Religião
Evangelho Essênio da Paz
Eles respeitavam a vida acima de tudo, escreveram os mais antigos textos
bíblicos e influenciaram o cristianismo. Com vocês, os essênios.
Em 1923, o húngaro Edmond Szekely obteve permissão para pesquisar os arquivos secretos do Vaticano. Estava à procura de livros que teriam influenciado São Francisco de Assis. Curioso e encantado, vagou pelos mais de 40 quilômetros de estantes com pergaminhos e papiros milenares. Viu evangelhos nunca publicados e manuscritos originais de muitos santos e apóstolos, condenados a permanecer escondidos para sempre. De todas essas raridades, uma obra em especial lhe chamou a atenção. Era o Evangelho Essênio da Paz. O livro teria sido escrito pelo apóstolo João e narrava passagens desconhecidas da vida de Jesus Cristo, apresentado ali como o principal líder de uma seita judaica até então pouco comentada - os essênios. Szekely não perdeu tempo. Traduziu o texto e o publicou em quatro volumes. Sentindo-se traída pelo pesquisador, a Igreja o excomungou.
Não foi uma punição tão grave. Considere o que aconteceu com o reverendo inglês Gideon Ouseley. Em 1880, ele achou um manuscrito chamado O Evangelho dos Doze Santos em um monastério budista na índia. O texto em aramaico - a língua que Jesus falava - teria sido levado para o Oriente por essênios refugiados.
Ouseley ficou eufórico e saiu espalhando que tinha descoberto o verdadeiro Novo Testamento. Afirmava que a Bíblia estava incorreta, pois Cristo era um essênio que defendia a reencarnação e o vegetarianismo. Se hoje essa tese soa estranha, dizer isso na Inglaterra vitoriana do século XIX era blasfêmia da pior espécie. Resultado: os conservadores atearam fogo na casa de Ouseley e o original foi destruído.
O mistério que envolve esses dois textos e o tom místico que os descobridores deram aos seus achados acabaram manchando seu crédito diante dos historiadores. Além do mais, teorias exóticas sobre Jesus é o que não falta. Em 1970, o pesquisador inglês John Allegro, que já havia estudado os essênios, tentou provar que Jesus nunca havia existido e que teria sido uma alucinação coletiva causada pela ingestão de cogumelos. Por motivos óbvios, essa teoria não foi muito bem aceita pelos seus colegas cientistas. Segundo eles, Allegro entendia mais de cogumelos do que de Cristo.
Para os historiadores, os essênios seriam até hoje uma note de rodapé na História se, em 1947, dois pastores beduínos não tivessem por acidente levado a uma das maiores descobertas arqueológicas do século. Escondidos em cavernas próximas ao Mar Morto, em Israel, 813 manuscritos redigidos pelos essênios entre 225 a.C.
E o ano 68 da nossa era guardavam as mais antigas cópias do Antigo Testamento, calendários e textos da Bíblia. Perto das cavernas, em Qumran, estavam as ruínas de um monastério essênio e um cemitério com cerca de 1200 esqueletos, quase todos masculinos.
O achado deu início a um longo e árduo esforço de tradução dos manuscritos por teólogos e cientistas de várias universidades no mundo. Milhares deles estavam em pedaços minúsculos, menores do que uma unha. "Hoje, 90% dos textos já foram transcritos", diz o teólogo Geza Vermes, da Universidade de Oxford, que pesquisa os manuscritos. O que já é suficiente para moldar uma imagem mais precisa da história, da doutrina, da crença e dos hábitos essênios, que ficaram séculos a fio esquecidos nas ruínas daquele monastério.
O surgimento da doutrina essênia aconteceu em tempos conturbados. Os judeus viveram sob dominação de diversos povos estrangeiros desde 587 a.C., quando Jerusalém foi devastada pelos babilônios, habitantes da atual região do Iraque. Por volta do século II a.C., o domínio era exercido pelos selêucidas, um povo grego que habitava a Síria. A cultura helenista proliferava e a tradição hebraica sofria fortes ameaças. Para recuperar o judaísmo, os israelitas acreditavam na vinda do Messias que chegaria ao final dos tempos para exterminar os infiéis e salvar os seguidores da Bíblia. A chegada do Salvador poderia se dar a qualquer instante.
Os mais ortodoxos seguiam tão à risca os preceitos religiosos e buscavam a ascese e a pureza com tal fervor que ficavam chocados com os hábitos mundanos dos gregos e a presença de leprosos, cegos, surdos e cachorros passeando pela cidade e pelos templos. Entre eles estavam os essênios. Um dia boa parte deles, liderados por um sacerdote, partiu para o Deserto da Judéia (atual Israel) para orar, meditar e estudar as leis sagradas. Longe, bem longe, de tudo o que eles consideravam impuro. Surgia assim o monastério de Qumran, uma das primeiras comunidades monásticas do Ocidente.
A região escolhida para a construção do monastério é a de menor altitude no planeta -400 metros abaixo do nível do mar. As chuvas são raras e o mar é tão salgado que é impossível mergulhar nele, pois a enorme densidade da água mantém o banhista na superfície. Para prosperar, os bens individuais e as tarefas foram divididos entre toda a comunidade e regras de disciplina e de hierarquia foram instituídas. A presença de mulheres em Qumran, por exemplo, era proibida. Transgressões eram duramente punidas. A interpretação das leis e profecias cabia amestre da justiça, o mesmo sacerdote que teria guiado os essênios até Qumran. Ele era respeitado e cultuado por todos e logo virou uma entidade mítica. O guardião, por sua vez, presidia as refeições e decidia as questões a respeito da doutrina, justiça e pureza. Essa figura inspirou a formação da palavra grega "epis copus" (aquele que olha de cima), que foi a origem de "bispo".
É possível conhecer o dia-a-dia dos essênios a partir do legado do historiador judeu Flávio Josefo (37-100). Aos 16 anos Josefo recebeu lições de um mestre essênio, com quem viveu durante três anos. Os membros da seita acordavam antes do nascer do sol. Permaneciam em silencio e faziam suas preces até o momento em que um mestre dividia as tarefas entre eles de acordo com a aptidão de cada um. Trabalhavam durante 5 horas em atividades como o cultivo de vegetais ou o estudo das Escrituras. Terminadas as tarefas, banhavam-se em água fria e vestiam túnicas brancas. Comiam uma refeição em absoluto silêncio, só quebrado pelas orações recitadas pelo sacerdote no início e no fim. Retiravam então a túnica branca, considerada sagrada, e retornavam ao trabalho até o pôr-do-sol. Tomavam outro banho e jantavam com a mesma cerimônia.
Os essênios tinham com o solo uma relação de devoção. Josefo conta que um dos rituais comuns deles consistia em cavar um buraco de cerca de 30 centímetros de profundidade em um lugar isolado dentro do qual se enterravam para relaxar e meditar.
Diferentemente dos demais judeus, a comunidade usava um calendário solar de 364 dias, inspirado no egípcio. O primeiro dia do ano e de cada mês caía sempre um uma quarta-feira, porque de acordo com o Gênesis, o Sol e a Lua foram criados no quarto dia. O calendário diferente trouxe vários problemas para os essênios. Outros judeus poderiam atacar o monastério no shabbath – o dia sagrado reservado ao descanso, no qual era proibido qualquer esforço, inclusive o de se defender.
A correta observação das regras garantiria a salvação dos essênios quando chegasse o apocalipse, que seria a vitória dos puros “filhos da luz” contra os “filhos das trevas”. No mundo essênio, aliás, tudo era dividido segundo uma visão maniqueísta que tornava possível até mesmo determinar quantas porções de luz e de escuridão cada um possuía. Um sectário de dedos rechonchudos, coxas grossas e cheias de pêlos teria oito porções na casa das trevas para uma de claridade. No mesmo manuscrito, um outro membro obteve um placar mais favorável. Por ter olhos negros e brilhantes, voz suave, dentes alinhados, dedos longos e canelas lisas seu espírito foi condecorado com oito partes de luz para uma de trevas. Para os essênios, a beleza do corpo também era sinal de pureza espiritual.
Graças a essa organização toda, Qumran produzia tudo de que precisava. A dieta era vegetariana. Os essênios tinham um enorme respeito pela natureza. Nenhum homem poderia sujar-se comendo qualquer criatura viva. A regra permitia uma única exceção. Eles podiam comer peixe, desde que fosse aberto vivo e tivesse seu sangue retirado. As refeições eram frugais, com legumes, azeitonas, figos, tâmaras e, principalmente, um tipo muito rústico de pão, que quase não levava fermento. Eles possuíam pomares e hortos irrigados pela água da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida. Além dela, as bebidas essênias se resumiam ao suco de frutas' e "vinho novo", um extrato de uva levemente fermentado. No shabbath, os sectários deveriam passar o dia inteiro em jejum. Os hábitos alimentares frugais e a vida metódica dos essênios garantiam-lhes uma vida saudável. Segundo Josefo, muitos deles teriam atingido idade extraordinariamente avançada.
A água também era canalizada para os banhos rituais, que eles tomavam duas vezes ao dia para se redimir dos pecados e das impurezas do corpo. O ritual consistia em relatar todas as faltas e então submergir. "Essa prática influenciou o batismo e a confissão dos católicos", diz a historiadora Ruth Lespel, da Universidade de São Paulo. Outro ponto em comum entre os essênios e o catolicismo seria a figura de São João Batista, o profeta que batizou Jesus Cristo. O santo promovia batismos no Rio Jordão numa região próxima a Qumran.
Sua postura messiânica era muito próxima à dos essênios. Há quem acredite que, quando foi batizado, Jesus teria visitado o monastério e sido influenciado por sua doutrina.
Há outras relações entre essênios e cristãos. "Existem passagens dos Manuscritos do Mar Morto, aqueles encontrados em 1947 nas cavernas de Qumran, que soam como as do evangelho cristão", afirma James Vanderkam, da Universidade de Notre Dame, Estados Unidos. Traços da doutrina dos primeiros seguidores de Jesus - como o elogio de uma vida humilde, a proibição do divórcio e a invocação a Deus como um pai - têm ressonância na fé de Qumran. "É possível que essênios e cristãos tenham entrado em contato", diz o cônego Celso Pedro da Silva, do Mosteiro da Luz, em São Paulo.
Quanto a Jesus Cristo, apesar das descobertas e polêmicas levantadas por Ouseley e Szekely, não há nos manuscritos encontrados nas cavernas do Mar Morto uma única menção a ele. É por isso que o maioria dos pesquisadores duvida da teoria de que Jesus tenha se aproximado dos essênios. "Não existe nenhuma evidência concreta disso", diz o historiador Nachman Falbel, da USP Para o exegeta Valmor da Silva, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Jesus pode ter recebido influência das mais diversas correntes do judaísmo, inclusive deles. "Mas não dá para garantir que ele tenha freqüentado uma de suas comunidades".
Afirmar que Jesus se alimentava apenas de vegetais é ainda mais complicado. "Eu duvido muito que Cristo tenha sido vegetariano, pois ele celebrou a páscoa judaica, que envolve alimentos como ovo, patas de cordeiro e frango", diz Vanderkam. Fernando Travi, líder da pequena igreja essênia do Brasil, tem um ponto de vista oposto ao de Vanderkam. "Cristo pregava o amor a todos os seres vivos e não matava animais para aliviar a sua fome", afirma. Assim como ele, os seguidores de Szekely e Ouseley duvidam da veracidade das passagens do Novo Testamento em que Jesus se alimenta de carne. Eles acreditam que essas histórias não passam de invenções criadas pelo apóstolo Paulo, já na segunda metade do século I. A doutrina do vegetarianismo não seria bem recebida pelos judeus, acostumados a fazer sacrifícios e a comer carne, e Paulo teria modificado os evangelhos para tornar o cristianismo mais popular. Um exemplo dessas alterações estaria na passagem do Novo Testamento em que Jesus multiplica pães e peixes para alimentar uma multidão. O Evangelho dos Doze Santos, encontrado por Ouseley traz uma outra versão desse milagre, na qual os peixes são substituídos por uvas.
No ano de 68 o monastério de Qumran foi aniquilado numa devastadora investida do exército romano que arrasou a Judéia e destruiu Jerusalém. O ataque era dirigido principalmente aos judeus zelotes, que se insurgiram contra o domínio romano. Qumran, que não era nenhuma fortaleza, foi presa fácil para as legiões do César. Mas nem todos os essênios morreram aí. Alguns fugiram para Massada onde, aí sim, no ano de 73, descobriram o que é um final trágico. O esconderijo, uma fortaleza zelote ao sul de Qumran, localizada no alto de uma colina, parecia impenetrável. Mas 15000 romanos fizeram um cerco que durou dois anos e metodicamente construíram uma rampa de terra e areia para alcançar o topo da fortaleza. Quando os soldados finalmente invadiram Massada tiveram uma surpresa: todos os 1000 rebeldes estavam mortos. Em um sorteio, os zelotes haviam escolhido um grupo de soldados para assassinar todos os habitantes da fortaleza e, em seguida, cometer suicídio. Eles preferiram morrer entre os judeus a se tomar escravos dos romanos. Sobraram para contar a história apenas duas mulheres e cinco crianças, que haviam se escondido nos reservatórios de água. O episódio foi relatado por Josefo e provou ser verdadeiro em 1965, quando arqueólogos pesquisaram a região. Eles acharam as marcas dos oito acampamentos romanos e pedaços de cerâmica com inscrições dos nomes dos zelotes, utilizados no dramático sorteio.
Eram originários do Egito, e durante a dominação do Império Selêucida, em 170 a.C., formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam-se até o vale do Nilo. No meio da corrupção que imperava, os essênios conservavam a tradição dos profetas e o segredo da Pura Doutrina.
De costumes irrepreensíveis, moralidade exemplar, pacíficos e de boa fé, dedicavam-se ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade, longe do materialismo avassalador.
Em seu meio não havia escravos. Tornaram-se famosos pelo conhecimento e uso das ervas, entregando-se abertamente ao exercício da medicina ocultista.
Rompendo com o conceito da propriedade individual, acreditavam ser possível implantar no reino da Terra a verdadeira igualdade e fraternidade entre os homens. Consideravam a escravidão um ultraje à missão do homem dada por Deus.
Todos os membros da seita trabalhavam para si e nas tarefas comuns, sempre desempenhando atividades profissionais que não envolvessem a destruição ou violência.
Não era possível encontrar entre eles açougueiros ou fabricantes de armas, mas sim grande quantidade de mestres, escribas, instrutores, que através do ensino passavam de forma sutil os pensamentos da seita aos leigos. O silêncio era prezado por eles.
Sabiam guardá-lo, evitando discussões em público e assuntos sobre religião.
A voz, para um essênio, possuia grande poder e não devia ser desperdiçada. Através dela, com diferentes entonações, eram capazes de curar um doente.
Cultivavam hábitos saudáveis, zelando pela alimentação, físico e higiene pessoal.
O Cristianismo
O surgimento e expansão do cristianismo estiveram ligados diretamente ao Império Romano. A princípio, os romanos tinham uma religião politeísta dividida entre doméstica e oficial. Na doméstica, as famílias consideravam seus antepassados protetores e os cultuavam. Todas as casas possuíam um altar onde eram realizados os cultos.
Os romanos cultuavam diversas divindades herdadas dos gregos como Júpiter, Vênus, Diana, Baco, Minerva, Netuno e outros.
O cristianismo surgiu na Palestina, uma província romana e, progressivamente, difundiu-se por todo o Império Romano. É uma religião monoteísta, messiânica e profética. Jesus Cristo ensinou o amor a um único Deus, ao próximo, assim como pregou a humildade e a fraternidade.
Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média.
Xamanismo Ancestral
Desde o período Paleolítico Superior (entre 75.000 a 15.000 anos a.C) que nossos ancestrais já utilizavam certas plantas para fins medicinais e como meio de acesso ao reino dos espíritos, através do feitio das chamadas Bebidas Sagradas. O impacto do seu uso na estruturação da psique e da cultura humana é muito maior do que se pode imaginar. Hoje em dia essas plantas são chamadas enteógenas, que significa: capaz de suscitar a experiência de Deus em si mesmo. Seus compostos psico-ativos produzem um estado de expansão de consciência.
Nesses estados de consciência é que os santos, os avatares e os profetas obtiveram respostas e lançaram o alicerce para muitas das grandes religiões de massa dos nossos dias.
Os cultos do Soma no período pré-védico, através da Civilização do Vale do Indo ou Dravida (por volta de 7.000 a.C) da Índia antiga, onde o Xamanismo Ancestral já estava em evidência e que através do Soma, passou a fazer uso dessa Bebida Sagrada para conectar-se com o Grande Espírito. Da Índia, por volta de 4.500 a.C, quando o subcontinente indiano passou a sofrer diversas mudanças climáticas causadas em parte pelo movimento de placas tectônicas no decorrer de vários séculos, fazendo com que grande parte dessa civilização migrasse para outras regiões do planeta, levando todo o conhecimento deste povo, foi que a primeira bebida sacramental, o Soma, tomou novos rumos e disparou para o mundo, alimentando assim os Mistérios de Eleusis na Grécia Antiga, as tradições cristãs gnósticas e esotéricas, os yogues da Índia e do Tibet, a Cabala da Espanha Islâmica, os Incas e Astecas até chegar aos povos e culturas remanescentes do Éden original. Situadas na selva sul-americana, foi lá onde o Grande Espírito parece ter semeado grande parte da sua farmacopéia enteógena.
A intensidade da experiência mística desencadeada a partir destas bebidas, usadas desde milênios, tem sido relatada e estudada com cada vez maior frequência. O seu uso desperta na consciência a sensação inefável de fazer parte da Totalidade. Esta não é uma abstração e sim uma verdade que se encontra nas camadas mais profundas do nosso ser. Vista através desse tipo de experiência, a Natureza não é apenas um conjunto de solo, paisagens, flora e fauna e sim a forma visível da Mãe-Terra, o ser biológico espiritual planetário.
O SOMA, que era manipulado pelos essênios, hindús, zoroastristas e outros, considerada como sendo o "símbolo da vida divina, uma bebida dos deuses e a bebida da imortalidade".
O Soma na Índia transformou-se numa divindade Era um suco extraído da planta do mesmo nome a quem consagravam-se hinos espirituais. Era a seiva da imortalidade, trazido aos mortais por uma águia, oferecido aos deuses e absorvido pelos homens para se comunicarem com o divino. O Soma era símbolo do sagrado.
A eucaristia não é exclusivamente cristã. O sacrifício do pão e do vinho era comum em várias nações antigas. Ceres era o pão e Baco era o vinho, o primeiro, a regeneração da vida e o segundo, o emblema da sabedoria. O soma, bebida sagrada dos brâmanes, preparada provavelmente com o sumo fermentado da rara asclepias acida (de propriedades enteógenas), é a ambrosia ou néctar dos gregos e a eucaristia cristã, já que, pelo poder de certos mantras, tal licor se transubstancie no próprio Brahmā.
"Bebemos o Soma, tornamo-nos imortais, chegando à Luz, encontramos os deuses, inflama-me como o fogo que nasce da fricção, ilumina-nos, torna-nos mais afortunados, bebida que penetrou nossas almas, imortal em nós mortais, esse Soma".
Nas ilhas havaianas os Xamãs = Kahunas eram guardiões da Huna = Segredo.
A palavra Kahu significa guardião e Huna : segredo. o verdadeiro significado da palavra kahuna é: "Aquele que é um expert em sua profissão"
Os Kahunas eram especialistas em: agricultura, construção de cabanas e barcos, pesca, astronomia, religião, medicina, psicologia e outras áreas do conhecimento. o termo aplicado no que damos hoje o título de Ph.D.
Antes da colonização européia a antiga sociedade havaiana, isolada do resto do mundo, desenvolveu seus sistema religiosos, com uma profunda compreensão espiritual do indivíduo e do universo. O kapu ou tabus regravam a fechada sociedade havaiana, que possuía um profundo senso de família.
A palavra ALOHA é composta dos princípios :
A de ala = ver a vida de forma a estar sempre alerta
L de lokali = trabalhar com a unidade ( corpo, mente, espírito )
O de oiaio = honestidade
H de ha´aha ´a = humildade
A de ahonui = paciência e perseverança
Segundo os Kahunas, quando se aprende estes princípios se encontra Deus.
Os Kahunas acreditavam que a energia Mana ( energia vital ) é recebida do céu através da prece. Deve-se rezar constantemente e enviar preces para Aumakua, o espírito guardião do passado. O Aumakua vivendo no céu, olha por sua criança da terra e intercede através do seu Divino poder espiritual.
Para os havaianos existem duas grandes forças, a alta (boa, elevada em direção a evolução) e a baixa (baixa vibração, negativa e involutiva). Os termos aqui descritos como negativos ou positivos, está sendo usado sem definir boa ou má e simplesmente como polaridades.
Toda a vida é a união das polaridades, positiva e negativa, mas existem dois tipos de forças telúricas ou forças negativas. A polaridade negativa ou telúrica elevada que é representada pelas forças da natureza, trabalha em harmonia e em benefício da humanidade. A polaridade negativa baixa é a força telúrica de destruição e do egoísmo.
Um Kahuna deve conseguir aprender a distinguir entre alta e baixa. Ele deve aprender a controlar a baixa telúrica. Não deve voltar atrás em seu caminho, deixar-se envolver, senão estará abrindo as suas defesas para o ataque da ignorância. Caso isto ocorra ele não escapará dos baixos impulsos ficando doente pelas baixas influências.
As sementes de Pohuehue era usada em trabalhos espirituais há mais de 10.000 anos no Havaí. Os nativos retiravam com a unha a fina película que envolve as sementes e ingeriam 2 a 3 sementes por pessoa em rituais Xamanicos. As sementes também eram usadas na medicina Ayurveda para aumentar a inteligência e curar doenças Inflamatórias.
As folhas têm a forma de coração invertido. As flores tendem a abrir pela manhã. As folhas, maceradas são usadas para beber e tomar banhos. Nos tempos antigos, os surfistas, balançavam as videiras em torno de suas cabeças e traziam para baixo com força na água e cantavam para as grandes ondas se levantarem. Em pequenas quantidades as raizes eram usadas como alimento e como ingrediente em preparações para pessoas com problemas pulmonares, entorses e para limpar o sangue. Brotos eram comidos por mulheres grávidas e as hastes eram batidas nos seios de mulheres que acabavam de dar a luz. A seiva era a ajuda do Deus Ku e Deusa Hina para aumentar o leite materno.
Acreditam que as plantas podem desvelar mistérios, conversar e guiar um adepto, ensinar coisas e guiá-lo pelo caminho do Conhecimento . A Planta tem um espírito, é um mestre, que auxilia a alcançar outros níveis de percepção.
A cerimônia animista é uma conversa, um contato pessoal entre o espírito e o demandante, que se ajuda com a magia que ele conhece, que aprendeu com seus ancestrais ou que intuiu que é a mais indicada para essa alma, a melhor para essa ocasião concreta e a receita formas a serem utilizadas para cura de seus problemas.
Animismo é a manifestação religiosa imanente a todos os elementos do cosmos (Sol, Lua, estrelas), a todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta, rocha), a todos os seres vivos (animais e plantas) e a todos os fenômenos naturais (chuva, vento, dia, noite); é um princípio vital e pessoal, chamado de "ânima", o qual apresenta significados variados:
cosmocêntrica significa energia, antropocêntrica significa espírito, teocêntrica significa alma
Consequentemente, todos esses elementos são passíveis de possuirem: sentimentos, emoções, vontades ou desejos, e até mesmo inteligência. Resumidamente, os cultos animistas alegam que: "Todas as coisas são Vivas", "Todas as coisas são Conscientes", ou "Todas as coisas têm ânima".
Manuscritos de Qumran ou do Mar Morto (ou do Deserto de Judá)
Os manuscritos são escritos, em couro ou papiros, em sua maioria na língua hebraica, e alguns poucos em aramaico e grego, que foram encontrados nas 11 grutas. Alguns estavam em bom estado e outros estavam bastante deteriorados com o tempo e as condições onde foram guardados. Ao todo foram encontrados em torno de 800 documentos. Alguns estudiosos sugerem que alguns manuscritos sejam cópias de livros sagrados que os judeus do Templo esconderam aí, quando pressentiram que os romanos destruiriam Jerusalém. Alguns são apenas fragmentos (pedaços) de textos.
Em geral podemos dizer que os Manuscritos encontrados se classificam assim:
1) Manuscritos bíblicos: estes textos são cópias fiéis que os habitantes da região de Qumran (escribas) transcreveram dos livros do Antigo Testamento (cerca de 225 manuscritos). O Livro dos Salmos é que foi encontrado maior número de cópias, o segundo é o Deuteronômio; o terceiro é Isaías (curiosamente são também estes os três livros mais citados pelo NT). Somente dos livros de Ester e Neemias não foi encontrada nenhuma cópia (veja relação no final).
2) Apócrifos: Foram encontradas cópias de diversos livros que não entraram no cânon da Bíblia Hebraica, exemplo: apócrifo do Gênesis, de Henoc, de Noé, de Lamec, do Livro dos Jubileus, etc. É bom lembrar que na época em que foram escritos os Manuscritos a lista (cânon) dos livros do AT ainda não tinha sido concluída, embora já houvesse um certo consenso.
3) Comentários bíblicos: Foram encontrados muitos textos que eram comentários e interpretações que a comunidade escreveu sobre os livros do AT. Estes comentários são importantes para percebermos como uma comunidade judaica daquele tempo interpretava os textos sagrados. Além disso encontramos muitas cópias de targums e midraxes rabínicos (estudos e interpretações).
4) Livros da Comunidade: A comunidade também escreveu livros sobre a sua vida. São textos legais sobre a organização da comunidade, livros e textos litúrgicos, poéticos, apocalípticos, escatológicos, comerciais, etc. Os mais famosos são a Regra da Comunidade, o Rolo do Templo, o Documento de Damasco, a Carta Halákica, a Regra da Guerra, etc. Foi encontrado também um famoso Rolo de Cobre, um livro escrito em cobre. É um enigma, pois contém o mapa onde estão escondidos cerca de 60 tesouros (mais de 200 toneladas de ouro e prata), mas parece ser uma fantasia e jamais se encontrou qualquer coisa.
Além dos Manuscritos foi encontrada uma grande quantidade de outros materiais, importantes para o conhecimento da comunidade, como: cerâmicas, moedas, objetos de trabalho, vestuários, calçados, utensílios de cozinha e de trabalho, etc.
A data em que foram escritos os Manuscritos gerou muita controvérsia. A hipótese de que sejam uma farsa hoje está descartada. Os mesmos foram submetidos à análise com os métodos mais modernos, como o Carbono 14, e hoje cientificamente se pode afirmar que os mais antigos sejam do século III aC e os mais tardios não sejam depois do ano 68 dC.
De extrema importância são os livros que trazem as normas de constituição e atividades da comunidade de Qumran.
A Regra da Comunidade ou Manual de Disciplina, em hebraico, Serek hayahad (1QS), é o principal livro da comunidade de Qumran. É o manuscrito que contém as normas que governam a comunidade. Provavelmente seu autor é o próprio fundador da comunidade, conhecido nos textos como o Mestre da Justiça. Sua composição pode ser situada entre 150 e 125 a.C., enquanto que o manuscrito completo é dos anos 100-75 a.C.
Além da cópia completa encontrada em 1Q, fragmentos de outras 11 cópias estão entre os textos de 4Q e 5Q.
A Regra pode ser dividida em três seções:
1. Normas para o ingresso na Comunidade (I-IV)
2. Estatutos referentes ao Conselho da Comunidade (V-IX)
3. Diretrizes para o Mestre e o Hino do Mestre (IX-XI).
A Regra da Congregação, em hebraico,Serek ha'edat (1QSa), e a Coleção de Bênçãos (1QSb) são dois anexos à Regra da Comunidade. A primeira é da metade do séc. I a.C. e a segunda pode ser datada por volta de 100 a.C. A Regra da Congregação é um escrito de tipo escatológico que descreve a vida e o banquete da comunidade no fim dos tempos. A Coleção de Bênçãos é uma antologia de fórmulas para abençoar os membros da comunidade.
Os Cânticos de Louvor, em hebraico, Hôdayôt (1QH), são cânticos de ação de graças ou hinos de louvor, parecidos com o "Magnificat" e o "Benedictus" de Lucas. Inspiram-se principalmente nos Salmos e em Isaías. Devem ter sido compostos entre 150 e 125 a.C., e, pelo menos em parte, pelo Mestre da Justiça. O manuscrito de 1Q provém dos anos 1 a 50 d.C. Em 4Q são encontrados fragmentos de mais 6 cópias.
A Regra da Guerra, em hebraico, Serek hamilhamah, também conhecida como "A guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas", "compreende uma espécie de compêndio da ciência bélica e das celebrações cultuais que deveriam ser observadas por ocasião de uma guerra com vistas à luta final que precederia a era da salvação"[25] . Os filhos da luz contam com a ajuda dos anjos Miguel, Rafael e Sariel, enquanto que os filhos das trevas contam com Belial. A vitória, é claro, é dos filhos da luz. O original é composto entre os anos 50 a.C. e 25 d.C., enquanto que o manuscrito encontrado em 1Q é do séc. I d.C. Em 4Q são encontrados fragmentos de mais cinco cópias deste livro.
O Documento de Damasco (CD) é uma obra conhecida desde 1896-97, quando dois manuscritos são encontrados num depósito de rolos velhos (genizá) de uma antiga sinagoga do Cairo. Um dos manuscritos é do século X d.C. e o outro do séc. XII d.C. Publicados em 1910, continuam, então, um enigma: não se sabe a que grupo judeu o texto se refere e que certamente compôs a obra. Os estudiosos sugerem os saduceus, os fariseus, os ebionitas, os caraítas... e apenas um diz que é dos essênios!
Agora, acontece que fragmentos de nove cópias do Documento de Damasco são encontrados nas grutas de Qumran (7 fragmentos em 4Q, 1 em 5Q, 1 em 6Q): sem dúvida é uma obra criada na comunidade essênia.
Muitos especialistas defendem que "Damasco" deve ser entendido em sentido literal e que representaria uma primeira fase da comunidade, anterior ao seu estabelecimento em Qumran. Outros pensam que "Damasco" seja apenas um modo velado de se falar de Qumran, a partir de Am 5,26-27. E o Documento pode ser também a regra de outra ala da organização, que viveria fora de Qumran. Mas discutirei isso mais para a frente.
A obra compõe-se de uma exortação e de uma lista de estatutos. Na exortação o pregador (talvez uma autoridade da comunidade) tem por objetivo "encorajar os sectários a permanecer fiéis e, com este fim em vista, ele se empenha em demonstrar, por meio da história de Israel e da comunidade, que a fidelidade é sempre recompensada e a apostasia castigada"[26].
Os estatutos reinterpretam as leis bíblicas relativas a votos e juramentos, tribunais, purificação, sábado, pureza ritual etc. Trazem também os estatutos da comunidade. O Documento de Damasco deve ter sido escrito por volta de 100 a.C.
Pentateuco
Pentateuco é o nome pelo qual, tradicionalmente, se conhece o grupo dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento. Trata-se de uma palavra de origem grega que pode ser traduzida por "cinco estojos", fazendo referência aos estojos (caixas ou vasilhas) onde, na Antigüidade, se guardavam e protegiam da deterioração os rolos de papiro ou de pergaminho utilizados como material de escrita. Os judeus designam, por sua vez, esses livros com o título genérico de torah, termo hebraico que, apesar de ter sido traduzido de forma habitual por "lei", na realidade, tem um significado mais amplo. Torah, de fato, inclui o conceito de "lei" e, até com maior propriedade, os de "guiar", "dirigir", "instruir" ou "ensinar" (cf. Dt 31.9).
O Pentateuco, ainda que se apresente dividido nos referidos cinco primeiros livros da Bíblia, constitui, na realidade, uma unidade essencial. A divisão corresponde a uma época já remota: encontra-se na tradução grega do Antigo Testamento, a chamada Septuaginta ou Versão dos Setenta, que data do séc. III a.C. (Ver a Introdução ao Antigo Testamento). A causa da separação dos livros foi a dificuldade de dispor o texto completo de todos eles em um único rolo, o que seria impraticável por causa do volume excessivo.
Os nomes de origem grega adotados pela Igreja cristã greco-latina como títulos desses cinco livros são os mesmos com que foram designados na Septuaginta. Correspondem respectivamente ao conteúdo de cada um dos textos e consideram cada caso ao destacar um determinado fato ou assunto assim, Gênesis significa "origem" Êxodo, "saída" Levítico, "relativo aos levitas" Números, "conta" ou "censo" Deuteronômio, "segunda Lei". Quanto à tradição hebraica, limita-se, em geral, à norma de intitular os livros com alguma das suas palavras iniciais: ao primeiro chama de Bereshit (no princípio) ao segundo, Shemoth (nomes) ao terceiro, Wayiqrá (e ele chamou) ao quarto, Bemidbar (no deserto) e, ao quinto, Debarim (palavras).
Yud י Hêi ה Vav ו Hêi ה ou יהוה