10º 8

Na realidade em que vivemos,

não diríamos que é verdade.

Mas o facto de haver sobreviventes

dá à situação total credibilidade.

Frio e calor desumano

fome e dor absurda

Era o que nem um veterano

alguma vez sentiu durante uma luta

Mas, apesar de tudo isso,

nada era pior que os banhos agrupados

que não passavam de um mero serviço

Para a vida destes pôr de lado.

E é a estes infernos de terror, que

chamamos de campos de concentração

Onde apenas havia um ditador

e imensa humana exterminação

Carolina Alentejano

Tudo porque…

Perseguido e aprisionado fui,

pois a minha existência "nada lhes contribui".

Mais de metade do meu povo morreu,

tudo, porque sou judeu.

Penso que nada de errado fiz

para merecer este final infeliz,

mas pode ser meu o engano,

tudo, porque sou cigano.

Se amar é um problema,

então encontro-me num enorme dilema.

Condenada por gostar do género igual,

tudo, porque sou homossexual.

Mato sem piedade e dó

os judeus e não só,

faço o que bem me apetecer,

tudo, porque estou no poder.

Decido entre a vida e a morte

e a todo um povo leio a sorte.

Uma guerra comigo começou,

tudo, porque sou…

Marisa Romba

Caminhos

Vastos caminhos nesta grande casa,

Traçados pela nossa sede de ilusão,

Percorridos a pé descalço, mas de sapato no chão…

Onde é que estes nos levarão?

Caminhos sentados à porta

Que nos esperam de braços cruzados

E onde nada nos conforta

Podemos ser utilizados

Onde é que estes nos levarão?

Caminhos descomunais

O que seria desumano?

Afinal não somos todos iguais?

Porque é que estes nos levarão?

O desfecho destes caminhos

É-nos dado pela ilusão.

Caminhados desmesuradamente:

Onde é que estes nos levarão?

Ana Margarida

Mesmo após 70 anos

continuamos a ser assombrados

por memórias horripilantes

que nos dividem em partes

Auschwitz é o ódio

daqueles uniformes listrados

os números tatuados

nas peles dos inocentes

Não podíamos ser diferente

isso era pecado

não importava a nossa religião ou sexualidade

tudo acabava num banho gelado

Precisamos aprender com o passado

para o evitar no futuro

tudo: o horror e medo enfrentado

Matilde Mestre

Um líder, um louco,

Liberdade…pouco,

Nazis, cruzes suásticas,

Perseguição,

Multidões entusiásticas,

Gritam…destruição!

Guerra, armas,

Aviões e canhões,

Soam nas almas,

Dos que fogem,

Dos que correm,

Dos que choram,

Dos que imploram,

Pela vida,

Pelos seus,

A voz comovida,

Que diz adeus!

Corpos magros, fracos,

Rostos cinzentos,

Metidos em valas, em sacos,

Cinzas levadas pelos ventos,

Caiem sobre nós,

Caiem entre nós …

Crianças, mulheres, homens, milhões,

Seis milhões morreram…

Não importa números, nem razões…

Os líderes não aprenderam!

Um líder, um louco,

Liberdade…pouco…

Queremos Paz! És Incapaz?!

Pensa em nós … somos vida,

Somos jovens, somos sonho,

Somos dúvida, somos PAZ!

Alexandre Pedroso

É com grande dor que hoje se recorda no mundo

todas as vítimas deste ódio profundo.

Atos desumanos no passado cometidos

não serão mais permitidos.

Devemos estabelecer a união

e assim juntos lutaremos contra o mal.

Erradicaremos a descriminação,

pois todo o ser humano é igual.

Rafael Brito

Sofreremos eternamente por vocês

E toda a dor que vos foi causada

Esta tragédia não merecida

Do passado devia ser retirada

As vossas almas não serão esquecidas

Tal como este acontecimento desumano

E quem vos provocou essa mágoa

Jamais será perdoado

Esta ameaça à humanidade

Cometida no passado

Não se repetirá

Pois em nós ficou marcado.

Maria Monteiro

Tanto é a morte

Que nem se reconheciam os corpos

e tantos pedaços ali, lado a lado …

Tanto é a morte

Que só reconheciam as próteses

e as almas que rodeavam

Tanto é o sangue

Que fazia com que os rios fossem levados às marés

É terrível as minhas mãos apertando no coração

Tanto é o sangue

Que se fazia as cremações em câmaras de gás

Nunca se reflectia o sentimento

Tanto é a morte

e tanto é o sangue

que destrói o mundo

Beatriz Pereira

Tudo começou num homem bem composto

Que, com a proposta que nos tinha proposto,

Se chegou à frente sem dificuldade.

Uma coisa a que chamaram de nazismo

Uma coisa contra nós, os "inferiores"

E agora temos de fugir e esconder dos "superiores".

Agora, sem nada para comer

Tenho eu que me esconder

Perdendo tudo o que tinha a viver.

Sei eu bem que quando me levarem,

Me levarão para um lugar escuro e cinzento

Onde não se pode expressar o maior sentimento.

E carregamos todos com esta tristeza

E aturando tamanha maldade

Tendo que aturar esta realidade.

E é quando nos juntam como um rebanho

Que ouvimos uma só frase

"Está na hora de tomar banho".

João Viegas

Este acontecimento nunca será esquecido

Inúmeras vítimas de terror,

Um terror não merecido

Para quem sentiu a dor.

Adultos e crianças assustados sem saber seu futuro

A fome era tortura e o trabalho matador

Sobreviver era um trabalho duro

E muitos não aguentaram a dor.

O terror dos campos era permanente,

Um acontecimento desgastante

Praticado nos campos sucessivamente

Em que o sofrimento foi constante.

As pessoas lutavam pela vida

Desnutridas e sem qualquer força,

Onde esperavam a última despedida

E onde perderam toda a esperança.

Leonor Agostinho

As vidas perdidas

a dor que sofremos

as injustiças cometidas

O ódio incentivado

pelos teus corações frios

O corpo arroxeado

quer do frio a que estávamos expostos

quer da violência a que nos submetiam

A intolerância motivada pelos teus corações frios

Um forte aperto no coração

um sufoco constante

a falta de ar e aflição

são o que sinto quando penso no ocorrido

quando penso na veemência

dos teus corações frios

As mães

as crianças

o medo

O distúrbio instaurado

pelos teus corações frios

Uma vez que entravam

sabiam que a sua única escapatória

era pelas chaminés

Cinzas que representavam vidas inocentes

vidas inocentes destruídas

pelos teus corações frios

O existir e não existir

a diferença de segundos

o só

o vazio perpetuante seguido das mortes

mortes de milhões

às mãos dos teus corações frios

Mariana Romeira

Hoje vou sorrir

Porque sou forte

Forte para com quem amo.

Não choro, pois tenho coragem,

Coragem para não mostrar medo,

Pois o medo consome

Vou lutar para um futuro,

Futuro esse dos meus filhos,

Os filhos que amo

Luto, sou forte, não choro,

Porque os amo,

Porque não quero que tenham

Tanto medo quanto eu.

Amo-os tanto

Que daria a vida por eles.

Amo-os tanto

Que os afastaria para os salvar

Por eles vou sorrir

E dizer que está tudo bem,

Dizer que isto vai acabar

Dizer que os amo

Amanhã…não sei…

Rita Santos

Ouvi sobre as leis antissemitas criadas pelo partido Nazista,

Ouvi, mas não compreendi e esqueci…

Ouvi os discursos de ódio de um líder fascista.

Desliguei o rádio, e adormeci…

Acordei com um ruído forte de uma sirene por toda a cidade,

Com os gritos da família e amigos na rua onde sempre vivi,

Liguei o rádio, ouvi e compreendi!

Berlim, a Alemanha, a Europa, a oportunidade,

De viver em paz, de crescer, de envelhecer,

Desaparecia rapidamente, talvez nunca tenha existido…

Sem sentido, abatido, mas incontido,

Desci a escada, atravessei a rua cheia de corpos e procurei sobreviver.

O caminho passou pela tortura, condições sub-humanas,

Onde homens, mulheres, crianças, partilhavam nada mais que sofrimento.

Campos de concentração, onde a morte era o entretenimento,

Dos soldados nazistas, dos líderes de mentes insanas.

Deixei de ouvir a família, os amigos, mortos talvez,

Entre tantas centenas de milhares de judeus, como eu…

Genocídio, terror, holocausto, palavras que por sua vez,

Hoje se falam, se usam, para explicar o que aconteceu…

Acordei, não ouvi os gritos e as armas dos soldados,

Saí e compreendi que podia regressar a Berlim, com os olhos inundados

Mafalda Pedroso

Ódio foi o sentimento deixado,

nos campos de concentração.

Amor,

foi o sentimento deixado para trás.

Direitos,

foi o que as vítimas nunca tiveram.

Sofrimento,

foi o sentimento que se viu no olhar das pessoas.

Fome, Doenças e Tristeza,

são os sentimentos que habitavam,

nos campos de concentração.

E hoje sabemos que não podemos

repetir essa ação.

Mª Inês Rosa

Vivemos com conforto

vivemos em paz

vivemos em serenidade.

Possuímos o direito à nossa própria autonomia,

possuímos uma barriga cheia e condições de vida,

não possuímos muitas vezes é gratidão.

Gratidão por não termos as nossas costelas visíveis,

gratidão por não vivermos em pânico e solidão constantes,

gratidão por não viver num verdadeiro terror, como em tempos certos grupos viveram.

Temos como obrigação manter as suas histórias vivas

para que tragédias desta dimensão não se repitam.

O mais assustador é o facto da história se estar a repetir, passo a passo,

começando pela ascensão da extrema direita na Europa.

Margarida Goulão

Diziam-vos que iam lavar

Vocês felizes lá iam

Mas quem diria

Que um simples banho

Levar-vos-ia ao fim

Alguns conseguiam fugir

Não muito para falar a verdade

Mas os poucos que sobraram

Contam-nos a vossa história

Que será esquecida com facilidade!

Bianca Guerreiro

Nos fins de trinta

Eclodiu uma tragédia

uma grande moléstia

Na face da terra

A segunda grande guerra

A paz ruiu

E o terror expandiu-se

A poderosa Alemanha

Com um exército formidável

Conquistou a Europa

Do sul ao norte

Espalhou o terror e a morte

E do oriente ao ocidente

Instalou um inferno consequente

Pedro Pereira

Meu amor, estou preso num campo

numa noite escura e fria,

dizem que amanhã vou tomar banho

espero que não seja mais uma mentira

também disseram isso ao teu primo

ontem vi-o no meio de uma multidão

espero que esteja bem

já não o vejo desde então

escrevo este poema para não te esqueceres de mim

estarás sempre no meu coração

se sair deste inferno volto logo para ti

e ficaremos entrelaçados como um cordão

dizem que tenho de ser forte

mas sei que sobreviver aqui

não é uma questão de força, é de sorte.

Nuno Henriques

É sempre um grande

Desgosto quando se fala

Em Judeus e talvez

Não seja assunto par se falar

Quando se fala em Judeus

Pensa-se no homem que

Pintou os seus de negro

Com gás mortífero.

Pedro Gonçalves