Quando: 31 de outubro de 2024 a 01 de dezembro de 2024

Onde: Galeria de Artes do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho

Como: segundas, das 9h às 16h; terças a sextas, das 9h às 22h; finais de semana e feriados, das 14h às 22h

Francelino Mesquita representa muito bem a região norte através da sua arte por meio do uso dos materiais culturais, pois suas obras utilizam matérias primas das várzeas dos rios amazônicos e vem ressignificando a utilização das matérias primas da natureza, comumente conhecidas na produção de artesanatos desde sua ancestralidade cultural, religiosa e lúdica e também alertando e conscientizando sobre a preservação do meio ambiente e sua sustentabilidade. Segundo o artista, A versatilidade com o uso desses materiais não deixam de lado a articulação com a tradição cultural, permite que “tudo” vire arte e consciência ambiental. “[...] Ao artesanato produzido no Estado do Pará, como os brinquedos de miriti, que são produzidos principalmente no município de Abaetetuba; os artesanatos nas cuias, que vem do município de Santarém; as nossas pipas e rabiolas, que são produzidas com a tala do jupati, e os animais amazônicos, como o tatu, tartaruga, jacaré e outros, produzidos com a raiz do mututi.” Para ele, este uso: “apresenta ao público sua utilização com uma ressignificação para as artes visuais, através das esculturas contemporâneas onde as mesmas são peças únicas (inéditas), ao contrário do artesanato. Sendo que o público fará uma reflexão poética e contextual observando e contemplando cada obra.”

O objetivo é destacar os rios da região Amazônica que podem ser consideradas para a construção da cultura que identifica este local. Nesta região, cercada de ilhas e rios, há uma particularidade de climas, costumes e atividades. A bacia hidrográfica é uma idiossincrasia da região. Os rios, enquanto componentes de uma geografia comum no contexto amazônico, compõem-se como canais de passagem e equivalem às ruas dos centros urbanos; configuram-se como as vias de acesso do viajante com outras localidades, como vias de transportes de cargas de materiais, cargas vivas e outras cargas, transportes da produção de frutas,  legumes e outra produções de comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas aos quais muitas vezes possuem somente acesso fluvial. 

Francelino busca estimular a sensibilidade através das suas poéticas em torno de temáticas íntimas à realidade da Amazônia, justamente por questionar eventos socioeconômicos provenientes da exploração da região e eventos naturais. Ao tomar emprestadas temáticas particulares e afins à sua região, com o objetivo de uma consciência crítica sobre os problemas ambientais no Brasil e no mundo. “[O público é] posto em tensão com questões profundas e atuais, dos impactos humanos ao meio ambiente a partir da leveza material e sutileza estética dos materiais naturais ameaçados pelo antropoceno”.

A arte como consciência ambiental nos leva a compreender o quão potente é a arte como instância transformadora, já que a luta por direitos humanos precisa ser uma constante. Acredito no papel ético da arte, mesmo sabendo que nem sempre a arte e os artistas reverberam esse compromisso de questionar e/ou problematizar a sociedade que o cerca.

A exposição tem classificação indicativa livre e apresenta acessibilidade através de descrições em dupla leitura (leitura ampliada e braile) com etiquetas em chapa de PVC transparente, com adesivo espelhado com letras grande na cor preta para pessoas com baixa visão.

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