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Vigílias do Tempo Ausente: Ensaios sobre o Luto na Literatura e nas Artes
3º Seminário Internacional Literatura e Emoções
Data: 6 e 7 de Outubro 2025
Local: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Online
Keynote Speaker: Prof. Paulo Borges
De acordo com o psicólogo americano Paul Ekman, o luto é uma das seis emoções básicas e universais e que podem ser encontradas em quase todas as culturas. No entanto, esta emoção não recebe a mesma atenção nas ciências. Falar de luto para além da terapia prática do luto não parece ser fácil. Outras vezes, principalmente no cinema, o luto segue a lógica, tradicional, mas já ultrapassada, das cinco fases (negação, raiva, negociação, depressão, aceitação). São poucos os exemplos de um luto complexo, em que as fases se misturam em dias melhores e piores, estando relacionado com acontecimentos concretos, específicos, mas nem sempre materiais. Este estádio é também representado através da melancolia ou da sua ligação directa com a morte. Contudo, o luto acontece não apenas por causa da morte, nem está somente associado à melancolia. O luto é sobretudo objeto de investigação em estudos psicológicos, como a terapia para o luto patológico ou complicado, ou no campo mais recente da psicologia da emoção, que coloca a questão do fascínio estético do luto.
No domínio das artes, existe um número relativamente reduzido de trabalhos sobre esta emoção. Uma razão para a falta de atenção noutros discursos académicos pode ser encontrada nas caraterísticas da própria emoção: “O luto, tal como o imaginamos, transforma a luz em escuridão e rouba a alegria de tudo o que toca. É avassalador e incessante” (George A. Bonanno). Erich Kästner fez uma observação semelhante: “É como se a alma estivesse desconfortável”. Contudo, o luto é também uma experiência corpórea. Mas o luto como emoção é também importante para a criatividade artística, já que “a felicidade não escreve histórias” (Peter Stamm).
Este Seminário, inserido no projeto Estética da Memória e das Emoções, do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pretende mostrar como o luto é tematizado na literatura e nas artes e se torna a base da criatividade artística enquanto princípio estético. O colóquio não se limita explicitamente à literatura, mas pretende também examinar a ficcionalização desta emoção noutros campos artísticos. Está prevista a publicação de um livro com os contributos resultantes deste Seminário.
Vigils of Absent Time: Essays on Mourning in Literature and the Arts
3rd International Seminar on Literature and Emotions
Date: 6th and 7th of October 2025
Location: School of Arts and Humanities, University of Lisbon and Online
Keynote Speaker: Professor Paulo Borges.
According to American psychologist Paul Ekman, mourning is one of the six basic and universal emotions that can be found across almost all cultures. However, this emotion has not received the same level of attention in the sciences. Discussions of mourning beyond practical grief therapy often prove challenging. In cinema, mourning is frequently portrayed through the traditional, yet outdated, framework of the five stages (denial, anger, bargaining, depression, acceptance). Few works explore mourning as a complex process, blending better and worse days, often tied to specific, concrete events but not always material ones. This condition is also represented through melancholia or its direct connection to death. Yet mourning occurs not only because of death, nor is it solely associated with melancholia. Grief is predominantly studied within psychological fields, including research into pathological or complicated grief therapy and the emerging discipline of the psychology of emotions, which examines the aesthetic allure of mourning.
In the arts, however, relatively few studies focus on this emotion. The lack of attention in other academic discourses may be attributed to the characteristics of grief itself: “Mourning, as we imagine it, turns light into darkness and steals the joy from everything it touches. It is overwhelming and unrelenting,” notes George A. Bonanno. Similarly, Erich Kästner observed, “[i]t feels as if the soul is unsettled.” However, grief is also a physical experience and a profound source of artistic creativity, as Peter Stamm suggests: “Happiness doesn’t write stories.”
This seminar, part of the Aesthetics of Memory and Emotions project at the Centre for Comparative Studies of the School of Arts and Humanities, University of Lisbon, aims to showcase how mourning is explored in literature and the arts, becoming a foundation for artistic creativity and an aesthetic principle. The event is not exclusively focused on literature but also seeks to investigate the portrayal of grief in other artistic fields. Contributions will be compiled in a publication following the seminar.
Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto UID/00509: Centro de Estudos Comparatistas
This work is financed by national funds through the FCT – Foundation for Science and Technology, I.P., within the scope of the project UID/00509: Centre for Comparative Studies
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