pequena.
grande.
aranha.
bicho.
seca.
molhada.
A mão
Uma mão. Aberta e fechada. Desenrola dedo a dedo, começando pelo dedo pequenino, depois o outro, o outro, o outro, até chegar ao polegar. Abriu. A mão aberta, espalmada, agora poisa no chão (ou na mesa, ou na barriga, ou ou ou...). Desliza como se soubesse o caminho para chegar em algum lugar. Seria o caminho para chegar no pé? Ou nos joelhos? Na verdade, é no meio do caminho que a outra mão apanha a mão espalmada. As duas se tocam. Apertam. Entrelaçam os dedos.
Aqui elas descobrem a geografia uma da outra. Não fazem nada muito útil. Não há aqui utilidade para as mãos nessa dança.
(Justo elas que fazem tanto? Agarram, escrevem, cosem, amassam...)
Isso mesmo. Descobrir a inutilidade das mãos, quando se tocam.
E se um dia eu fechasse os olhos e as mãos pudessem dançar sem ninguém ver. Uma dança a dois. Mão e mão, muito prazer!
Vamos dançar?
Quais as danças as mãos podem fazer quando ninguém esta a ver?
Abro os olhos e deixo que as mãos venham em direcção ao meu olhar. As mãos tocam os olhos e os olhos tocam as mãos. Ao mesmo tempo.
Até que um dia, começo a sentir o ar a passar por entre os dedos das mãos. O ar atravessa os dedos e então, os dedos podem dançar com o ar. Uma dança dedilhada no ar, vento, corpo. Dedos dedos. Mãos, Mãos. Palmas!