Respiração, Controle e Aumento da capacidade de ar para flautista

por Nilson Mascolo Filho

Nesta videoaula falaremos sobre Respiração, Controle e Aumento da capacidade de ar para flautista. 

Como em todos os instrumentos de sopro, a qualidade da sua respiração é muito importante para produzir um som bonito com a flauta. Na verdade, é fundamental. Não é possível obter um som bonito na flauta se a sua capacidade respiratória for ruim ou fraca. Como posso melhorar a minha capacidade respiratória? Seguem algumas dicas e exercícios que proporcionam melhorias rápidas.

Quando falo da qualidade respiratória, estou me referindo a duas coisas: capacidade pulmonar (maior quantidade de ar) e controle na emissão do ar. Na capacidade pulmonar, devemos exercitá-la para conseguir usar uma maior quantidade de ar nos pulmões, enquanto no controle da emissão de ar, é necessário saber direcionar e dosar a quantidade, o volume e a velocidade do ar.

Capacidade Pulmonar

No início do estudo de Flauta Transversal, é comum o iniciante ter tonturas. Isso ocorre devido ao hábito de fazer respirações curtas com pouco ar, e agora será necessário utilizar mais intensamente sua capacidade respiratória. À medida que avança nos estudos, a capacidade pulmonar vai aumentando, de modo que não se sente mais tontura ao tocar flauta. Para que a capacidade pulmonar aumente ainda mais e, consequentemente, melhore o som, tornam-se necessários os exercícios que serão apresentados na sequência deste artigo. 

Controle da emissão de ar

O controle da emissão de ar é tão importante quanto a capacidade pulmonar. O flautista precisa ter controle voluntário sobre a emissão da coluna de ar que sopra na flauta, pois esse controle permite uma sonoridade mais bonita e variações de dinâmica, como som fortíssimo, forte, médio-forte, piano, pianíssimo, som mais alegre, mais doce...

Antes de apresentar os exercícios, descrevo de forma simples o diafragma, um órgão importante para o controle do ar.

O diafragma é um músculo que temos controle voluntário. Quando relaxado, tem a forma de um prato fundo de cabeça para baixo (veja figura 1), e quando contraído, passa a ter uma forma mais plana, mais reta (veja figura 2). Através da contração do diafragma, todos os órgãos abaixo são empurrados para baixo e a parede do abdômen para fora (veja figura 3). Para que o diafragma volte à sua posição original (relaxada), os músculos do abdômen empurram de volta o diafragma ao seu estado original. É importante observar que, durante toda essa ação, os músculos envolvidos são controlados voluntariamente e ao contrair o diafragma, obtemos um maior espaço, um maior reservatório para ser preenchido de ar. O uso do diafragma na execução de instrumentos é popularmente conhecido como "respiração diafragmática" ou "respiração pelo diafragma" (veja figura 3).

Algumas observações importantes do uso no Diafragma.

O diafragma deve ser exercitado de forma o mais natural possível, sem aplicar força e compressão excessivas, e também é importante ter cuidado para não confundir a tensão dos músculos abdominais com o uso do diafragma. Preste atenção ao usar o diafragma e verifique se a região está realmente se enchendo de ar. No entanto, lembre-se sempre de usar o diafragma de forma mais natural, semelhante ao uso quando estamos deitados. Nas oitavas mais agudas na flauta, é necessário tensionar mais o diafragma para sustentar as notas, enquanto em notas mais graves, a tensão é menor. 

Fig. 3

Para maiores detalhes e conteúdo mais técnico e profundo, leia artigo do Flautista Sávio Araújo, Aspectos físicos da emissão sonora. A embocadura e a respiração na qualidade do som. Sávio Araujo é flautista da OSESP e professor de Flauta da Unicamp. Leia seu artigo no link: https://sites.google.com/site/estudantesdeflautasite2/home/artigos2/embocadura-e-a-respiracao-na-qualidades-do-som-1. Este artigo e exercícios foram retirados  e baseados neste artigo do Mestre Sávio Araujo.

 Exercícios

Segue abaixo dois tipos exercícios para adquirir uma melhor qualidade respiratória, um com simples exercício livre com corpo e o outro com a maquininha Breath Builder.

1 - Exercício de Inspiração e Expiração ( exercício livre com corpo )

Antes da explicação destes exercícios, vamos relembrar o que é Inspiração e Expiração. 

Inspiração: A inspiração é o processo de sugar o ar para dentro do organismo, é Introduzir o ar atmosférico nos pulmões.

Expiração: Expiração é liberar o ar contido nos pulmões para fora do corpo, é Expelir o ar dos pulmões. 

Exercício 1 (inspiração)

Em posição ereta, inspirar profundamente tanto quanto possível, expandindo a caixa torácica através da contração dos músculos intercostais e da elevação do osso esterno, e também da contração do diafragma.  Expirar todo o ar dos pulmões, relaxando-se todos os músculos utilizados para a inspiração (expiração passiva) e contraindo os músculos da parede bdominal.

Exercício 2 (expiração)

Expirar todo o ar contido nos pulmões, comprimindo a caixa torácica através da ação dos músculos da parede abdominal e dos intercostais.  Inspirar relaxando-se estes músculos (inspiração passiva) e contraindose o diafragma, provocando assim uma expansão da parede abdominal, que projeta a barriga para baixo e para fora.

Obs: Os exercícios 1 e 2 demonstram as forças elásticas de retração do sistema respiratório, nos momentos de expiração (exercício 1) e inspiração (exercício 2).  Essas forças elásticas são geradas com maior  ou menor intensidade dependendo da quantidade de ar nos pulmões, assim como sua ação depende de uma maior ou menor contração dos  músculos respiratórios.

Exercício 3 (expiração controlada) 

Inspirar profundamente e expirar vagarosamente todo o ar dos pulmões.  Para tanto, manter os músculos inspiratórios contraídos, relaxando-os gradativamente para se manter um fluxo de ar contínuo.  Aspectos físicos da emissão sonora.  Para o êxito deste exercício, é necessário "brecar" a expiração por meio dos músculos inspiratórios que, mantendo-se contraídos, evitam que o volume torácico decaia rapidamente devido  à  sua própria força elástica de retração  (expiração passiva).  Continuando a expirar vagarosamente, atingiremos um ponto onde a musculatura estará relaxada.  A partir desse ponto, necessitamos "empurrar" o ar para fora dos pulmões.  Através da contração dos músculos da parede abdominal, que empurram o diafragma para cima e para dentro da caixa torácica, fazemos com que o ar seja expelido dos pulmões, mantendo-se assim a mesma razão de expiração.

Exercício 4 (inspiração forçada)

Em posição ereta, com a boca semi aberta, colocar a mão em posição vertical e encostar o dedo indicador junto aos lábios.  Inspirar profundamente, como demonstrado no Exercício 1, provocando uma sucção acompanhada de ruído grave e contínuo.  Esta sucção deverá ser a mais duradoura possível, pois enquanto houver sucção haverá trabalho muscular para manter a expansão da caixa torácica.  Expirar todo o ar, como visto no Exercício 2, sem forçar, deixando que tanto a caixa torácica quanto o abdômen retornem  à  sua posição inicial de

repouso.

Obs: A repetição excessiva deste exercício poderá causar sensações como tonturas ou náuseas, devido a hiperventilação que é provocada pela troca de gases, que acontece em proporções acima dos parâmetros normais, considerando-se uma respiração normal.  Na ocorrência destas sensações, interromper o exercício e sentar, permanecendo nessa posição até os sintomas cederem e só então prosseguir, procurando não forçar a sucção e sim mantê-la continuamente, mesmo não sendo em intensidade tão grande.

Esse exercício faz parte do artigo do Flautista Sávio Araújo, Aspectos físicos da emissão sonora. A embocadura e a respiração na qualidade do som. Sávio Araujo é flautista da OSESP e professor de Flauta da Unicamp. Leia seu artigo no link: https://sites.google.com/site/estudantesdeflautasite2/home/artigos2/embocadura-e-a-respiracao-na-qualidades-do-som-1.

2 - Exercício com Breath Builder

Breath Builder é uma simples maquininha respiratória, fácil de ser fazer de forma caseira. Breath Builder permite a pessoa aumentar sua qualidade respiratória, aumentando sua capacidade pulmonar e o controle muscular que a envolve, como o diafragma. Breath Builder  é um cilindro de plástico transparente contendo uma bolinha de pingue-pongue e um tudo na parte superior para que se sopre e se sugue o ar. O objeto é ao expirar o ar para dentro do Breath Builder, a bolinha de pingue-pongue suba até a parte superior e ao inspirar, a bolinha de pingue-pongue permaneça na parte superior do Breath Builder. Existem diversas tipos de exercícios com Breath Builde, aqui aprenderemos três. Breath Builder é usada por todos os instrumentistas de sopro. Veja foto abaixo do Breath Builder. 

Relembre abaixo o que é Inspiração e Expiração. 

Inspiração: A inspiração é o processo de sugar o ar para dentro dos pulmões.

Expiração: Expiração é o processo  liberar, de expelir o ar contido nos pulmões para fora do corpo.

Neste exercício use o diafragma, mas de forma mais natural possível, sem exercer excessiva força e compressão, e também deve se tomar cuidado em não confundir o tencionar dos músculos do Abdômen com uso do diafragma.  Preste atenção no uso do diafragma e verifique que a região do diafragma esteja verdadeiramente se enchendo de ar. Mas se lembre sempre: use o diafragma de forma mais natural possível, semelhante ao uso quando estamos deitados. Nas oitavas mais agudas na flauta, tencionamos mais o diafragma para sustentar as notas e em notas mais graves tencionamos menos.

Nos exercícios abaixo, a repetição excessiva poderá causar sensações como tonturas ou náuseas, devido a hiperventilação que é provocada pela troca de gases, que acontece em proporções acima dos parâmetros normais, considerando-se uma respiração normal.  Na ocorrência destas sensações, interromper o exercício e sentar, permanecendo nessa posição até os sintomas cederem e só então prosseguir, procurando não forçar a sucção e sim mantê-la continuamente, mesmo não sendo em intensidade tão grande.

Exercício 1 – Apenas Expirar todo o ar dos pulmões. 

Sugue o máximo de ar que conseguir (Inspiração) e em seguida sopre todo ar para dentro do Breath Builder (Expiração) de tal forma que a bolinha de pingue-pongue suba até a parte superior do Breath Builder. Repita este processo o quanto julgar necessário, sugestão de 5 minutos.

Exercício 2 – Expirar e Inspirar

Sugue o máximo de ar que conseguir (Inspiração) e em seguida sopre todo ar para dentro do Breath Builder (Expiração) de tal forma que a bolinha de pingue-pongue suba até a parte superior do Breath Builder, e quando o ar dos pulmões estiver acabando, sugue novamente o ar para dentro (Inspiração), mas sem retirar a boca do Breath Builder e sem deixar a bolinha de pingue-pongue cair.  Repita este processo o quanto julgar necessário, sugestão de 7 minutos. Depois de dominado a técnica do exercício 1, não se faz mais necessário fazê-la, você pode começar direto no exercício 2 e 3. 

Exercício 3 – Com Articulações

Sugue o máximo de ar que conseguir (Inspiração) e em seguida sopre todo ar para dentro do Breath Builder (Expiração) de tal forma que a bolinha de pingue-pongue suba até a parte superior do Breath Builder e faça duas articulações com a língua, ‘TE’ ‘TE’,  e quando o ar dos pulmões estiver acabando, sugue novamente o ar para dentro (Inspiração), mas sem retirar a boca do Breath Builder e sem deixar a bolinha de pingue-pongue cair e, faça novamente as  duas articulações com a língua, ‘TE’ ‘TE’.  Você pode fazer esses exercícios com três articulações (TE , TE, TE), com quatro (TE, TE, TE)... Repita este processo o quanto julgar necessário, sugestão de 7 minutos. Veja abaixo algumas articulações:

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Nilson Mascolo Filho

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