CULTURA E PATRIMÔNIO

LAPINHA, MUSEU VIVO

Associação Cultural Irmandade dos Atores da Pândega

Lapinha Museu Vivo 2023: XIX Encontro de Culturas de Raiz

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"Passarinho não tem dono, nem gente é dono de gente"

Paulo César Pinheiro

Realização da 19ª edição do Lapinha Museu Vivo, um encontro de culturas de raízes, que tradicionalmente acontece no território da Lapinha - Lagoa Santa (MG). O evento propõe um diálogo entre o patrimônio material da região, com as grutas e toda a importância dessa localidade e as práticas de matriz africana e também indígena, consideradas patrimônio imaterial, como a capoeira angola, a roda de samba, o tambor de crioula, o Reinado de Nossa Senhora do Rosário, e outras manifestações culturais tradicionais. A produção é realizada pela Associação Cultural Irmandade dos Atores da Pândega, entidade sem fins lucrativos em atuação há mais de 24 anos, e a previsão é que esta edição ocorra do dia 22 a 28 de maio de 2023.

Salve, povo de Angola!

Mestre Daniel, presença confirmada!

Mestre Daniel é natural de Belo Horizonte/MG, e atua como professor em escolas e projetos sociais no município. Ele foi discípulo de: mestre Zé Roza (1988), mestre Faísca (1992) e mestre João (1994), com quem se graduou mestre.

Em 2014, fundou o Núcleo de Cultura Popular Fortalecer, localizado na comunidade do Fortaleza, em Ribeirão das Neves- MG. E em 2019, após ser graduado mestre, fundou o grupo de capoeira Dendê Angola.

O Núcleo de Cultura Popular Fortalecer, busca resgatar e preservar a identidade afro-brasileira, lançando mão dos conhecimentos ancestrais e, principalmente, da musicalidade como ferramenta pedagógica e visão de mundo. Lá, Mestre Daniel ministra aulas de capoeira angola, percussão, e confecção de instrumentos.

Em 2017, foi iniciado como Tata kambondo, pelo Tateto Kaia Legy. No entanto, a sua trajetória na percussão, teve início aos 12 anos como autodidata. Anos mais tarde conheceu Carlinhos de Oxóssi, no Associação Cultural Eu Sou Angoleiro (ACESA), de mestre João. E o senegalês Mamour Ba, em 1997, quando começou a dar aula em um projeto social, na Vila Acaba Mundo- BH.

Viva a capoeira! 

Salve, povo de Angola!

Mestre Paulo Lobato, presença confirmada

Ele é Mestre do Tambor de Crioula, músico percussionista, luthier e arte-educador. Nasceu em São Luís do Maranhão, dentro dos fundamentos do Tambor de Crioula e de outras manifestações culturais maranhenses, e onde teve a oportunidade de aprender com vários mestres e mestras locais os ritmos e sotaques da cultura popular do Maranhão.

Ainda no Maranhão participou de alguns grupos folclóricos como Companhia Piacaba, Companhia Cazumbá de Teatro e dança, e participou do projeto Ação e Arte e Boi Reciclado, desenvolvendo oficinas de ritmos maranhenses.

Com sua vinda para Minas Gerais, em 2006, fundou o grupo, Tambor de Crioula Rosa de São Benedito e desde então partilha e preserva os saberes da tradição, através de oficinas, vivências e rodas de Tambor de Crioula. Mestre Paulo Lobato tece seu percurso tendo como norteador a valorização da cultura afro-maranhense. Atualmente mora em Aracaju (SE) onde continua desenvolvendo seu trabalho com a cultura popular.

Viva a Capoeira!


Salve, povo de Angola!

Mais uma presença potente confirmada, Aledi Gangah

É professora de capoeira angola, dança afro, arte educadora, coreógrafa, bailarina, coreira, produtora, pesquisadora e ativista. Ela integra a Companhia Primitiva de Arte Negra e possui forte trabalho autoral.

Aledi utiliza a dança como ferramenta de partilha e reafirmação do mulherismo africana e da perspectiva anticolonialista. Foi discípula de grandes referências, tais como: Mestre Mamour Ba (Senegal), Mestre João Angoleiro (MG), Mestra Maria Coco (MA) e Mestre Paulo Lobato (MA).

Viva a capoeira! 

Salve, povo de Angola!

Shirley Rodrigues tá com presença confirmada no Lapinha!

Ela iniciou seu percurso como yogine, capoeirista, dançarina e pesquisadora da cultura afro e afro-diasporica na ACESA.

Migrou para Berlim onde formou-se mestra em filosofia pela TUB, (Universidade Técnica de Berlim), professora de Yoga em Haus Yoga Vidya e.V, e onde ministrou aulas regulares de dança afro-brasileira e Yoga no programa de esporte das universidades TU (universidade técnica); FU (universidade Livre); e HU (Universidade Humboldt).

Shirley participou de turnês internacionais em países como Marrocos, Coreia do Sul, México, Inglaterra, Polônia e Croácia. Desenvolveu também suas próprias performances em Berlim, como:

Oxum; As nadadoras, em Kulturhaus Berlin-Mitte; Corpo e espaço na dança de Oya, em Forum Brasil; Yemanjá - a revolta do mar, em Afrikahaus.

Seu percurso ainda é marcado por um longo trabalho de gênero na área socioeducativa e em diferentes associações de mulheres como AKASU e FRIEDA.

Viva a capoeira!

Salve, povo de Angola! 

Mais uma presença confirmada!

Mestre Fábio começou na capoeira angola em 1992 como discípulo de Mestre Edsom, no grupo Angola de Minas em Santa Luzia (MG). Em 1994 inicia a sua jornada na dança afro com Marilene Rodrigues e em 2000 entrou para a ACESA (Associação Cultural Eu Sou Angoleiro) do Mestre João, onde ganhou o título de Treinel de capoeira Angola e professor de dança afro.

Em 2018 se graduou Mestre na ACESA e em 2020 fundou o grupo de capoeira angola Chora Viola que possui núcleos em várias cidades de Minas e Rio de Janeiro.

Viva a capoeira!

PROGRAMAÇÃO GERAL DO EVENTO*

Exibição de Curtas

PRÉ- LAPINHA


Exibição de Curtas | Itinerância Estadual 2023 Forumdoc.bh

As exibições ocorrerão do dia 22/05 a 24/05 em escolas públicas de Lagoa Santa.


Locais e sessões:


22-05 - 19:30- ESCOLA REPARATA (EJA)

- Mutirão, 10'

- Karemona, 12'

- Tambu, 29'


23/05 | 19:30 - ESCOLA DR. LUND (EJA)

- karemona, 12'

- Solmatalua, 15'

- Tambu, 29


24-05 | 19:30 - Academia de Capoeira Angola- Grupo Treme Terra

- Mutirão, 10'

- Tambu, 29'


19h - Em casa de Sá Rainha, Treme Terra Chegou! | Roda de capoeira - Local: Rua Jataí, 1309, bairro Concórdia- Belo Horizonte (MG)

Tambu é um filme documental sobre a construção dos tambus, tambores sagrados do Candombe. O filme é narrado a partir da voz e experiência de João Marcolino, construtor dos instrumentos e guardião da festa de São João, principal festividade do Quilombo Mato do Tição. Em meio às tradições e memórias no interior de Minas Gerais, fica claro o quanto a presença africana está viva, acesa como brasa. 

Crianças Yanomami mostram como buscar os frutos de karemona na floresta para saborear e fazer pequenas flautas. 

SOLMATALUA (Santa Catarina, 2022, 15'), direção de Rodrigo Ribeiro-Andrade. Em uma onírica odisseia afro-diaspórica, paisagens e vielas encontram-se nas encruzilhadas do tempo. 

Uma criança apresenta a construção da sua quebrada. 

LAPINHA


17h - Roda de capoeira - Local:  Praça Dr. Lund


20h - Cortejo do Boi Encantado com destino à Casa Crioula - Local: Praça Dr. Lund à Casa Crioula


21h - Essa casa é de Deus Crioula! | Abertura do evento com os mestres e as autoridades locais presentes



8h - Café e cerimônia de abertura - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário


9h às 11h30min - Local: Fazenda Samambaia[a]

Vivências com os mestres convidados:


12h30 - Almoço - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário


14h - Roda de conversa | "Passarinho não tem dono nem gente é dono de gente: as formas de escravidão na contemporaneidade"

Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário


16h - Café - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário


17h - Exibição do documentário: "A verdadeira história de Besouro" - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário[b]


18h - Recepção do Candombe de Nossa Senhora - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário


20h - Jantar - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário



8h - Café - Local: Fazenda Samambaia

 

9h às 11h30 - Local: Fazenda Samambaia- Parque Estadual Sumidouro

Vivências com os mestres convidados:


12h30 - Almoço - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário


14h - Roda de conversa | Capoeira Angola como ferramenta de libertação - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário


16h - Café - Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário


17h - Roda de capoeira - Local: Fazenda Samambaia

 

19h - Cortejo do Boi Encantado


LOCAIS E ENDEREÇOS IMPORTANTES


Endereços:


Casa Crioula

Rua Manoel C Viana, 132a, bairro Luiz Toledo (centro), Lagoa Santa (MG)


Fazenda Samambaia | Parque Estadual Sumidouro

Av. Nossa Senhora do Rosário, nº 1347 – Lagoa Santa. (Na utilização do GPS inserir o endereço de referência à Gruta da Lapinha). Saindo de Belo Horizonte, seguir pela MG 10 sentido Lagoa Santa, no caminho para Serra do Cipó, entrar à esquerda para Gruta da Lapinha cerca de 7 Km depois de Lagoa Santa e mais 5 Km até a portaria Gruta da Lapinha ou 10 Km até a Portaria Sumidouro – Casa Fernão Dias.


Igreja de Nossa Senhora do Rosário

Rua Nossa Senhora do Rosário, n 197, bairro Lapinha- Lagoa Santa (MG)


Praça Dr. Lund

Centro, Lagoa Santa (MG)

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*Organização do evento é de inteira responsabilidade dos seus idealizadores.

Associação Cultural Irmandade dos Atores da Pândega

Rua Conde Dolabela, 2260. Várzea, Lagoa Santa / MG. Telefones: (31) 9.7575-1098 / E-mail: irmandadedapandega@gmail.com

Lapinha, Museu Vivo

@lapinhamuseuvivo

A Irmandade dos Atores da Pândega em parceria com à Diretoria do Parque do Sumidouro, uma parceria para produção da 18º Edição do “Lapinha Museu Vivo 2022: XVIII Encontro de Cultura de Raiz”. Trata-se do maior encontro de culturas de raiz de Minas Gerais, uma ação de valorização do patrimônio cultural imaterial, que acontece desde 2004.


No contexto cultural brasileiro, o Lapinha Museu Vivo tem um grande valor, o evento foi premiado nacionalmente em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), por sua importância e mobilização cultural. Este é um dos poucos eventos culturais realizados no Brasil, voltados, especificamente, para a valorização e difusão das culturas tradicionais brasileiras.

Gercino Alves Batista

Igreja Nossa Senhora do Rosário de Lapinha

O Lapinha Museu Vivo é um evento que ocorre anualmente em Lagoa Santa (MG), com o intuito de evidenciar o patrimônio imaterial e material da cidade, reverenciando a cultura local. O encontro foi criado pela Associação Eu sou Angoleiro (ACESA), coordenada pelo Mestre capoeirista João Angoleiro, mas atualmente é dirigido pela Irmandade Atores da Pândega e pelo Mestre Gercino Alves. 

Desde a sua primeira edição, em 2004, o evento propõe um espaço de aquilombamento e fortalecimento das cosmologias dos povos em diáspora. Através de uma extensa programação com oficinas, roda de conversa, exibição de filmes e intervenções artísticas, temáticas referentes à produção e manutenção da cultura de raiz são abordadas, assim como as discussões sobre possíveis medidas de valorização dos mestres, tão importantes para a continuidade das tradições, mas tão desvalorizados socialmente. 

A programação ocorre durante 7 dias, sendo 5 deles, na rede pública de ensino, oferecendo todas as atividades para os estudantes da cidade. Na 18º edição, realizada entre os dias 29 de agosto a 02 de setembro de 2022, o Lapinha Museu Vivo executou suas atividades em parceria com a escola municipal Dr. Lund. Dentre as oficinas realizadas estavam a de capoeira angola, percussão, yoga, dança-afro, teatro e tranças, todas ministradas aos alunos da educação de jovens e adultos (EJA).

As oficinas introduziram diferentes aspectos das cosmologias africanas e dos povos afro-indígenas, apresentando outras formas de interagir com o próprio corpo, através do movimento, da música e da arte em suas múltiplas expressões. Os temas abordados foram planejados em diálogo com os conteúdos e disciplinas do currículo escolar, e pretendiam ampliar as abordagens dos assuntos tratados em sala de aula, porém utilizando outras metodologias e interpretações. 

Os alunos e profissionais da escola também puderam assistir ao documentário etnográfico Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa!, produzido em coautoria com os indígenas Maxakali, que habitam terras descontínuas no nordeste do estado de Minas Gerais. A exibição do filme, que retrata o genocídio desse grupo, teve em seguida uma sessão comentada com um dos diretores, Roberto Romero. 

Para finalizar as atividades, na sexta-feira, 02 de setembro, os alunos puderam participar da roda de capoeira formada na praça em frente a escola, em uma ocupação que marcava o primeiro dia da segunda fase do evento. Muitos mestres de capoeira, dança e percussão compareceram à roda, que logo em seguida deu lugar ao samba de senzala da comunidade quilombola do Açude. 

Além das atividades na escola… 

No final de semana o evento seguiu em um acampamento no bairro da Lapinha, com uma extensa programação com a presença de mestres e representantes de diversas tradições da cultura de raiz, a capoeira angola, o candombe, o samba de roda, o candomblé, e outras. 


Texto: Maria Luiza Damião - @maludamiao / @emvoltadotacho 

Fotos: Acervo Irmandade dos Atores da Pândega / @atoresdapandega