A etiologia do TDAH não é completamente compreendida, mas acredita-se que seja multifatorial, envolvendo fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. Contribuições genéticas desempenham um papel significativo, e desequilíbrios nos neurotransmissores, especialmente dopamina e noradrenalina, são observados em pessoas com TDAH.
O TDAH é caracterizado por padrões persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que interferem no funcionamento social, acadêmico ou profissional. O DSM-5 categoriza o TDAH em três subtipos principais:
TDAH Predominantemente Desatento:
Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou brincadeiras.
Falhas frequentes em seguir instruções ou completar tarefas.
Esquecimento de atividades diárias.
TDAH Predominantemente Hiperativo-Impulsivo:
Inquietude motora e impulsividade excessiva.
Dificuldade em esperar a vez e interromper constantemente os outros.
Tendência a agir sem pensar nas consequências.
TDAH Combinado:
Exibição de sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade-impulsividade.
O TDAH pode causar prejuízos significativos em várias áreas da vida:
Âmbito Acadêmico:
Dificuldade no desempenho escolar devido à falta de atenção e impulsividade.
Problemas com organização e conclusão de tarefas.
Relacionamentos Sociais:
-Dificuldades em manter amizades devido a comportamentos impulsivos ou desatentos.
-Padrões de comunicação desafiadores.
Âmbito Profissional:
-Desafios no ambiente de trabalho, especialmente em tarefas que exigem atenção prolongada.
-Impulsividade que pode afetar a colaboração e a produtividade.
Funções Executivas:
-Dificuldade em autorregular o comportamento e o pensamento.
-Desafios nas chamadas funções executivas, como planejamento, organização e controle inibitório.
É fundamental reconhecer que o diagnóstico do TDAH deve ser realizado por profissionais de saúde qualificados, como psiquiatras, psicólogos, neuropsicólogos ou outros especialistas em saúde mental. O tratamento geralmente envolve uma abordagem multifacetada, incluindo terapia comportamental, reabilitação, intervenções educacionais e, em alguns casos, medicação.
A dislexia caracteriza-se por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam tipicamente de um déficit no componente fonológico da linguagem que é frequentemente imprevisto em relação a outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que podem impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais. (Associação Internacional de Dislexia, 2003).
Sinais:
Na expressão oral
- têm dificuldade em selecionar as palavras adequadas para comunicar (tanto a nível oral, como escrito);
- revelam pobreza de vocabulário;
- elaboram frases curtas e simples e têm dificuldade na articulação de ideias;
Na leitura/escrita
- fazem uma soletração defeituosa (leem palavra por palavra, sílaba por sílaba, ou reconhecem letras isoladamente sem conseguir ler);
- na leitura silenciosa, murmuram ou movimentam os lábios;
- perdem a linha de leitura;
- apresentam problemas de compreensão semântica (na interpretação de textos);
- revelam dificuldades acentuadas ao nível da consciência fonológica, isto é, na tomada de consciência de que as palavras faladas e escritas são constituídas por fonemas;
- confundem/invertem/substituem letras, sílabas ou palavras;
- na escrita espontânea (composições/redações) mostram severas complicações (dificuldades na composição e organização de ideias).
Outras competências
- apresentam dificuldades em guardar e recuperar nomes, palavras, objetos e/ou sequências ou fatos passados: letras do alfabeto, dias da semana, meses do ano, datas,
horários;
- não conseguem orientar-se no espaço, sendo incapazes de distinguir, por exemplo, a direita da esquerda (o que dificulta a orientação com mapas, globos);
- têm dificuldades nas disciplinas de História (em captar as sequências temporais), de Geografia (no estabelecimento de coordenadas) e Geometria (nas relações espaciais);
- têm dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
- apresentam falta de destreza manual e, por vezes, caligrafia ilegível
- poderão ter dificuldades com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e em decorar a tabuada.
-Para identificá-la é importante uma avaliação neuropsicológica😉
Fonte: Coelho, D. T. (2012). Dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia. Porto: Areal Editores.
Definição
Etimologicamente, discalculia é um distúrbio de aprendizagem que interfere negativamente com as competências de matemática de alunos que, noutros aspectos, são normais.(Rebelo, 1998a, p. 230). Assim, trata-se de uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa compreender e manipular os números. (Filho, 2007).
Indicadores estatísticos dizem-nos que a maior parte dos alunos revela problemas na aprendizagem desta disciplina. Muitos deles não compreendem os enunciados dos problemas, outros demoram muito tempo a perceber se precisam de somar/dividir/multiplicar e alguns não conseguem concluir uma operação aparentemente simples. É importante referir, no entanto, que estas dificuldades podem não estar associadas a fatores como a preguiça/desmotivação/desinteresse (como alguns pais/professores julgam), mas relacionadas com a discalculia.
Causas
Não existe uma causa única e simples que possa justificar o aparecimento da discalculia.
Os estudos efetuados nesta área são recentes e as conclusões não podem, ainda, ser generalizadas. No entanto, têm sido feitas investigações em vários domínios, como a neurologia, a linguística, a psicologia, a genética e a pedagogia (Silva, 2008b).
O desenvolvimento neurológico é caracterizado pelas diferentes funções do sistemanervoso que se vão estabelecendo ordenada, progressiva e cronologicamente, ou seja, cada nível etário de maturação corresponde ao desenvolvimento de novas funções (perceção, espacio-temporal, lateralidade, ritmo) resultantes de experiências que produzam estímulos adequados. Nesta linha, distinguem-se três graus de imaturidade neurológica que permitem a definição de graus de discalculia correspondentes (Romagnoli, 2008): 1) grau leve, quando a criança discalcúlica reage favoravelmente à intervenção terapêutica; 2) grau médio, que coexiste com o quadro da maioria dos que apresentam dificuldades específicas em matemática; 3) grau limite, quando se verifica a existência de uma lesão neurológica gerada por traumatismos que provocam um défice intelectual.
No domínio da linguística, Cazenave (1972, cit. por Silva, 2008b) afirma que acompreensão matemática só é possível com a assimilação da linguagem, que tem um papel fundamental na evolução do intelecto de cada ser humano. Neste caso, um discalcúlico apresenta deficiente elaboração do pensamento devido às dificuldades no processo de interiorização da linguagem. Estas crianças revelam défices na compreensão de relações e também na sua reversibilidade e/ou generalização; apresentam, ainda, dificuldades na resolução de problemas, mais especificamente no simbolismo numérico (correspondência número-quantidade), bem como na sua representação gráfica.
Na área da psicologia, as conclusões apontam para o facto dos indivíduos portadores de alterações psíquicas se tornarem mais propensos a apresentar problemas de aprendizagem, pois o aspecto emocional interfere no controle de determinadas funções, caso da memória, da atenção e da perceção, por exemplo.
Existem também explicações de base genética apontando para a determinação de um gene responsável pela transmissão dos transtornos ao nível dos cálculos. Emboraexistam registos significativos de antecedentes familiares de crianças com discalculia que também apresentam dificuldades na matemática, os estudos de hereditariedade/genética carecem ainda de aprofundamento e comprovação.
Por último, as conclusões na área da pedagogia vêm apontar a discalculia como uma dificuldade diretamente relacionada com os fenómenos que sucedem no processo de aprendizagem, como métodos de ensino desadequados, inadaptação à escola, entre outros.
Caraterização
As crianças com discalculia apresentam, em testes de inteligência, desempenhos superiores nas funções verbais comparativamente às funções não verbais, isto é, um QI verbal superior ao QI não verbal/realização.
São crianças que revelam um ritmo de trabalho muito lento usando, muitas vezes, os dedos para contar. São ansiosas, desmotivadas e têm receio de fracassar, consequência do menosprezo ou repressão por parte dos colegas de turma, professores e/ou pais/familiares.
Uma criança discalcúlica apresenta dificuldades a vários níveis (Rebelo, 1998a; Vieira, 2004 cit. por Silva, 2008a; Filho, 2007; Sacramento, 2008; Cruz, 2009; A.P.P.D.A.E., 2011a e Geary, 2011):
- na compreensão e memorização de conceitos matemáticos, regras e/ou fórmulas;
- na sequenciação de números (antecessor e sucessor) ou em dizer qual de dois é o maior;
- na diferenciação de esquerda/direita e de direções (norte, sul, este, oeste);
- na compreensão de unidades de medida;
- em tarefas que impliquem a passagem de tempo (ver as horas em relógios analógicos);
- em tarefas que implicam lidar com dinheiro;
- na resolução de operações matemáticas através de um problema proposto;
- na correspondência um a um/correspondência recíproca;
- na conservação de quantidades;
- na utilização do compasso ou até mesmo da calculadora (reconhecimento dos dígitos e símbolos matemáticos).
Estas dificuldades podem conduzir, em casos extremos, a uma fobia à matemática.
Portanto, é de suma importância uma avaliação neuropsicológica, caso a criança apresente um quadro parecido ao que foi aqui exposto.
Fonte: COELHO, Diana Tereso. Dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia. Porto: Areal Editores, 2012.