Em resposta à nota da Frente Quilombola RS, postada no instagram  e redigida pelo Advogado Onir Araújo, que se coloca como representante de alguns quilombos no RS,  viemos reforçar que esta é uma campanha legítima, criada e promovida por artistas e Organizações Não Governamentais, que visa a ajudar e envolver a maior quantidade possível de quilombolas.  Por este exato motivo, tentamos contato com o mesmo antes de lançarmos a campanha, mas nenhuma das mensagens enviadas via Whatsapp foi respondida. 

Não é verdade que, como apontado na nota, não houve discussão coletiva com os quilombos e que a campanha chegou pronta. Houve uma reunião online com 5 líderes quilombolas residentes de quilombos diretamente envolvidos nesta camapanha, para entender a melhor forma de comunicar e agir.

Além de levantar dúvidas sobre a real intenção de todos os envolvidos na campanha, a nota do Sr. Oni Araújo destaca que o Movimento Negro Raízes "não possui nenhuma tradição na luta e pauta Territorial Quilombola no Estado",  opinião pessoal esta que não condiz com o reconhecimento adquirido com o Prêmio Zumbi dos Palmares (o maior prêmio de referência negra do estado do Rio Grande do Sul), concedido pela Assembleia Legislativa do estado em 2018 pela atuação cultural, em 2019 pela atuação social, e em 2021 novamente pela atuação cultural. 

O Movimento Negro Raízes abriu uma conta bancária especificamente para esta campanha e a mesma será encerrada ao término da mesma. Todas as movimentações bancárias podem ser conferidas na seção transparência, disponível neste site.

Obviamente, todos os envolvidos nesta campanha estão completamente à par das questões que ameaçam as comunidades e estão apontadas na nota: "ameaçadas pelo Agronegócio, Especulação Imobiliária, Mineração etc, com situações judicializadas e enfrentando, agora, o risco de remoções em massa ao argumento das cheias, portanto, constantemente estigmatizadas e criminalizadas." Vale reforçar que, assim como demonstrado em nossa campanha, é exatamente por estes motivos que a mesma foi criada.

Ao sugerir que esta seja uma campanha com "uma ação de cooptação de lideranças para essa aventura irresponsável",  e pedir que não haja "adesão à retro referida Campanha, alertando todas as Comunidades Quilombolas e suas lideranças que tenham cautela na indicação de adesão de campanhas como essa", temos dificuldade de entender qual seria o verdadeiro objetivo desta nota.

Sabemos que nossa iniciativa não é perfeita, não é do tamanho que deveria ser e que como todo e qualquer processo, pode e deve melhorar ao longo de seu desenvolvimento. Entretanto, esta é uma iniciativa do tamanho que conseguimos proporcionar. Estamos certos de que a campanha será mais efetiva se puder contar com a participação da maior quantidade possível de pessoas com reais interesses e conhecimentos  nesta causa. Por este exato motivo, mais uma vez, agora publicamente, tal como a nota postada no instagram, reiteramos nosso convite para que o Sr. Onir Araújo venha fazer parte desta campanha, que visa unicamente a ajudar os povos quilombolas gaúchos que sofrem as consequências da tragédia provocada pelas chuvas e pelas políticas deletérias e excludentes do estado do RS.

 O Instituto Cultural Cultne, o Movimento Negro Raízes, os artistas Chico César, Claudio Jorge e Gelson Oliveira, o Produtor Dom Filó, o diretor David Obadia, o advogado Ivan Camargo (grupo O Sul é Afro) e o Clube de Difusão Cultural e Técnico Visconde de Rio Branco, de Passo Fundo  estão plenamente de acordo com a última citação da nota, que diz: "Território, Memória e Luta não é negócio." Por isso, pedem ao Sr. Onir Araújo que se faça valer desta mesma premissa , com a qual todos nós concordamos, de boa fé, como verdadeira.