Plantas de Poder

O cristianismo, que só aceita entre as drogas o álcool, começou a desenvolver uma certa antipatia com as plantas durante a Inquisição, uma vez que algumas das bruxas que foram queimadas, eram, na verdade, curandeiras que usavam plantas para curar as pessoas.

Cada Cerimônia do Caminho Vermelho é uma forma sagrada de nos conectarmos com a Mãe-Terra.

No tempo dos nossos antepassados, anciões rezando com a Chanupa (Cachimbo Sagrado ) viram que haviam outras Medicinas em seu redor. Elas mesmas deram a visão de como deveriam ser preparadas e utilizadas. Nascia então, a Cerimônia de Medicina.

A Cerimônia de medicina tradicional é realizada dentro dos ensinamentos dos nossos ancestrais em uma forma cerimonial onde o benefício de sagradas plantas é enfocado para o auto-conhecimento. Tradicionalmente, os índios reuniam toda a tribo para a realização da cerimônia da Pipa Sagrada com o intuito de resolver problemas ou pendências da comunidade, formando um grande conselho; antes e depois de caçadas, para agradecer às graças recebidas como uma colheita farta, ou ainda, para passar instrução para “toda a gente”.

Quando se constrói uma Roda Medicinal, edifica-se uma representação simbólica do Universo e da Mente Universal, cujo o Todo é conectado em sincronização harmônica com todos os seres.

Chacrona Rainha da Floresta e Jagube Mariri

Ayahuasca é um termo de origem quéchua, Aya quer dizer "alma, espírito" e waska significa "corda, cipó ou vinho". Assim a tradução, para o português, seria algo como "corda da alma" ou "vinho dos espíritos".As origens do uso nos países amazônicos remontam à Pré-história. Há evidências arqueológicas através de potes e desenhos que nos levam a afirmar que o uso ocorra desde 2.000 a.C.

É uma bebida resultante da decocção de duas plantas, o Jagube Mariri (Banisteriopsis caapi) que é um cipó, e a Chacrona rainha da floresta (Psychotria viridis) que é um arbusto. O Jagube é de energia masculina, é uma planta regida pela Força e seu trabalho na natureza é ensinar o relaxamento, por sua vez a Chacrona é de energia feminina, regida pelo Amor e ensina a concentração para a abertura, a visão, a Lucidez. Em testes psiquiátricos constatou-se que os utilizadores do ayahuasca mostravam-se mais reflexivos, resistentes, leais, calmos, ordeiros, persistentes, despreocupados, dispostos, exibindo elevada alegria, determinação e confiança em si mesmos.

As Visões que se obtém com a ayahuasca são estados ampliados de consciência, diferentes dos estados alucinativos psiquiátricos, pois estas, cientificamente só podem pertencer ao alucinado, sendo patologicamente individual, diferente do que ocorre nas práticas com a ayahuasca, onde várias pessoas podem observar os mesmos fenômenos não visíveis aos olhos físicos da mesma maneira e ao mesmo tempo, e cientificamente não podem ser catalogados como alucinação. Não havendo assim critérios científicos para alucinação coletiva, a ayahuasca não pode ser catalogada como substância alucinógena, porém sim é uma substância Enteógena(gr. en- = dentro/interno, -theo- = deus/divindade, -genos = gerador), ou "gerador da divindade interna" , que une ao Superior.

Nosso sistema nervoso produz naturalmente a enzima chamada de Monoaminoxidase (MAO) que consegue inibir a ação da Dimetiltriptamina (DMT) em nosso organismo, contudo o Jagube tem como um de seus componentes os alcalóides Beta-Carbolíneos (Harmina e Harmalina) que anulam a ação da MAO, o que permite a ação do DMT provindo das folhas da Chacrona. Esta baixíssima concentração de DMT em conjunto com a serotonina orgânica resulta em um elevado estado de concentração mental, similaridade química é a mesma dos estados meditativos orientais.

Os estudantes têm a liberdade de escolha da dose, desde que não se exagere, pois pode vomitar o excedente, o que sugere tentativas do corpo em expeli-la. Este fenômeno de expulsão é considerado como “limpeza espiritual”, uma faxina de substâncias pertencentes a elementos psíquicos (ira, medo, orgulho, inveja, preguiça, luxúria, gula,...), e que fazem a conexão destes com o sistema nervoso autônomo (simpático e para-simpático). Devido à energia contida em suas moléculas, a ayahuasca dissolve toxinas quando metabolizado nos órgãos e são excretadas pelo trato intestinal em forma de bílis e suco pancreático, porém na corrente sanguínea também podem ser expulsas em forma de salivação e suor, e ainda uma parte das toxinas recolhidas causam enjôo e náuseas, atributos que levam a melhoria de diversos males físicos causados por substâncias tóxicas ingeridas, inclusive alcool e cigarro, tornando-se um auxiliar poderoso para desintoxicação de dependentes químicos.

O uso ritualístico da ayahuasca não provoca transes místicos ou de possessão. Ela não age no organismo como a antiga bebida hindu, denominada soma, que se divinizou por afastar o sofrimento e elevando as forças vitais.

Depois de 4.000 anos de uso sagrado e ritualístico da ayahuasca os estudiosos da civilização ocidental erguem argumentos anêmicos e endêmicos de uma sociedade que tem medo do ´contato´ aberto do homem com a natureza. Eles têm medo da relação amorosa entre o indivíduo e a natureza com os seus elementos poderosos e coletivos.

Os sábios e avançados incas utilizaram a ayahuasca para consolidar-se como povo, como nação e para ajudar no florescimento da cultura, da matemática, da agricultura e da astronomia. Não é qualquer planta ou cipó que faz um povo, uma história milenar, uma religião.

Só não puderam utilizar a sagrada ayahuasca para produzir metálicos fuzis, pois se assim fosse, não teriam sido dizimados pelos invasores espanhóis. Pizarro não consumiu a "corda da alma", por isso dizimou tantos guerreiros, mulheres índias, donzelas, pajés, curumins, cultura.

A ayahuasca resistiu, venceu os invasores e as suas crenças unilaterais, atravessou os séculos, os milênios, unificou as milenares gerações indígenas e suavizou a dor ´civilizatória´ das eras pós-colombianas.

O uso ritualístico da ayahuasca é hoje considerado patrimônio cultural imaterial Brasileiro porque ninguém prende um sentimento, uma vontade, uma opinião, uma alma, uma fé. A ayahuasca é diferente de outras religiões, que nascem de visões, contatos divinos, que têm origem na cosmologia do céu para a terra. É a religião da terra para o céu, da matéria eterna e natural para o infinito do sonho humano, a religião natural.

Pohuehue (Morning Glory, Bons-Dias)

As sementes de Pohuehue era usada em trabalhos espirituais há mais de 10.000 anos no Havaí. Os nativos retiravam com a unha a fina película que envolve as sementes e ingeriam 2 a 3 sementes por pessoa em rituais Xamanísticos. As sementes também eram usadas na medicina Ayurveda para aumentar a inteligência e curar doenças inflamatórias.

As folhas têm a forma de coração invertido. As flores tendem abrir pela manhã. As folhas, maceradas são usadas para beber e tomar banhos. Nos tempos antigos, os surfistas, balançavam as videiras em torno de suas cabeças e traziam para baixo com força na água e cantavam para as grandes ondas se levantarem. Em pequenas quantidades as raízes eram usadas como alimento e como ingrediente em preparações para pessoas com problemas pulmonares, entorses e para limpar o sangue. Brotos eram comidos por mulheres grávidas e as hastes eram batidas nos seios de mulheres que acabavam de dar a luz. A seiva era a ajuda do Deus Ku e Deusa Hina para aumentar o leite materno.

Para que possamos entender o desempenho dos vegetais dentro dos ambientes religiosos, devemos nos ater àquilo que chamamos de espiritualidade. Confere-se a esta expressão própria do ser humano, seu caráter de intangibilidade. Não podendo dar uma explicação à espiritualidade, nem a um estado de espírito, por tratar-se de um bem imaterial, a mente humana vagueia por um universo que não existe no concreto, mas ela crê existir, e sabemos que existe porque isso se herda culturalmente, ou do grupo familiar ou social, nele buscando os significados da vida (Camargo 2005b:104).

A espiritualidade, todavia, tem uma relação de parentesco com a religiosidade, visto que esta permite ao homem disciplinar suas idéias sobre o intangível universo de seus pensamentos voltados ao sagrado, obedecendo a doutrinas e regras. E são essas doutrinas e regras que dão sustentação aos sistemas de crença que congregam adeptos para, unidos pelos mesmos anseios e princípios, desempenharem um papel social além da participação restrita, no ambiente religioso.

As plantas, quando em rituais, adquirem o papel de auxiliares desses rituais, configurando-se um complexo onde revelam aspectos botânicos, farmacológicos e sociológicos. Elas são louvadas, cantadas, empregadas com fins a estreitar os laços com as entidades invocadas para propiciar curas, embasar conselhos. Pode-se dizer mesmo que as plantas integram representações dos adeptos como meio de compreender a natureza das coisas e poder divisar o “invisível”, as plantas são mediadoras entre os dois planos de existência. Assim, entre os mundo dos vivos e das representações físicas e o mundo sobrenatural, onde habitam espíritos dos mortos, ancestrais, divindades, memórias.

A planta ajuda o homem a se despojar dos elementos mundanos, teóricos e filosóficos, fazendo a força de Deus chegar à essência, podendo desvendar mistérios, conversar e guiar um adepto, ensinar coisas e guiá-lo pelo caminho do Conhecimento. A Planta tem um espírito, é um mestre, que auxilia a alcançar outros níveis de percepção.

A palavra ALOHA é composta de alguns princípios:

A de ala - ver a vida de forma a estar sempre alerta

L de locahi - trabalhar com unidade (corpo,mente e espírito)

O de oiaio - Honestidade

H de ha'aha'a - Humildade, ter uma vida simples

A de ahonui - Paciência e perseverança

Segundo os Kahunas, quando se aprende estes princípios se encontra com Deus.

Nicotina Tabaco & Nicotiana Rústica

O tabaco aqui citado, não é industrializado, e sim o Tabaco Xamânico. O Tabaco sempre foi considerado pelos índios como uma Planta de Poder, porém caiu em mau uso pelos brancos, perdendo sua força original e seu poder, sendo usado responsável por terríveis males no organismo. O tabaco selvagem é uma planta muito poderosa e curativa, em seu estado original e na forma correta de sua utilização. O tabaco é considerado uma das plantas mais sagradas do xamanismo. Ele fumado no Cachimbo Ritualístico carrega as preces para o Universo. É usado para fazer oferenda aos guardiões, ao Grande Mistério, etc.

Fumar tabaco (em ritual) é evocar o Plano Espiritual. Desde a aparição da Mulher Búfalo Branco para os nativos norte-americanos, o tabaco é considerado uma planta que traz claridade. Ele é o totem vegetal da Direção Leste, do Elemento Fogo. E, como tudo que é fogo, é ambíguo. Pode elevar, transmutar ou pode destruir.Quando o tabaco é utilizado espiritualmente, traz purificação, centramento, transforma energias negativas em positivas, serve de mensageiro.

Quando utilizado como vício pode matar.

É utilizado no Xamanismo Universal. No Perú é fumado em rituais na Pipa (cachimbo) e na forma de cigarro. Geralmente o fumo não é tragado (tragar é coisa do vício).

Cânhamo

O cáñamo tem desfrutado durante longo tempo de um papel ritual na Índia esta planta a que menciona o Átharva Veda como embriagante sagrado, criado junto ao amrita ou poción do soma quando os deuses e os demónios bateram o oceano de leite para extrair toda a classe de bens. Os preparados de cáñamo chamados às vezes viyaia (‘vitória’, em sánscrito) são especialmente sagradas para o deus Shivá e apresentam-se em três formas: bhang, uma preparação das folhas usadas em bebidas como a bhang lassi, que tomam os devotos shivaístas antes de visitar templos importantes, a gañya (ou botões florais) e o charas (resina pura). Estes dois últimos fumam-se habitualmente em um chillum ou pipa recta que se sustenta verticalmente.

Os preparados do cáñamo tiveram um papel prominente nos ritos de adoración do deus tribal da Índia pré-védica Jagannath do Jagannath Mandir em Puri, Orissa. O uso ritual do cánnabis entre os indianos tem sido recolhido por Swami Agehanandra Bharati (citado em Schleiffer, 1979).

O cáñamo é usado amplamente pela etnomedicina asiática por exemplo como sedante e analgésico em Tailândia e por via tópica nas afecciones dermatológicas pelos khasi' e garo de Meghalaya (Índia).

Em Haryana (Índia), as folhas de cánnabis sativa tomam-se oralmente com mel para combater a tosse, enquanto em Nepal o suco das folhas do cánnabis sativa utiliza-se como vulnerario.

*Lei

** iMAO

As plantas são produzidas no maior laboratório elemental da natureza: a Terra.