Por sua vez, essa linguagem da visão refere-se a “um código de formas abstratas direcionadas mais à percepção biológica imediata que ao intelecto culturalmente condicionado” (LUPTON & MILLER, p. 26, 2008). Os bauhausianos pretendiam, portanto, identificar um sistema de linguagem que transpassasse a visão carregada ideológica e culturalmente, se restringindo à percepção frontal do conteúdo. Essa era uma maneira de sintetizar e sistematizar o processo criativo, baseado nas ideias da Gestalt, isto é, psicologia da forma, como explica Fraccaroli:
“Em consequência de preocupações de ordem cultural, ou seja, de preconceitos intelectuais, morais e religiosos, o sujeito se desvia da percepção espontânea e puramente formal do objeto. Há uma cortina de bagagem cultural que lhe impede esse contacto direto com os valores reais de uma obra de arte.” (FRACCAROLI, pp. 30-31, 1952)
Marcada pelo funcionalismo, a Bauhaus acaba instaurando grandes mudanças em um curto espaço de tempo e em um cenário visual racionalista, que tinha forte presença de elementos ornamentais e era voltado à tradição. Um de seus princípios, sendo muito influente até os dias atuais, era a máxima de que “a forma segue a função” - uma frase emblemática dita por Louis Sullivan em meados de 1896. Isso significa que, nos princípios bauhausianos, para um bom design, quanto maior for a fidelidade do artefato àquilo que ele será atribuído, melhor.
Nesse sentido, é a partir das ideias gestaltianas que a Bauhaus traz uma revolução na arquitetura e no design. A Gestalt acabou tornando-se um subsídio teórico para essas áreas, uma vez que, como propôs Fraccaroli,
“A grande contribuição da Gestalt no campo da Estética seria fornecer argumentos de combate às teorias relativistas que sempre reinaram no tratamento do assunto. Temos que reconhecer que há algo na arte que transcende a um exclusivo gosto pessoal ou a um gosto na dependência de um momento histórico. Os aspectos culturais refletem-se nela, mas não constituem seu fundamento.” (FRACCAROLI, p. 33, 1952)
Um exemplo claro dessa transformação é a reformulação de objetos triviais, como as cadeiras. Na imagem a seguir, percebe-se a forte inclinação bauhausiana ao minimalismo, bem como a fidedignidade à função do objeto: não necessita-se de ornamentos e os materiais utilizados têm, sem exceção, fins práticos. Pautada na função, a produção também era privilegiada, uma vez que buscava esquematizar o processo e torná-lo o mais prático possível.