Programa 2021

2021-11-04, Salão Nobre FFUP

1º Congresso Pedagógico FFUP'21

Jorge Ascenção Oliveira (Presidente)
Patrícia Valentão
Georgina Correia da Silva
Clara Quintas

Overture

14h00

Breve Introdução ao Congresso Pedagógico no âmbito do Centenário FFUP

Diretor da FFUP, Presidente da AEFFUP, Presidente do Conselho Pedagógico

[5 min] Diretor da FFUP - Domingos Ferreira

[5min] Presidente da AEFFUP - Débora Silva

[5min] Presidente do CP - Jorge Ascenção Oliveira

Suite #1

Maestri: Fernando Remião, Isabel Ferreira

14h15

[ 5 min ] - Allegro

Aulas laboratoriais em pandemia – adaptação a novos modelos nas UC do LQOF

Emília Sousa, Andreia Palmeira, Carla Fernandes, Carlos Afonso, Elizabeth Tiritan, Honorina Cidade, José Soares, Marta Correia-da-Silva

Introdução: O período de confinamento e de restrições de espaço devido à pandemia conduziu a uma alteração no modelo de ensino e aprendizagem nas UC do LQOF.

Objetivos: O objetivo desta comunicação é apresentar os modelos pedagógicos que foram implementados para as aulas laboratoriais nos anos letivos 19/20 e 20/21, metodologias que, pelos benefícios demonstrados, foram transpostas para o ano letivo de 21/22. 

Metodologia: No que respeita às aulas laboratoriais, os estudantes foram divididos em 2 turnos, com aulas semanais presenciais alternadas. Para os estudantes em aula laboratorial presencial, para garantir as distâncias de segurança, os trabalhos experimentais passaram a ser realizados de forma individual. Para isso, os protocolos dos trabalhos laboratoriais foram adaptados, simplificando ou ajustando algumas etapas.

Para os estudantes que não tinham a aula laboratorial presencial, os docentes prepararam e disponibilizaram filmes sobre os trabalhos laboratoriais, que incluíam a explicação dos fundamentos teóricos, a demonstração das operações a realizar e recomendações de segurança no laboratório. Na UC de Química Farmacêutica, foram ainda criados trabalhos de química computacional, que permitiram a aquisição de competências e a discussão de vários dos temas tratados na UC em aula por videoconferência. Estes trabalhos computacionais eram também acompanhados de questionários para autoavaliação de conhecimentos, via plataforma Moodle.

Resultados: A apresentação dos trabalhos pedagógicos com tradição na Química Farmacêutica II e Química Orgânica II - Jornadas e Nossa Molécula - foi realizada em modo virtual, bem como o próprio acompanhamento tutorial ao longo do semestre, tendo-se verificado uma eficaz afluência às apresentações de estudantes inter-turmas, assim como o acompanhamento dos docentes.

No ano letivo atual 21/22 foi mantida a apresentação dos filmes como material de apoio à preparação dos trabalhos laboratoriais. A implementação desta metodologia permitiu a reestruturação do cronograma com a adição de um trabalho laboratorial adicional. 

Conclusão: A adaptação a novos modelos de ensino e aprendizagem, consequência do período pandémico, possibilitou que o tempo de contato disponível fosse maximizado e permitiu ainda um aumento da reflexão/discussão com os estudantes. As iniciativas adotadas foram apreciadas muito positivamente pelos estudantes em comentários patentes nos inquéritos pedagógicos.

14h20

[ 5 min ] - Allegro

Desenvolvimento de competências transversais na UC opcional Oncobiologia: organização anual das “conferências em oncobiologia” com participação ativa dos estudantes 

M. Helena Vasconcelos

A Unidade Curricular (UC) Opcional Oncobiologia do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas é lecionada na FFUP desde o ano letivo 2009/2010, com a designação original de “Microbiologia e Biologia Molecular do Cancro”. Esta UC objetiva a aquisição de conhecimentos sobre oncobiologia, oncogénese microbiana (particularmente oncovirologia) e prevenção e tratamento do cancro. Para além do desenvolvimento de conhecimento sustentado nos conteúdos programáticos, a UC pretende que os estudantes adquiram competências transversais cognitivas, metodológicas e sociais, em particular desenvolvendo competências no domínio da aplicação de conhecimentos, nomeadamente em contexto de comunicações científicas multidisciplinares ou interdisciplinares, demonstrando capacidade em refletir e integrar conhecimentos e comunicar os seus raciocínios e conclusões de forma objetiva.

Para a concretização destes objetivos, em complemento das horas letivas teórico-práticas, a UC dinamiza anualmente as “Conferências em Oncobiologia”, abertas a toda a comunidade científica mediante pré-inscrição obrigatória, com uma duração aproximada de 8h, que decorrem ao longo de um dia intensivo de trabalho. 

Este evento científico-pedagógico conta com a participação ativa dos estudantes inscritos na UC, que têm aqui uma oportunidade de apresentar os trabalhos desenvolvidos ao longo do semestre letivo e que consistiram na sua avaliação distribuída. O evento conta com uma sessão de posters de 1 hora, na qual os estudantes podem apresentar um póster sobre um tema relacionado com os conteúdos programáticos da UC, realizado em trabalho de grupo de 2 ou um máximo de 3 alunos. A participação no evento não é obrigatória; no entanto, uma vez que a sessão de posters coincide sempre com o horário de lecionação de uma aula teórico-prática, a opção pela não participação implica uma penalização em termos de presenças nas aulas. No decurso do evento, existe ainda oportunidade para 2 grupos de trabalho, selecionados pela docente com base em critérios de qualidade científica e capacidade comunicacional, realizarem uma apresentação oral de 30 minutos cada. 

As "Conferências em Oncobiologia" garantem ainda aos estudantes uma oportunidade para solidificarem conhecimentos, uma vez que os cientistas convidados a participar apresentam sempre trabalhos relacionados com temas previamente trabalhados em sala de aula. É ainda incentivada uma interação ativa entre os estudantes e os palestrantes convidados, sempre cientistas ou professores universitários com reconhecido mérito na área da oncobiologia ou tratamento do cancro. O evento revela, assim, uma forte componente pedagógica.

A organização das “Conferências em Oncobiologia” tem contribuído significativamente para a motivação e o empenho dos estudantes no estudo da UC em Oncobiologia, assim como para o desenvolvimento de competências cognitivas (pensamento analítico, crítico, reflexivo e criativo), metodológicas (gestão de tempo e competências digitais) e sociais (comunicação interpessoal e trabalho colaborativo). Ressalva-se que só é possível desenvolver este trabalho com um grupo reduzido de estudantes, na medida em que é necessário um acompanhamento muito próximo e pormenorizado da preparação dos trabalhos e da sua apresentação.

Após mais de 10 anos de experiência, é possível concluir que esta iniciativa tem permitido um grande envolvimento dos estudantes na UC em Oncobiologia, promovendo a sua motivação para o estudo e a melhoria das suas competências transversais.

14h25

[ 5 min ] - Allegro

Influência dos constrangimentos impostos pela pandemia nas classificações dos estudantes

Helena Amaral, Paulo Costa

Introdução: No ano letivo 2019-2020 houve alterações no modo de ensino da UC Biotecnologia Farmacêutica e Biomateriais devido aos constrangimentos impostos pela pandemia pelo COVID-19, os quais tiveram impacto no funcionamento das aulas. Nesse ano letivo, as aulas teóricas da UC Biotecnologia Farmacêutica e Biomateriais passaram a ser lecionadas por videoconferência e as aulas laboratoriais restringiram-se à realização de um trabalho de pesquisa e a respetiva apresentação e discussão.

Objetivos: Pretendeu-se avaliar a diferença entre as classificações finais dos estudantes antes e durante a pandemia pelo COVID-19. Foi também avaliada a performance dos estudantes em função do estatuto, nomeadamente estudantes ordinários, dirigentes associativos (DA) trabalhadores estudantes (TE) ou outros (estudantes ERASMUS).

Metodologia: Foi feita uma análise descrita dos resultados obtidos pelos estudantes nos anos letivos de 2016/17, 2017/18, 2018/19, 2019/20 e 2020/21. Os resultados foram analisados estatisticamente recorrendo ao teste paramétrico, t student ou ANOVA unifatorial quando se tratava de duas amostras ou mais, respetivamente. A normalidade das distribuições e a homogeneidade da variância foram analisadas com os testes de Shapiro Wilk e Levene. Diferenças entre mais de dois grupos foram comparadas utilizando um teste post hoc (Tukey HSD). As amostras foram analisadas usando um nível de significância de 95% (α= 0,05). Todas as análises estatísticas foram realizadas com o programa informático SPSS (v 27.0; IBM, Armonk) e MS Excel (2016).

Resultados: No ano letivo de 2016/17 todos os estudantes inscritos tinham o estatuto de estudante ordinário (n=36) e obtiveram os seguintes resultados: média=16,2, mediana=16, moda=16, mínimo=13 e máximo=18.

No ano letivo de 2017/18, 30 estudantes inscritos tinham o estatuto de estudante ordinário e 9 tinham estatuto de DA ou outros (n=39), tendo obtido os seguintes resultados: média=15,5, mediana=15, moda=15, mínimo=13 e máximo=18. Um dos estudantes não foi avaliado (RFE).

Em 2018/19, 22 estudantes inscritos tinham o estatuto de estudante ordinário e 3 tinham estatuto de DA (n=25), tendo obtido os seguintes resultados: média=16,1, mediana=17, moda=17, mínimo=10 e máximo=18.

Em 2019/20, 19 estudantes inscritos tinham o estatuto de estudante ordinário e 4 tinham estatuto de DA (n=23), tendo obtido os seguintes resultados: média=16,6, mediana=17, moda=17, mínimo=14 e máximo=18.

Em 2020/21, 15 estudantes inscritos tinham o estatuto de estudante ordinário e 4 tinham estatuto de DA ou TE (n=19), tendo obtido os seguintes resultados: média=15,6, mediana=16, moda=16, mínimo=12 e máximo=19.

É de ressaltar o número decrescente de estudantes nos últimos anos devido à redução para uma turma laboratorial.

Não se verificaram diferenças significativas entre as classificações dos estudantes no período antes e durante a pandemia. Além disso, não se verificaram diferenças significativas entre as classificações dos estudantes em função do estatuto.

Conclusões: De um modo geral, a realização deste estudo permitiu concluir que os constrangimentos impostos devido à pandemia não afetaram significativamente as classificações finais dos estudantes inscritos nesta UC.

14h30

[ 10 min ] - Andante

Sobre a aquisição de competências informáticas pelos estudantes do MICF: 15 anos de ensino no uso do Microsoft Excel
Alberto Araújo, Eduarda Fernandes, Agostinho Almeida

O uso de folhas de cálculo por profissionais com atividade na interface entre a experimentação laboratorial e a produção de documentos ou relatórios escritos, como é o caso da área da saúde, é uma competência essencial na abordagem ao mercado de trabalho. Contudo, o grau de iliteracia no uso de software facilmente acessível pelos estudantes do MICF, como é o caso do Microsoft Excel, é particularmente generalizado e contrasta claramente com o revelado no uso de software de escrita. Este software propicia ferramentas versáteis, úteis e por vezes sofisticadas que vão do cálculo estatístico, financeiro, à resolução iterativa de problemas e modelação, ao processamento de tabelas e dados de múltiplas fontes de informação e equipamentos. 

Os docentes da UC de Métodos Instrumentais de Análise têm dedicado parte das horas de contacto da componente teórico-prática, ao desenvolvimento de competências neste domínio ao longo dos últimos 15 anos, tendo constatado uma crescente adesão e participação dos estudantes. Nesta comunicação pretende-se testemunhar da evolução desta atividade, dos eventuais desafios colocados pela reforma curricular que se avizinha, e da necessidade de colaboração transversal mais estreita na consolidação e efetividade da mesma.

14h40

[ 10 min ] - Andante

O papel da Universidade na formação ao longo da vida
Isabel M.P.L.V.O. Ferreira

Na sociedade atual, com um mercado de trabalho em rápida mudança, a manutenção e aquisição de novas competências é essencial para garantir a continuação do desenvolvimento pessoal, social e profissional do individuo e melhorar a empregabilidade e a inovação socioeconómica. Neste contexto, os Cursos de Formação Não Conducentes a Grau (CFNCG), seja em modalidade presencial, híbrida ou on-line, constituem atualmente um nicho de mercado para as Universidades. Neste contexto, e para responder à Carta Europeia para a Formação ao Longo da Vida nas Universidades, e às crescentes exigências de maior qualificação profissional é importante valorizar a criação de CFNCG, podendo estes também contribuir para o prestígio e reconhecimento da Universidade em diferentes áreas do conhecimento.

Os CFNCG podem ter objetivos muito variados, nomeadamente, atrair novos públicos e uma população diversificada e aberta a novas aprendizagens; contribuir para reforçar a relação entre investigação, ensino e inovação; ser cursos de verão, nacionais ou internacionais ou cursos online abertos e massivos (MOOCs).

Nesta apresentação serão resumidos alguns CFNCG organizados pelo laboratório de Bromatologia e Hidrologia da FFUP nos anos últimos 2 anos, em diferentes modelos de ensino: i) presencial, aberto à população (“Workshop de produção de cerveja artesanal”, 8 horas, 2ª edição em fevereiro de 2020, contamos retomar em 2022); ii) em modelo hibrido, aberto à comunidade científica nacional e internacional (“SAFE & HEALTHY NUTRITION - insights into sports and ageing”, 12 horas, em maio de 2021, contou com participantes de diferentes instituições Portuguesas, do Brasil, Chile e Polónia) e em modelo exclusivo on-line, (“Curso de Estatística em ambiente excel”, 8 horas, setembro de 2021); iii) escola de verão em modalidade presencial (“Escola de verão: Dieta, imunidade e inflamação”, 400 horas, de julho a outubro de 2020, financiada pelo programa “Verão com Ciência” promovido pela FCT, em colaboração com a Direção Geral do Ensino Superior e escola de verão on-line (“EUGLOH Summer School in Nutrition and Food Sciences: The role of the academy to promote health, 108 horas, junho de 2021). As razões que desencadearam a oferta e a procura destes CFNCG, a diversidade do publico alvo e as diferentes estratégias pedagógicas utilizadas serão partilhadas com os colegas, assim como, o balanço feito após o término dos mesmos.

Uma avaliação de adequada e transparente dos participantes é um requisito para os CFNCG conferirem créditos. Independentemente do modelo escolhido, esta é sempre uma dificuldade, atendendo a que geralmente os participantes, têm um background muito diverso, que não é fácil nivelar, por serem cursos de curta duração. Atualmente, a UE está a desenvolver estratégias conjuntas de validação e reconhecimento, para que no futuro, CFNCG sejam usados para obter micro-creditações e estas constituam oportunidades de aprendizagem flexíveis e inclusivas, completando os conhecimentos adquiridos no ensino superior.

14h50

[ 10 min ] - Andante

TRAIN YOUR BRAIN: Promoção do autoconhecimento e da autorregulação da aprendizagem
Jorge Ascenção Oliveira

Introdução: A procrastinação do estudo ou trabalhos para avaliação é comum entre estudantes. Esta falha de autorregulação é frequentemente atribuída à personalidade e motivação. Contudo, os ambientes académicos destruturados, com prazos muito dilatados e sem informação para automonitorização, também promovem a procrastinação. A pandemia COVID-19 impôs alterações abruptas ao ambiente académico, transitando atividades presenciais para on-line e agravando o risco de procrastinação.

Objetivos: 1) Implementar um sistema de aprendizagem híbrido; 2) Promover o autoconhecimento e a autorregulação da aprendizagem; 3) Extrair métricas objetivas de procrastinação; 4) Validar essas métricas testando a hipótese de que a procrastinação prejudica o autoconhecimento e o sucesso académico.

Metodologia: O modelo educativo da unidade de Fisiologia (MI Ciências Farmacêuticas 2020/2021) incluiu ensino híbrido em tempo real (presencial e on-line), complementado com atividades de e-learning (testes formativos e videogravações). Os testes sumativos (avaliação intercalar e exame final) foram realizados com vigilância ativa. Os registos anonimizados de atividade e-learning de 172 estudantes foram analisados na linguagem R (www.R-project.org), com a coleção Tidyverse de ciência de dados. Um valor de p < 0.05 foi considerado estatisticamente significativo.

Resultados: O melhor preditor singular das classificações no exame foram as competências demonstradas na avaliação intercalar (R2 = 0.56, p < 0.05). A assiduidade às aulas explicou apenas 20% da variabilidade das classificações no exame (R2 = 0.2, p < 0.05), destacando a importância de ponderar métricas de atividade como a realização de testes formativos e o estudo das videogravações. Combinando estas 2 métricas, identificou-se um perfil de procrastinação (menos testes e estudo) associado a classificações significativamente mais baixas (p < 0.001). Avaliando o nível de autoconfiança nas competências, verificou-se que a procrastinação está associada a menor autoconhecimento, excesso de confiança, e classificações mais baixas (p < 0.05). Curiosamente, o estudo por videogravações apenas beneficiou significativamente os estudantes que faltaram a poucas aulas (assiduidade = 75%-99%, p < 0.001), sugerindo que as videogravações permitem recuperar algumas faltas, mas não resolvem e podem até agravar o problema da procrastinação. A análise dos testes formativos semanais e respetiva consistência interna revelou uma aprendizagem progressiva ao longo do tempo, cujo potencial máximo foi comprometido pela procrastinação.

Conclusões: A procrastinação prejudica a aprendizagem, através do desperdício de oportunidades de automonitorização. Assim, prevalece a ilusão do conhecimento (excesso de confiança) que impede o desenvolvimento de competências metacognitivas de autorregulação. A automonitorização através de testes formativos regulares promove o autoconhecimento e a autorregulação da aprendizagem. As métricas objetivas de procrastinação têm validade preditiva sobre o autoconhecimento e sucesso académico, e contribuem para quantificar os efeitos que as alterações nos modelos educativos têm sobre o processo de aprendizagem.

15h00 - 15h20  Operetta #1

Discussão Interativa do 1º bloco de comunicações

Moderadores: Fernando Remião, Isabel Ferreira

...

Suite #2

Maestri: Georgina Correia-da-Silva, Félix Carvalho

15h20

[ 5 min ] - Allegro

FUVET: uma colaboração entre unidades orgânicas para a aquisição de competências sobre fármacos de uso veterinário

Carlos Afonso, Margarida Araújo, Carla Fernandes, Elizabeth Tiritan, Emília Sousa, Honorina Cidade, Marta Correia-da-Silva

O farmacêutico, em especial o farmacêutico comunitário, todos os dias é chamado a atuar nos cuidados de saúde animal, enfrentando situações em que tem de tratar prescrições veterinárias, gerir terapias medicamentosas e aconselhar os tutores dos animais.

Na unidade curricular (UC) de opção do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), “Fármacos de uso veterinário (FUVET)” procurou-se aplicar um ensino global, interdisciplinar e interescolar, tendo como foco a intervenção do farmacêutico nos cuidados de saúde animal. 

Pretende-se que os Estudantes conheçam os fármacos de uso veterinário numa perspetiva da química farmacêutica, da terapêutica medicamentosa e da intervenção clínica do farmacêutico. Para isso, os estudantes são estimulados a recolher e usar a informação que as ciências básicas proporcionam e a fazer a sua translação e aplicação na profissão farmacêutica. Por outro lado, a aprendizagem e a aquisição de competências ouvindo e convivendo com linguagens de escolas e ciências diversas são enriquecedoras e preparam melhor os profissionais para intervirem na sociedade. Nesse sentido, na UC FUVET intervêm docentes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da FFUP e do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, juntamente com farmacêuticos comunitários e médicos veterinários. 

Na UC FUVET procura-se ainda que os estudantes participem de forma ativa na aquisição de competências, recorrendo-se a estudos de casos e à elaboração, por grupos de 2 estudantes, de uma monografia sobre um fármaco, a qual deve envolver um percurso que vai dos aspetos químicos, até à intervenção farmacêutica, demonstrando e percebendo assim a utilidade da aprendizagem das ciências básicas na profissão farmacêutica.

15h25

[ 5 min ] - Allegro

Ciências Experimentais- uma abordagem direcionada para um ensino mais ativo

Lurdes Dapkevicius, e Teresa Lima [Universidade dos Açores]

[Universidade dos Açores - Parceria no MICF]

RESUMO

A situação pandémica obrigou a que a lecionação decorresse em regime remoto, o que levou à necessidade de recorrer a técnicas de ensino que fomentassem uma participação mais ativa dos alunos no processo de aprendizagem. O recurso a aulas invertidas na preparação de cada módulo trouxe um maior envolvimento dos estudantes e permitiu, para além do cumprimento mais cabal dos objetivos de aprendizagem, o desenvolvimento de soft skills, como a capacidade de pesquisar e selecionar informação relevante e o trabalho em equipa. No pós-confinamento, para além de se manter a utilização desta técnica, realizámos uma nova experiência de ensino dos conteúdos práticos utilizando Problem Based Learning. Esta técnica de ensino trouxe uma motivação muito maior dos alunos e reforçou ainda mais o desenvolvimento de soft skills (independência, espírito crítico, trabalho em equipa). Requer, no entanto, uma reorganização dos planos de aula e é um método trabalhoso do ponto de vista do docente. Mesmo assim, dado que permite um crescimento pessoal e profissional muito mais rápido e sólido dos discentes, será uma experiência a continuar.

ABSTRACT

The COVID-19 pandemic forced universities to adopt online teaching, which created the need to resort to teaching techniques aimed at reinforcing an active participation of the students in the learning process. Using inverted classroom techniques in the preparation of each learning module allowed for greater involvement of the students and, besides fulfilling the learning outcomes of the curricular unit, promoted the development of soft skills, such as the capacity to work in teams, research and select relevant information. Post-confinement, besides maintaining the use of inverted classroom techniques, we experimented with Problem Based Learning applied to the teaching of laboratory classes. This teaching technique led to a higher motivation of the students and further reinforced the development of soft skills (independence, critical thinking, and teamwork). However, it requires reorganizing the class plans and is work-intensive from the teacher’s point of view. Nevertheless, since it allows for a faster, more solid, personal and professional growth of the students, we intend to continue using this technique.

15h30

[ 5 min ] - Allegro

SMASH-MEDICINE: transforming medical education
Ben Harris, Elísio Costa

Medical education is often dissociated from patient experience, despite the desire for both groups to be involved in the learning process. Currently, there is a disconnect: patients may not understand the relevance of a doctor’s questioning or treatment decisions, whilst doctors do not fully empathise with patients nor appreciate what they truly value. This project provides a unique opportunity for citizens to learn from healthcare professionals, and healthcare professionals to learn from patients, in a synergistic way.

This unique bidirectional educational undertaking builds on SmashMedicine, a top-ranked EIT Health Campus project in 2020. In this project we propose a radical move into the future of medical education. Patients will learn about key aspects of diagnosis, treatments and medical reasoning, whilst doctors will learn what patients feel is important about their experiences with healthcare across Europe. The project will educate citizens by promoting an empathetic and shared approach to medical treatment, with patients and students learning from each other. We use novel pedagogical approaches and AI to deepen symbiotic learning for citizens.

15h35

[ 5 min ] - Allegro

Utilização de fluxogramas como estratégia pedagógica
José P. Sousa e Silva, Paulo C. Costa

No âmbito da Unidade Curricular (UC) Farmácia Industrial, UC optativa atualmente no quarto ano, pretendeu-se solidificar a aquisição de conhecimentos previamente adquiridos em UC anteriores (Tecnologia Farmacêuticas I, II, III e IV), essenciais para atingir um dos objetivos desta UC, mais concretamente a elaboração de um fluxograma (FX) de fabrico das principais formas farmacêuticas. Este objetivo tem vindo a ser avaliado há vários anos em todos os exames, pois é pedido aos estudantes que elaborem um fluxograma do fabrico de uma determinada forma farmacêutica. 

Os resultados obtidos demonstravam que os estudantes não dominavam completamente os conhecimentos necessários para elaboração de um FX. Foi por isso, decidido propor aos estudantes a realização de um trabalho em grupos de 3 elementos (a contar para a classificação final), em que cada um teria que apresentar em 3-5 min um determinado item do FX (sequência das operações e equipamentos utilizados, controlo em curso de fabrico, controlo do produto acabado), sendo posteriormente avaliados individualmente. Foi-lhes dito que a elaboração de FX seria uma das questões do exame final.

As notas obtidas na questão “...construa o fluxograma…“ do exame final, nos ano letivos2012/13 a 2020/21 foram analisadas estatisticamente (teste ANOVA uni fatorial) não se tendo obtido uma diferença significativa (p=0,329). Nos últimos 6 anos letivos realizou-se sempre o trabalho em grupo do FX.

Apesar de não existir uma diferença estatisticamente significativa entre as notas dos anos letivos é visível um ligeiro aumento nas médias com exceção do ano de 2019/20. Esta análise pode ser útil para adequação estratégias de melhoria continua.

15h40

[ 10 min ] - Andante

Ensino Laboratorial da Microbiologia Alimentar em confinamento: aulas invertidas e dinamização das aulas síncronas online 

Carla Novais

Introdução: O ensino laboratorial da UC Microbiologia Alimentar (MICRAL-2h/semana; 4ºano/2ºSemestre; optativa) contempla análises microbiológicas (água/alimentos/superfícies) baseadas em critérios microbiológicos e metodologias padronizadas (métodos culturais, imunológicos, biologia molecular e genómica). Os confinamentos impostos pela COVID-19 tornaram mais desafiadora a sedimentação dos conceitos necessários à compreensão de dados laboratoriais no contexto da qualidade e segurança alimentar.

Objetivos: Desenvolver estratégias pedagógicas aplicadas ao ensino laboratorial da MICRAL durante o período de confinamento em 2021 que permitissem aos estudantes: a) uma compreensão sólida dos conceitos laboratoriais; b) envolvimento e motivação; c) autonomia e segurança na execução e interpretação das experiências no regresso às aulas presenciais.

Metodologia: O ensino laboratorial da MICRAL incluiu 7 semanas de aulas online e 4 de aulas presenciais. Durante o período de confinamento propôs-se aos estudantes (n=36) um estudo autónomo semanal dos conceitos críticos à compreensão das temáticas laboratoriais (aula invertida). O apoio ao estudo autónomo incluiu a disponibilização de aulas gravadas (Panopto) pela docente, slides, vídeos demonstrando as técnicas laboratoriais e outros documentos de apoio. As aulas síncronas online (2h/semana via Zoom-Colibri) foram utilizadas para a resolução de dúvidas e casos-práticos no contexto da qualidade e segurança alimentar. Nestas aulas, os estudantes trabalharam em grupos de 4-5 elementos (gerados aleatoriamente para promover a diversidade na interação) em salas virtuais. Seguidamente, a docente discutia a resolução dos casos-práticos com todos. No retorno ao ensino presencial os estudantes tiveram a oportunidade de executar e interpretar as metodologias laboratoriais previamente discutidas nas aulas invertidas e síncronas-online. A avaliação laboratorial (4 valores) baseou-se em perguntas de escolha múltipla sobre conceitos teórico-práticos e resolução de casos-práticos com recurso a imagens e dados laboratoriais. No final do semestre os estudantes avaliaram a sua perceção das estratégias pedagógicas aplicadas num inquérito anónimo (via Moodle) e no IPUP.

Resultados: Os estudantes participaram ativamente nas discussões dos casos-práticos durante as aulas síncronas online. No retorno às aulas presenciais demonstraram facilidade na compreensão dos protocolos laboratoriais. A comparação das classificações da componente laboratorial do ano de 2020/2021 com os anos de pré-pandemia (2017/2018 e 2018/2019; 37 e 38 alunos) revelou para os três anos uma média similar de 15 valores. No inquérito via Moodle, 64% (23/36) dos estudantes indicaram que consultaram frequentemente o material disponibilizado antes das aulas síncronas (96%), e classificaram positivamente (6,3 e 6,5 em 7) a “contribuição dos exercícios práticos para a sedimentação do conhecimento e aprofundamento da formação na área” e as “estratégias pedagógicas usadas a distância para uma melhor compreensão dos trabalhos experimentais realizados nas aulas presenciais”. No IPUP, as dimensões de apoio à autonomia, estrutura e envolvimento foram classificadas de forma similar em 2017/2018 (43% de respostas), 2018/2019 (40%) e 2020/2021 (42%) com 6,8/6,7/6,0; 6,9/6,6/6,1 e 6,8/6,6/6,0, respetivamente.

Conclusões: As estratégias pedagógicas aplicadas permitiram cumprir os objetivos propostos, traduzindo-se na manutenção de boas classificações laboratoriais em 2021. Futuramente, as estratégias pedagógicas usadas (aulas invertidas + casos-práticos) serão integradas no ensino presencial. 

15h50

[ 10 min ] - Andante

O ensino da Farmacognosia nas Ciências Farmacêuticas: evolução histórica e novos desafios

Paula B. Andrade, Patrícia Valentão, David M. Pereira

Introdução: A Farmacognosia é uma área científica intimamente ligada à génese e evolução das Ciências Farmacêuticas, tendo sido uma das suas áreas fundadoras. O ensino nesta área do conhecimento tem sofrido uma inevitável e necessária atualização, evoluindo de uma área limítrofe da botânica e toxicologia para uma ciência necessariamente multidisciplinar.

Metodologia: Nesta apresentação será feita uma reflexão qualitativa, sobre a evolução dos programas e conteúdos das UCs de Farmacognosia no MICF, e quantitativa relativamente aos resultados da aprendizagem nos últimos 5 anos, tendo como objeto de estudo os mais de 600 estudantes que frequentaram e concluíram a UC neste período de tempo.

Resultados: Embora historicamente uma área do conhecimento ligada essencialmente à botânica e ao uso terapêutico/tecnológico e toxicidade de produtos naturais, anterior até aos boticários, a farmacognosia tem sabido acompanhar a evolução do conhecimento, adaptando os seus conteúdos e métodos pedagógicos à dimensão transdisciplinar do conhecimento atual. Assim, esta área do conhecimento está hoje alicerçada não apenas no conhecimento de produtos naturais e suas características (taxonómicas, [fito]químicas e biológicas), mas também na investigação e compreensão dos seus mecanismos de ação farmacológica, toxicológica e obtenção biotecnológica.

Paralelamente, serão também analisados os resultados dos inquéritos pedagógicos dos últimos 5 anos, nas suas múltiplas dimensões.

Conclusões: Esta apresentação proporciona uma reflexão sobre a evolução do ensino da Farmacognosia no MICF e o seu contributo atual para a formação académica, científica e profissional dos futuros farmacêuticos.

16h00

[ 10 min ] - Andante

Interação biunívoca entre unidades curriculares básicas e profissionalizantes - Uma experiência do LQOF
Honorina Cidade, Andreia Palmeira, Carla Fernandes, Carlos Afonso, Elizabeth Tiritan, Emília Sousa, José Soares, Marta Correia-da-Silva

Os docentes do Laboratório de Química Orgânica e Farmacêutica (LQOF) da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto têm procurado criar ao longo dos anos várias metodologias pedagógicas que permitam motivar os estudantes para o estudo da Química Orgânica e Farmacêutica e promover o sucesso educativo. Uma das causas do insucesso em unidades curriculares básicas, como Química Orgânica I e Química Orgânica II, é a falta de motivação para a aprendizagem de conceitos em que os estudantes não encontram ligação ao exercício da profissão. Por outro lado, quando em unidades curriculares mais profissionalizantes, como Química Farmacêutica I e Química Farmacêutica II, é necessária a aplicação de conceitos básicos de Química Orgânica, verifica-se que estes já foram esquecidos ou não foram adequadamente incorporados no processo de aprendizagem. Para contornar este problema foi criado um projeto que envolve uma interação biunívoca e sinérgica entre unidades curriculares básicas de Química Orgânica e unidades curriculares profissionalizantes de Química Farmacêutica. No primeiro semestre do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, os estudantes de Química Orgânica I envolvem-se em trabalhos científico-pedagógicos dos estudantes de Química Farmacêutica II de modo a compreenderem como a Química Orgânica básica é essencial para a aquisição de competências mais avançadas. No segundo semestre, os estudantes de Química Farmacêutica I acompanham os estudantes de Química Orgânica II num trabalho onde revisitam com mais maturidade os conhecimentos básicos essenciais para a compreensão da Química Orgânica e Farmacêutica. Os trabalhos resultantes são apresentados em contexto de aulas invertidas privilegiando a autonomia, o espírito crítico e a integração de competências digitais na educação.

16h10 - 16h30  Operetta #2

Discussão Interativa do 2º bloco de comunicações

Moderadores: Georgina Correia-da-Silva, Félix Carvalho

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Intermezzo

16h30 - 16h50

Coffee-Break

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Suite #3

Maestri: Clara Quintas, Natércia Teixeira

16h50

[ 5 min ] - Allegro

Uso da plataforma ChromAcademy no ensino de métodos separativos analíticos e espetrometria de massa
Marcela A. Segundo

A utilização de tecnologias no ensino é atualmente transversal a todas as disciplinas, impulsionada pela necessidade de implementação do ensino a distância. Constitui também uma oportunidade de cativar os estudantes para o tema a lecionar, aproximando o contexto de aula às vivências atuais, em que há um contacto permanente com a esfera virtual através de tecnologias móveis.

Pretende-se com esta comunicação discutir as vantagens e desvantagens da utilização de uma plataforma online na lecionação de conteúdos relacionados com os métodos separativos analíticos e com espetrometria de massa.

A plataforma ChromAcademy (https://www.chromacademy.com/) oferece conteúdos didáticos relacionados com diferentes técnicas separativas analíticas e também fundamentos de espetrometria de massa de carácter analítico. Esta plataforma foi proposta como suporte para aulas e estudo autónomo aos estudantes da UC Métodos Instrumentais de Análise do Mestrado em Controlo de Qualidade e da UC Métodos de Análise em Toxicologia do Mestrado em Toxicologia Analítica Clínica e Forense desde o ano letivo 2015/2016. O acesso à plataforma é usualmente pago, mas é também dispensado gratuitamente a pessoas que demonstrem ligação à Academia através de um e-mail institucional. Durante as aulas, é seguido um guião de estudo, com a consulta de tópicos diferentes em módulos diferentes, tendo sido estabelecido pelo docente um percurso que permite ensinar uma parte significativa dos conteúdos programáticos das aulas dedicadas às técnicas separativas analíticas e à espetrometria de massa. Os estudantes têm a oportunidade de aceder à plataforma posteriormente às aulas, de forma a rever os conteúdos do percurso proposto, e também podem consultar outros conteúdos, explorando outros tópicos ou outros módulos.

A recepção e motivação dos estudantes para o uso da plataforma têm sido positivos, dado que os estudantes podem ter acesso a animações que correspondem ao funcionamento de equipamentos, podem aceder a simuladores que permitem estudar condições operacionais (por exemplo, efeito da temperatura na separação dos compostos em cromatografia gasosa), além de responder às perguntas disponíveis no fim de cada módulo para avaliação de conhecimentos. Como ponto negativo, a plataforma está apenas disponível em língua inglesa, exigindo domínio da mesma para total entendimento dos conteúdos.

16h55

[ 5 min ] - Allegro

MICROMUNDO@UPORTO: Aprendizagem-serviço para promover o conhecimento sobre a resistências aos antimicrobianos
Luisa Peixe

Introdução: MicroMundo@UPorto é um projeto educativo experimental de Ciência Cidadã, na área da Microbiologia, implementado no ano letivo de 2018-2019 em Portugal na Faculdade de Farmácia da U.Porto e que recorre a uma estratégia de aprendizagem-serviço.

Objetivos:  Criar competências de maior autonomia, responsabilidade/compromisso, planeamento, comunicação e empatia nos estudantes universitários, enquanto contribuem para resolução de um desafio societal, a Resistência aos Antimicrobianos (AMR), melhorando também o seu conhecimento neste tema. Pretende-se ainda estimular o interesse de estudantes do ensino básico e secundário para a área das Ciências e aumentar a literacia do público em geral para a problemática da AMR.

Metodologia: Os estudantes universitários, formados e orientados por docente universitário/investigador (tutor), foram responsáveis pela organização e lecionação de sessões a alunos do ensino básico/secundário, cujo desafio experimental é a descoberta de microrganismos produtores de novos antibióticos explorando a diversidade microbiana de habitats naturais-solos de Portugal. Os estudantes trabalharam em equipa criando diversos conteúdos pedagógicos adequados às idades do público-alvo (apresentações, filmes, jogos, etc.) assim como o material de laboratório necessário às experiências, reunindo com o seu tutor para a preparação das 4 sessões nas escolas (2h cada/semana). Estas sessões incluíram a explicação do projeto, do problema da Resistência aos Antimicrobianos e da Biodiversidade, assim como trabalho laboratorial de pesquisa de atividade antimicrobiana de bactérias dos solos. Por fim, foram efetuados inquéritos para avaliação do projeto (Enalyser) aos estudantes universitários, alunos e professores das escolas envolvidas.

Resultados: Voluntariaram-se 45 estudantes que foram integrados em 8 Equipas (5-6 estudantes + tutor), tendo à sua responsabilidade uma turma (20-25 alunos) de três escolas do Porto (Escola Secundária Carolina Michaëlis, Escola Secundária Rodrigues de Freitas e Escola EB 2/3 Irene Lisboa), envolvendo um universo de 140 alunos do ensino básico e secundário. Foram identificados isolados com atividade inibidora de espécies de relevância clínica (vários contra isolados de Gram positivo e um contra isolado de Gram negativo). Os inquéritos revelaram um elevado grau de satisfação tanto entre os estudantes das escolas como entre os estudantes universitários no que concerne à aquisição de competências científicas e interpessoais. Os professores do ensino básico e secundário revelaram um grande entusiamo em relação ao projeto, recomendando-o a outras escolas. Para além de um melhor conhecimento sobre AMR, observou-se uma melhoria da perceção dos estudantes sobre a relevância das UCs de Microbiologia na prática profissional e o desenvolvimento de competências essenciais para futuros profissionais de saúde.  O sucesso desta experiência piloto levou à disseminação desta iniciativa a outras universidades. 

Conclusão: O impacto muito positivo deste projeto em várias dimensões da formação do estudante universitário, assim como dos alunos do ensino básico/secundário, e a possibilidade de disseminação da consciencialização da importância do uso correto dos antimicrobianos na comunidade em geral, foram um incentivo à reedição deste projeto (em curso no ano letivo 2021/22) e à sua expansão para outras universidades. Com a retoma à normalidade uma nova edição deste projeto encontra-se em curso neste ano letivo.

17h00

[ 5 min ] - Allegro

Inovação institucional no apoio pedagógico aos estudantes praticantes desportivos de alto rendimento
Paulo Lobão, Georgina Silva, Jorge M. A. Oliveira, Fernando Remião

O Decreto-Lei 272/2009 de 1 de Outubro consagra legalmente um sistema integrado de apoios para o desenvolvimento do desporto de alto rendimento (DAR), considerado de especial interesse público na medida em que constitui um importante factor de desenvolvimento desportivo e é representativo de Portugal nas competições desportivas internacionais. Segundo o referido Decreto-Lei:

- Os estabelecimentos de ensino devem providenciar aos estudantes praticantes de DAR (EPDAR) um horário escolar e regime de frequência que melhor se adapte à sua preparação desportiva;

- As provas de avaliação de conhecimentos dos EPDAR devem ser fixadas em data que não colida com o período de participação nas respectivas competições desportivas, podendo mesmo ser fixadas épocas especiais de avaliação desde que requeridas pelo estudante.

Frequentam o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da FFUP (MICF), 3 EPDAR. Visando a promoção do sucesso académico destes estudantes e assegurando a qualidade dos processos de ensino-aprendizagem e avaliação , resolveu a FFUP abraçar mais um projeto no âmbito da Responsabilidade Institucional e Motivação para a Inovação.

Assim,  foi nomeado um  Professor Acompanhante (PA), tal como previsto no Artigo 19°, cujas funções em articulação com o Director do MICF e o Conselho Pedagógico, são a de acompanhar a evolução do aproveitamento escolar destes estudantes e detectar eventuais dificuldades propondo medidas para a sua resolução nomeadamente (Artigo 20°),  a leccionação de aulas de compensação sempre que o entenda necessário.

O balanço geral desta abordagem é encorajador, uma vez que as barreiras iniciais, tanto por parte dos estudantes (algum receio em contactar com o PA) como por parte dos docentes(receio numa eventual intromissão na autonomia pedagógica), rapidamente se desvaneceram. Criou-se uma dinâmica de diferenciação pedagógica em que dúvidas, respostas e soluções estão a ocorrer quase “em direto”, o que vai ao encontro das necessidades de aprendizagem destes estudantes.

17h05

[ 10 min ] - Andante

Impacto da COVID-19 nas aulas laboratoriais de Bioquímica Clínica: Um relato da aplicação de um ambiente virtual de aprendizagem baseado em discussão de casos clínicos

Georgina Correia-da-Silva, Cristina Catarino, Luís Belo

Introdução: A pandemia COVID-19 desencadeou alterações profundas ao nível do ensino universitário, sendo o seu efeito nos estudantes não totalmente conhecido.

Objetivos: Partilhar os resultados da aplicação de um ambiente virtual de aprendizagem, na unidade curricular (UC) de Bioquímica Clínica do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF). 

Metodologia: O modelo foi implementado no 2º semestre do ano letivo 2020/21, em consequência do contexto de pandemia COVID-19 e do cumprimento das normas da DGS e das diretrizes da Comissão de Acompanhamento do MICF. Na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, estas diretrizes concretizaram-se na divisão das turmas em dois grupos (Turno ÍMPAR e Turno PAR). Assim, no período de pós-confinamento, os estudantes alternaram semanalmente a sua presença na faculdade com a assistência às aulas via Zoom-Colibri (semana ímpar/semana par). 

No caso das aulas laboratoriais de Bioquímica Clínica do MICF (4º ano), a metodologia de avaliação da componente laboratorial (20% da avaliação final) ocorre em duas partes essenciais: 1) desempenho em grupo mediante a apresentação e discussão de casos clínicos; 2) execução de um trabalho laboratorial individual. Para o cumprimento dos critérios de distanciamento da DGS, a capacidade máxima do laboratório era de 10 estudantes, pelo que no Laboratório estava presente um turno, enquanto o outro assistia à aula via Zoom. Por imposição do período de confinamento, as primeiras aulas foram realizadas online para ambos os subgrupos, de forma a proporcionar a matriz teórico-prática dos fundamentos dos trabalhos laboratoriais. Em aulas seguintes, recorreu-se a casos clínicos publicados em revistas científicas (“case reports”). Os estudantes organizaram-se em grupos, que os docentes distribuíram por salas virtuais. No intuito de orientar os estudantes na análise a presentação dos casos, foi criado um template orientador. Os docentes assumiram essencialmente um papel de facilitadores, tanto a nível individual como da turma. De volta ao regime presencial e de modo a serem respeitados os turnos laboratoriais, a componente laboratorial alternou, mas em simultâneo, a execução de análises (aula laboratorial presencial) para uma parte da turma, com a exploração individual e coletiva de situações clínicas onde essas análises eram aplicadas (aula online) para o outro turno. 

Resultados: Os resultados ao nível da avaliação foram semelhantes aos anos anteriores (taxa de aprovação de cerca de 95 %) e em respostas a um inquérito aplicado no Moodle, anónimo e de caráter não obrigatório, verificou-se um interesse geral e motivação pela componente laboratorial da UC. Cerca de 88% dos estudantes consideraram eficaz a interação em salas virtuais para a realização do trabalho de análise e discussão dos casos clínicos. Nos inquéritos pedagógicos da UP, a UC obteve classificação média igual ou superior a 6,0 (num máximo de 7) em seis dimensões: “Apoio à Autonomia”, “Consistência e Ajuda”, “Relacionamento”, “Envolvimento”, “Apreciação e Clareza” e “Avaliação” e nas perguntas abertas, alguns estudantes destacaram a importância dos casos clínicos.

Conclusão: As alterações impostas pela pandemia COVID-19, incluindo a metodologia de preparação e avaliação de casos clínicos online, foram globalmente bem aceites pelos estudantes com obtenção de resultados muito satisfatórios ao nível do apoio à autonomia, da relação professor-estudante e da avaliação (do próprio estudante e da UC).

17h15

[ 10 min ] - Andante

Inovação e empreendedorismo no MICF: 5 anos de reflexão

David Pereira

Introdução: A Inovação e Empreendedorismo são, desejavelmente, temas transversais da generalidade das áreas científicas, no entanto as características científicas, técnicas e regulamentares das Ciências Farmacêuticas requerem uma abordagem diferenciada destas temáticas na área do medicamento. Com efeito, e fruto destas especificidades, a criação de negócios e sua viabilidade na área farmacêutica é, de forma geral, mais exigente em termos de recursos humanos e financeiros, sendo a sua taxa de sucesso historicamente mais baixa.

Metodologia: Nesta apresentação serão apresentados e discutidos os modelos pedagógicos praticados, as metodologias de avaliação, resultados da aprendizagem e inquéritos pedagógicos numa análise integrada dos resultados dos 5 anos letivos em que a UC já funcionou.

Resultados: A UC optativa “Empreendedorismo, Inovação e Criação de Negócios” alicerça-se nos conhecimentos técnico-científicos que os estudantes de 4º ano já têm e capitaliza estes conhecimentos com vista à sua expansão para áreas tradicionalmente menos prevalentes no MICF, tais como propriedade intelectual, modelos de negócio e gestão da inovação.

No decorrer da UC os estudantes tomam conhecimento das metodologias mais recentes com vista à avaliação da novidade, exequibilidade, sustentabilidade e potencial económico de uma tecnologia na área das Ciências da Saúde. Em cada semestre, cada grupo de estudantes tem a seu cargo uma tecnologia “made in UPorto” e dedica o semestre ao desenvolvimento de um plano de negócios com vista à valorização de cada tecnologia. Considerando que esta tecnologia pode ser uma molécula, dispositivo médico ou produto de saúde, a formação prévia dos estudantes decorrente da frequência do MICF assume-se fundamental. Durante o semestre são também promovidas reuniões entre os estudantes e os inventores de forma a esclarecer as questões técnicas necessárias, permitindo também a promoção de contacto privilegiado entre estudantes e a comunidade científica da UP.

No plano formativo, a UC inclui a frequência de aulas teóricas, seminários proferidos por especialistas da área farmacêutica e da gestão, bem como a frequência de workshops temáticos. Nos últimos anos, um número significativo de estudantes tem cumulativamente frequentado algumas das atividades da mesma área temática organizadas no âmbito do projeto EUGLOH.

No campo pedagógico, os estudantes são avaliados pelos conhecimentos efetivamente demonstrados e pela sua capacidade de resolução de problemas. A avaliação em diferentes momentos ao longo do semestre permite, também, que um dos fatores de avaliação considerados sejam não só os conhecimentos do estudante no fim do semestre mas, também, a sua evolução face ao início do semestre.

É praticado um modelo de avaliação pelos pares mediante apresentações de e para estudantes em que o docente assume um papel de moderação, condução e normalização.

Conclusões: Esta UC assume-se como uma ferramenta relevante para dotar os estudantes das soft-skills e conhecimentos técnicos na área da inovação necessários para que possam explorar plenamente o forte perfil científico construído ao longo do MICF.

17h25

[ 10 min ] - Andante

Entre a gravação de aulas e as aulas invertidas: percepções e resultados

Fernando Remião, Amélia Veiga

Introdução: A mobilização da gravação de aulas (VLC) e das aulas invertidas no MICF, articula-se com a perspetiva de alinhamento construtivo, que aporta as decisões sobre a adequação das práticas pedagógicas ao prosseguimento dos resultados de aprendizagem e ao desenvolvimento de competências.

Objetivos: Esta apresentação faz uma análise dos resultados de vários estudos com o objetivo de sublinhar a importância da investigação no ensino e aprendizagem para informar as práticas pedagógicas mobilizadas na unidade curricular “Toxicologia Mecanística”.

Metodologia: A avaliação da eficácia destas práticas utilizou (i) inquéritos por questionário para recolher as perceções dos estudantes sobre o impacto do VLC e sobre a relevância das aulas invertidas e (ii) um conjunto de parâmetros selecionados para a monitorização do uso do VCL pelos estudantes. Os inquéritos foram aplicados no fim do 2º semestre dos anos 2017/18, 2018/19 e 2019/20, e 128, 158 e 58 estudantes participaram, respetivamente. Além disso, na análise da implementação das aulas invertidas, 2019/20, inclui-se a análise das notas de terreno da observação das aulas invertidas por estudantes de ciências da educação.

Resultados: A análise dos resultados revelou, por um lado, que o VLC teve um impacto positivo (i) nas notas dos estudantes que utilizaram a gravação das aulas, como um recurso que promove a aprendizagem, especialmente quando os períodos de avaliação são mais exigentes e (ii) na prossecução dos resultados de aprendizagem relacionadas com a compreensão e aplicação do conhecimento. Uma análise mais fina dos efeitos do VLC mostrou também que a visualização das aulas melhorou os resultados dos estudantes com percursos académicos mais fracos.

Relativamente às aulas invertidas, a análise começou por mostrar a eficácia da estratégia pedagógica face aos objetivos traçados, sublinhando também a importância dos conteúdos gravados para o apoio ao estudo e para a compreensão do tópico abordado e para a importância das aulas invertidas para melhorar o envolvimento dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido, nas aulas invertidas subsequentes foram estruturadas atividades a realizar em grupo. A análise dos resultados mostrou que há diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de nível de intervenção nas discussões/debates. O grupo de estudantes que considera ter tido um nível fraco de intervenção na discussão de grupo tende a concordar mais que a experiência permitiu adquirir os conhecimentos versados de modo mais consistente e desenvolver mais competências de organização do tempo de estudo de um modo autónomo, por exemplo. Com efeito, as aulas invertidas contextualizadas na perspetiva do desenvolvimento de competências de aprendizagem autónoma pelos estudantes, levou-nos a refletir sobre as características do estudo autónomo a partir das aulas invertidas. 

Conclusão: O balanço que se faz da implementação das práticas descritas, chamando a atenção para a necessidade de investigar o ensino aprendizagem, evidencia que o VLC e as aulas invertidas se configuram como estratégias de diferenciação pedagógica. Neste sentido, a investigação realizada tem retroalimentado o desenvolvimento de práticas pedagógicas que aparentemente potenciam a qualidade da aprendizagem de estudantes diversos.

17h35

[ 5 min ] - Allegro

Mentoria Interpares na FFUP em tempos de Pandemia
Georgina Correia da Silva, Marta Correia da Silva

No ano letivo 2019/20, a direção da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) nomeou as docentes, autoras desta comunicação, como docentes coordenadoras para a implementação do Programa Mentoria Interpares na FFUP. Assim, no dia 7 de março de 2020, quando foi decretado o encerramento da FFUP devido à pandemia da COVID-19, a Mentoria Interpares FFUP encontrava-se preparada para, através da sua rede de Mentores, ajudar os estudantes do 1º ano inscritos no Programa (Mentorados) a ultrapassarem as dificuldades do confinamento repentino. O programa foi também importante para os Mentores que acabaram por não procrastinar ao focarem-se no bem-estar do seu Mentorado, aprendendo, ao ajudar o outro, a encarar as adversidades com maior flexibilidade. 

De acordo com os Princípios Orientadores do Programa Transversal de Mentoria Interpares da U. Porto, o programa tem o objetivo de proporcionar uma vivência positiva na entrada no ensino superior desenvolvendo sentimentos de bem-estar e pertença aos Mentorados e o desenvolvimento no estudante Mentor de competências pessoais transversais nomeadamente, de relações interpessoais de atenção ao outro, compreensão e respeito pela dignidade de cada um, capacidade de ajuda e partilha de conhecimento e espírito de missão ao aprenderem a ser elementos ativos de uma instituição. 

O programa Mentoria Interpares na FFUP tem vindo a proporcionar o acolhimento e a integração dos estudantes que ingressam pela primeira vez no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) (estudantes do 1º ano e, desde o ano letivo 2020/21, estudantes do 3º ano vindos dos Açores) e a prática da “internacionalização em casa”, ao dar a opção aos Mentores de serem Mentores de estudantes internacionais. No ano da pandemia foi também proporcionada aos Mentorados a oportunidade de participação no Programa Riscos & Desafios, um programa desenvolvido pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte em parceria com a U. Porto, de treino de competências pessoais e sociais, no qual os Mentorados tiveram contacto com psicólogas da ARS, durante 8 sessões. 

Neste ano letivo 2021/22, o programa Mentoria Interpares encontra-se no 3º ano de aplicação na FFUP e nesta comunicação serão apresentados os principais resultados dos inquéritos de monitorização e avaliação bem como o cronograma de aplicação para o corrente ano letivo. 

Agradecimentos: À  Prof. Maria de Lurdes Fernandes, pela liderança inspiradora no arranque deste programa, às  Prof.(s) Teresa Medina, Elisabete Ferreira, Isabel Pinto, Raquel Barbosa, Isabel Ribeiro, Teresa Duarte da Comissão Científico Pedagógica do Programa de Mentoria UP, pela energia contagiante, à Engª Isabel Guimarães e à Dra Flora Torres pelas intervenções valiosas nas sessões de Formação dos Mentores, à AEFFUP, muito especialmente aos estudantes que nos ajudaram mais diretamente a montar o programa: José Miguel Neves, Leandra Leal, Vânia Maia e Sara Pereira, e aos Mentores dos anos letivos 2019/20, 2020/21 e 2021/22.

17h40 - 18h00  Operetta #3

Discussão Interativa do 3º bloco de comunicações

Moderadores: Clara Quintas, Natércia Teixeira

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Toccata e Fuga

18h00 - 18h30

Mesa Redonda - Presente e Futuro do Ensino-Aprendizagem e Avaliação

Diretor do MICF, Presidente do Conselho Pedagógico, Representantes dos Estudantes FFUP:

Débora Silva (Presidente da AEFFUP), Carolina Simão, Leandra Leal, Catarina Moreira (Conselho Pedagógico), Abel Vale (Comissão Acompanhamento do MICF).

Perspectivas dos estudantes e docentes FFUP sobre:

A transformação digital do Ensino Superior

Modelos Educativos centrados nos Estudantes

Modelos de Avaliação

Rethinking Universities

Ulf-Daniel Ehlers

Future Skills

Ulf-Daniel Ehlers