[ TODOS JUNTOS ]

Aperte o PLAY + 

Aqui você encontrará:  Ilustrações Fábula (texto, audio, vídeo) Atividades e Recursos Didáticos

ANTÔNIO ESTAVA CAMINHANDO PARA A ESCOLA quando percebeu no outro lado da rua que a pracinha, da noite pro dia, tinha sumido. 


Os brinquedos tinham desaparecido, e uns tapumes rodeavam o espaço, impedindo qualquer pessoa de entrar. Alguns trabalhadores com ferramentas nas  mãos estavam conversando perto da obra, e ele foi perguntar:


 — O que está acontecendo? 


—  Cadê a nossa praça? 


— O que vocês vão fazer com as árvores?


Antônio estava tão nervoso que nem conseguia concatenar as ideias direito.


— Vamos derrubar todas as árvores, menino. Você não viu ali o cartaz?


No muro, havia uma placa enorme com os dizeres “Em breve, um condomínio de prédios com área de lazer completa!”


O garoto estava apavorado! Saiu correndo para a escola, pois precisava contar para os amigos o que estava acontecendo. Afinal, a pracinha é o ponto de encontro de todo mundo depois das aulas!


Esbaforido, Antônio não conseguiu nem dar bom dia: 

— GENTE! NOSSA PRACINHA VAI ACABAR!


Todo mundo olhou pro amigo imediatamente, com cara de choque. Quem ainda estava meio com sono até arregalou os olhos. E meninos e meninas começaram a falar ao mesmo tempo. 


— Como assim? A praça é das crianças! Não podem tirar isso da gente.


É… as crianças ficaram realmente mexidas com a novidade. 


O sinal tocou e todos entraram cabisbaixos na sala de aula. O que poderiam fazer para mudar a situação? A professora Janaína estava na porta, recebendo os alunos, quando percebeu que eles não estavam com a energia de sempre. 


— Bom dia, turma!


Ninguém respondeu. Ela não entendeu nada e repetiu com mais entusiasmo:

—Alô, primeiro ano! Bom dia!


Ouviu um “bom dia” bem chocho, sem graça mesmo. Janaína chamou o grupo para fazer uma roda e conversar. Queria saber o que tinha acontecido. Antonio tomou a frente da turma e explicou a situação. E finalizou com uma frase que doeu no coração da professora: 


— Os adultos nunca ouvem as crianças! Se tivessem escutado, saberiam que a gente quer o nosso parquinho de volta! Não podem tirá-lo da gente assim, do nada. 

Nessa hora, sua voz embargou um pouco. Era uma mistura de indignação e tristeza. 


A professora ouviu atentamente e perguntou:

— Vocês querem a pracinha de volta? 


Todos gritaram juntos que SIM. Janaina continuou: 

— Então vocês precisam se juntar. Porque só assim vocês poderão mudar alguma coisa! 


Os alunos se entreolharam impressionados. Será que eles teriam condições de se organizar? 


A professora levantou e pegou dois livros da estante: "A História de Rosa Parks" e  "A História de Antônio Carlos dos Santos Vovô". Leu os dois para as crianças.


— Professora, não acredito que a Rosa foi presa porque ela se negou a oferecer seu lugar no ônibus para um homem branco! — Lelê comentou indignada. — É um absurdo!


— Sim, querida. E as coisas só mudaram porque pessoas como a Rosa se posicionaram e lutaram. 


— Isso aconteceu nos Estados Unidos, mas o Vovô do Ilê é brasileiro e também teve que lutar contra o racismo! 


Janaína sorriu para os alunos e perguntou: 


— Então,  o que vocês vão fazer?


Antônio lançou a ideia: 

— Vamos fazer uma passeata e abraçar a pracinha. Chamar a atenção das pessoas na internet. Aqui tem gente que é fera em fazer vídeo. Luiza é ótima pra desenhar e pode fazer os cartazes. João é muito bom fazendo o jornalzinho da escola e poderia inventar algo pra gente. O tio da Letícia é jornalista. Ele podia  cobrir o nosso movimento! 


Todos se levantaram e foram trabalhar, cheios de ideias para chamar a atenção das pessoas sobre a importância das pracinhas para as crianças.


“A PRACINHA É DAS CRIANÇAS!”

“MAIS PRAÇAS, MENOS PRÉDIOS.”

“QUEREMOS BRINCAR!”

“MAIS VERDE, MENOS CIMENTO!”


Eles fizeram tanto barulho que conseguiram chamar a atenção do prefeito. O vídeo viralizou nas redes, e pessoas de vários lugares começaram a apoiar o movimento das crianças.


— Nós somos o CCC! Coletivo Crianças Criativas! E nós podemos mudar o mundo!,  sorriu Antonio. 


Ei, você que está lendo esta história… não quer nos ajudar nessa campanha? Precisamos de crianças sonhadoras para transformar o que não serve mais!


Vamos JUNTOS?

 [ ATIVIDADES E SEQUÊNCIA DIDÁTICA ]

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS

CUIDAR DA COMUNIDADE

 Desenvolver  projetos que  valorizam as pessoas negras ao meu redor. 


Habilidades socioemocionais

Eu cultivo  comunidades que se apoiam para que as pessoas pretas se sintam acolhidas, ouvidas  e valorizadas porque:

Questiono a realidade imposta;

Me engajo em fios de discussão ativista,  valorizando as pessoas negras ao meu redor; 

Trato outras crianças e adultos com respeito, de forma independente;

Reconheço demandas e oportunidades situacionais e trabalho coletivamente para encontrar soluções que beneficiem a comunidade;

Me projeto em futuros livres de preconceitos e racismo;

Abordo os conflitos de forma respeitosa.


Capacidades maker

Desenvolver conhecimentos e competências no que diz respeito aos processos e práticas específicas, como por exemplo: usar stencils, tingir ou criar objetos úteis usando as técnicas aprendidas;

Ser  proativo(a) e usar formas inusitadas para potencializar minhas relações com o outro e com o mundo.


O ambiente 

A escola como um espaço de cultivo a comunidades que se apoiam para que as pessoas pretas se sintam acolhidas, ouvidas  e valorizadas.

1) ATIVAR PARA ENGAJAR

Leve as crianças para um local amplo. Distribua alguns tecidos, tiras de panos ou fitas e  diga que elas irão escutar algumas músicas do  bloco Ilê Ayê e que podem dançar e se movimentar à vontade com os materiais.

Qual material se movimenta mais rápido?

Deixem seus ouvidos vagar e absorvam o máximo possível. Quando a música parar… Estátua! Todos precisam parar e manter a pose. Quem consegue segurá-la por mais tempo? Brinque com as crianças, incentivando que experimentem se movimentar segurando materiais variados.

Depois de brincar bastante, sente-se e, com as crianças, liste oralmente 10 palavras ou frases sobre qualquer aspecto que ouviram. Toque a música novamente e seja a(o) escriba para que a turma tente adicionar mais 10 palavras ou frases à sua lista. Escute novamente e adicione mais palavras. O que aprendemos com as letras das músicas?


>> Antes da história

Diga ao grupo que irão ouvir uma história chamada "Todos Juntos!". Apresente as ilustrações que estão no site do Aperte o PLAY

Explore com a turma o título e as ilustrações: 



SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA!

Hora de Apertar o PLAY! A professora pode escolher entre contar a história para a turma e apresentar ao grupo o audiobook com a versão sonorizada da história. São desafios leitores diferentes: ouvir um audiobook sem o apoio das imagens, ou a contação de história pela professora com as ilustrações. Há, ainda, uma terceira opção: apertar o play da história com versão em inglês ou português e apresentar as cenas da história simultaneamente. Escolha a que achar melhor para a sua turma! 


>> Depois da história: 

Provoque reflexões fazendo algumas perguntas:



Toque a história novamente (se necessário).  



DICA QUENTE!

Você conhece bem a história da  inteligência estratégica do Ilê Ayê? Esse bloco afro brasileiro foi fundado em 1º de novembro de 1974 e é considerado um dos mais antigos e tradicionais blocos afro do Carnaval de Salvador. No espaço "cedido" pela realidade imposta, o Ilê cresceu e ganhou diversos prêmios. O nome "Ilê Aiyê" significa "Casa da Vida" na língua iorubá, e o bloco tem como objetivo principal valorizar a cultura afro-brasileira, combater o racismo e promover a inclusão social. 

Aperte o PLAY nessa playlist do Ilê aqui:

https://music.youtube.com/watch?v=ZJbPra-m5lY

2) BRINCAR PARA CRIAR

A turma recebe um convite para ajudar o CCC -  Coletivo Crianças Criativas

Olá, crianças! 


Nós somos o CCC [Coletivo Crianças Criativas]! E nós podemos mudar o mundo!

Hey, você que leu essa história… não quer nos ajudar em uma campanha?

Precisamos de crianças sonhadoras para transformar as coisas ao nosso redor e trazer para a escola a cultura do Ilê com todas as suas cores  e histórias. Vamos JUNTOS brincar para criar? 

Sabemos que tal missão só poderia ser dada a crianças curiosas, e estamos certos de que podemos contar com a sua ajuda! Sigamos unidos pelo nosso coletivo!

Assinado, CCC

Temos uma missão vinda diretamente do CCC. Eles sempre estão super envolvidos em projetos maravilhosos e precisam da ajuda de crianças incríveis. Nossa missão é criar tecidos que usam os símbolos do Ilê Ayê para criar ambientes acolhedores e cheios de cor, cultura negra, música e celebração. 

Observe de perto os tecidos do Ilê Ayê. Como são os pontos e as linhas? E as formas, cores e texturas? Quais os significados?

Imagem: Estampa Ilê Aiyê | Fonte: UOL Notícias.

Escolha uma ou mais das técnicas de pintura em tecido neste mural da inspiração que preparamos especialmente para você. Se possível, crie alguns modelos e os deixe disponíveis para que as crianças brinquem livremente. 

Incentive que experimentem hipóteses e ampliem a percepção da manufatura dos tecidos. Pergunte: 


Valorize a criatividade e a autonomia das crianças, permitindo que elas guiem seu próprio processo de aprendizagem. Portanto, ofereça materiais e sugestões, mas deixe que as crianças explorem e descubram suas próprias formas de se expressar.

3) REFLETIR PARA COMPARTILHAR

Imagem: Casinhas de Tecido | Fonte: Batten Home

[INDO ALÉM]

Momento Galeria - Rosa Parks e vovô do Ilê 


É hora de enegrecer as referências”, foi o que afirmou Lélia Gonzales, filósofa, antropóloga, intelectual e militante do movimento negro e feminista. Por isso, montamos uma GALERIA para as crianças, trazendo grandes personalidades e referências negras que precisam estar na escola. Viemos de uma educação eurocêntrica, e decolonizar é um processo bem complexo. É importante ver e reconhecer seu corpo, seu cabelo e seus iguais. Ver negros bem sucedidos, entender suas potencialidades. Toda vez que você, educador, for construir um projeto, escolher uma história, apresentar novas referências, que tal refletir sobre essas questões:


>> Quais representações apresentamos às nossas crianças quando contamos determinada história?

>> As histórias que eu conto retratam os personagens negros em papeis secundários ou de coadjuvantes? Já contei alguma história com pessoas negras como protagonistas em papéis de destaque positivo na sociedade?



Foi pensando nessas questões e na necessidade urgente de enegrecer os repertórios e referências das crianças que o Aperte o Play surgiu. E a Galeria é uma das ações que desenvolvemos.


Clique >>AQUI<< 

para baixar o kit Galeria. 


Nele, você vai encontrar um cenário para montar com as crianças. O cenário, claro, é a escola, espaço que queremos transformar! Temos no kit diversos personagens em formato de toy art. Cada personalidade ilustrada permite que as crianças possam brincar com elas, apresentando e valorizando novas representatividades.

Nessa rodada, os nossos personagens da vez são Rosa Parks e o Vovô do Ilê.

[ Rosa Parks ]

conhecida como "a mãe do movimento pelos direitos civis" nos Estados Unidos, se tornou um ícone da resistência contra a segregação racial ao recusar-se a ceder seu lugar no ônibus a um passageiro branco. Sua ação corajosa em 1955 é um marco na luta contra a opressão racial e pela igualdade de direitos.

Imagem: Rosa Parks com alterações | Fonte: Wikipedia

[ Vovô do Ilê ]

uma figura emblemática representando a sabedoria e a tradição africana transmitida pelas gerações. Ele simboliza a conexão profunda com as raízes culturais africanas e a importância de preservar e valorizar essas tradições no Brasil, especialmente no contexto do Ilê Aiyê, uma das mais importantes instituições culturais afro-brasileiras que celebra a beleza e a riqueza da herança africana.

Imagem: Vovô com alterações | Fonte: Correio Braziliense

Imprima os  toy art do nosso kit e construa com as crianças o bonequinho do da Rosa Parks e do Vovô do Ilê. Serão toy arts colecionáveis, e cada aluno poderá ter o seu. Se a professora preferir, poderá ser uma coleção coletiva. 

Apresente os toys para a turma e pergunte a ela se alguém conhece a personalidade. Estimule a conversa, questionando se eles conseguem imaginar o que ele faz na vida. Trabalha com o quê? Por que será que eles são importantes?

Logo em seguida, apresente a história real dos personagens em questão, valorizando sempre a sua contribuição para o mundo.

Com essa atividade, queremos, de forma lúdica,  pôr em prática o que dizem as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana

[...] "fortalecer, entre os negros, e despertar, entre os brancos, a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição, a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras pessoas, notadamente as negras"

(2004, p. 16-17)