13 de julho - 9h - Google Meet

GRAMATICALIZAÇÃO: TEORIA E APLICAÇÃO

Ana Flávia Matos Freire

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

A gramaticalização é a demonstração mais explícita da evolução linguística e pode ser definida como processo/produto decorrente da necessidade de adequação à situação comunicativa a que a língua é submetida, propiciando o surgimento de novas construções, que se regularizam mediante o aumento de sua frequência e a ampliação de suas possibilidades de uso. O principal objetivo do Minicurso “Gramaticalização” é promover uma discussão sobre conceitos basilares dessa teoria revisitando propostas amplamente utilizadas na literatura. Desde sua primeira menção com Meillet ainda no início do século XX, muitos teóricos contribuíram tanto para o desenho metodológico quanto para a difusão da gramaticalização. Dentre eles, destacamos Lehmann (1982) com princípios, parâmetros e processos de gramaticalização, Hopper (1991), com os princípios de mudança linguística, Traugott (2001) com o princípio de unidirecionalidade, Givón (1991) com o princípio de iconicidade, e Hopper e Traugott (2003) com os processos e mecanismos motivadores da gramaticalização: o processo metafórico e a analogia e o processo metonímico e a reanálise. A título de ilustração, traremos um exemplo de análise do inglês, mais precisamente, sobre verbos auxiliares. Esperamos contribuir com as discussões concernentes à teoria e à sua aplicação na análise linguística.

Palavras-chave: gramaticalização; princípios, parâmetros e processos; análise linguística.


MINICURSO 2: Dinâmica de Forças - 14 de julho - 16h - Google Meet

DINÂMICA DE FORÇA: A CAUSALIDADE SEGUNDO TALMY


Lee Jefferson Pontes de Oliveira

UFC/PPGLING

Segundo Talmy (2000), a categoria semântica da Dinâmica de Força (DF) foi negligenciada nos estudos linguísticos, embora se trate de uma generalização da noção de causalidade. O estudo da dinâmica de força se volta à observação do modo com a noção de causalidade se manifesta na linguagem e como a cognição realiza a transformação, por meio da perspectivação metafórica, do exercício de força, resistência a tal força, superação de tal força, bloqueio da expressão de força, remoção de bloqueio e similares. O objetivo central do Minicurso “Dinâmica de Força” é discutir o papel estruturante da categoria em vários níveis de linguagem. Partindo de exemplos em Língua Portuguesa, exporemos como a DF tem representação gramatical direta, bem como sua manifestação na categoria gramatical dos modais. As projeções metafóricas da DF se manifestam em padrões básicos em interações psicológicas e sociais, são concebidas em termos de “pressões” psicossociais e se firmam em construções argumentativas na organização de discurso. Concluímos que o sistema de categorização da interação de forças se relaciona a outros domínios cognitivos que se relacionam à linguagem. Por se mostrar como um sistema nocional fundamental, a DF trata da categorização da interação de força nos domínios físico, psicológico, social, inferencial, discursivo e de modelo mental de referência.

Palavras-chave: dinâmica de força; linguagem; cognição.


SESSÕES COORDENADAS - 14 de julho - 9h

Sessão 1: Gramática e cognição

Coordenadoras:

Profa. Dra. Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque (UFG)

Profa. Ma. Ana Flávia Matos Freire (UFRN/SEDUC)

Local: Google Meet

GOTTA E WANNA: UM ESTUDO SOBRE A CONSTRUÇÃO DE AUXILIARIDADE NO INGLÊS AMERICANO CONTEMPORÂNEO

Ana Flávia Matos Freire

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Gotta e wanna apresentam-se como auxiliares em ascensão descritos como formas contraídas de have got to e want to, restritos às funções de obrigação e volição, respectivamente. Com base nisso, esta pesquisa objetiva analisar os usos do gotta e do wanna no inglês americano contemporâneo. Para tanto, baseia-se em Goldberg (1995), Croft (2001), Traugott e Trousdale (2013) e Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013) quanto às propriedades formais e funcionais da construção e às de esquematicidade, produtividade e composicionalidade; Heine (1993) e Bybee (2010) quanto à noção de auxiliaridade e o desenvolvimento dos auxiliares modernos e de modais; Lyons (1977) e Palmer (1986) modalidade e Scheibman (2001) quanto aos tipos de verbos principais. Para descrever as propriedades morfossintáticas, semânticas e textual-discursivas dessas construções, analisaram-se dados de textos orais de 2019, do Corpus of Contemporary American English (COCA), que foram processados pelo programa WordSmith Tools 7.0, do qual será aferida a frequência, os contextos de ocorrências e as funções desempenhadas pelo gotta e pelo wanna. Os resultados indicam serem os usos como auxiliar licenciados pelo padrão esquemático [[V1 (ADJ) (PREP)] V2]AUX.

Palavras-chave: Abordagem funcional-construcionista. Construção de auxiliaridade. Gotta e wanna.


AS PERÍFRASES AUXILIARES [V1+CONECTOR+V2 INF ] MODAL DO ESPANHOL PENINSULAR: UM PROJETO DE ANÁLISE À LUZ DA ABORDAGEM CONSTRUCIONAL

Ana Luiza Ferancini Nogueira (UNESP/IBILCE)

Analisamos, em Nogueira (2019), à luz da gramaticalização, a abstratização da construção tener que do espanhol peninsular. Apesar de focalizarmos a mudança semântica de [tener que + infinitivo], reconhecemos que o verbo pleno tener havia sofrido, em sincronias remotas, descategorização, passando a constituir perífrase modal. Consequentemente, a construção passou a coexistir com outras, como [haber de + infinitivo], [haber que + infinitivo] e [tener de + infinitivo], todas originadas em contextos de uso como verbo pleno associado a uma oração de finalidade. Considerando que, para essas perífrases, são apontadas trajetórias similares de desenvolvimento gramatical, questionamos como tal mudança poderia ser interpretada como resultante de um processo de construcionalização procedural. Esse questionamento também é motivado pela constatação, de Nogueira (2019), de uma trajetória de generalização de tipos de sujeito e verbos principais associados à tener que. A reinterpretação desse resultado nos conduziu à presente pesquisa que, sustentada em pressupostos da abordagem construcional, objetiva investigar a emergência das perífrases modais com haber e tener do espanhol peninsular. Para análise da mudança, verificaremos alterações nos graus de esquematicidade, produtividade e composicionalidade das construções ao longo do tempo. Como córpus de investigação, utilizaremos dados do CORDE, desde o século XIII até o século XX.

Palavras-chave: construcionalização; modalização; espanhol peninsular.

A FUNÇÃO DA CORRELATIVA LINGUÍSTICA ADITIVA: UMA MUDANÇA FUNCIONAL

Marcello Ribeiro (USP)

Este estudo tem como foco a análise do processo de correlação e, consequentemente, verifica o comportamento linguístico discursivo nas construções correlativas aditivas, integrantes do conjunto de porções, empregadas em redações vestibulares (FUVEST – 2004-2010), momento em que a exigência pelo uso normativo é intensa, entretanto escreventes habilidosos se utilizam dos pares diferentemente do esperado, dessa forma, surpreendem o leitor com escolhas criativas, contudo não rompem com a normatividade linguística como um processo cognitivo. Questões relativas à escolarização, a etapas do desenvolvimento cognitivo e ao processo de mudança gramatical estão imbricados. Metodologicamente, foram analisados o comportamento dos pares aditivos: não só...mas principalmente; não só...mas sim; além de...também; além de...ainda; além de não...nem; não só ... e até. Givón (2011), Oiticica (1952), Bybee (2000), Croft (2001), Tomasello (2003), Machado (2009), Bronckart (2009), Neves (2018) formam a fundamentação teórica. Concluiu-se que pares correlativos assumem funções em decorrência das intenções discursivo-pragmáticas, por meio de elementos linguísticos inovadores para a construção da argumentação. Verifica-se um uso estratégico, funcional e cognitivo.

Palavras-chave: Correlação aditiva; Funcionalismo; Cognição.


MICROCONSTRUÇÕES TRANSITIVAS: O CASO DOS VERBOS DE AÇÃO-PROCESSO

Juciele Amanda de Lima (Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN)

Nedja Lima de Lucena (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

Este trabalho objetiva refletir sobre o comportamento de verbos empregados em ocorrências (construtos) da construção transitiva do português, a fim de classificá-las e organizá-las de acordo com o traço semântico que evocam. Desse modo, à luz da Linguística Funcional Centrada no Uso, examina as microconstruções relacionadas ao subesquema de ação-processo, caracterizado por ser o mais próximo do significado prototípico da construção, conforme a literatura especializada. Em termos metodológicos, examinou dados empíricos, coletados de corpora composto de amostras de fala e de escrita. Para esta análise, foram observados 743 dados, com a investigação da estrutura sintático-semântica e a observação dos padrões de frequência de uso. Os resultados obtidos apontam que as microconstruções com verbos de ação-processo assinalam nuanças semânticas distintas, embora compartilhem traços sintáticos análogos. Assim, observa-se que a semântica das microconstruções analisadas parece cooperar para que o esquema construcional transitivo seja forjado, fornecendo informações semânticas que são armazenadas pelos falantes.

Palavras-chave: microconstruções; verbos de ação-processo; descrição do Português.

AGENTIVIDADE EM CONSTRUÇÕES RELACIONAIS DE FINGIMENTO

Kátia Roberta Rodrigues-Pinto (UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)

Este trabalho discute os traços agentivos em construções relacionais de fingimento [Suj+VREL(+uma)+Predt] ↔ [estado fingido] (RODRIGUES-PINTO, 2021) cujo slot verbal é preenchido por pagar e dar, como em ele deu uma de bonzão, ela paga de professora. Objetiva-se, de modo geral, analisar tais construções verificando os traços de agentividade presentes na construção nos termos de Halliday (1967), Fillmore (1968), Chafe (1970; 1979), Jackendoff (1972), Dowty (1989), Ignácio (2007) e Cançado (2018) como uma propriedade semântica gradiente. Acredita-se que tais construções integram a rede das construções de processo relacional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), contudo, em posição mais marginal e, portanto, distante do protótipo, pois compartilham a natureza atributiva da construção e se difere por apresentar o papel semântico de agente. Para tanto, assume-se o quadro teórico-metodológico dos Modelos Baseados no Uso (KEMMER; BARLOW, 2000), mais precisamente da Gramática de Construções de Goldberg (1995, 2006) associada às contribuições cognitivistas de Bybee (2010) e da abordagem construcional de Traugott e Trousdale (2013). Recorreu-se ao Corpus do Português (DAVES; FERREIRA, 2006) para coleta de dados sincrônicos dos séculos XX e XXI. Os resultados revelam que a gradiência nos traços de agentividade ocorrem a partir da relação entre estrutura argumental e inferências pragmáticas recolhidas no uso.

Palavras-chave: gradiência; traços de agentividade; construções relacionais.


A CONSTRUÇÃO DE REPREENSÃO "NINGUÉM MANDOU X” NUMA ABORDAGEM SOCIOCOGNITIVA

Juliana Regina Cardoso Ferreira (Universidade Federal de Viçosa);

Gabriela da Silva Pires (Universidade Federal de Viçosa).

O presente trabalho vem sendo desenvolvido em uma pesquisa de iniciação científica, e a partir da noção de construção gramatical de Goldberg (1995), Ferrari (2011), Martelotta e Palomanes (2017) e Pinheiro (2016), tem como objetivo investigar, analisar e promover discussões acerca da construção gramatical “Ninguém mandou x” enquanto repreensão do Português Brasileiro, levando em consideração os contextos reais da língua em uso. Em termos metodológicos, buscamos as 50 primeiras ocorrências da construção instanciada "ninguém mandou x", nos dominios: abril.com.br; blogspot.com.br; terra.com.br e uol.com.br, totalizando 149 ocorrências. Para a análise das construções válidas, que somam 67 das 149 totais, foram considerados os seguintes itens: as configurações sintáticas; os grupos verbais; os enunciadores das repreensões e os alvos repreendidos e os tipos de repreensões. A análise dos dados até o momento aponta que as ocorrências da construção de repreensão somam 45% do total de aparições. Verifica-se também que 40,3% das ocorrências seguem a estrutura sintática Ninguém mandou + VInf + Complemento. Assim, as análises apontam tanto para a consolidação da construção enquanto cena de repreensão, quanto para a noção de que grande parte das repreensões são sobre as ações dos alvos.

Palavras-chaves: ninguém mandou; gramática de construções; construção de repreensão

Sessão 2: Interfaces

Coordenadoras:

Profa. Dra. Emanuela Monteiro Gondim (UFC)

Mestranda Andressa Spinosa (PPGEL/UFC)

Local: Google Meet

A EXPRESSÃO DE PERCURSO NA GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS

Pedro Henrique Truzzi de OLIVEIRA (Ibilce/UNESP)

Com o objetivo de analisar como a gramática do Português brasileiro codifica um tipo específico de relação espacial, conhecido como percurso (Path), parte-se de ocorrências retiradas da Amostra Censo do Corpus Iboruna e de edições da Revista CartaCapital, que serão submetidas à cinco critérios de análise: (i) a natureza da relação espacial de percurso; (ii) a categoria do percurso: cenários e locações como modificadores, e locativos como argumentos; (iii) o tipo semântico da relação locativa argumental: ablativo, perlativo e alativo ou a enunciação das três; (iv) a categoria da preposição introdutória do SP: gramatical ou lexical; (v) categoria conceptual das porções do percurso enunciadas: porção inicial, porção medial e porção final e (vi) conceptualização do percurso: fictivo ou não-fictivo. Os critérios foram estabelecidos com base no arcabouço da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), da Gramática Cognitiva (LANGACKER, 1987, 1991), nos conceitos cognitivistas de Talmy (2000), bem como nos tipos de relação de trajeto estabelecidas no trabalho de Huumo (2014) sobre o assunto. Análises preliminares mostram predominância de percursos de locomoção, que são não-fictivos por natureza, com amplo uso de preposições gramaticais. A diferença entre os corpora falado e escrito também tem se mostrado significativa.

Palavras-chave: gramática discursivo-funcional; percurso; relação cognitiva.


UMA ANÁLISE DE MECANISMOS DE JUNÇÃO EM TRADIÇÕES DISCURSIVAS NARRATIVA E ARGUMENTATIVA

Mateus Dias Santana (UNESP/IBILCE)

Esta pesquisa tem por objetivo geral realizar uma análise linguístico-discursiva de mecanismos de junção (MJs) na comparação entre as tradições discursivas (TDs) narrativa e argumentativa, produzidas por sujeitos regularmente matriculados no 7º ano do Ensino Fundamental II. O estudo fundamenta-se no conceito de escrita constitutivamente heterogênea (CORRÊA, 1997), associado a uma concepção dialógica de texto, a partir do conceito de TDs (KABATEK, 2006), e ao modelo funcionalista de junção (RAIBLE, 2001; KORTMANN, 1997; HALLIDAY, 1985). O corpus é composto por 26 textos narrativos e 26 argumentativos e a metodologia apresenta uma análise qualitativo-quantitativa, com levantamento das frequências token e type (BYBEE, 2003) dos MJs. Os resultados alcançados apontam que a arquitetura paratática prevalece nas duas TDs (narrativa e argumentativa), apontando o que é fixo, nessas tradições, em relação à constituição sintática da textualização e que as relações de adição, causa, tempo (simultâneo e posterior) e contraste são as mais frequentes. Dessa forma, esses resultados mostram uma relação entre MJs e TDs e à heterogeneidade da composicionalidade de cada TD analisada, pois as produções textuais se apresentam de forma dialógica, mediante o aspecto de mescla de TDs, subjacente à noção de composicionalidade das TDs.

Palavras-chave: heterogeneidade da escrita; tradição discursiva; junção.

ASPECTOS COGNITIVOS IMPLICADOS NA PRODUÇÃO DE RESUMOS DE TEXTOS ARGUMENTATIVOS

Amony da Flora Bonifácio Saulosse

(Instituto Superior de Transporte, Turismo e Comunicação - ISTTC, Unidade Orgânica da Universidade Rovuma - UniRovuma, Moçambique)

Esta apresentação oral visa analisar os aspectos cognitivos implicados na produção do resumo de um texto argumentativo. O problema de pesquisa parte da dificuldade que o estudante enfrenta para produzir este género. O estudo responde em que medida a produção de um resumo está implicada pela leitura e compreensão leitora do texto de partida. O objectivo é de identificar os factores que determinam/contribuem para as dificuldades enfrentadas pelos estudantes na produção do resumo de um texto argumentativo. O quadro teórico para a produção de resumo é fundamentado pela proposta apresentada por Van Dijk (1980), as macrorregras implicadas na produção do resumo. Para além dos estudos sobre categorização respeitante aos níveis básico, superordenado e subordinado (VALENZUELA; IBARRETXE-ANTUÑANO; HILFERTY, 2012) e pelos estudos de Koch e Elias (2008a; 2008b) sobre a referenciação. A pesquisa é aplicada, explicativa, desenvolvida a partir dos métodos de procedimento de estudo de caso e pesquisa bibliográfica. Realizada numa instituição pública de ensino superior em Nacala-Porto. Os resultados revelam que os estudantes têm dificuldades para compreender o texto de partida, ainda não dominam as macrorregras para a produção deste género, por isso, optam por fazer cópia do texto de partida e/ou apresentar tomadas de notas, por limitação lexical.

Palavras-chave: Mapeamento Semântico; Categorização; Referenciação.


AULA COMO ACONTECIMENTO: DESCORTINAMENTO DE FAKE NEWS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Wilton César Ribeiro (Universidade Federal de Goiás)

Leosmar Aparecido da Silva (Universidade Federal de Goiás)

Mostrando-se um fenômeno de inúmeras consequências à sociedade, as fake news tornam-se assunto notável a ser tratado em sala de aula. Objetivando investigar os agentes de letramento que instruem o leitor na identificação, análise crítica e efeitos das fake news, esta pesquisa propõe-se a fazer um levantamento das instituições civis e materiais pedagógicos que auxiliam o cidadão nesta empreitada. Ademais, procura-se compreender as características das fake news, com base na sua forma e conteúdo, à luz de conceitos da cognição social. Dividida em quatro momentos, a pesquisa concentra-se nos estudos teóricos do gênero fake news, no levantamento de instituições extraclasse que fomentam o combate às notícias falsas e na análise da abordagem desse tema por livros didáticos. Ao cabo das investigações, percebe-se que as fake news possuem traços de mentira que revelam-se com uma nova roupagem; instituições como os sites Uol Confere e Lupa prestam importante serviço à sociedade ao checar fatos; e a abordagem dos livros didáticos divide-se entre a instrumentalização do tema fake news para o estudo de gramática e um olhar atencioso voltado essencialmente ao fenômeno tratado. Conclui-se, então, que o fenômeno das fake news, já monitorado por organizações sociais, é trabalhado de alguma forma na escola.

Palavras-chave: fake news; educação formal; letramento extraescolar.

ANÁLISE DE ENUNCIADOS DE ATIVIDADES EM LIVRO DIDÁTIDO DE LÍNGUA PROTUGUESA: UMA ABORDAGEM COGNITIVO-FUNCIONAL

Warlete Cristina de Oliveira

Universidade Federal de Goiás – UFG

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a maneira como as orações subordinadas adverbias são abordadas em materiais didáticos, a saber, duas coleções de Língua Portuguesa para o 9º ano do ensino fundamental. Os livros são de autoria de Oliveira e Araújo (2018) e Nogueira, Marchetti e Cleto (2018). Os dados foram analisados a partir da perspectiva cognitivo-funcional, e também a partir dos enunciados de atividades escolares, observando como a gramática é tratada nessas atividades, se elas se apresentam apenas no nível de classificação e em exercícios de metalinguagem ou se levam os alunos a uma reflexão sobre o uso efetivo da língua, considerando o texto, o contexto de sua produção e seus propósitos enunciativos. É uma pesquisa aplicada, com uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, e procedimento técnico e documental. Para tanto, buscamos o aparato teórico em autores como, Martelota (2011), Neves (1997, 2002, 2016) Travaglia (2009), Antunes (2003, 2007), Sperança-Criscuolo (2014), Araújo (2017). O percurso analítico possibilitou perceber que os livros didáticos ainda privilegiam a gramática que nomeia e classifica, considerando apenas no nível sintático.

Palavras-chave: ensino de língua portuguesa; linguística cognitiva-funcional; enunciados de atividades.

Sessão 3: Metáforas e frames

Coordenadores:

Ms. Rogiellyson Andrade (PPGL/UFC)

Renato Lopes (UFC)

Local: Google Meet

ESTUDO SOBRE ESQUEMA IMAGÉTICO DA DINÂMICA DE FORÇAS EM UM ARTIGO DO Jornal UFG


Amanda Leles Feitosa (G/UFG)

Orientador: Leosmar Aparecido da Silva (D/UFG)

O presente trabalho tem por objetivo a análise do artigo de Camilo Pereira Carneiro, intitulado Por que o Estado Importa, publicado digitalmente no Jornal UFG em 25 de fevereiro de 2022. Nele, são identificadas expressões de caráter metafórico que se enquadram no esquema imagético da dinâmica de forças. A partir da análise de tais expressões, depreende-se a opinião implícita do autor ao longo do texto, e identificam-se, de acordo com o modelo de Talmy (1988) dos elementos da dinâmica de forças, o Antagonista, o Agonista, os elementos mais fraco e mais forte, a tendência intrínseca de forças e o resultado da interação de forças. Os resultados mostram que as expressões metafóricas do esquema imagético força corroboram com opiniões e significados não necessariamente explícitos presentes no texto.

Palavras-chave: esquema de imagem; dinâmica de forças; expressões metafóricas.

LÍNGUA, TEXTO E COGNIÇÃO: FRAMES DE RAÇA EM ARTIGOS DE OPINIÃO SOBRE A #SOMOSTODOSMACACOS

Rafahel Parintins (FELCS-UFRN)

O objetivo do trabalho é discutir o papel de expressões nominais e predicações verbais na mobilização de frames de raça a partir da análise de artigos de opinião sobre a hashtag #SomosTodosMacacos. A #SomosTodosMacacos foi publicada pela primeira vez pelo jogador brasileiro e negro de futebol Neymar Júnior em reação a um evento racista sofrido por seu então colega no Barcelona Futebol Clube, Daniel Alves, também negro e brasileiro, durante uma partida contra o Villarreal na Espanha. O trabalho analisa mobilizações de frames de raça em artigos de opinião sobre a referida hashtag publicados em jornais e revistas durante a semana que sucedeu a sua publicação em 27/04/2014. O estudo se baseia em estudos discursivos da noção de frame e em estudos funcionalistas da relação entre gramática e texto. A metodologia se baseia na análise de mobilizações de frames ligados a raça no corpus e de expressões nominais e predicações verbais mobilizadoras desses frames. Os resultados sugerem que as construções nominais e verbais analisadas mobilizam frames semânticos, mas também frames que possibilitam a construção textual de sentidos de raça. Conclui-se que se pode propor uma continuidade entre frames semânticos e textuais atuantes na construção de sentidos de raça.

Palavras-chave: expressão nominal; predicação; frame.

ANÁLISE DE FRAMES SEMÂNTICOS EM AUDIODESCRIÇÃO: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

Débora Soares de Souza (UFMG)

Profª Dra. Adriana Silvina Pagano (UFMG)

Profª Dra. Maucha Andrade Gamonal (UFMG)

Este trabalho apresenta um estudo exploratório embasado na Semântica de Frames (FILLMORE, 1982, 1985) que examina e compara os frames evocados pelos textos da audiodescrição e do áudio original do curta-metragem brasileiro "Eu não quero voltar sozinho”, produzido pela Lacuna Filmes em 2010. Para isso, foi compilado um corpus composto pela transcrição da audiodescrição e outro com o áudio original do curta-metragem. O objetivo é analisar os frames evocados em cada corpus em termos de relações entre frames previstas pela FrameNet, contribuindo com os Estudos da Tradução e a Semântica de Frames. A análise foi feita por meio de anotações semânticas na plataforma Web Annotation Tool, da FrameNet Brasil. Nos resultados, a relação de Herança foi a mais encontrada. Em ambos os textos, as categorias de frames de topo mais frequentes foram: Evento, Entidade, Estado e Processo. Observou-se que a audiodescrição possui poucas unidades lexicais que evocam frames herdeiros de Estado e são relacionadas às emoções dos personagens, mostrando tendência para a neutralidade. Na comparação entre eles, verificou-se que os textos apontam para tipos textuais diferentes. Em pesquisas futuras, objetiva-se ampliar a análise para outros corpora a fim de detalhar as observações feitas.

Palavras-chave: audiodescrição; FrameNet Brasil; Semântica de Frames.

CORPORA PARALELOS SEMANTICAMENTE ANOTADOS: METÁFORAS E FRAMES EM CONTRASTE MULTILÍNGUE

Maucha Andrade Gamonal (Universidade Federal de Minas Gerais)

Este trabalho apresenta estudo contrastivo de metáforas e frames em ambiente multilíngue. O conceito de frame advém da Semântica de Frames (Fillmore, 1982), que o define como um sistema de conceitos relacionados de modo que a compreensão de um item linguístico pressupõe o acesso a todo o sistema. Já o conceito de metáfora está afiliado à Teoria da Metáfora Conceptual (Lakoff; Jonhson, 1980), concebida como projeção entre domínios fonte e alvo, que são uma demonstração do funcionamento da cognição humana corporificada (Lakoff, 2012). A partir deles, a pesquisa compara as anotações do português brasileiro, inglês e alemão feitas pela primeira tarefa de anotação compartilhada da Global FrameNet (Torrent et al, 2018). A metodologia de trabalho seguiu os pressuspostos da FrameNet (Ruppenhofer et al, 2016) bem como o uso dos frames definidos para a língua inglesa. Diante desses resultados, este trabalho verificou a ocorrência de projeções cognitivas metafóricas, assumindo o texto traduzido para o português brasileiro como ponto de partida e seguindo a verificação para o texto original em inglês e a versão traduzida para o alemão. O resultado propõe um parâmetro comparativo dos frames da FrameNet a partir das alternâncias metáforicas.

Palavras-chave: metáforas; frames; FrameNet Brasil.

A ANOTAÇÃO SEMÂNTICO-COMPUTACIONAL DE OBJETOS MULTIMODAIS REALIZADA PELA FRAMENET BRASIL

Amanda Pestana (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Júlia Bellei Xavier (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Lívia Vicente Dutra (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Este trabalho apresenta a anotação de corpus multimodal em desenvolvimento pela FrameNet Brasil (FN-Br). A FrameNet é um laboratório pioneiro em associar Linguística Cognitiva e Linguística Computacional, tendo como base a Semântica de Frames (Fillmore, 1982). O interesse de trabalhar com a representação semântica de objetos multimodais (vídeos, textos com áudios e legendas etc.) amplia o escopo de ações previstas pelo laboratório (Ruppenhofer et al, 2016) e produz a necessidade de adaptar a metodologia de anotação a esse novo estímulo (Torrent et al, 2022). Nesse sentido, criou-se um corpus a partir do programa televisivo Pedro pelo Mundo que possibilitou contrastar as anotações dos frames evocados pelas imagens exibidas no programa com aqueles evocados pelo áudio — cujas transcrição e anotação como texto corrido configuram a ênfase desta discussão. Tais anotações ocorreram por meio das ferramentas WebTool — que, além de anotar textos por um viés semântico e sintático, estabelece relações entre frames — e Charon — voltada para a anotação de imagens e textos de vídeos. Utilizando-as, a FN-BR empreende, portanto, uma ampla abordagem pautada em um modelo de representação semântica refinado, que robustece os vínculos entre Processamento de Língua Natural e Visão Computacional.

Palavras-chave: semântica de frames; multimodalidade; anotação semântico-computacional.

Sessão 4: Aspectos cognitivos na interação, na aquisição e no processamento da linguagem

Coordenadores:

Prof. Ms. Rogério Viana (SEDUC)

Mestranda Giselly Aguiar (PPGL/UFC)

Local: Google Meet

OS MÚLTIPLOS MODOS DE SIGNIFICAR: UMA ANÁLISE DE ELEMENTO DESAPARECENDO/ELEMENTO DESAPARECIDO (PASSADO IMINENTE)

Maria Elizabeth da Silva Queijo (PUC-SP)

Carlos Gontijo Rosa (PUC-SP/FAPESP)


Considerando ética, estética e cognição em perspectiva dialógica como elementos que conduzem uma compreensão da linguagem em funcionamento, analisamos os múltiplos modos de significar a obra de arte Elemento Desaparecendo/Elemento Desaparecido (passado iminente). Apresentada pelo artista plástico Cildo Meireles na mostra de arte contemporânea Documenta 11 em 2002, esta obra permite ao apreciador do evento uma experiência sensorial através da compra e consumo de um picolé feito exclusivamente de água. Percorremos os meandros dessa produção de Meireles e do contexto científico e social acerca das questões hídricas mundiais para vasculhar discursivamente sua recepção no seu contexto. Ao aprofundarmos nas entrevistas do autor e no contexto geral de produção da obra, entretanto, percebemos uma multiplicidade de modos de significar que dela emanam, e que extrapolam a questão ambiental, tais como: discussão do sistema capitalista de produção, a questão da perenidade do tempo ou a deterioração das coisas. Isso tudo amplia a cadeia e as interações discursivas da obra, mas também revelam um enunciado com fronteiras muito mais amplas do que inicialmente imaginadas, revelando outras leituras e possibilidades de produzir sentidos em torno da obra de Meireles.


Palavras-chave: Significação; Análise Dialógica do Discurso; Cildo Meireles.

INTEGRAÇÃO CONCEPTUAL E SIMULAÇÃO NA COMPREENSÃO DOS USOS GENÉRICOS DE WE, YOU E THEY

Helen de Andrade Abreu (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ)

Esta pesquisa se propõe analisar os diferentes processos cognitivos que levam ao surgimento dos usos genéricos dos pronomes we, you e they na língua inglesa, assim como as diferentes estratégias comunicativas que levam o falante a eleger entre esses pronomes durante o momento da comunicação e como ocorre a compreensão por parte do ouvinte. Para tal, utilizamos o instrumental da Linguística Cognitiva, em especial a Teoria dos Espaços Mentais (Fauconnier, 1994), as noções de Integração Conceptual e Simulações conforme Lakoff e Narayanan (a ser publicado) unidas às de Targeting (Talmy, 2018) e Identity Partition (Talmy 2000), assim como às de subjetividade (Langacker, 1990) e a Basic Communicative Space Network (BCSN) (Sanders et al, 2009 e Ferrari e Sweetser, 2012). Esta pesquisa demonstra que processos de Integração Conceptual levam ao surgimento dos usos genéricos de we, you e they; que processos de Integração Conceptual e Targeting levam o ouvinte a encontrar o alvo para o qual cada pronome aponta; e, através das BCSNs, esta pesquisa demonstra que, por efeito de Simulações, o ouvinte é convidado a experienciar diferentes resultados, conforme o uso genérico de cada um dos pronomes.

Palavras-chave: Integração Conceptual; Simulação; Targeting.

CONSCIÊNCIA METALINGUÍSTICA, AQUISIÇÃO DA ESCRITA E O APAGAMENTO DO /R/

Amanda Cristina de Freitas (UNICAMP)

A apresentação tem como objetivo proporcionar reflexões a partir da pesquisa de Mestrado em andamento. Tal pesquisa tem a intenção de investigar, através de diferentes tarefas, a relação entre a Consciência Metalinguística e a segmentação de palavras terminadas em /R/ na escrita de crianças em fase de alfabetização, levando em consideração a existência ou não do apagamento do /R/ em coda em sílaba final de palavras (ex.: come(r)) não precedidas por outra iniciada por vogal (ressilabificação). A pesquisa também objetiva elaborar testes criados pela pesquisadora e também baseados nos estudos de Barrera e Maluf (2003) e Rego (1995), a fim de avaliar as consciências fonológica, lexical e sintática, e a segmentação de palavras terminadas em /R/. Para isso, a pesquisa terá a participação de crianças entre 6 e 8 anos de idade, em fase de alfabetização, no último nível de aquisição da escrita, de acordo com Ferreiro e Teberosky (1999), quando já são capazes de fazer uma segmentação da linguagem oral mais evoluída. Ressalta-se a relevância e urgência desta pesquisa para as práticas na sala de aula visando subsidiar estratégias de ensino que permitam enfrentar os impactos da pandemia na alfabetização das crianças.


Palavras-chave: Consciência Metalinguística; aquisição da escrita; apagamento do /R/.

LINGUAGEM MODULAR E ALUNOS COM O ESPECTRO AUTISTA

Brenda Lima dos Santos (Universidade Estadual do Ceará)

Apresentamos, neste trabalho, um estudo sobre o processamento da linguagem em alunos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), vendo a linguagem de uma forma modular, isto é, destacando que o seu processamento se dá em um movimento que envolve uma relação interacional entre diversas áreas cerebrais e corporais. Assim, objetivamos esclarecer a importância de se estudar o processamento da linguagem em alunos com o espectro autista através da abordagem gerativa da modularidade da menste e da linguagem, tendo como embasamento teórico, Kenedy (2013). Para além disso, fizemos, a priori, uma pesquisa de natureza interpretativa e de abordagem qualitativa, dando destaque aos aspectos que compõem estudos anteriores como a Ecolalia e os Movimentos Estereotipados, como condições essenciais para a aquisição e o processamento da linguagem nesses sujeitos. Constatamos, assim, que a linguagem desses indivíduos é essencialmente modular, dessa forma, concluímos que classificá-los como seres sem linguagem é uma forma histórica de exclusão e negação das diferenças cognitivas e linguísticas.

Palavras-chave: Linguagem Modular; Autismo; processamento


PERFIL COMUNICATIVO E DE LINGUAGEM DE ALUNOS SURDOS DE ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE OURO PRETO-MG

Kênia Toledo Fagundes (UFOP-ICHS)

Essa pesquisa interdisciplinar originada no campo da fonoaudiologia, estuda a linguagem e a comunicação na surdez, conforme trabalhos desenvolvidos por Lichtig (2004), Barbosa e Litchtig (2013), mas busca reflexão e solução conjunta com os estudos da linguística funcional, que, segundo Halliday e Hasan (1985), aborda a linguagem e a comunicação como evento social em seu uso e contexto. O objetivo deste trabalho é descrever o perfil comunicativo e de linguagem das crianças surdas moradoras de Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, Minas Gerais, apoiando-se nas orientações do Protocolo Bilíngue de Avaliação das Habilidades Comunicativas e de Linguagem de Crianças Surdas Reduzido (PIFFCS-reduzido), de Barbosa e Lichtig (2013). Fez-se uma pesquisa de cunho qualitativo, por meio de revisão bibliográfica, levantamento de campo e pesquisa aplicada. Intenciona-se responder a seguinte questão: Como caracterizar o perfil comunicativo e de linguagem de crianças surdas e/ou deficiente auditivas em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto-MG, por meio do Protocolo Bilíngue do PIFFCS-reduzido, de Barbosa e Lichtig (2013)? Portanto, ao identificar o perfil dos participantes, pode-se confirmar o pouco acesso dessas crianças à língua de sinais, revelar a importância do contato precoce com essa língua e propor ações públicas de defesa às minorias linguísticas.

Palavras-chave: perfil comunicativo; surdez; língua de sinais.

EXPOSIÇÃO NA PONTA DOS DEDOS: A INTERSENSORIALIDADE PARA A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM MENTAL DAS PESSOAS COM LIMITAÇÃO SENSORIAL VISUAL

Neyara Rebeca Barroso Lima (UECE)

Produzir e apreciar fotos artísticas são atividades essencialmente visuais por serem apreendidas primordialmente pela visão. No entanto, não devem ser restritas apenas a quem a possui. Por meio da audiodescrição (AD) e da fotografia tátil, pretendemos demonstrar de que maneira uma arte visual bidimensional pode ser acessada. Aliando audiodescrições dos elementos e suas cores, representações em alto relevo, interpretando seus detalhes, texturas, geometrias e organização espacial, propomos uma maneira mais profunda de apreciar a arte. Focado na harmonização entre as ferramentas de acessibilidade, pretendemos exemplificar como o consultor em AD atua. Analisaremos uma audiodescrição e uma fotografia tátil provenientes da exposição "Na Ponta dos Dedos", cujas fotografias foram produzidas por pessoas com limitação sensorial visual. Os roteiros de AD foram elaborados com base nas teorias de interdependência dos sentidos, importância do toque, intersensorialidade, sinais claros e ambivalentes e intensidade visual (DE COSTER; MÜHLEIS, 2007, HOLLAND, 2009, MAYER, 2018). Com relação à consultoria nos apoiamos em Sá (2018), Mianes (2018) e Negraes (2018). Por meio de interações multisensoriais como a audiodescrição e a fotografia tátil, acreditamos sermos capazes de proporcionar uma percepção mais completa da fotografia, afinal a arte é uma forma de expressão intrínseca aos seres humanos.

Palavras-chave: arte; consultoria; audiodescrição.

Sessão 5: temas variados (presencial)

Coordenadores:

Profa. Dra. Maria Claudete Lima (UFC)

Prof. Ms. Lee Pontes (PPGL/UFC/SEDUC)

Local: Auditório José Albano

A CATEGORIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE “TER COVID-19” EM POST DO FACEBOOK EM LÍNGUA PORTUGUESA

Lee Jefferson Pontes de Oliveira (UFC/PPGLING)

Júlio Araújo (UFC/DLV/PPGLING)

O processo de construção de categorias é um fenômeno básico na interação social, pois obriga o ator social a apoiar-se em seus saberes para expor determinado conteúdo informacional na forma de construção frasal. Trata-se de um fenômeno interpretativo e imaginativo, pois se organiza através de modelos cognitivos estruturados em esquemas imagéticos e projeções metafóricas. O objetivo deste trabalho é descrever como falantes de língua portuguesa conceitualizam a nova experiência de “ter COVID-19” em post de Facebook. Apoiado na Semântica Cognitiva de Leonard Talmy (2000), o objetivo deste trabalho é de tratar as construções sobre a experiências de “ter covid-19” sob a perspectiva da interação de forças, oriunda da experiência humana com barreiras, bloqueios, forças, pressões, restrições etc. Os resultados apontam que as categorizações da experiência de “ter COVID-19” se organizam na forma de interação de forças como um modelo esquemático básico, sendo que a COVID-19 é codificada na posição de Antagonista. Vale ressaltar que as projeções metafóricas da dinâmica de força são compulsão, pressão, concessão, permissão e bloqueio. Concluímos que a experiência de “ter COVID-19” é categorizada através de complexos processos cognitivos que revelam aspectos experimentais, imaginativos e ecológicos da memória e da atenção dos atores sociais.

Palavras-chave: categorização; Semântica Cognitiva; COVID-19.

FRAMES EM PIADAS CURTAS

José Nelson dos Santos Neto (UFC)

O presente trabalho objetiva analisar os frames presentes em piadas curtas e perceber como a ativação de diferentes frames atua na construção de significado dos itens lexicais e como essa construção gera o humor das piadas. Para tal, este estudo qualitativo de caráter exploratório toma como fundamentos teóricos a noção de frames proposta por Fillmore (1977) e a noção de mudança de frames em piadas trabalhada por Marinho e Ferrari (2016). O corpus da pesquisa foi obtido por meio da seleção de quatro piadas curtas, retiradas dos sites Almanaque S.O.S. e Dicionário Popular, organizadas em um arquivo de texto e analisadas segundo o modelo de análise de Barreto (2013). Como resultados preliminares, observou-se que as piadas curtas analisadas, em sua maioria, evocam dois frames diferentes, e que a aparente incongruência entre esses dois é o que gera o humor da piada.


Palavras-chave: frames; humor; piadas curtas.

UM ESTUDO DAS METÁFORAS E METONÍMIAS EM DITADOS POPULARES EM LÍNGUA PORTUGUESA E EM LÍNGUA ESPANHOLA

Samuel da Silva Marques (Universidade Federal do Ceará)

Metáforas e metonímias são geralmente concebidas como meros recursos estilísticos utilizados apenas na literatura, contudo, é uma visão errônea e limitada desses fenômenos, uma vez que sua manifestação vai além do âmbito linguístico, podendo também, devido a sua base cognitiva, agregar aspectos sociais e culturais. Usados em várias situações do cotidiano, os ditados populares estruturam-se por meio de metáforas e/ou metonímias, ainda que não percebamos isso. Portanto, este trabalho objetiva realizar um estudo analítico das metáforas e metonímias em 30 ditados populares em língua portuguesa e 20 em língua espanhola, a fim de explicitar suas ocorrências em ditados dessas duas línguas. Os estudos de Lakoff e Jonhson (1980) a respeito das metáforas e metonímias serão o aporte teórico para esse estudo.


Palavras-chave: metáfora, metonímia, estudo analítico.

A ORGANIZAÇÃO RADIAL DO VERBO "ARRUMAR"

Lis Veríssimo Jacinto de Oliveira (UFC)

Rômulo Reinaldo Santos do Nascimento (UFC)

Virna Chaves Bezerra Diolino (UFC)

Esta pesquisa pretende analisar, à luz da Gramática de Construções proposta por Lakoff (1987) e com aporte teórico em Ferrari (2011) e Muniz e Pinheiro (2021), as ocorrências semânticas do verbo “arrumar” a partir da categorização radial e verificar se todas as instanciações do dado anterior se relacionariam a um núcleo central prototípico. Para a análise, avaliamos as cem primeiras ocorrências de “arrumar” na aba Now (2012-2019) do Corpus do Português em contexto brasileiro, em que as divisões semânticas estão associadas aos treze significados encontrados no dicionário Michaelis Online. Dentre os resultados preliminares obtidos, observou-se dez subcategorias semânticas associadas ao verbo, com uma tendência dessas ocorrências estarem ligadas a um núcleo prototípico, das quais encontramos “organizar” como o sentido mais central da categoria “arrumar” e o das radiais - mais periféricas - os seguintes sentidos: “preparar”, “cuidar da aparência”, “conseguir”, "obter", “dar rumo”, "criar/imaginar", "provocar", "empregar-se" e “unir-se com alguém”.

Palavras-chave: Rede semântica; Arrumar; Categoria radial.

PERFORMANDO CATEGORIAS: A CATEGORIZAÇÃO E PROTOTIPIA DAS IDENTIDADES DE GÊNERO

André Luiz Aguiar de Oliveira (Universidade Federal do Ceará)

O gênero social ocupa, na modernidade, grande parte da pauta social identitária. Por si só, as identidades tornaram-se foco da problemática moderna (APPIAH, 2016), não se distanciando conceitualmente da habilidade de categorizar (consoante conceito de FERRARI, 2020). Mediante a produtividade das categorias de gênero social, nosso principal objetivo é investigar sua organização, considerando a teoria queer (BUTLER, 2010) e a categorização (LAKOFF, 1986) de gêneros sociais. Para isso, tomamos como instrumento de pesquisa um questionário online e assíncrono dirigido a estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Campus Benfica, visando depreender os efeitos prototípicos e o uso dos Modelos Cognitivos Idealizados (MCIs) na produção daquelas categorias. Com a análise, percebeu-se, na categoria “gênero”, como mais prototípicos os gêneros homem e mulher, sendo “não-binário” e outros gêneros englobados por esse mais periféricos. Além disso, nas respostas às questões com imagens, a persistência na categorização de entidades visuais cai em pessoas cuja expressão de gênero é ambígua conforme estereótipos sociais. A respeito da categoria “não-binário”, essa, mesmo mostrando-se conceituada nos mesmos MCIs das categorias mulher e não-mulher, difere-se das demais por não apresentar elementos subordinados na maioria das respostas. Em suma, gêneros inteligíveis mostraram-se mais prototípicos diante de identidades historicamente mais recentes.

Palavras-chave: categorização; gênero; prototipia.

A ORGANIZAÇÃO RADIAL DO VERBO “PEGAR”

Dalyla de Oliveira da Silva (Universidade Federal do Ceará)

Gabriel de Souza Soares (Universidade Federal do Ceará)

O presente trabalho tem por objetivo analisar a ampla variedade de usos e sentidos do verbo "pegar" no Português Brasileiro. Diante disso, tomamos como base a Gramática de Construções da forma que está apresentada em Ferrari (2011), e mais especificamente, o modelo de organização radial de categorias proposto por Lakoff (1987). Dessa forma, propomos, em estágio inicial, um mapeamento das ocorrências semânticas do verbo "pegar" a partir de um conceito central, e analisamos as relações experienciais e imaginativas entre esse conceito central e suas extensões. Para isso, selecionamos as primeiras cem ocorrências no Português Brasileiro de "pegar" e suas variações no Corpus do Português Web/Dialects, e agrupamo-las de acordo com seus significados, tomando como guia as vinte e oito definições propostas pelo dicionário Michaelis On-line (2022). Foram encontrados dezesseis sentidos relacionados ao conceito central radialmente. Dentre os sentidos, encadeiam-se segurar, buscar, contrair doença, compreender, assumir obrigação, ter continuidade, obter algo, valer-se de algo, receber algo, surpreender em flagrante, ficar surpreso e tomar um veículo. Os dados revelam que o elemento central da categoria é "pegar", a concepção mais concreta da ação humana de segurar, mas ainda se fazem necessários estudos mais extensos para verificar como as expressões idiomáticas podem ser incorporadas à rede semântica.


Palavras-chave: Categoria radial; pegar; rede semântica; Linguística Cognitiva.

A REDE METAFÓRICA EM ‘CANÇÃO’, DE CECÍLIA MEIRELES

Gabriel Loiola de Alencar Dantas (UFC)

Ramon Lima Rodrigues (UFC)

Rodrigo Barreto de Meneses (UFC)

A presente pesquisa visa analisar o poema “Canção”, de Cecília Meireles (2001), tomando por base os conceitos de metáfora conceitual, rede metafórica e espaços mentais, conforme Ferrari (2011) e Soares da Silva (1997). A partir da análise dos versos de Cecília Meireles, identificou-se que uma interpretação possível para o poema seria a de que a voz poética, ao “pôr seu sonho num navio” e deixá-lo “naufragar”, estaria, através de uma metáfora, abdicando dos próprios sonhos em troca de uma suposta tranquilidade na vida. Encontrou-se, na semântica dos versos, uma série de metáforas relacionadas à interpretação estabelecida. Dessa forma, foi visto que tais metáforas possuem correlações entre si, ao estabelecer uma rede de ideias abstratas, as quais surgem pela suas conexões com o plano concreto do poema. Por fim, a pesquisa reforça o valor das metáforas conceituais, cujo (re)conhecimento pode ampliar as possibilidades de interpretação do texto literário, e dos textos de modo geral.


Palavras-chave: linguística cognitiva; metáfora; poesia.


A ORGANIZAÇÃO RADIAL DO VERBO “CHEGAR”

Leidiana Iza Andrade Freitas (UFC)

O paradigma das Gramática das Construções propõe que as expressões linguísticas, desde as mais simples, até as mais complexas, constituem unidades simbólicas baseadas em correspondências entre forma e significado (Ferrari, 2011 ). Langacker (1987, 1991), afirma que categorias como nome, verbo, adjetivo e advérbio são semanticamente definíveis. Esses itens lexicais são unidades simbólicas constituídos de dois pólos, semântico e fonológico, o primeiro determina a categorização e neste processo as categorias radiais são estabelecidas naturalmente (Ferrari , 2011). Todos os membros de uma classe compartilham propriedades semânticas, neste sentido, a categoria verbo designa uma relação temporal com os seus elementos. O verbo chegar recebe muitas acepções conforme os dicionários, como Michaelis e Aulete. O objetivo deste trabalho é mostrar que todas as instanciações de “chegar” se relacionam a um núcleo central prototípico. Para tanto, fizemos uma pesquisa exploratória no Corpus do Português, coletando as primeiras 100 ocorrências do verbo chegar na aba Web Dialetics. Os resultados mostraram que o sentido mais frequente é “Aproximar-se de um ponto no espaço e no tempo” em um total de (37,7%) das sentenças analisadas. Isso evidencia que as instanciações analisadas do verbo “chegar” se relacionam com um núcleo central prototípico, confirmando nossa hipótese.

Palavras-chave: linguística-cognitiva; organização-radial; chegar;