Biografias

Aldir Blanc


Aldir Blanc Mendes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1946 - idem, 2020). Letrista, poeta e escritor. Nasce no Bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, onde vive a maior parte da infância. Mais tarde, reside em Vila Isabel e no Largo da Segunda-Feira e, finalmente, muda-se para o Bairro da Tijuca. Em 1966, ingressa na faculdade de medicina, forma-se e se especializa em psiquiatria, mas abandona a profissão médica em 1973.

Aos 18 anos, ganha uma bateria e, tempos depois, forma o grupo Rio Bossa Trio. Em 1968, conhece o parceiro Sílvio da Silva Júnior (1947). Dois anos mais tarde, a primeira composição dessa dupla, Amigo É pra Essas Coisas, é gravada pelo conjunto vocal MPB-4. Na mesma época, ao lado de outros compositores, como Ivan Lins, Gonzaguinha e Marco Aurélio, funda o Movimento Artístico Universitário (MAU), e torna-se conhecido por criar e integrar associações ligadas à defesa dos direitos autorais. É um dos fundadores da Sociedade Musical Brasileira (Sombras) - responsável pela arrecadação de direitos autorais -, da Sociedade de Artistas e Compositores Independentes (Saci) e da Associação dos Músicos, Arranjadores e Regentes (Amar).

Ela, sua composição em parceria com César Costa Filho (1944), é gravada por Elis Regina (1945-1982), em 1971. No ano seguinte, a cantora grava Bala com Bala, parceria com João Bosco (1946), e a canção Agnus Sei é lançada no Disco de Bolso, compacto que acompanha o jornal O Pasquim. A intérprete registra diversos temas de Bosco e Blanc, como O Caçador de Esmeralda, Agnus Sei, Cabaré e Comadre, em 1973. Em 1974, em outro LP, ela emplaca sucessos da dupla como O Mestre-Sala dos Mares, Caça à Raposa e Dois pra Lá, Dois pra Cá.

Com João Bosco, na década de 1970, Blanc tem algumas canções na trilha de abertura de novelas e séries, como Doces Olheiras (na novela Gabriela, da TV Globo, em 1975, dirigida por Gonzaga Blota e Walter Avancini), Visconde de Sabugosa (para o seriado O Sítio do Pica-Pau Amarelo, em 1977), Coração Agreste (em Tieta, de 1979, com direção de Ricardo Waddington, Luiz Fernando Carvalho e Reynaldo Boury), Confins (em Renascer, de 1993, dirigida por Luiz Fernando Carvalho e Mauro Mendonça Filho), Suave Veneno (em novela homônima, de 1999, com direção de Alexandre Avancini, Moacyr Góes e Marcos Schechtman), Chocolate com Pimenta (tema de novela homônima, em 2003, com direção de Jorge Fernando), Bijuterias (para a minissérie O Astro, no remake de 2011, direção de Mauro Mendonça Filho).

Em junho de 1979, Elis Regina grava O Bêbado e a Equilibrista no disco Elis, Essa Mulher. A canção, uma paródia com a estrutura de um samba-enredo e com todas as suas metáforas para falar do período de forte repressão militar, é adotada como o hino da anistia aos presos políticos. A parceria ainda se mantém, embora ocasionalmente, até o disco Ai, Ai, Ai de Mim (1987), de João Bosco, e posteriormente no disco Não Vou pro Céu, mas já Vivo no Chão (2009).

Na década de 1980, os maiores destaques em termos musicais do letrista se dão ao lado de Maurício Tapajós (Querelas do Brasil, Colcha de Retalhos, Universos e Muy Amigos) e Moacyr Luz (Anjo da Velha-Guarda, Aquário, Centro do Coração, Choro das Ondas, Flores em Vida e Gotas de Luz). A partir de 1991, Blanc escreve uma série de composições elogiadas pela crítica após registros em discos do também carioca Guinga (Baião de Lacan, Canibaile, Catavento e Girassol, Vô Alfredo, Choro pro Zé, Chá de Panela, Nem Cais, Nem Barco, O Coco do Coco, Orassamba e Sete Estrelas). Grava em 1996 o disco Aldir Blanc - 50 Anos, com participação de Edu Lobo (1943), Nei Lopes (1942), Ed Motta (1971), Nana Caymmi (1941), Danilo Caymmi (1948), Leila Pinheiro (1960), Ivan Lins (1945), MPB-4 e Paulinho da Viola (1942).

Em 2005, lança Vida Noturna e, em 2010, é convidado pelo jornalista e escritor Ruy Castro (1948) para compor, ao lado de Carlos Lyra (1939), a trilha do musical Era no Tempo do Rei, com direção geral de João Fonseca (1964) e direção musical de Délia Fischer.

Em 2020, dias após ser internado em estado grave com infecção urinária e pneumonia, morreu em decorrência da COVID-19. Sua morte foi muito lamentada no meio artístico brasileiro.

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/

José Marcolino

O Sertanejo José Marcolino era um homem que valorizava as tradições nordestinas, sendo muito ligado aos cantadores e às prosas sertanejas, que foram profundamente importantes em sua vivência como homem de origem humilde.

Nasceu em 28 de junho de 1930 na cidade de Sumé/PB, no Sítio Várzea Paraíba, lugar exuberante de sons, cheiros e cores. Inspirado na paixão pelo Nordeste, sua música falava do Cariri e do povo que habitava a região.

Diante do desejo de conhecer Luiz Gonzaga, escreveu diversas cartas ao Rei, porém nunca havia obtido resposta. Certo dia, sabendo que Gonzaga estava em sua cidade, hospedado no Grande Hotel, José Marcolino não se conteve.

Sabendo que aquele momento poderia ser a grande oportunidade para apresentar sua música a Luiz Gonzaga, foi à sua procura. Chegando ao hotel, encontra Xaxadinho, que fazia parte do trio que acompanhava Luiz Gonzaga, a quem pediu informação e, atendido com simpatia pelo tocador de triângulo, esperou a descida de Gonzaga.

O primeiro encontro foi tratado com certo desinteresse percebido por Marcolino, que, de cara interrogou Luiz Gonzaga sobre o recebimento de suas cartas. O encontro não durou muito tempo e o compositor foi embora desanimado com o desenrolar da conversa.

Decorrente sua persistência, José Marcolino conseguiu com que Gonzaga lhe escutasse. Após a sua apresentação, Luiz Gonzaga com um sorriso no rosto, perguntou ao compositor quantas músicas iria lhe dar. Respondendo com simplicidade, José Marcolino disse: - umas três.

Por fim, recebeu um abraço de Luiz Gonzaga que convidou o novo parceiro para ir com ele para o Rio de Janeiro, dando início a uma importante parceria que originou músicas como: Pássaro Carão, Sala de Reboco, Saudade Imprudente, Cacimba Nova, Serrote Agudo e etc.

No dia 19 de setembro de 1987, José Marcolino sofreu um grave acidente de carro, em Afogados da Ingazeira/PE, vindo a falecer no dia seguinte.

Miguel Guilherme

Miguel Guilherme dos Santos nasceu e se criou na cidade paraibana de Sumé, tendo iniciado suas atividades artísticas com apenas dez anos de idade e já sendo ativo na pintura aos dezesseis. Autodidata, Miguel Guilherme não frequentou escolas de belas artes e estudou apenas durante seis meses de sua vida por ter vontade de aprender a ler e escrever. Tinha tudo que via como referência e moldava até os instrumentos de produção da sua arte, construindo seus pincéis, tintas, mobília e outras peças.

Em suas pinturas incluiu temáticas cotidianas da vida no cariri, cenários que retratavam as fazendas, os animais, a vegetação e a rotina do sertanejo acrescidas a pequenos versos de sua própria autoria. Bem como imponentes recortes da arte sacra, retratando figuras divinas em cores e cenários vibrantes em templos católicos da Paraíba e de Pernambuco, entre eles a Igreja Matriz de Monteiro, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Campina Grande, a Igreja Matriz de Sertânia e a Igreja Coração de Jesus.

O artista explorava muito a justaposição de texto e imagem, sendo esta uma das principais características de suas obras. No seu atelier em Sumé, fazia todo tipo de intervenções com pinturas, artes plásticas, um teatro e até mesmo construindo seu próprio túmulo lá dentro, onde foi posteriormente enterrado em 1995 atendendo a sua vontade póstuma.

No ano de 2009 foi proposto que o campus da UFCG em Sumé fosse nomeado em sua homenagem. Em 2010 foi gravado um curta-metragem intitulado Menino Artífice contando a trajetória de Miguel Guilherme. Em 2017, seus Painéis Pictóricos existentes na Igreja São Sebastião e o painel exposto no bufê da Praça Adolfo Mayer – ambos localizados em Sumé – foram tombados como Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba.

Adailson Paiva

São Thomé dos Sucurus

No final do século XVIII, iniciou-se a fixação de colonos na zona do Cariri paraibano. Procedentes do próprio Estado e de Pernambuco, ali se estabeleciam com fazendas de criação de gado.

São João do Cariri, a mais antiga localidade da zona, foi elevada a sede de Freguesia em 1750. Em 1762, as terras onde hoje está a Sede do Município de Sumé integravam uma fazenda, pertencente a Manuel Tavares Baía.

A povoação foi fundada, em 1903, por Manuel Augusto de Araújo, na confluência do rio Sucuru com o riacho São Tomé, ficando conhecida com o nome do riacho.

A Divisão Administrativa do Brasil, de 1911, integrou ao Município de Alagoa do Monteiro, o Distrito de São Tomé. A subordinação, criou animosidade entre as duas povoações, só sanada em 1951, quando foi criado o Município de Sumé, compreendendo o Distrito de São Tomé e, posteriormente, parte do Distrito de Prata. A mesma Lei criou a Comarca de Sumé.

O vocábulo Sumé - em língua indígena, significa personagem misterioso que pratica o bem e ensina a cultivar a terra - no espírito religioso dos catequisadores identifica São Tomé. Os habitantes do Município são chamados sumeenses.

Alteração toponímica distrital São Tomé para Sumé alterado, pelo decreto-lei estadual nº 520, de 31-12-1943.

Fonte: https://biblioteca.ibge.gov.br/