MEIO AMBIENTE

Jornalista bate papo com estudantes de comunicação sobre o lixo de São Paulo

por Tamyres Sbrile | 07.06.2022

No último sábado, os alunos do curso “Descobrir São Paulo, Descobrir-se repórter”, realizado pela Oboré, tiveram um encontro com o jornalista, professor e publisher, Sérgio Pinto de Almeida. O bate-papo ocorreu na câmara municipal de São Paulo, mais especificamente na sala Tiradentes.

Sérgio trabalhou por mais de 10 anos como assessor de imprensa de empresas responsáveis pelo lixo da capital. Implantou inúmeros projetos e ações de conscientização durante esse tempo, incluindo desenhos e grafite.

Durante mais de três horas, o jornalista conversou sobre as pautas que vivenciou durante esses anos, levantando questionamentos e reflexões aos alunos presentes. Questionamentos esquecidos que deveriam fazer parte das conversas e ações de segurança pública e da prefeitura de São Paulo.

Será que os poderes públicos se preocupam com a segurança dos lixeiros? Se perguntam se calçado que ele usa é o ideal para essa atividade? Se a corda presa ao caminhão está posicionada de forma correta, para que ele consiga segurar? Os varredores de rua são bem renumerados? As roupas desses profissionais são adequadas?

Essas foram algumas das perguntas levantadas durante a conversa e que causaram grande reflexão entre os jovens. Muitos nunca haviam parado para refletir sobre isso, como foi o caso de Beatriz Quintas. Estudante de 6° período de jornalismo na Complexo Educacional FMU | FIAM-FAAM, ela ficou surpresa com as reflexões trazidas no debate. “O que mais chamou minha atenção foi a constatação de um certo despreparo da fiscalização sobre limpeza urbana. Acredito que quanto mais informações temos, melhor podemos lidar com as problemáticas e buscar alternativas. No entanto, não é esse o caso”, falou.

Já em relação aos funcionários públicos, Bia falou que só pensou sobre a segurança deles, quando assuntos saem na mídia culpabilizando essas pessoas de alguma forma. “Foi num desses casos que me questionei sobre a segurança desses profissionais. Acredito que isso contribua para que não exista uma reflexão no dia a dia”.

Pandemia

A pandemia do covid19 proporcionou mudanças na vida de muita gente, sobretudo, nos hábitos. Essa mudança refletiu diretamente na maneira de consumir e descartar. Entre os meses de março de 2020 e março de 2021, os resíduos da coleta seletiva aumentaram 12,4% segundo o UOL.

Outra mudança durante a pandemia foram os 11 novos Ecopontos espalhados pela cidade. Somando 120 ao todo, esses locais recolhem entulhos (até 1m³), podas de árvore, móveis, materiais recicláveis e até mesmo gesso.

Mesmo sendo de extrema importância, a prefeitura ainda não disponibiliza a coleta de produtos eletrônicos, como celulares e computadores. Segundo a ONU (Organizações das Nações Unidas), são produzidos anualmente mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico. A cidade de São Paulo disponibilizou em 2021 alguns pontos de coleta em metrôs, mas que duraram apenas um mês.

Empresas responsáveis

Atualmente seis empresas fazem o controle do lixo em São Paulo. Divididas por sessões e regiões, cada uma é responsável por um tipo de limpeza, como os lixeiros, varredores de rua, varredores das praças, coletas seletivas etc. Ao todo 3,2 mil pessoas trabalham diariamente para limpar a cidade, usando mais de 500 veículos nesse processo. Somente a praça da Sé é limpa em três horários distintos: cedo, à tarde e à noite.

A Ecourbis e Loga são as empresas responsáveis por coletar os resíduos domiciliares das regiões Leste e Sul e leva-los até o aterro Central de Tratamento de Resíduos Leste (CTL), que fica na Estrada do Sapopemba.

Ainda segundo o site oficial da prefeitura, ela só é responsável pelo recolhimento de alguns tipos de lixo, como o lixo domiciliar, hospitalar, comercial e público.

(Foto: Tamyres Sbrile)