Luís de Camões é o poeta que celebra Portugal como mais ninguém o fez (excetuando Fernando Pessoa, mas de uma maneira diferente), em "Os Lusíadas" (Os Portugueses). Esta obra é um poema com 8816 versos em que Vasco da Gama conta ao rei de Melinde (na costa oriental de África) a história de Portugal até à sua época, assim como narra a viagem que fez até Melinde.
No seu poema, Camões entrelaça a viagem de Vasco da Gama com a História de Portugal e com figuras da mitologia greco-romana, desde as ninfas (espíritos das águas), passando pelos Titãs (primeira geração de deuses, composta por gigantes ferozes) até aos deuses do Olimpo (segunda geração de deuses, como por exemplo, Júpiter, Vénus, Diana, Neptuno, Apolo, Juno, Marte, Baco, etc.).
A estátua de Camões (do escultor Vítor Bastos) na praça Luís de Camões, Chiado, Lisboa
Na ponta sul de África existe um cabo extremamente difícil de ultrapassar, por causa de correntes contrárias e tempestades. Até ser contornado por Bartolomeu Dias, chamava-se Cabo das Tormentas e depois passou a chamar-se Cabo da Boa Esperança.
Quando Vasco da Gama narra ao rei de Melinde a sua passagem pelo cabo, representa-o por uma figura mitológica e feroz: o gigante Adamastor.
Pintura de Roque Gameiro
O gigante Adamastor é um titã que, devido a uma série de peripécias amorosas mal sucedidas, sofre um castigo e é convertido num rochedo. Tem um aspeto repugnante e intenções maldosas contra os portugueses por terem conquistado as suas águas.
Esta figura é simbólica e representa todos os perigos, medos e dificuldades que os Portugueses tiveram e têm de ultrapassar. Para além disso, o gigante tem o dom da profecia e menciona os vários desastres e naufrágios que ainda hão de suceder nas suas águas (e que já tinham acontecido na época em que Camões escreve "Os Lusíadas").
Experimenta ver este vídeo
Estátua do Adamastor, esculpida por Júlio Vaz Júnior, no miradouro de Santa Catarina, em Lisboa
Painel de azulejos de Jorge Colaço, representando o Adamastor.
Centro Cultural Rodrigues de Faria, Forjães, Esposende
Roque Gameiro
A Partida de Vasco da Gama para a Índia em 1497
Roque Gameiro
A chegada de Vasco da Gama a Calecute em 1498
Veloso Salgado
Vasco da Gama perante o Samorim de Calecute
O que significa 'Samorim'?
'Samorim' era o título dos soberanos do antigo Estado Hindu de Calecute (Índia). Foi o Samorim de Calecute quem recebeu Vasco da Gama, em 1498. Vasco da Gama foi o primeiro europeu a chegar à Índia por via marítima.
Primeira edição de "Os Lusíadas"
(12 de março de 1572)
Este é o suposto túmulo de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, mas, na realidade, não se sabe de quem são os restos mortais que aqui se guardam.
Passamos a citar um artigo do 'Diário de Notícias' online:
«Vítor Aguiar e Silva [especialista em estudos camonianos] explicou à Lusa que, "com grande probabilidade, as ossadas guardadas no mausoléu dos Jerónimos "não são de Camões".
O poeta terá sido sepultado na Igreja de Sant'Ana, em Lisboa, (…) mas "não se sabe exatamente onde foi colocado o cadáver, se dentro, se fora da igreja ou se até numa fossa", sublinhou Aguiar e Silva.
(...)
No entanto, desde o sepultamento [na Igreja de Sant'Ana], em 1580, à trasladação [para o Mosteiro dos Jerónimos], três séculos depois, deu-se o terramoto de 1755, que destruiu muito a igreja, que foi ainda alvo, posteriormente, de obras para a construção de um coro alto.
Para Aguiar e Silva, "no estreito rigor histórico" ninguém sabe ao certo onde estão os restos mortais de Camões e "há as maiores dúvidas" que se encontrem na arca tumular nos Jerónimos (...).
(...)»
Se não há consenso sobre a identidade do corpo do poeta, mais incertezas e dúvidas existem sobre o desenrolar da sua vida, apesar da constante investigação que tem sido feita.
Neste vídeo, apresenta-se muita da polémica sobre a vida de Camões.
Muitos têm sido os estudos, as investigações e as biografias sobre Camões.
Ao lado, apresenta-se a capa da mais recente biografia, da autoria de Isabel Rio Novo, publicada em 2024:
"Fortuna, Caso, Tempo e Sorte: Biografia de Luís Vaz de Camões"