Dept. Filosofia, UFRGS, 2019-II, Prof. Rogério Severo (rogerio.severo@ufrgs.br), HUM10169 Teoria do Conhecimento II; turma A: terças e quintas, 13:30-15:10, sala 109 do prédio das salas de aula; turma B: terças, 18:30-21:50, sala 120 do prédio IFCH-Letras
Esta disciplina oferece uma introdução à teoria do conhecimento contemporânea, por meio da apresentação e discussão de quatro temas básicos: análise, estrutura, fontes e limites do conhecimento. Algumas hipóteses atuais em psicologia cognitiva e biologia evolutiva serão também apresentadas. As leituras para cada tópico estão indicadas abaixo. À medida que o curso progredir, poderão ser feitas mudanças e ajustes. Serão feitas duas provas e aproximadamente dez exercícios curtos. Espera-se que os estudantes, ao final do semestre, tenham fluência discursiva (oral e escrita) sobre os temas abordados e possam situá-los criticamente no ambiente filosófico e cultural mais amplo.
Programa
Parte I. Análise do conhecimento
1ª semana (13 e 15/08): Introdução à teoria do conhecimento; tipos de conhecimento; análise clássica do conhecimento; contraexemplos de Gettier
Leituras obrigatórias: Platão, Teeteto [quem quiser, pode conferir as obras completas de Platão em inglês aqui]; Gettier, É a crença verdadeira justificada conhecimento? [original em inglês, aqui]; Luz, Conhecimento e justificação (Parte I)
Leitura complementar: Chapell, Plato on knowledge in the Theaetetus
Vídeo curto sobre a análise clássica do conhecimento
Vídeo curto sobre os contraexemplos de Gettier
Exercício 1 (para ser respondido em poucas linhas e entregue até o dia 20, por e-mail): Podemos dizer que sabemos ou conhecemos coisas de naturezas diferentes. Discutimos brevemente em sala de aula o conhecimento de fatos (saber que), habilidades (saber como) e de pessoas ou lugares ou coisas particulares (conhecer alguém ou algo). (i) Dê exemplos de cada um. (ii) Há algum outro tipo de coisa (diferente desses três tipos já mencionados) que também podemos conhecer? (Justifique sua resposta; uma frase basta.) (iii) Encontre e cite a passagem do diálogo Teeteto em que o conhecimento é caracterizado como crença verdadeira justificada (ou algo que se aproxime disso).
Trilha sonora para o sonho da epistemologia
Você sabe de que filme essa imagem foi obtida?
Trilha sonora para os contraexemplos de tipo Gettier: Tom Zé, Tô
Eu tô te explicando / Pra te confundir / Eu tô te confundindo / Prá te esclarecer / Tô iluminado / Pra poder cegar / Tô ficando cego / Pra poder guiar ...
2ª semana (20 e 22/08): Sobre os contraexemplos de tipo Gettier, e algumas reações
Contraexemplos anteriores a Gettier (ver Luz, p. 23 e 24 e Ishikawa & Steup, seção 3): relógio parado, alucinação auditiva de um sino, miragem no deserto, Sócrates correndo. [Esses casos não parecem tão fortes quanto os de Gettier, pois envolvem deficiências na situação cognitiva dos sujeitos de conhecimento.]
Contraexemplos de Gettier: (I) Smith tem uma crença verdadeira justificada de que a pessoa que será contratada tem dez moedas no bolso e (II) de que Jones tem um Ford ou Brown está em Barcelona.
Nos dois casos, a crença verdadeira justificada é inferida de uma crença falsa justificada.
Argumento para mostrar a insuficiência da análise clássica do conhecimento (ver Feldman, p. 28): (i) Crenças falsas podem estar bem justificadas. (ii) Se uma crença está bem justificada, implica (logicamente) uma outra crença e aceitamos essa implicação, então a segunda crença também está bem justificada [isso é conhecido como o "princípio do fechamento" para a justificação]. Logo, (iii) a análise clássica do conhecimento é insuficiente, pois, conforme mostram os contraexemplos de tipo Gettier, podemos inferir crenças verdadeiras justificadas de crenças falsas justificas, e nesses casos não temos conhecimento.
Algumas reações aos contraexemplos de Gettier (em ordem não cronológica):
a) Os contraexemplos não são legítimos (ver Almeder, 1984) [rejeição de (i)]: os contraexemplos não são legítimos, pois não são casos de crença verdadeira justificada. Uma justificação tem de ser suficientemente forte para implicar a verdade da crença justificada. Isso não ocorre nos contraexemplos de tipo Gettier. Esses seriam casos em que alguém tem uma justificação suficiente, mas aquilo em que acredita é falso. Segundo Almeder, a justificação, para seradequada, tem de implicar a verdade daquilo em que se crê. Crenças falsas não têm como ser justificadas. Se admitimos a possibilidade de justificações de crenças falsas, então não temos um critério independente para saber se uma crença é verdadeira ou falsa. O único meio que temos para saber se uma crença é verdadeira é averiguar se ela está completamente justificada.
Problema para esta concepção: restrição excessiva do domínio do conhecimento. Crenças justificadas indutivamente não seriam conhecimento, pois a inferência indutiva não implica a verdade da conclusão. Algumas crenças justificadas com base em memórias e testemunhos também não seriam conhecimentos.
b) Crença verdadeira justificada não baseada (isto é, não justificada com base) em falsidades (ver Clark, 1963): os contraexemplos são legítimos e mostram que a análise clássica do conhecimento é insuficiente, mas pode ser corrigida pelo acréscimo de uma quarta cláusula: o lema da não falsidade (o CVJ não é inferida de falsidades). Isso evita os contraexemplos de Gettier.
Problema: há contraexemplos para essa concepção. Se um sujeito está passeando no interior e vê o que parecem celeiros, pode ser levado a formar diversas crenças a respeito desses celeiros. Ocorre que dos, digamos, dez celeiros que viu, apenas um é efetivamente um celeiro. Os demais são montagens para um filme (apenas fachadas de celeiros). Nesse caso, em uma das dez vezes em que essa pessoa viu um celeiro, ela formou uma crença verdadeira justificada do tipo "ali está um celeiro". Nas outras nove vezes a sua crença era falsa, embora também estivesse justificada (pelo que ela viu). Como foi apenas por acaso que em uma das vezes ela formou uma crença verdadeira, essa crença verdadeira justificada não pode ser considerada conhecimento, pois não há nenhuma diferença entre a justificação que ela ofereceu para essa crença e a justificação que ofereceu para as outras, que eram falsas (esse contraexemplo é de Goldman 1976).
c) Crença verdadeira justificada não derrotada (Lehrer 1969): a justificação que o sujeito tem para crer seria derrotada (ou anulada) caso ela soubesse de algo mais. Isso evita os contraexemplos de tipo Gettier. Mas há o problema de que em princípio sempre pode haver alguma outra informação que poderia anular a justificação que alguém tem num caso particular. Por exemplo (trecho a seguir extraído do cap. 7 um livro de Cláudio Costa, disponível aqui), "Suponhamos que Mário creia na verdade da proposição p, segundo a qual a sua esposa se encontra no trabalho. Sua crença em p é justificada pela proposição evidencial e, segundo a qual é horário de trabalho e hoje é dia útil. Mas ele não está a par da evidência expressa por r, ou seja, do fato de que ela havia marcado uma consulta com o médico para hoje e nesse exato horário. Se Mário soubesse disso, ele concluiria obviamente que ela não se encontra no trabalho. Assim, vemos que r destrói a sua justificação. No entanto, ele também não está a par da verdade t, segundo a qual a sua esposa recebeu esta manhã um telefonema do médico adiando a consulta. Com isso ficamos outra vez inclinados a dizer que Mário sabe que p, e isso acontece porque t restaura a validade da justificação de p por e, que fora destruída por r."
d) Crença verdadeira justificada sensível à falsidade (ver Nozick, 1981). Conhecimento é crença verdadeira justificada tal que se a crença fosse falsa, o sujeito que tem essa crença não a teria (isto, é sua crença tem de rastrear a verdade). Nos contraexemplos de Gettier, a crença de Smith não é sensível à verdade ou falsidade da crença. Se ele não tivesse dez moedas no bolso, continuaria acreditando que a pessoa que será contratada tem dez moedas no bolso. Isto é, mesmo que sua crença fosse falsa, ele continuaria acreditando nela. Em razão disso, segundo Nozick, não podemos atribuir a ele conhecimento nesse caso. O mesmo vale para o caso dos celeiros, se não houvesse um celeiro ali, mas apenas uma fachada, a pessoa continuaria acreditando ter visto um celeiro. Sua crença, também nesse caso, não é sensível à falsidade. Mas pode haver exceções aqui. Pode ser que o celeiro que essa pessoa viu está num local em que não é possível instalar uma fachada sem que isso seja notado (há um prédio espelhado ao lado, digamos). Nesse caso, a crença parece rastrear a verdade e o sujeito deixaria tê-la se não houvesse ali um celeiro.
Problema das "conjunções abomináveis" (DeRose, 1995): sei que tenho duas mãos (pois posso percebê-las), mas não sei que não sou vítima de um gênio maligno de tipo cartesiano que me faz acreditar falsamente que tenho duas mãos. Casos desse tipo, envolvendo dúvidas céticas, não são evitáveis apenas pelo critério da sensibilidade à falsidade. Eu continuaria acreditando na crença se ela fosse falsa.
e) Crença verdadeira justificada segura (Sosa 1999). Em todos os mundos possíveis próximos em que o sujeito tem essa crença, a crença é verdadeira.
f) Crença para a qual se tem indícios contextualmente suficientes da sua verdade (Costa 2010): Problema: algumas crenças falsas podem ser ditas conhecimento.
Leituras: Pollock, O problema de Gettier; Seção 1.2 de Steup, Epistemologia [original em inglês aqui]; Luz, Conhecimento e justificação (Parte I); Ishikawa & Steup, The analysis of knowledge;
Leituras complementares (usadas na elaboração destas aulas): Feldman, Epistemology (cap. 3); Almeder, The invalidity of Gettier-type counterexamples (Philosophia, 13 (1984): 67-74); Clark, Knowldge and grounds (Analysis, 24.2 (1963): 46-48); Lehrer, Knowledge, truth and evidence (Analysis, 25.5 (1965): 168-175); Lehrer, Knowledge: undefeated justified true belief (Journal of Philosophy 66.8 (1969): 225-237); Nozick, Philosophical explanations; Costa, A perspectival definition of knowledge (Ratio 23 (2010): 151-167); Costa, Filosofia contemporânea, cap 7.
Exercício 2 (para ser entregue no dia 22, por e-mail): elabore um novo contraexemplo de tipo Gettier (isto é, uma situação em que alguém tem uma crença verdadeira justificada mas não tem conhecimento).
Trilha sonora para as defesas heroicas da análise tradicional do conhecimento.
3ª semana (27 e 29/08): Concepções externalistas do conhecimento
d) Teoria causal do conhecimento (ver Goldman, 1967): conhecimento é crença verdadeira causalmente conectada ao fato que a torna verdadeira. Exemplos de conexão causal adequada: percepção, memória, algumas inferências indutivas, alguns testemunhos. Contraexemplo: percepção de um celeiro (real) num contexto onde há muitos celeiros falsos (fachadas de celeiros apenas). Nesse caso, existe a conexão causal adequada, isto é, o celeiro real efetivamente foi percebido e isso produziu no sujeito uma crença verdadeira, mas essa crença parece aleatória e não um caso de conhecimento.
e) Teorias confiabilistas do conhecimento (ver Goldman, 1976): conhecimento é crença verdeira produzida por processos confiáveis. A justificação para a crença é o processo confiável pelo qual a crença foi produzida. O sujeito da crença nem sempre tem ciência desse processo. Pode-se, portanto, esta justificado em se ter uma crença verdadeira, sem se ter uma justificação para acreditar que se está justificado. Pode-se saber sem saber que se sabe.
Problemas: 1. Se alguém compra um bilhete da loteria, então podemos confiavelmente formar a crença verdadeira de que ele não ganhará nada. No entanto, em geral não dizemos que em casos desse tipo sabemos que essa pessoa não será sorteada. 2. (Problema da generalidade) A análise confiabilista deixa em aberto o domínio de aplicação do processo confiável. Um mesmo tipo de processo (por exemplo, a percepção visual) pode não ser confiável no contexto em que há um celeiro real em meio a diversos celeiros falsos. Mas esses mesmos processos de percepção visual são confiáveis (produzem mais crenças verdadeiras do que falsas) em contextos mais amplos. E se estivermos restritos ao contexto da percepção de um único celeiro (mesmo que situado numa região de celeiros falsos), então novamente o processo de formação de crenças é confiável. Desse modo, parece que os mesmos processos podem ser ditos confiáveis e não confiáveis, dependendo do seu escopo de aplicação.
Leituras obrigatória: Goldman (1979), "O que é a crença justificada?"
Leituras complementares recomendadas: Luz (2005), "Justificação, confiabilismo e virtude intelectual"; Goldman (1967), "A causal theory of knowing"; Goldman (1976), "Discrimination and perceptual knowledge"; Goldman & Beddor, Reliabilist epistemology; Greco & Turri, Epistemologia da virtude [original em inglês aqui, versão mais atualizada aqui]
Exercício 3: (para ser entregue até o dia 30, por e-mail) Explique o que significam "internalismo" e "externalismo" em epistemologia, e por que a concepção confiabilista do conhecimento defendida por Goldman é considerada externalista. (Recomenda-se a leitura da parte introdutória do artigo de Luz (2005) ou o capítulo 6 do livro desse mesmo autor (2013).)
4ª semana (03 e 05/09) Conhecimento primeiro, epistemologia da virtude e epistemologia naturalizada
Leituras: Luz, Conhecimento e justificação (Parte III)
Leituras recomendadas: Linda Zagzebski, "The inescapability of Gettier problems" (Philosophical Quarterly, 44.174 (1994): 65-73); ; Quine, "Naturalism; or, living within one's means" (Dialectica 49 (1995): 251-261).
Exercício 4: (Para ser entregue até segunda-feira, dia 09/09.) Liste no mínimo seis virtudes epistêmicas, e descreva cada uma brevemente (uma frase para cada uma basta).
Parte II. Fontes do conhecimento
5ª semana (10 e 12/09): Evolução ds capacidades cognitivas humanas; evolução da percepção; vieses perceptuais
Leituras obrigatórias: E. O. Wilson, A conquista social da terra (disponível aqui; ler os capítulos 7, 10 e 11); M. Tomasello, A hipótese da intencionalidade compartilhada
Leituras recomendadas: J. Prinz, The conscious brain (disponível aqui)
Vídeos sobre atenção seletiva (Simons Lab)
Vídeo sobre o experimento de Asch (viés conformacional)
Vídeo sobre o efeito McGurk
6ª semana (17 e 19/09): Inferências (reflexivas e intuitivas), vieses cognitivos, heurística
Leitura obrigatória: Kahnemann, Pensar: rápido e devagar (ler a parte 1, disponível aqui)
Exercício 5: Assista os vídeos postados acima (para a 5ª semana de aula) sobre atenção seletiva, experimento de Asch e efeito McGurk e explique por que os fenômenos neles apresentados indicam que nossa percepção não é um mero registro da realidade externa à mente, mas um produto de uma interação entre o tipo de mente que temos e o ambiente em que vivemos. Exercício de no máximo uma página. Para ser enviado por e-mail até o dia 20/09.
7ª semana (24 e 26/09): História e soluções da epistemologia da virtude (aula ministrada por Vinícius Rodrigues no dia 24/09)
Leitura obrigatória: Kátia Etcheverry, "Conhecimento como manifestação da competência do agente epistêmico"
Leituras recomendadas: Ernest Sosa, "The raft and the pyramid" (1980); Heather Battaly, Virtue epistemology (2008); Jason Baehr, The inquiring mind (2010); John Grecco, Achieving knowledge (2010)
Exercício 6: Leia a Parte 1 do livro de Kahneman, Rápido e devagar, e apresente três exemplos de vieses cognitivos discutidos por ele nessa parte do livro. Antes de apresentar os exemplos escolhidos por você, explique brevemente o que é um viés cognitivo. Este exercício deve ser entregue até sexta-feira (dia 4, por e-mail) e não deve ultrapassar uma página digitada em extensão.
8ª semana (01 e 03/10): Primeiro trabalho, para ser entregue por e-mail até terça-feira (dia 08/10).
1. Apresente razões favoráveis e contrárias à cada uma das seguintes análises do conhecimento: (a) Crença verdadeira justificada (análise clássica); (b) Crença verdadeira justificada de modo completo (Almeder); (c) Crença verdadeira justificada não baseada em falsidades (Clark); (d) Crença verdadeira justificada não derrodata (Lehrer).
2. Em que a análise confiabilista do conhecimento (devida a Goldman) difere das análises acima? Indique razões favoráveis e contrárias a esta análise.
3. O estudo das chamadas fontes do conhecimento (percepção, memória, inferência e testemunho) por psicólogos cognitivos nas últimas décadas tem revelado que tendemos a cometer erros sistemáticos em circunstâncias particulares de percepção, memória, inferência e testemunho. Apresente um vies cognitivo para cada uma dessas fontes do conhecimento e discuta como cada um deles pode ter evoluído em nosso passado biológico.
9ª semana (08 e 10/10): Testemunho e conhecimento coletivo
Leituras: Müller, "Conhecimento testemunhal - a visão não reducionista"; Cruz & Müller, "Testemunho e boatos"; Müller & Souza, "Fake news: um problema midiático multifacetado"
Leituras complementares: Coady (2006), "Pathologies of testimony"; Müller, "Conhecimento de grupo"
Exercício 7, para ser entregue até o dia 15/10, terça-feira: Explique a diferença entre mentiras, boatos, fofocas, lendas urbanas e fake news. Dê exemplos reais de cada um.
Parte III. Limites do conhecimento
10ª semana (15 e 17/10): ceticismo antigo e moderno
Leituras (para esta semana e as próximas): Sexto empírico, "Hipotiposes pirrônicas"; Montaigne, "Dos canibais"; Descartes, "Primeira Meditação"; Oswaldo Porchat, "Prefácio a uma filosofia"
11ª semana (22 e 24/10): Salão UFRGS 2019; não haverá aulas
12ª semana (29 e 31/10): ceticismo e visão comum do mundo
Exercício 8, para ser entregue até terça-feira, dia 05/11: o texto "Prefácio a uma filosofia", de Oswaldo Porchat, está dividido em quatro partes. Resuma em quatro frases o que o autor quis mostrar (ou defender ou relatar) em cada uma dessas quatro partes (uma frase para cada parte do texto).
13ª semana (05 e 07/11): algumas reações e objeções aos argumentos céticos
Leituras: Russell (1912), Capítulo 2 de Os problemas da filosofia; Moore (1939), "Prova de um mundo exterior"; Carnap (1950), "Empirismo, semântica e ontologia"; Austin (1965), "Outras mentes"
Leituras complementares: Grice, "Lógica e conversação", Marques Segundo, "Reações ao ceticismo radical"; Hadot, Filosofia como maneira e viver e Exercícios espirituais e filosofia antiga
Exercício 9, para ser entregue até o dia 12/11,: Na página 115 de "Empirismo, semântica e ontologia", Carnap distingue entre "questões internas" e "questões externas". Explique essa distinção e indique como ela pode ser usada numa crítica à dúvidas céticas radicais (sobre a realidade do mundo exterior, por exemplo).
14ª semana (12 e 14/11): novas objeções e reações; ceticismo e conhecimento científico
Leituras: Putnam (1981), "Cérebros numa cuba"; Chalmers (2005), "A matrix enquanto hipótese metafísica"; Porchat (2016), "Meu ceticismo"
Leituras complementares: Putnam (1975), "O significado de 'significado'"; Putnam (2013), "O desenvolvimento do externalismo semântico"
Exercício 10, para ser entregue até o dia 19/11, terça-feira: Em "A matrix enquanto hipótese metafísica", Chalmers trata a hipótese de que estamos vivendo numa matrix como uma hipótese metafísica. Explique qual a diferença entre uma hipótese metafísica e uma hipótese cética.
15ª semana (19 e 21/11): Segundo trabalho, para ser feito em casa [não haverá aula nesta semana -- os que quiserem falar comigo sobre os trabalhos podem me escrever (rogerio.severo@ufrgs.br) ou me procurar em minha sala (206, prédio da direção do IFCH, segundo andar)]: Responda as seguintes questões: 1. Quais vieses cognitivos parecem estar influenciando a propagação rápida de fake news e boatos nas redes sociais? (Explique e dê exemplos de alguns desses vieses, usando o material do livro de Kahneman, Rápido e devagar.) 2. Como você sabe que não está agora sonhando? 3. Em "Meu ceticismo", Porchat apresenta os conceitos pirrônicos de retenção do juízo, logos cético e fenômeno. Explique o que cada um quer dizer e por que o ceticismo "não pode ser uma teoria" (p. 22). E se não é uma teoria, o que é?
16. (26/11): Prazo final para a entrega (por e-mail) do segundo trabalho.
17. (03/12): Devolução dos trabalhos
18. (10/12): Recuperação
19. (19/12): Conceitos finais
Bibliografia e vídeos indicados:
Almeder, The invalidity of Gettier-type counterexamples
Ariely, D.[vídeo] Temos controle sobre nossas decisões?
_____. Previsivelmente irracional [em português e inglês, no Library Genesis]
Austin, J. "Outras mentes"
Bassler, [vídeo] Como as bactérias se comunicam
Carnap, Empirismo, semântica e ontologia
Cavell, S. Triangulação: a natureza social do pensamento
Chalmers, D. "A matrix enquanto hipótese metafísica"
Chakravartty, A. Realismo científico
Chapell, S. Plato on knowledge in the Theaetetus
Costa, C. A perspectival definition of knowledge
_____. Filosofia contemporânea (cap. 7)
DeRose, K. “Solving the Skeptical Problem”, The Philosophical Review, 104.1(1995): 1–52.
Descartes, R. Meditações
Feldman, Epistemology
Fumerton, R. Epistemologia
Gettier, E. É a crença verdadeira justificada conhecimento? [em inglês, aqui]
Gibson, J. The ecological approach to visual perception [no Library Genesis]
Goldman, A. A causal theory of knowing
_____. O que é a crença justificada? [em inglês, aqui]
_____. “Discrimination and Perceptual Knowledge”, The Journal of Philosophy, 73(20): 771–791.
Goldman & Beddor, Reliabilist epistemology
Greco & Turri, Epistemologia da virtude [em inglês, aqui]
Haidt, J. The righteous mind [no Library Genesis]
_____.[vídeo] As raízes morais de liberais e conservadores
Hanczyc, [vídeo] A linha entre vida e não vida
Harman, G. Change in view
Hylton, P. Analiticidade e holismo no pensamento de Quine [em inglês, aqui]
Ichikawa & Steup, The analysis of knowledge
Kahneman, Rápido e devagar: duas formas de pensar [em português e inglês no Library Genesis]
_____, [vídeo] Thinking fast and slow
Luz, A. Conhecimento e justificação
_____. "Justificação, confiabilismo e virtude intelectual"
Mancuso, [vídeo] A raíz da inteligência das plantas
Moore, G. "Prova de um mundo exterior"
Moreira, O testemunho como fonte de justificação
Müller, F. "Conhecimento testemunhal - a visão não reducionista"
Müller, F. & Etcheverry, K. (orgs.), Ensaios sobre a epistemologia do testemunho
Müller, F. & Rodrigues, T. (orgs.), Epistemologia social
Nagel, J. (vídeo), Introduction to the theory of knowledge (wireless philosophy)
Olsson, "Coherentist theories of epistemic justification"
Pappas, "Internalist vs. extenalist conceptions of epistemic justification"
Platão, Teeteto
Porchat, O. "A filosofia e a visão comum do mundo", "O conflito das filosofias", "Sobre o que aparece", "Ainda é preciso ser cético", "Meu ceticismo"
Putnam, H. "O caso dos cérebros numa cuba"
Quine, W. "Epistemologia naturalizada"
Rolla, G. Conceitos de conhecimento no debate contemporâneo: internalismo e externalismo
_____. Epistemologia: uma introdução elementar
Russell, B. Os problemas da filosofia
Schwartz, The paradox of choice [vídeo com legendas aqui]
Steup, Epistemologia [em inglês, aqui]
Tomasello, M. [vídeos] Evolução e cultura num contexto evolutivo ; What makes humans unique?; Origins of human cooperation
_____. A natural history of human thinking [disponível no Library Genesis)
_____. Origens culturais da aquisição do conhecimento humano [em inglês, no Library Genesis]
_____. A intencionalidade compartilhada
Waal, F. Comportamento moral em animais
Williamson, T. Knowledge and its limits [disponível no Library Genesys]; tradução da Introdução disponível aqui.