Funcionários de empresas no Brasil e no mundo passaram a adotar o home-office com o início da pandemia de COVID-19. Os estudos que surgiram sobre essa mudança repentina no modelo de trabalho apontaram para maior sensação de ansiedade, estresse e desequilíbrio entre atividades profissionais e pessoais. As mulheres, que já possuem historicamente uma tripla jornada de trabalho, com cuidados dos afazeres domésticos, dos filhos e da vida profissional, tinham maior probabilidade de experimentar essas sensações. Este trabalho teve como objetivo compreender como a pandemia impactou o bem-estar das mulheres, por meio de um estudo de caso de uma empresa do setor de serviços financeiros, no qual todos os funcionários ficaram na modalidade de trabalho remoto (home-office) do início da pandemia até o final de 2021. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, tendo o estudo de caso como principal estratégia, bem como a análise dos dados fornecidos pela empresa. Foram entrevistadas 5 mulheres na faixa etária dos 29 a 43 anos, que possuíam ou não filhos. As mulheres dessa pesquisa disseram exercer jornada média de trabalho de 10h por dia, que somada às atividades domésticas se traduziam em cansaço e sobrecarga. A maior parte das entrevistadas apontou como causa para o excesso de trabalho a falta de horários mais bem definidos, a cobrança por respostas imediatas a e-mails e mensagens, bem como os acionamentos fora do horário de trabalho. Além disso, todas relataram sentimentos relacionados ao estresse e/ou a ansiedade e/ou a depressão. Entre os sentimentos mais comuns citados estão: cansaço, ansiedade e medo.