RINCOSSAUROS (Rhynchosauria)
Os ‘papagaios’ do Triássico
O grupo dos rincossauros é um dos principais componentes da fauna do Triássico não apenas no estado do Rio Grande do Sul, onde compõe mais de 90% dos fósseis registrados em certos afloramentos, mas no mundo todo (Américas do Sul e do Norte, África, Índia e Europa). Até o presente momento só não foram encontrados registros deste grupo na Oceania e na Antártica. Os rincossauros costumam ser separados em três grupos do mais primitivo (Eotriássico) ao mais derivado (Neotriássico). Os exemplares mais primitivos tendem a registrar formas pequenas, sem especialização no crânio e nem na dentição; as formas mais derivadas, no entanto, exibem crânios mais largos do que longos e apenas um sulco maxilar e uma crista mandibular. As formas intermediárias, diferentemente das do Neotriássico e Eotriássico, possuíam dois sulcos no maxilar e duas cristas no dentário.
Os rincossauros se tornaram bastante especializados quanto ao seu aparato bucal, que apresentava um complexo mecanismo de processamento do alimento. Provavelmente, alimentavam-se de sementes, de estruturas reprodutivas de gimnospermas ou ainda de raízes e caules intumescidos enterrados no solo. Ambas as espécies possuíam porte médio (até cerca de 2 m, na fase adulta) e provavelmente apresentavam um olfato bem acurado.
A título de curiosidade, um rincossauro, Scaphonyx fischeri, foi o primeiro vertebrado descrito para o Mesozoico brasileiro e o primeiro tetrápode descrito na América do Sul. Scaphonyx fischeri é amplamente utilizado para se referir aos rincossauros brasileiros. No entanto, por não possuírem características que os permitam diferenciá-lo, este nome é considerado como nomen dubium, ou seja, de atribuição duvidosa. O “bico” que caracteriza o grupo, apesar da aparência não se trata de um bico propriamente dito, como o das aves, mas sim, uma projeção dos ossos pré-maxilares. É possível que estivesse coberta de uma cobertura córnea como nas tartarugas e aves, mas poucos são os estudos neste sentido.
VER:
Referências:
Da-Rosa, Á.A.S. (2009) Vertebrados fósseis de Santa Maria e região, 480 p.
Sales, M. A. F., 2013. Paleobiologia sensorial do rincossauro sul-rio-grandense Teyumbaita sulcognathus (Azevedo e Schultz, 1987). Programa de Pós-graduação em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dissertação de Mestrado. 104p..
Schultz, C. L., 2009. Rincossauros – os herbívoros que dominaram o mundo no Triássico. In: Vertebrados fósseis de Santa Maria e região, Cap. 10, Ed. Pallotti, 480p.