Vamos imaginar que Lúcio é professor de Matemática, há 21 anos. Sempre atuou na perspectiva tradicional do ensino, em que ele dá o conteúdo, e o aluno reproduz. Sua avaliação da aprendizagem está relacionada à nota que o aluno tira na prova, momento em que deve demonstrar se sabe, ou não, aplicar os conceitos para resolver as questões propostas. Agora, vamos imaginar que você ocupa a função de Coordenadora Pedagógica da escola, tem recebido muitas reclamações de pais e alunos do 6º ano do Fundamental II, no sentido de que as aulas do professor são muito difíceis, e que os alunos não têm conseguido acompanhar o raciocínio do docente.
Como coordenadora, você chamou o professor para conversar, explicou a situação e pediu para ver seus planejamentos. Você identificou, no planejamento, que o professor inseriu conteúdos que são vistos apenas na 2ª série do Ensino Médio. O professor disse que seu intuito é preparar melhor os alunos para que cheguem ao Ensino Médio com mais domínio de conteúdo, e que os alunos do 6º ano fazem parte de uma geração de preguiçosos que não querem se esforçar para aprender. Segundo o professor, eles têm total capacidade para aprender os conteúdos e não o fazem porque não querem.
Com base em suas leituras e aprendizagens propostas nesta unidade, construa um plano orientativo ao professor, evidenciando porque os alunos do 6º ano, neste momento, não têm condições de se apropriar do conhecimento da mesma forma que os alunos da 2ª série do Ensino Médio, motivo pelo qual o professor deve cessar a prática de inserir tais conteúdos nas aulas dessas turmas.
Para responder esta questão, lembre-se de que o ciclo de aprendizagem deve acompanhar o ciclo de desenvolvimento do aluno. Logo, um aluno de 6º ano não terá, ainda, habilidades cognitiva e emocional construídas pela oferta de conteúdos e saberes prévios que um aluno do Ensino Médio já desenvolveu. Neste plano orientativo, você pode utilizar referenciais sobre desenvolvimento humano no que tange a maturação biológica para o desenvolvimento cognitivo de crianças de 9 a 12 anos, em relação aos adolescentes de 15 a 16 anos por exemplo. O intuito é que você evidencie para o professor os aspectos emocionais, biológicos e sociais que têm relação direta com o processo de aprendizagem.