Dia Mundial da Poesia, da Árvore e da Água

O Dia Mundial da Poesia foi criado na XXX Conferência Geral da UNESCO em 1999. Os objetivos da criação deste dia são: promover a leitura, a escrita, a publicação e o ensino da poesia em todos os lugares do mundo.

A comemoração do Dia da Árvore aconteceu em 1872 no estado do Nebraska (EUA) espalhando-se, rapidamente, a quase todo o mundo. Em 1971, uma proposta da Confederação Europeia de Agricultores para estabelecer uma dia comemorativo das florestas foi bem recebebida pela FAO, um organismo da ONU. No dia 21 de março de 1972, data de início da primavera no hemisfério norte, foi comemorado o Dia Mundial da Floresta pela primeira vez.

O Dia Mundial da Água foi criado pela Assembleia Geral da ONU através de uma resolução de 21 de Fevereiro de 1993 que declarou que dia 22 de Março seria a data estipulada para a celebração desse dia. Esta comemoração anual é nquadrada no âmbito do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável: Água e saneamento para todos até 2030.

POEMA DAS ÁRVORES


As árvores crescem sós. E a sós florescem.


Começam por ser nada. Pouco a pouco

se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.


Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,

e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.


Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,

e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,

e os frutos dão sementes,

e as sementes preparam novas árvores.


E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.

Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.

Sós.

De dia e de noite.

Sempre sós.


Os animais são outra coisa.

Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,

fazem amor e ódio, e vão à vida

como se nada fosse.


As árvores, não.

Solitárias, as árvores,

exauram terra e sol silenciosamente.

Não pensam, não suspiram, não se queixam.

Estendem os braços como se implorassem;

com o vento soltam ais como se suspirassem;

e gemem, mas a queixa não é sua.


Sós, sempre sós.

Nas planícies, nos montes, nas florestas,

A crescer e a florir sem consciência.


Virtude vegetal viver a sós

E entretanto dar flores.

António Gedeão (1906-1997),

in “Obra Poética”, edições JSC, 2001.