Rede de Educação Aberta

Conectando homeschoolers, unschoolers e simpatizantes

Nesta página você irá encontrar experiências pessoais de educação domiciliar, vídeos, livros e pesquisas científicas para apoiar os pais que decidiram assumir a responsabilidade pela educação dos seus filhos

Diversos temas são abordados por esta rede de educação aberta: grupos de aprendizagem, socialização, estatísticas sobre resultados acadêmicos da educação domiciliar, aprendizagem personalizada, legalidade e certificação do homeschooling.

O homeschooling pode ser traduzido por educação domiciliar ou educação doméstica. Nessa modalidade de ensino, os pais se responsabilizam por planejar o currículo dos filhos para que estudem em casa. Nesse caso, a escola é trazida para dentro de casa.

O unschooling pode ser compreendido como um processo de desescolarização, em que o aprendizado do estudante é auto-dirigido. Nesse caso não há a necessidade de um currículo, pois o estudante escolhe o ritmo da sua aprendizagem a partir dos seus próprios interesses de estudo.

O open education ou educação aberta trata-se de uma filosofia de compartilhamento aberto de conhecimento. Nesse sentido, favorece que famílias homeschoolers, unschoolers e até mesmo aquelas que optaram por manter seus filhos na escola formal possam colaborar com a educação domiciliar umas das outras.

Depoimento da família Kobayashi

Nós temos três filhos: Jaime, Júlio e Evelyn. Estão hoje com 17, 15 e 13 anos. Entramos na educação domiciliar em 2022 e vamos te contar os bons frutos da nossa decisão.

Nossos filhos tinham ótimos desempenhos escolares na escola tradicional, mas manifestavam muitas insatisfações com o aprendizado deles: falta de engajamento diante das aulas que não faziam sentido para a turma, professores militantes e autoritários, desgaste emocional com os colegas de sala que tinham péssima postura, exaustão mental diante do excesso de provas e atividades.

Além de todos esses problemas internos das escolas, a nossa organização familiar estava engessada decorrente da necessidade de administrar as três agendas escolares dos nossos filhos, sem falar no translado por conta de aulas e atividades realizadas em horários diferentes.

Meus flhos, a Patrícia e eu optamos pela open education, compartilhando publicamente materiais didáticos, estratégias e as nossas produções educacionais com outras famílias que simpatizam com a educação domiciliar.

Nós realizamos um modelo híbrido entre homeschooling e unschooling. Isso significa que em parte contemplamos os conteúdos e habilidades que são esperadas para as séries escolares dos nossos filhos, mas no fundo sabemos que a parte mais significativa é o aprendizado livre de expectativas e pressões sociais, personalizado ao interesse de cada um deles, que são muito diferentes entre si.

O Jaime tem optado por focar os seus estudos para se profissionalizar em eletromecânica e está aprendendo desenho 3D para criar uma bancada de marcenaria. O Júlio tem se dedicado mais ao desenvolvimento de jogos digitais e já consegue programar com três diferentes linguagens de programação. A Evelyn realizou muitas leituras neste semestre e escolheu adiantar os conteúdos curriculares do 8° ano, já finalizando as apostilas dessa série em um semestre para poder se dedicar mais aos projetos pessoais daqui em diante.

Estamos recebendo um suporte da Clonlara School para nos orientar como realizar os registros de educação domiciliar personalizado às necessidades dos nossos filhos, também por causa da certificação norte americana de high school. Veja neste vídeo como tem sido a nossa experiência com a Clonlara School. Nesta live nós explicamos com mais detalhes como foi todo o processo de transição da escola tradicional para a educação domiciliar.

Hoje a nossa família mantém um espaço maker e tem disponibilizado um Clube de Cultura Maker online semanal, gratuito e aberto para todas as pessoas. Essa iniciativa resultou na formação de uma comunidade de jovens de diferentes faixas etárias, proporcionando uma socialização com famílias de educação domiciliar em todo o mundo, em que compartilhamos oficinas de ciências e tecnologia, além de celebrarmos juntos as nossas conquistas. Acreditamos que isso tudo ainda é só o início e você está convidado a participar conosco dessa jornada no Clube de Cultura Maker!


Marcio e Patrícia Kobayashi (27/06/23)

Resultados e estatísticas da educação domiciliar

O homeschooling é a modalidade de ensino que mais cresce no mundo, cerca de 2 a 8% ao ano. Uma outra estatística que respalda a educação domiciliar mostra que o nível de controle do Estado sobre a educação não interfere nos resultados da educação.

As pesquisas internacionais indicam que o ensino domiciliar tem demonstrado 15 a 30% melhor desempenho nas avaliações aplicadas pelas escolas públicas. 78% dos estudos mostram que os estudantes homeschoolers têm mais conquistas acadêmicas no ensino superior que os estudantes das escolas tradicionais.

A principal crítica daqueles que se opõe ao ensino domiciliar é que a socialização das crianças fica prejudicada. No entanto, os homeschoolers apresentam melhores índices de socialização em relação aos estudantes das escolas tradicionais, como mostram 87% dos estudos revisados por pares

Todos esses resultados não são uma novidade, uma vez que sabe-se que o desenvolvimento cognitivo e socioemocional da criança depende de que ela esteja feliz e motivada ao longo do seu aprendizado.

Ajude a divulgar este vídeo que relata as principais estatísticas sobre a educação domiciliar e veja neste texto uma pesquisa sobre a educação domiciliar do autor Brian Ray, Ph.D. em Educação Científica.

Há outros diversos autores que discutem a importância da educação livre, apontando estratégias de implementação, bem como os resultados da educação domiciliar em relação à educação tradicional. Recomenda-se estes livros: 

- Free to Learn do autor Peter Gray. Esse livro nos incentiva a questionar a obrigatoriedade da escolarização, incentivando a educação domiciliar e evidenciando os resultados de um aprendizado livre com base na antropologia e na psicologia.

- Learning All The Time do autor John Holt. Esse livro questiona a formalidade do sistema educacional tradicional, trazendo uma visão sobre como as crianças aprendem em qualquer lugar o tempo todo.

- Hold On Your Kids do autor Gordon Neufeld. O livro aborda a importância do vínculo emocional entre pais e filhos para o desenvolvimento emocional e social das crianças, sugerindo estratégias para apoiar essa interação.

- The Discovery of the Child da autora Maria Montessori. A metodologia Montessori consiste em organizar os espaços de aprendizagem para a criança explorar e se desenvolver com autonomia, sem a necessidade de um professor impondo um currículo padronizado. 

O homeschooling e o Estado: quem está na ilegalidade?

É muito comum encontrar pessoas afirmando que o homeschooling é ilegal. Isso acontece não somente porque o Brasil está muito atrasado em assuntos relacionados com educação, como também porque as pessoas carecem de informação a respeito daquilo que está acontecendo há algumas décadas nos outros continentes.

Uma grande diversidade das universidades do primeiro mundo se interessam em abrir suas vagas para os homeschoolers, pois reconhecem o comprometimento acadêmico e a maturidade socioemocional característica dessa modalidade educacional. Enquanto isso no Brasil as pessoas ainda estão discutindo se o homeschooling é legal ou ilegal. 

Saiba que não é muito difícil compreender que a educação domiciliar está respaldada pela Lei sob diversas instâncias.

O Artigo 205 da Constituição Brasileira declara que "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho". 

Isso nos mostra que o Estado e a família são mutuamente responsáveis pela educação das crianças e jovens. O Artigo 205 da Constituição nos leva a concluir que os pais que realizam a educação domiciliar dos seus filhos estão cumprindo com o seu dever civil, ao mesmo tempo que os pais que estão transferindo toda a responsabilidade deles para o Estado é que encontram-se em uma situação de ilegalidade. 

Se o Estado se mostra incapaz de proporcionar uma educação pública de qualidade, não se pode negar que é o Estado e as famílias que transferem a responsabilidade educacional para ele é que na verdade se encontram numa situação de ilegalidade. 

Deveríamos nos contentar em nos manifestar, eleger políticos melhores e esperar que o Governo tome providências para melhorar a educação no país? Talvez possa ser tarde demais se um dia isso vier a acontecer, pois é impossível pausar o desenvolvimento dos filhos. Eles crescem. Quem está lutando para garantir hoje o direito desses pequeninos? Para mim a resposta é muito clara, são os pais homeschoolers.

A ilegalidade ocorre quando a criança ou o adolescente têm seu desenvolvimento cognitivo e afetivo comprometido por encontrar-se em situação de vulnerabilidade. Os crimes de abandono intelectual não estão ocorrendo no lares das famílias homeschoolers, mas sim onde não garante-se o direito a uma educação de qualidade, ou seja, em boa parte das escolas que o Estado administra e controla. 

A escola pública não tem se mostrado capaz de conter a falta de segurança com relação à violência física e emocional contra os estudantes, o tráfico de drogas e armas, a pressão social por resultados quantitativos, o bullying, a falta de materiais escolares e inclusão digital, etc. É dispensável apresentar provas que essas coisas acontecem diariamente na maioria das escolas, pois basta observar como estão os jovens gerados pelo sistema educacional tradicional. 

Podemos listar alguns comportamentos da maior parte dos estudantes de ensino médio da escola tradicional nos dias de hoje: desmotivação, exaustão, ansiedade, depressão, dependência de remédios, reatividade, violência, desistência, etc. Diante da Lei, poderia ser considerado ilegal obrigar os filhos a frequentar essas escolas.

A opção pela educação domiciliar está respaldada também por referenciais internacionais. Verifique o que diz o parágrafo 3 do artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos." 

Note que de acordo com esse parâmetro internacional, a responsabilidade da educação dos filhos é dada exclusivamente aos pais. Diferentemente da Constituição Brasileira, o Estado nem foi citado nesse caso.

Talvez para o leitor seja válido realizar uma reflexão sobre outra legislação educacional milenar que está relatada no capítulo 6 do livro de Deuteronômio. Nesse texto, a responsabilidade espiritual pela educação foi dada exclusivamente aos pais, não ao Estado. Caso queira refletir melhor sobre esse ponto de vista, você pode encontrar mais detalhes neste vídeo.

Diante de tudo o que foi dito, é discutível se de fato caberia ao Governo Civil controlar e intervir na educação, uma vez que o próprio Estado não tem cumprido com a parte que lhe cabe na Lei. É bem provável que até mesmo Jesus recomendaria que o Estado devesse primeiro retirar a trave nos seus próprios olhos antes de querer regulamentar o cisco dos olhos das famílias homeschoolers

Não se perturbe demais com o teor desse parágrafo anterior, pois Leon Tolstói já havia alertado e justificado desde 1884 porque o Estado é a instituição mais criminosa de todas em sua célebre obra O Reino de Deus está em vós.

Rotina de registros e certificação de escolaridade

Como existem autoridades civis que podem ser notificadas diante de alguma falsa denúncia de abandono intelectual realizada por parentes ou escolas anteriores, é prudente que os homeschoolers mantenham registros do progresso da sua aprendizagem. 

A família pode criar uma pasta em uma nuvem contendo fotos e vídeos de viagens, eventos e oficinas. O estudante pode tirar prints da tela sempre que concluir pesquisas e estudos em alguma plataforma educacional, como exemplo o Duolingo ou o Khan Academy. É interessante que também sejam registradas as produções de texto, as criações artísticas e as atividades que envolvem socialização e voluntariado. 

Após um ciclo concluído de projetos, a família também pode elaborar um portfólio educacional, que pode estar em formato de PDF, slides ou até mesmo um canal no YouTube. Neste vídeo, compartilhamos como é possível criar um portfólio educacional usando o Google Sites.

Caso seja necessário proteger-se de falsas denúncias de violência doméstica, recomenda-se que o estudante esteja também sempre assistido por alguém de fora, participando por exemplo de algum curso presencial de artes ou tecnologia, grupos de aprendizagem com outros homeschoolers e atividades físicas ao ar livre.

Para conseguir a certificação de escolaridade do ensino fundamental e do ensino médio, é possível realizar o Encceja, que é o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos. Consiste em 4 provas com questões de múltipla escolha e uma redação realizadas no mesmo dia. Como a proposta é inclusão e não classificação, o exame é bem mais fácil que o Enem. O estudante deve ter completado 15 anos até o dia do exame do ensino fundamental ou 18 anos até o dia do exame do ensino médio. Veja mais detalhes neste vídeo.

Há universidades que podem exigir o histórico escolar para o processo seletivo. Nesse caso os registros do progresso de aprendizagem podem não ser suficientes. É necessário que a família verifique essa questão com a universidade de interesse, caso esteja considerando realizar o ensino superior.

Existem escolas internacionais que oferecem uma certificação aos estudantes de educação domiciliar. Por exemplo, a Clonlara School, situada em Michigan nos EUA, possibilita a aquisição de uma certificação norte americana do high school. Para que haja equivalência no Brasil é necessário realizar um procedimento internacional chamado de Apostilamento de Haia. Como não há um costume de se gerar histórico escolar na cultura norte americana, mesmo o apostilamento de Haia pode não ser suficiente para o ingresso nas universidades brasileiras mais retrógradas.

Veja mais detalhes sobre a comunidade de aprendizagem da Clonlara School neste vídeo do YouTube do canal do Open Maker. Caso você realize a matrícula lá, lembre-se de citar que foi uma indicação do canal do Open Maker, pois eles oferecerão um reconhecimento para a OSC Dispensados dos Apriscos, que produz e disponibiliza conteúdos com licenças abertas sobre educação domiciliar gratuitamente para todas as pessoas. 

Veja esta playlist com vídeos no YouTube para dar suporte para as famílias homeschoolers e unschoolers

Qual é o perfil das famílias que realizam educação domiciliar?

Há um perfil diverso de estudantes que ingressam na educação domiciliar: artistas, atletas, viajantes (roadschooling), superdotados, deficientes, os que não se adaptaram com as escolas, além daqueles que simplesmente estão inconformados com o sistema de ensino tradicional. Nossa rede de contatos está disposta a colaborar com todos os perfis e necessidades.

Estes são alguns dos contatos disponibilizados por algumas das famílias que têm interesse em formar grupos de aprendizagem:

- Aluá Oliveira - São Paulo/SP - professora de yoga, graduada em Educação Física. E-mail: alua.oliveira8@gmail.com

- Anita de Souza - Londrina/PR - mãe de duas estudantes, professora de língua inglesa. Instagram para tutoria. E-mail: tutoranita.english@gmail.com

- Bira Machado - Osasco/SP - pai de uma estudante, marido da Yeda, professor licenciado em Geografia, criador de conteúdo neste site. E-mail: radioblogtv@gmail.com

- Bruno Rodrigues - Peruíbe/SP - pai de duas estudantes, graduado em Publicidade e Propaganda, atua em vendas, operações e marketing. E-mail: brunofrodrigues@gmail.com

- Emerson Stigliani - São Paulo/SP - graduação em Estatística e licenciatura em Matemática, atua como analista de dados. E-mail: emersti@gmail.com

- Fernando Fedato - São Paulo/SP - pai de três estudantes, engenheiro civil no metrô de São Paulo. E-mail: fjfedato@yahoo.com.br

- Hiago Lopes - Assu/RN - pai de um estudante, psicólogo clínico, especialista em psicologia infantil e graduando em pedagogia. E-mail: hiago789@hotmail.com

- Jéssica Martins - Peruíbe/SP - mãe de duas estudantes, especialista em Educação Parental e educação inovadora. Site e Instagram. E-mail: jessicamartins.educacao@gmail.com

- Ju Barbosa - João Pessoa/PB - mãe de uma estudante, educadora graduada em Ciências Biológicas. E-mail: juniaclourenco@gmail.com

- Kátia Cheque - Itapetininga/SP - mãe de dois estudantes, graduada em Pedagogia. E-mail: katiacheque@gmail.com

- Luciana Oliveira - São Paulo/SP - técnica em enfermagem, cuidadora de crianças e idosos. E-mail: luciana.lhos@gmail.com

- Marcio Kobayashi - São Paulo/SP - pai de três estudantes, educador licenciado em Física e orientador de projetos no Open Maker. E-mail: marciokobax@gmail.com

- Natália Mancini - Juquiá/SP - mãe de um estudante, gestora ambiental e educadora ambiental. E-mail: natalia.mancini@gmail.com

- Nathalia Coutinho - Estados Unidos - mãe de dois estudantes, heath and coach em espiritualidade. E-mail: nathaliaccoutinho@hotmail.com

- Patrícia Kobayashi - São Paulo/SP - mãe de três estudantes, bacharel e licenciada em Letras Português e bacharel em Letras Japonês. E-mail: patricia@fujihara.com.br

- Yeda Machado - Osasco/SP - mãe de uma estudante, esposa do Bira, graduada em Pedagogia com especialidade em tecnologia educacional. E-mail: yedakmm@gmail.com

Estamos abertos a trocar ideias e estratégias com homeschoolers, unschoolers e famílias simpatizantes em todo o mundo. O ingresso é gratuito e mensalidade. Se você tem interesse em participar do grupo de WhatsApp dessa rede de educação aberta, preencha este formulário

No vídeo a seguir, a Jéssica e o Marcio convidam você para participar da rede de educação aberta.

Conheças as páginas a seguir contendo dicas, cursos e estratégias dar suporte para a sua educação domiciliar.