ARTIGO

“Mudança climática é mais grave que a pandemia e mais grave que as guerras”, diz professor da USP

por Tamyres Sbrile | 15.06.2022

Essa é a fala do biólogo Marcos Buckeridge sobre a mudança climática. Fala que se destacou durante a palestra que ele deu para os alunos do curso da Oboré. A conversa rolou no último sábado, 11, na câmara municipal de São Paulo. O professor, que possui diversos artigos publicados internacionalmente, demonstrou a preocupação com o cenário atual do meio ambiente.

A mudança climática é um processo lento e contínuo, resultado das ações irresponsáveis dos seres humanos. Desde 1800 a principal atividade que agiliza esse processo é a queima de combustíveis fosseis como carvão, petróleo e gás, segundo a ONU (Organização das Ações Unidas).

O crescimento exponencial da mudança climática assusta. Os países que fazem parte do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) haviam acordado que não deveríamos deixar que a temperatura do planeta ultrapassasse 1,5 °C. Porém, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), os dados atuais mostram que devemos atingir cerca d 3,2 °C até o final do século.

O professor ressaltou a importância de medidas preventivas que comecem já, hoje, para que dê tempo de mudarmos o cenário. “Não podemos pensar em anos, devemos pensar em décadas. Nós podemos não estar aqui, mas outras pessoas estarão”, enfatizou.

Marcos Buckeridge durante o bate-papo (Foto: Tamyres Sbrile)

A cidade de São Paulo, por exemplo, está 3C° acima do da média mundial, o que a põe em estado de alerta. Enquanto medidas não forem tomadas, governantes responsabilizados pela falta de ações, os cidadãos não sentirão apenas mais calor com a mudança climática, mas os níveis do mar continuarão subindo, a seca se alastrando para muitas regiões.

“Deveria existir uma escola de política, desculpa, mas é minha opinião. Só assim teríamos pessoas preparadas para governar e criar uma agenda de ações ao longo dos quatro anos de mandato”, exclamou o professor.

Outros exemplos da mudança climática que passa despercebida, e que precisa de atenção é a criação de gado nas florestas Amazônicas. O processo digestivo do animal produz gás metano (CH4), que corrobora para a formação do ozônio no solo, que é um poluente muito perigoso para o ar e gás do efeito estufa.

Além disso, a agricultura também é responsável pela mudança climática. O plantio de alguns alimentos, como o arroz em casca – técnica que inunda os campos e assim, evitam que o oxigênio penetre no solo, criando bactérias emissoras de metano -, desmatamento de florestas para a criação de gado, uso de 70% da água doce para a irrigação, os fertilizantes e defensivos agrícolas que fazem mal ao solo e descarte irregular no solo.

Os lixões e aterros sanitários também contribuem para a emissão do metano. A mistureba de comida, plástico, líquidos e tudo aquilo que jogamos no lixo, soltam substâncias que ao ficarem sem oxigênio, facilitam a ação de bactérias que produzem o metano.

O que fazer para mudar

Por mais clichê que pareça, ações básicas como evitar o consumo de carne – tente pelo menos um dia da semana - utilizar produtos de madeira ao invés dos de plástico, pegar transporte público, plantar árvores (algumas demoram cerca de 25 anos para chegarem à maturidade), exigir posicionamento dos governantes, economizar água, preferir energia solar à energia elétrica, reduzir, reutilizar, reciclar e o mais importante deles; não votar no Bolsonaro.

(Foto: Reprodução/ Site ONU)

Quem está lutando pela mudança

(Foto: Reprodução/ Internet)

A sueca Greta Thumberg ganhou popularidade em 2018, quando faltava das aulas para ir até o prédio do parlamento sueco com cartazes pedindo medidas de intervenção. O que começou com um singelo pedaço de papel, levou à ativista para o mundo. Hoje, ela é conhecida pelo movimento “Fridays for Future” e já palestrou em eventos como “Extinction Rebellion”, “TEDxStockholm” e o mais importante deles, COP24 (Conferência das Nações Unidas pelas Mudanças Climáticas).

A brasileira Laila Zaid é ativista socioambiental, atriz e autora. Ela produz conteúdo no Instagram sobre diversas temáticas que englobam o meio ambiente. Dando dicas de hábitos mais sustentáveis, mostrando pesquisas, informações sobre o cenário atual e muito mais. De forma bem-humorada, a carioca tenta conscientizar seus seguidores sobre a importância da mudança.

(Foto: Reprodução/ Internet)

A organização não governamental, Green Peace, que surgiu em 1971 e hoje está espalhado por mais de 55 países, também está à frente de ações conscientizadoras. Com campanhas como “Proteja a Amazônia”, ”Marco temporal não!” e “Rodrigo Pacheco: de que lado você está?”, a organização que está no Brasil há 30 anos, pressiona as autoridades para medidas preventivas rápidas.