Como estudar a Arte da Sonoridade de Marcel

Como estudar a Arte da Sonoridade de Marcel Moyse

por Marcel Moyse

Livre tradução e adpatação por Nilson Mascolo Filho

Marcel Moyse (17 de maio de 1889 em St. Amour, França - 01 novembro de 1984 em Brattleboro, Vermont, Estados Unidos) foi um flautista francês. Moyse estudou no Conservatório de Paris e foi aluno de Philippe Gaubert, Adolphe Hennebains e Paul Taffanel; todos eram virtuosos flautistas naquele tempo. Moyse era o principal flautista de várias orquestras em Paris e solista em muitas gravações. Sua sonoridade era clara, flexível, penetrante e controlado por um vibrato rápido, influenciando o mundo todo com seu estilo francês de tocar. Moyse lecionou no Conservatório de Música de Québec à Montréal, e foi um dos fundadores da Escola de Música de Marlboro. Moyse se esforçou para ensinar seus alunos a não somente tocar flauta, mas sim para fazer música". Entre seus alunos estavam James Galway, Paula Robison, Trevor Wye, William Bennet, Carol Wincenc, Bernard Goldberg, Robert Aitken e Julia Bogorad. Moyse compôs vários estudos de flauta, nos quais são usados ​​em todo o mundo por grandes Mestres, Conservatórios e flautistas. (Ouça algumas gravações de Moyse)

No ano de 1934 Moyse escreveu sua obra prima de sonoridade: De la Sonorité - Art et technique. Nesta obra Moyses ensina alguns exercícios metódicos que ele mesmo utilizava para desenvolver uma sonoridade mais bonita e superar seus problemas de saúde que sofria.

Na introdução de sua obra De la Sonorité Moyse escreve que após anos de experiência pessoal com base de sua análise, ele estava convencido que um som bonito não depende exclusivamente de aptidões físicas naturais, mas também podem ser adquiridos por um trabalho metódico, realizado de forma inteligente e persistente. Moyse então descreve os objetivos de sua De la Sonorité: “O objetivo do presente trabalho é dar ao aluno os meios através do desenvolvimento dos exercícios metódicos para modificar e transformar a suas próprias possibilidades de alcançar uma bela sonoridade e, ao mesmo tempo, oferecer a afinidades à flauta”.

Sua obra De la Sonorité era dividida em cinco partes, cada uma trabalhando um aspecto da sonoridade. Na primeira parte Moyse apresenta exercícios com notas longas para desenvolver um belo timbre e a homogeneidade da sonoridade em toda as oitavas.

Na segunda parte Moyse trabalha com dinâmica.

Na terceira parte ele trabalha com os ataques das notas, as articulações em diferentes intervalos.

Na quarta parte Moyse trabalha a amplitude da sonoridade, os limites de tocar fortíssimo e pianíssimo em grandes escalas e por fim, na quinta parte, Moysetrabalha a administração do timbre na interpretação.

Dividida em cinco partes no estudo de sonoridade, observamos que para Moyse o desenvolvimento de uma bela sonoridade consiste no estudo de homogeneização da sonoridade em todas as oitavas, e a procura de um belo timbre com uso de notas longas, o estudo das dinâmicas, o estudo da articulação, o estudo da amplitude da dinâmica e do controle e variação do nosso timbre na interpretação de uma peça musical.

PARTE I

Timbre e Homogeneização da sonoridade em todas as oitavas

Na primeira parte de sua obra, Moyse apresenta exercícios de notas longas e cromáticas, aumentando pouco a pouco a distância dos intervalos com o intuito de desenvolver uma timbre mais bonito e homogêneo em todas as oitavas.

Para Moyse, a homogeneização é a parte mais difícil de evoluir em função de duas razões, a diferença de timbre entre as três oitavas e a dificuldade natural de algumas notas.

Moyse explica que ao descer a escala conforme pentagramas abaixo, a coluna de ar terá cada vez mais um caminho mais longo para percorrer e isso faz com que enfraqueça cada vez mais a sonoridade e seu calor.

Em uma escala crescente, conforme pentagrama abaixo, o inverso acontece, as notas acima da escala possui um percurso da coluna de ar mais curto, produzindo então uma sonoridade com maior vigor, cor e intensidade.

Em vista desta tendência natural da flauta, temos desafio de igualar, homogeneizar a sonoridade.

Moyse observa que a qualidade, a força e a precisão de uma nota que tocamos depende por um lado, da posição dos lábios sobre o bocal e por outro lado, da força e velocidade da nossa coluna de ar. Por esta razão, Moyse considera mais eficiente trabalhar a segunda e a primeira oitavas juntas, por serem oitavas quase iguais e mais fáceis de tocar, e posteriormente a terceira oitava que são mais difíceis. Para Moyse trabalhar a primeira e segunda oitava juntas e posteriormente a terceira oitava, tornava mais fácil alcançar a homogeneidade de uma oitava para outra.

Moyse antes de apresentar o exercícios, considera a forma correta de estudá-los, considerando inicialmente a executá-los na dinâmica mf, nossa dinâmica mais natural.

Moyse descreve que para as notas mais graves, ou seja a primeira oitava, a mandíbula deve estar mais solta e retraída, e a medida que se segue para as notas mais agudas, a mandíbula deve-se avançar cada vez mais para frente e os lábios mais firmes. As mesmas observações se aplica na segunda oitava, que em sua devida proporção em relação a primeira oitava, exige-se maior pressão dos lábios, a mandíbula mais para frente e menos solta.

Para Moyse a mandíbula tem um papel muito importante de ajustar o ângulo da coluna de ar entre os lábios e a flauta. O uso da mandíbula permite liberdade para os lábios, produzindo assim a vibração como a paleta de um oboé, um som com cores de tons diferentes, permitindo uma conexão entre as notas com pouca pressão, permitindo as correções nas dinâmicas forte e piano, tocando por longos períodos sem se cansar.

Moyse orienta que antes de iniciar a prática dos exercícios, devemos estabelecer um importante princípio de manter os lábios sempre livres em todo o tempo.

Estudo da segunda e primeira oitava

Na prática do exercício, primeiramente busque uma sonoridade bonita e vibrante na nota Si da segunda oitava na dinâmica mf (nossa dinâmica mais natural). Após estudar por poucos segundos a nota Si da segunda oitava, e se sentir seguro, comece os exercícios propostos.

Moyse oriente que com uma boa respiração e uma ataque da nota quente e penetrante, faça a nota Si para o Si bemol com uma sonoridade perfeitamente plana, sem vibrato, com som bem linear, mesmo que o barulho das chaves seja ouvido como resultado da mudança das notas. Para duas notas tão próximas umas das outras, não há praticamente movimento dos lábios e mesmo no caso das notas C# e D, a cor do tom devem permanecer constantes.

Moyse passa a falar da diferença de cor que existe entre as notas, mesmo em intervalos pequenos. Ele explica que ao descer a escala de forma cromática do Si da segunda oitava para o Dó grave, conforme pentagrama abaixo, verá que o Si não tem a mesma cor que o Dó grave e ainda assim você acharia impossível dizer onde a mudança ocorreu.

Na realidade, não há lugar exato onde a mudança do cor do tom da nota aconteça, pois cada nota tem cor diferente, mas a mudança é tão pequena e regular que é impossível estabelecer distinções precisas.

Esta diferença de cor entre as notas também acontece na flauta e o cerne da questão é que não devemos nos distrair neste assunto. Ao fazer os exercícios de sonoridade proposto, procure homogeneizar também as cores das notas. O Si bemol deve ter a mesma cor do Si natural. Toda a mudança de cor deve ser corrigida. Você deve corrigir qualquer movimento descontrolado dos lábios e qualquer tendência de tocar de modo contorcido ou comprimido. Se você tiver sucessos nestas lições e produzir um bom Si bemol, a batalha terá sido vencida. Sua sonoridade terá todas as cores que você deseja transmitir e será capaz de tocar qualquer intervalo com a dinâmica correta, pois seus lábios serão capazes de fazer todas as mudanças necessárias. Mas é uma questão de tempo., “Paciência e trabalho inteligente”.

O exercício deve praticado lentamente, fundamentalmente com a semínima = 60 ppm. Repita cada grupo duas vezes, corrigindo na segunda vez o que não ficou boa na primeira. Você pode até fazer um terceira vez se for necessário, mas evite refazer muitas vezes para se fadigar até o final do exercício, não seja excessivamente zeloso.

Um detalhe muito importante: cada vez que a nota longa parece ter uma bela sonoridade e um tom refinado, respire rapidamente para voltar a ela com igual vitalidade, e continue com a mesma cor para a nota seguinte.

Para tornar a prática destes exercícios mais fáceis nos estágios iniciais, faça-o na dinâmica “ad libitum”, traduzindo, à vontade. Posteriormente procure refazer os exercícios em dinâmicas mais difíceis. A dinâmica mais fácil é mf (mezzo forte) ou seja, meio forte, o que corresponde a dinâmica normalmente o que naturalmente fazemos. E posteriormente poderá refazer nas dinâmicas f - forte e p - piano(som mais baixo e suave).

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Estudo da terceira oitava

Na terceira oitava, as notas são todas produzidas por combinações de pressão do lábio e a digitação específica da terceira oitava, de modo que o comprimento da coluna de ar não desempenha um papel predominante, especialmente quando se toca piano.

Toque as notas da segunda oitava em direção a terceira oitava, tentando manter o timbre e a posição da embocadura que usa na segunda oitava.

Nunca toque de forma contorcida; o maxilar devem estar ligeiramente tenso ao tocar piano, mas completamente relaxado ao tocar forte. Da mesma forma os lábios, a pressão dos lábios deve ser bastante sustentada ao tocar piano, mas muito menos ao tocar forte.

Um excelente método para tocar menos forte é ligeiramente contrair a coluna de ar, diminuindo a abertura entre lábios, para evitar que o ar se espalhe para além do furo do bocal. Enquanto estiver tensionando seus músculos, tente relaxá-los completamente, mas continue tocando e você ficará surpreso em saber como os resultados são bons, e de fato eles ficarão ainda melhores e, de longe, com muito menos fadiga.

Faço o exercício na dinâmica mf (mezzo forte) ou seja, meio forte, com uma sonoridade ampla.

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SheetMusicPlus - www.sheetmusicplus.com/

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As demais partes do livro será posteriomente traduzida.

Autor: Marcel Moyse

Fonte: Marcel Moyse, De la Sonorité de Marcel Moyse, introdução e primeira parte.

Livre tradução e adpatação por Nilson Mascolo Filho

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