Uma Dança ao espelho para cabeça e rosto
"Antes do aparecimento do espelho a pessoa não conhecia o próprio rosto senão refletido nas águas de um lago. Depois de certo tempo cada um é responsável pela cara que tem. Vou olhar agora a minha. É um rosto nu. E quando penso que inexiste um igual ao meu no mundo, fico de susto alegre. Nem nunca haverá. Nunca é o impossível. Gosto de nunca. Também gosto de sempre. Que há entre nunca e sempre que os liga tão indiretamente e intimamente?" Clarice Lispector
Para esta dança preciso de um espelho. Imagino um, onde só seja possível ver, sobretudo, a parte superior do corpo, ombros e cabeça, mas qualquer um servirá, desde que se pouse em frente e as mãos fiquem livres.
Posso experimentar devagarinho ações simples com a cabeça:
Inclinar; dizer sim; dizer não; não sei; rodar; virar para um lado; virar para outro.
Faço caretas. Experimento estas acções na minha cara:
Abrir; fechar; apertar; franzir; descontrair; esticar. Alterno as faces da cara, ou com as duas faces ao mesmo tempo.
Abro os olhos, fecho os olhos, aperto os lábios, franzo o nariz e a bochecha, pisco um olho e o outro, abro narinas, abro a boca.
Olho-me. Escondo-me. Irrito-me. Apareço. Surpreendo-me. Alegro-me. Escuto-me.
Tenho uma grande conversa comigo.
Agora, a melhor parte!
Começo tudo de novo, mas tento perceber tudo o que está a acontecer no resto do meu corpo sempre que a minha cabeça ou o meu rosto se movem.
Se eu inclinar a cabeça, o que acontece ao meu peito, às minhas costas, aos meus pés?
Se eu franzir as minhas sobrancelhas, será que o meu corpo se franze?
Se eu eu virar a cabeça o mais que posso para um dos lados, onde fica o resto do corpo, será que vai atrás?
Repito novamente e tento ampliar tudo o que acontece no resto do corpo sempre que o rosto e a cabeça se movem?
Se eu inclinar muito a cabeça e ela apontar para um dos lados, será que o pé do lado oposto sai do chão? E se eu levantar mesmo a perna?
E as mãos e os braços onde estiveram, o que podem fazer?
Tudo isto são só pontos de partida. Deves experimentar todas as hipóteses de que te lembrares.
Se quiseres podes ir registando, escrevendo tal como eu fiz aqui. Escolhe as hipóteses de que mais gostares e compõe a TUA Dança ao espelho para cabeça e rosto. Ensaia e grava a tua composição.
Atenção: deves gravar a parte inferior do corpo, do peito para baixo, para que quem vê possa imaginar o que acontece em cima.
Música: sugerimos que uses uma música tranquila no inicio do trabalho. Mas depois podes experimentar musicas diferentes, com muito ritmo e alegre, ou muito triste e dramática. Escolhe a que mais gostares.
Se precisares de ajuda contacta a Maria Belo Costa através do seu email.
Este desafio terá um limite de tempo para ser executado:
14-05-2020