PA - Profa. Dra. Kaline R. Coutinho (CAPES - IF/USP)
Título: PANORAMA E DESAFIOS DA PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA NO BRASIL
Resumo: A CAPES foi fundada em 1951. Em 1977, foram criadas as comissões de assessores por área, para a avaliação e o acompanhamento dos cursos/programas de pós-graduação stricto-sensu no Brasil, e foi estabelecido o Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES). Em 1998, houve uma mudança substancial no processo de avaliação com: (i) a padronização da ficha de avaliação para todos as áreas, ou seja, os mesmos quesitos são avaliados, porém cada área pode utilizar diferentes tipos de indicadores quantitativos e qualitativos; e (ii) a criação do Qualis para avaliar a qualidade dos artigos científicos baseado na classificação dos veículos de divulgação da produção científica, por ser impraticável avaliar a qualidade de cada uma das produções. Nesta época, a ficha de avaliação tinha 7 quesitos: proposta do programa, corpo docente, atividades de pesquisa, atividades de formação, corpo discente. Posteriormente, em 2013, a ficha passou a ter 5 quesitos: proposta do programa (0%), corpo docente (20%), corpo discente (35%), produção intelectual (35%) e inserção social (10%) e 17 itens distribuídos entre esses quesitos. Em 2017, a ficha passou a ter 3 quesitos: proposta do programa (1/3), formação e produção intelectual (1/3) e impacto social (1/3) e 12 itens distribuídos entre esses quesitos. Em 2025, a ficha tem 3 quesitos: proposta do programa (1/3), formação e produção intelectual (1/3) e impacto social (1/3) e 10 itens distribuídos entre esses quesitos. Agora, os programas de excelência, além de obterem conceito MUITO BOM nos 3 quesitos da ficha de avaliação, também devem demonstrar excelência nas 6 dimensões: Impacto na Sociedade, Internacionalização, Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), Solidariedade e Nucleação, Interdisciplinaridade e Boas práticas, incluindo obrigatoriamente a dimensão de Internacionalização com referenciais nos cenários institucionais de excelência mundial de cada área.
Na área de Astronomia/Física (AFIS), em 2013, cerca de 55% da pontuação total da ficha de avaliação estava focada na composição/formação/produção do corpo docente. Em 2017 e 2021, este percentual reduziu para 45% e em 2015 reduziu para 18%. Esta redução de pontuação no corpo docente vem mostrando que o foco da ficha está cada vez mais migrando para o corpo discente, onde a quantidade e composição diversificada, a formação, o destino profissional e a produção de artigos científicos e/ou produtos técnicos/tecnológicos serão muito valorizados. Os indicadores apontarão para: maior flexibilidade nos objetivos e perfil formativo do discente; maior inserção da Física/Astronomia Experimental/Observacional (disciplinas, discentes titulados e produção); valorização de Física Aplicada com produção tecnológica, inovação, interação com empresas, startup, etc; valorização da atuação inter e multidisciplinar; maior qualidade das publicações e menor ênfase na quantidade; novos indicadores do impacto social; e estímulo a maior participação de mulheres e de jovens pesquisadores.
Referências gerais:
Rita de Cássia B. Barata, “Dez coisas que você deveria saber sobre o Qualis”, RBPG v. 13, n. 30, p. 013 - 040, jan./abr. 2016, http://dx.doi.org/10.21713/2358-2332.2016.v13.947
Documentos de área do site da CAPES: área Astronomia/Física – Memória da área, link: https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/avaliacao/sobre-a-avaliacao/areas-avaliacao/sobre-as-areas-de-avaliacao/colegio-de-ciencias-exatas-tecnologicas-e-multidisciplinar/ciencias-exatas-e-da-terra/astronomia-fisica-memoria-da-area
P1 - Prof. Dr. Sérgio C. Ulhoa (IF/UnB)
Título: Ondas Gravitacionais e o Projeto HADES: Uma Nova Janela Termodinâmica para o Espaço-Tempo
Resumo: As ondas gravitacionais, previstas pela Relatividade Geral como oscilações do espaço-tempo sem densidade de energia local bem definida, têm sido tradicionalmente detectadas por interferômetros ópticos sensíveis à deformação geométrica causada por essas ondas. Nesta apresentação, revisaremos os fundamentos teóricos da geração e propagação das ondas gravitacionais, destacando suas limitações quanto à transferência de energia. Em seguida, discutiremos os principais métodos experimentais utilizados ao longo da história, com foco nos detectores ressonantes de Joseph Weber e nos interferômetros modernos como o LIGO. Por fim, apresentaremos o projeto HADES (Harmonic Aluminium Detector for Extrasolar Signals), uma proposta nacional para investigar a hipótese de que ondas gravitacionais podem produzir efeitos térmicos mensuráveis em cilindros maciços. Essa hipótese, embora testável nos dados térmicos do LIGO, permanece inexplorada devido à indisponibilidade de dados em tempo real. O projeto HADES propõe, portanto, uma abordagem alternativa e acessível, operando em uma faixa de frequência ainda não coberta pelos interferômetros atuais e baseada na análise térmica como ferramenta de distinção entre ruído e sinal gravitacional.
P2 - Prof. Dr. Paulo E. Marchezi (IQ/UNICAMP)
Título: Caracterização avançada in situ de células solares de perovskita
Resumo: As células solares de perovskita de haletos metálicos (PSCs) surgiram como uma das tecnologias fotovoltaicas mais promissoras, alcançando eficiências de conversão de energia próximas a 27% [1], ao mesmo tempo em que oferecem rotas de processamento de baixo custo e escalonáveis. Apesar desse rápido progresso, desafios relacionados à estabilidade de longo prazo, defeitos interfaciais e integração em dispositivos de grande área permanecem como barreiras críticas para a comercialização [2,3]. Nesse cenário, técnicas de caracterização in-situ desempenham um papel crucial na compreensão dos principais parâmetros físico-químicos que determinam o desempenho e os mecanismos de degradação dos dispositivos. Esses métodos permitem o acesso em tempo real às dinâmicas estruturais, ópticas e eletrônicas, possibilitando a correlação entre transformações materiais e propriedades funcionais que não podem ser capturadas por técnicas ex-situ [4,5].
Nesse contexto, temos avançado um programa de pesquisa abrangente que integra caracterização de ponta com engenharia molecular e interfacial para enfrentar essas limitações. Combinando in-situ GIWAXS e fotoluminescência com mapeamento de catodoluminescência em escala nanométrica, obtemos percepções diretas sobre heterogeneidades estruturais e optoeletrônicas que surgem durante a formação do filme e sob estresse operacional. Complementando essas abordagens, medições operando em dispositivos completos permitem preencher a lacuna entre os processos fundamentais e o desempenho do dispositivo, esclarecendo como estabilidade e alta eficiência podem ser alcançadas simultaneamente. Esses estudos revelam o impacto de aditivos sinérgicos, monocamadas auto-organizadas (SAMs) e interfaces 2D/3D na dinâmica de cristalização, passivação de defeitos e caminhos de recombinação de portadores de carga [6,7].
Em conjunto, esses resultados destacam como a sinergia entre sondas avançadas in-situ e o design molecular impulsiona o desenvolvimento racional de perovskitas fotovoltaicas estáveis, eficientes e comercialmente viáveis. Esta apresentação focará nessas descobertas recentes, enfatizando como a caracterização de última geração, combinada à engenharia molecular, orienta o caminho para arquiteturas de dispositivos robustas e abre caminho para a comercialização das células solares de perovskita.
[1] NREL Best Research-Cell Efficiency Chart, https://www.nrel.gov/pv/cell-efficiency.html, accessed 16 September 2025.
[2] L. Zhang, et al., Adv. Mater. 2025, e12221.
[3] A. Sengupta, et al., Sustainable Energy Fuels 2025, 9, 3999–4022.
[4] R. Szostak, et al., Chem. Rev. 2023, 123, 3160–3236.
[5] P. E. Marchezi, J. R. Palmer, M. Hossain, T. Kodalle, R. F. Moral, C. M. Sutter-Fella, D. P. Fenning, J. Mater. Chem. A 2025, 13, 16671–16680.
[6] M. H. de M. Rodrigues, et al., J. Mater. Chem. A 2025, 13, 17799–17809.
[7] L. Scalon, et al., ACS Appl. Mater. Interfaces 2024, 16, 51727–51737.
P3 - Prof. Dr. Alexandre C. Dias (IF/UnB)
Título: Uso de Métodos Computacionais para Estudo de Materiais
Resumo:
P4 - Profa. Dra. Maria Carolina de O. Aguiar (DF/UFMG)
Título: Sistemas de elétrons fortemente interagentes: “Mais é diferente” (P. W. Anderson, Science, 1972)
Resumo: Sistemas de elétrons fortemente interagentes são caracterizados por terem a energia de interação elétron-elétron comparável ou maior que a energia cinética eletrônica. Nesses sistemas, a interação entre elétrons que ocupam orbitais d ou f incompletos pode levá-los a passar por uma transição metal-isolante, conhecida como transição de Mott. Outros exemplos de fenômenos que emergem da interação entre os elétrons são o ordenamento magnético e a supercondutividade. Os tratamentos teóricos capazes de descrever a interação elétron-elétron não são triviais. Mesmo modelos simples não são de solução fácil, pois a interação eletrônica é forte e, assim, não pode ser usada como um parâmetro pequeno em um tratamento perturbativo. Nesse contexto, uma das metodologias numéricas utilizadas na descrição de sistemas interagentes é a Dynamical Mean Field Theory, que é o análogo quântico da teoria de campo médio de Weiss para sistemas de spins. Nesta palestra, farei uma introdução aos sistemas de elétrons fortemente interagentes e uma breve descrição da Dynamical Mean Field Theory, que utilizamos na UFMG, e mostrarei alguns resultados recentes do nosso grupo, em particular aqueles obtidos para as fases pseudogap e com ordenamento de carga, observadas experimentalmente em supercondutores de alta temperatura crítica baseados em óxidos de cobre, os chamados cupratos.
P5 - Prof. Dr. Alisson Ronieri Cadore (LNNano/CNPEM)
Título: Materiais e Heteroestruturas 2D: Novas Fronteiras para Dispositivos de Memória Voláteis e Não Voláteis
Resumo: O estudo de materiais bidimensionais (2D) tem impulsionado novas arquiteturas para dispositivos de memória voláteis e não voláteis. Grafeno, dicalcogenetos de metais de transição e isolantes naturais possibilitam heteroestruturas van der Waals com propriedades ajustáveis em escala atômica. Essa versatilidade permite memórias de alta densidade, baixo consumo energético e resposta ultrarrápida. O comportamento dessas memórias pode ser controlado por diferentes parâmetros externos, como valores de tensão de porta, velocidade de varredura e até excitação por lasers. Neste seminário, serão discutidas estratégias de fabricação, caracterização e os desafios para aplicações em computação avançada, sistemas neuromórficos e tecnologias quânticas emergentes.
PE - Prof. Dr. Sylvio R. A. Canuto (Vice-Presidente da SBF - IF/USP)
Título: 100 anos da mecânica quântica e seu impacto na sociedade
Resumo: