Pesquisadores debatem crise do jornalismo e desinformação no 21° SBPJor


A mesa de debate foi composta pelos professores Ana Regina Rêgo e Marcelo Träsel

Por Diogo Albuquerque

A Faculdade de Comunicação recebeu os professores Ana Regina Rêgo e Marcelo Träsel para debater o futuro do jornalismo, crise epistêmica e desinformação. O ex-presidente da SBPJor e doutor em jornalismo Elias Machado abriu a mesa de debate tecendo críticas ao modelo de prática de ensino superior, que, segundo ele, reproduz padrões de mercado, afasta estudantes de baixa renda e apresenta teorias que idealizam a prática jornalística.


Para Ana Regina Rêgo, doutora em processos comunicacionais pela Universidade Metodista de São Paulo (UMSP), a apropriação das possibilidades mercadológicas por grupos seletos com valores tradicionais é um dos principais motivos pelas crises que o jornalismo enfrenta. “Essa apropriação visa a criação e circulação de narrativas que tenham potência para viralizar, muitas com desinformação e com ódio”, afirmou Ana Regina.

Professora Ana Regina durante a mesa de debates

Profressora Ana Regina durante mesa de debates

A professora pontuou que o jornalismo enquanto prática social passa por um momento de suspeita e de desconfiança. Essa suspeição se reverbera em crítica e tem origens diversas. Uma delas, de acordo com Ana Regina Rêgo, é a força da manifestação de sujeitos historicamente silenciados. Outra origem é o embate ao conhecimento do norte eurocêntrico. “Esse conhecimento se espalhou pelo sul e se faz imperativo”, reforçou.

Em relação à desinformação, Ana Regina lembrou que o jornalismo precisa fazer esforços para superar os desafios que esse fenômeno proporciona. Ela argumentou que não basta apenas que a desinformação seja denunciada a todo momento. Por mais que haja um empenho em recuperar os danos causados pela desinformação, a professora afirmou que não é possível recuperar o todo.

O professor doutor em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Marcelo Träsel também apresentou desafios que a desordem informacional colocam para a pesquisa em jornalismo. O primeiro é incorporar a psicologia contemporânea à teoria do jornalismo. “Pelo menos do ponto de vista da prática profissional, nós ainda atuamos muito como se a teoria hipodérmica da comunicação não tivesse sido desacreditada há muitas décadas atrás”, frisou.

Professor Marcelo Träsel