A PREGNÂNCIA GESTALTISTA E O DESIGN DE LOGOTIPOS


A Gestalt, ou Psicologia da Boa Forma, é considerada uma teoria que aborda aspectos psicológicos em conjunto com manifestações estéticas, onde é defendida a compreensão dos fenômenos como um todo ao invés de separá-los em interpretações isoladas. Dentre os diversos estudos dos Gestaltistas, pode ser vista a chamada “Pregnância”, tal qual é de extrema relevância para as produções visuais, e portanto é indispensável no que se refere ao Design de Logotipos, uma área bastante conhecida e presente no cotidiano da sociedade em geral.


Os chamados logotipos podem ser definidos como artefatos simbólicos que têm a função de representarem e servirem de identificação para marcas, empresas, produtos, instituições, etc. Tais produções podem conter apenas figuras abstratas, apenas linguagem tipográfica ou até mesmo ambas combinadas. Além disso, as cores e alguns conceitos gestaltistas como as leis do fechamento, da semelhança e da proximidade possuem suma importância no processo criativo de produzir logotipos. Todavia, considerando o papel social desempenhado pelo Designer, bem como a importância de universalizar o entendimento de suas produções gráficas ao maior número de indivíduos possível, a Pregnância torna-se indispensável nesse processo.


Quanto ao conceito de Pregnância, pode-se entender que quanto maior a pregnância de determinada obra, mais fácil e rápido será o seu entendimento, isto é, essa nada mais é do que a facilidade de compreensão da intenção a ser passada por meio de determinada composição visual. Assim como atesta o professor de Design João Gomes Filho:


“Uma boa pregnância pressupõe que a organização formal do objeto, no sentido psicológico, tenderá ser a melhor possível do ponto de vista estrutural”. (Gomes Filho, 2000, p.25).


Mesmo que haja uma certa percepção espontânea dos indivíduos acerca das produções gráficas através de padrões de organização em que as formas são submetidas (Assim como defende a Gestalt), não se pode descartar a influência de fatores de vivência pessoal que claramente podem distorcer a real interpretação objetivada pelo artista. Tais afirmações levam o profissional Designer a tentar minimizar ao máximo a possível geração de múltiplas interpretações nos seus trabalhos, e portanto, a executar técnicas que adequem suas ideias a padrões estéticos e culturais de maneira eficaz, ou seja, promovendo o entendimento generalizado das mesmas.


“A missão do artista seria, pois, criar obras que satisfizessem essa necessidade de boa estrutura figural”. (Fraccaroli, 1952, p.29).


Na obra literária “ABC da Bauhaus” ,uma pauta relevante é levantada:


“A linguagem é fundamentalmente social”. (Miller e Lupton, 1991, p.31)


Partindo desse pressuposto, torna-se importante que o Designer tome cuidado com possíveis produções gráficas que gerem estranhamento ou repulsa por parte do público, uma vez que com a presença de diversas influências culturais no pensamento coletivo de um povo, não se pode ignorar a atenção a situações indesejadas. Um exemplo claro dos argumentos supracitados, é o inadequado logotipo produzido para o Instituto de Estudos Orientais, onde a intenção a ser passada pelo profissional não foi efetivada, visto que os elementos formais fazem alusão a um objeto fálico, que acaba por ofuscar o real significado simbólico da instituição. Posteriormente, o logotipo citado foi submetido a um “Redesign” pela Designer Emanuele Abrate, que através da execução de padrões de organização formais atentos à proposta idealizada e também da atenção aos possíveis deslizes de interpretação, conseguiu produzir um artefato gráfico ideal.