História do prédio onde temos o apartamento em Divonne-les-Bains
História do prédio onde temos o apartamento em Divonne-les-Bains
Em 1848 o jovem doutor Paul Vidart (1817-1873) criou um estabelecimento hidroterapêutico em Divonne. Dr Vidart desenvolveu um programa de cuidados de hidroterapia focalizado no tratamento de doenças psicossomáticas leves (distúrbios do sono, ansiedade, neuralgia, etc) utilizando a água fria com bicarbonato de cálcio de quatro fontes, localizadas no centro de Divonne. Os tratamentos eram associados com vários entretenimentos: passeios no parque, teatro, música, etc.
Para hospedar a clientela quatro hotéis foram construídos, ao longo do tempo, como parte da estância termal. O primeiro hotel (foto abaixo, canto superior à esquerda) foi construído em 1897, já prevendo a chegada da estrada de ferro.
O segundo hotel (acima, à direita) foi construído em 1901, oferecendo todo o conforto da época. Era a Villa Vidart à qual foram adicionadas extensões laterais. A obra para o terceiro hotel (no canto inferior esquerdo) começou em novembro de 1906.
O Nouvel Hôtel foi inaugurado em 1908. Abaixo foto antiga do lado Alpes:
Abaixo foto antiga da entrada no lado Jura:
Clientela famosa frequentava a estação termal: Jérôme Bonaparte (irmão mais novo de Napoleon e rei da Westphalia), o escritor Guy de Maupassant (seu nome foi dado à uma escola de Divonne), etc. "Prendre les eaux" (no Rio Grande do Sul era "ir às águas" de Ijuí, de Chapecó, etc) foi por muito tempo prerrogativa dos ricos, imitando a família imperial desde o início do século XIX.
De repente virou moda ir para as águas de Divonne. Além dos hotéis da estação termal, existiam outros hotéis, vilas e apartamentos.
Inicialmente as ricas famílias russas foram os clientes mais frequentes. Depois famílias turcas e egípcias. As famílias vinham com serviçais que ficavam no quinto andar.
Sua Alteza Real Abbas Hilmi II, quediva do Egito, frequentou as águas de Divonne durante uns dez anos (1904-1914). Cada ano ficava um mês em Divonne onde tinha sua vila. Em 1914, foi deposto pela Inglaterra.
Na primeira guerra mundial o Nouvel Hôtel foi transformado em hospital militar da Cruz Vermelha Francesa.
A partir de 1920 virou moda para famílias americanas 'ir às águas" de Divonne. No início vieram muitas famílias de Chicago. Os habitantes de Divonne começaram a se referir ao hotel como "Le Chicago". O apelido "pegou" e os clientes também começaram a se referir ao "Le Chicago", embora esse nunca tenha sido o nome oficial do hotel (inicialmente Nouvel Hôtel, nome chegou a ser trocado, mas não "pegou"). O período áureo das águas de Divonne foi de 1920 a 1939.
O prédio grande à esquerda é onde, mais tarde, foi construído o cassino de Divonne. O prédio à direita é "Le Chicago". No meio estava a Villa Vidart, que foi o segundo hotel, e onde hoje se encontra o Grand Hotel (foto abaixo, também conhecido como Hotel du Golf), construído em 1931, no mesmo ano em que foi construído o campo de golfe.
Voltando à história do "Le Chicago", na segunda guerra mundial ele foi utilizado pelo exército alemão como um hospital (1940-1944). Depois da guerra teve que ser renovado. Os costumes foram mudando e começou a ser antieconômico manter os grandes quartos com lareiras. As famílias já não traziam os serviçais. Gradativamente foi perdendo a importância até ser fechado.
Em 1999 a Prefeitura autorizou a transformação do "Le Chicago" em um prédio de apartamentos mantendo o exterior o mais fiel possível. Um sexto andar foi adicionado ao prédio para criar oito apartamentos duplex. As lareiras em mármore foram recuperadas, um catálogo preparado e os novos proprietários escolheram no catálogo a lareira a instalar em seus apartamentos.
Compramos nosso apartamento quando os trabalhos de adaptação do prédio já tinham começado. No fim de 2001 as primeiras famílias começaram a ocupar seus apartamentos. Na primeira assembléia dos coproprietários teve uma votação para escolher o nome do prédio. Alguns propuseram "Résidence Chicago" mas a maioria aprovou "Résidence du Parc".
Foto do lado Alpes (a ferragem original é diferente em cada andar):
Lado montanhas Jura, jardim e entrada do prédio:
Detalhe do hall de entrada, mostrando a escada que foi preservada até o primeiro andar. Nos andares superiores a escada foi eliminada para proporcionar espaço para os apartamentos.
Vista de nosso apartamento para o lado Jura. No primeiro plano árvores do jardim, estacionamento, entrada para a garagem no subsolo, portão, parque e o campo de golfe no canto superior esquerdo:
Vista do nosso apartamento para o lado dos Alpes:
Vista do jardim (pela lateral do prédio) para o lado dos Alpes:
O prédio faz parte do circuito de pontos históricos de Divonne-les-Bains. Tem uma placa na frente com um pequeno texto:
Nossa vizinha - Sra. Sabine Jordan-Johnson - conseguiu uma ampla documentação sobre a história do prédio e publicou um belíssimo livro que pode ser comprado em livrarias. Foto da capa do livro: