--- VELHA GOA --- Sousa & Paul Fotografos e Christovam Fernandes - Nova Gôa
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( Atualizado em: 19/01/2018 )
Convento e Igreja do Bom Jesus (13) – Este sumptuoso edifício está situado no antigo Terreiro dos Galos, quase no centro da antiga cidade e fora dos seus primitivos muros. Começou a construção em 24 de novembro de 1594, à custa de D. Jerónimo de Mascarenhas, que jaz sepultado junto à porta lateral do norte, em elegante mausoléu de bronze dourado, onde são representadas em relevo as suas façanhas, com a seguinte legenda:
SEPVLTVRA DE D. JERONIMO MASCARENHAS, CAPITÃO QVE FOI DE COCHIM, E ORMUZ &. A CVJA CVSTA SE FEZ ESTA IGREJA: EM GRATIFICAÇÃO A COMPANHIA DE JESV LHE DEDICOV ESTE LVGAR – FALECEV NO ANNO 1593
O templo com a sua bela frontaria de granito preto muito ornamentada é grandioso, assim como a sacristia, guarnecida de magníficos armários, onde se arrecadavam os paramentos, a qual foi igualmente feita a expensas de um devoto, a quem os jesuítas, em sinal de reconhecimento, ali mesmo deram sepultura com a seguinte inscrição lapidar:
SEPVLTVRA DE BALTAZAR DA VEIGA, A CVJA CVSTA SE FEZ ESTA SACRISTIA; A COMPANHIA DE JESVS EM GRATIFICAÇÃO DESTA BOA OBRA E DE OVTRAS QVE FEZ A ESTA CASA LHE DEDICOV ESTE LVGAR PARA SEV JAZIGO. FALECEV A 14 DE JANEIRO DE 1659
Junto à igreja está a casa professa; com quatro andares. Este edifício foi levantado em 1578, sendo a planta feita pelo arquiteto Domingos Fernandes, que havia ido do Reino. Numa das salas existiu um retrato com a seguinte legenda:
D. FREI SEBASTIÃO PINTO PIMENTA CAVALLEIRO PROFESSO DA ORDEM DE CHRISTO FUNDADOR DESTE COLLEGIO
o que faz supor ter sido este o fundador daquela casa, quando o foi do colégio de Chaul, a que se refere, como o demonstrou Filipe Néri Xavier com a publicação do alvará de 10 de março de 1648, em que se concede licença para a Companhia de Jesus aceitar a doação feita pelo padre Pimenta, empregando o capital em propriedades, para com o seu rendimento acudirem às despesas do colégio de Chaul, conforme o testador deixara ordenado.
Igreja do Bom Jesus e Casa Professa, construída em 1594
Interior da Igreja do Bom Jesus, do antigo convento dos Jesuítas
Altar principal c/ imagem de S. Ignácio de Loyola
No templo existe, na capela do cruzeiro do lado da epístola, o famoso túmulo de S. Francisco Xavier, em estilo florentino; é uma das maravilhas artísticas da Ásia e, segundo consta tradicionalmente, foi ofertado pelo grão-duque da Toscana, Fernando II, para nele se depositar o corpo do santo. Dizem mais que o artista encarregado de o ir colocar, o que se verificou em 1655, se vira obrigado a reduzi-lo na altura por não poder acomodá-lo na capela que lhe destinaram.
A capela é muito ornamentada com obras de talha dourada e quadros pintados a óleo representando cenas da vida de S. Francisco Xavier.
Altar e Túmulo de S. Francisco Xavier
Túmulo de S. Francisco Xavier
Igreja, Convento, Colégio e Noviciado de Santo Agostinho (14) – A 3 de setembro de 1572 chegaram a Goa doze frades desta ordem. E apesar da sua falta absoluta de recursos ganharam tantas simpatias, que em 9 de setembro de 1597 conseguiram lançar com a maior solenidade a pedra fundamental do grandioso edifício que atualmente se acha em completa ruína. Pela frontaria do templo ornada de formosas colunas de cantaria, pelos restos das paredes e abóbadas que abateram em 8 de setembro de 1842, ainda se podia conhecer a solidez da sua construção, atribuída a um arquiteto italiano. A igreja tinha a invocação de Nossa Senhora da Graça.
Em 1633 aumentou-se o convento, comunicando-o por meio de um arco, lançado na rua dos Judeus, com o magnífico colégio do Populo, mandado edificar em 1600 pelo provincial fr. Pedro da Cruz. A casa do noviciado também ficava junto ao convento, assim como atrás do colégio existem vestígios de ruínas, que se julga ser de um seminário chamado de S. Guilherme.
Ruínas do Convento de Sto. Agostinho, construído em 1572
Franquia: 1 Tanga - 15.Fev.1922
Capela de Santo António de Pádua (17) – Construída logo depois de conquistada a cidade, no Monte de Nossa Senhora do Rosário; era administrada pelo cabido da Sé, e por deliberação do arcebispo D. Frei Aleixo de Meneses passou, em 19 de junho de 1606, para os augustinianos.
Em seguida à conquista criou-se a primeira freguesia na Igreja de Santa Catarina, depois elevada a Sé; e no governo de Martim Afonso de Sousa, em atenção ao aumento de cristandade, erigiram-se na cidade de Goa mais três paróquias que foram:
Nossa Senhora do Rosário (19) – Uma das mais antigas, e está situada no monte a que dá o seu nome. Teve colegiada.
Nossa Senhora da Luz – Também possuiu colegiada, restando apenas algumas ruínas, e a freguesia foi posteriormente reunida à da Sé.
Santa Cruz – Ainda se descobrem vestígios da sua construção, e funcionou até ao começo do século XVII. Pela mesma época constitui-se a freguesia de S. Pedro em Panelim, nos arrabaldes da cidade, e a de Santa Luzia para o lado de Daugim, compreendendo uma parte da cidade.
Capela de Nossa Senhora do Rosário
Igreja e Mosteiro de Santa Mónica (20) – Fundado pelo arcebispo D. Fr. Aleixo de Meneses; lançou-se a pedra fundamental a 3 de julho de 1606, e foi acabado em 1627, tendo-se dispendido nas suas obras duzentos mil cruzados. Antes da sua conclusão deram ali entrada processionalmente vinte e uma mulheres do recolhimento de Nossa Senhora da Serra, entrando nesse número D. Filipa Ferreira e sua filha D. Maria de Sá, que professaram na ordem de Santo Agostinho com os nomes de soror Filipa da Trindade e soror Maria do Espírito Santo. O mosteiro devia conter cem religiosas; e a sua instituição foi aprovada e confirmada por diferentes breves e cartas régias, aceitando Filipe III o seu padroado pelo alvará de 26 de março de 1636. Além dos bons dotes com que para ali entravam, possuíam grandes rendas, que sofreram enormes quebras com a perda das nossas praças do norte, estando reduzidas em 1804 apenas a 11652 xerafins, existindo na clausura 42 freiras de véu preto, 19 de véu branco, 4 noviças, 5 pupilas, etc.
Mosteiro de Sta. Mónica, construído em 1627
Convento e Igreja de S. João de Deus (21) – Este pequeno edifício foi construído em 1685 pelos religiosos da Ordem do Hospital, defronte do Convento de Santo Agostinho; o templo tinha invocação a Nossa Senhora do Bom Sucesso; oito dos seus religiosos eram sustentados à custa da Fazenda, e serviram, depois de expulsos os jesuítas, de enfermeiros no hospital militar até 1835, em que se extinguiu aquele instituto. Naquela casa acomodou-se por algum tempo o Hospital da Misericórdia, e mais tarde foi comprado pelas freiras de Santa Mónica para alojar os empregados do mosteiro.
Convento de Sam João de Deus, construído em 1685
Ruínas do Convento de S. João de Deus
Seminário da Santa Fé e Colégio Velho de S. Paulo (27) – Em 1541 dois clérigos seculares instituíram uma confraria com o encargo de perseguir a idolatria e favorecer os novos cristãos. Associaram a esta empresa as pessoas mais consideradas em Goa, de quem obtiveram avultados donativos, começando a edificar casa própria, em 10 de novembro do mesmo ano, na Carreira dos Cavalos, e dentro de seis meses concluíram-se as obras. No altar-mor da capela colocaram um retábulo representando a conversão de S. Paulo, orago da igreja, e a rua passou a chamar-se também de S. Paulo.
Este seminário foi entregue com o encargo do ensino de humanidades, a S. Francisco Xavier e a mais cinco jesuítas, que o receberam em 1548 em nome da Companhia de Jesus, e logo mandaram construir junto ao edifício casa para sua habitação. Sendo templo pequeno e achando-se em mau estado, tiveram de o apear e principiaram a reedifica-lo, em três naves de amplas dimensões, a 25 de janeiro de 1560. Vinte anos depois mostraram as abóbadas algumas fendas, o que obrigou a construir na parede da frente, como suporte, três grandes arcos, ficando o edifício desde essa época conhecido vulgarmente por S. Paulo dos Arcos. A casa foi abandonada por insalubre, e depois da extinção dos Jesuítas principiou a desmoronar-se. Em 1829 foram derrubadas as paredes, para se aplicar o material nas novas construções de Pangim, restando apenas de pé uma parte da frontaria.
Capela de S. Francisco Xavier – Fundação atribuída ao próprio santo, situada na cerca do Colégio Velho de S. Paulo. Foi alvo de várias reparações, uma delas em 1859 por ordem do conde de Torres Novas.
In H.P.I.P. -> Capela de S. Francisco Xavier
Rua e Capela de S. Francisco Xavier
Capela de Santa Maria do Monte (30) – Situada além do Passo Seco, próximo ao Convento de S. Domingos; parece que já existia em 1557. Por volta de 1875 estava a cargo do cabido da Sé Primacial.
Igreja e Convento de S. Caetano da Divina Providência (34) – Em meados do século XVII (1639), três teatinos, tendo por superior o padre Pedro Avitabile, não podendo ir propagar a fé ao reino de Golconda, vieram fixar residência em Goa. Depois de morarem em várias casas particulares, alcançaram a carta régia de 26 de setembro de 1650, que lhes permitiu habitarem o hospício que haviam formado no beco do Bacharel, e prestado preito ao rei de Portugal pela sua qualidade de estrangeiros, continuarem nos seus exercícios espirituais.
Por outra carta régia de 22 de março de 1655 tiveram licença para construírem no Terreiro do Paço o belo edifício ainda hoje existente, junto ao antigo palácio dos vice-reis. A sua linda igreja desenhada pelos arquitetos italianos Carlo Ferrarini e Francesco Maria Milazzo com uma planta em forma de cruz grega, tem no centro um elegante zimbório sustentado em quatro arcos. A sua fachada, completada em 1661, imita a de Carlo Maderno para a Basílica de S. Pedro em Roma.
No começo só ali foram admitidos europeus, mas depois de 1750 concedeu-se profissão a quatro filhos de Goa, número que se foi aumentando até 20, além dos leigos. No centro da igreja existe um poço célebre pelas virtudes que os gentios atribuem às suas águas, e por baixo da capela-mor está o grande carneiro, onde se depositaram em 12 de novembro de 1842, conforme a portaria de 4 do mesmo mês e ano, os restos mortais dos barões de Candal e Sabroso.
O convento foi transformado em palácio para residência temporária dos governadores-gerais pelo conde de Torres Novas. Quando se suprimiu o convento havia ali trinte e seis teatinos, e apesar da sua divisa – Aurum et argentum non est mihi – os seus bens apreendidos para a Fazenda montaram a 212 028 xerafins, 1 tanga e 28 ½ réis.
Convento de S. Caetano, construído em 1655
Interior do Convento e Altar de S. Caetano
Igreja e Convento dos Carmelitas, depois Colégio dos padres da Congregação de S. Filipe Neri (35) – Dizem que a fundação data das duas primeiras décadas do século XVII, e as suas ruínas ainda hoje se distinguem numa eminência que fica ao sul de S. Caetano. Num pedaço de parede da capela-mor do lado do evangelho existe um belo sarcófago muito ornamentado, com várias figuras e peças de armaduras cercando um busto de cavaleiro, tendo por baixo em letras que parecem ter sido douradas:
AQVI IAZ D. PEDRO MASCARENHAS CAVALLEIRO PROFESSO DA ORDEM DE CHRISTO, IRMAO DO CONDE DE CASTELLO NOVO, DO CONSELHO DESTE ESTADO, CAPITAO QVE FOI DE MOÇAMBIQUE GOVERNADOR E CAPITÃO DE DIV, COM TIVLO DE FVNDADOR, MORREV NO ANNO AOS DO MEZ DE FEVEREIRO
Expulsos daquele Estado os frades carmelitas italianos, que na maior parte habitavam o convento, por não quererem jurar obediência e fidelidade ao Governo Português, foi, por carta régia de 2 de abril de 1707, mandado entregar o sumptuoso edifício aos padres da Congregação do Oratório, que dele tomaram posse em 16 de novembro de 1709; e quando se extinguiu a congregação em 1835, existiam ali trinta e seis padres. Por essa ocasião o inventário dos seus bens montou a 119785 xerafins, 2 tangas e 58 ½ réis.
Ruínas do Convento dos Carmelitas
Convento e Igreja do Pilar – Pertenceu aos capuchos da Madre de Deus; edificado em 1613 sobre uma colina da aldeia de Velha Goa, em finais do século XIX encontrava-se em ótimas condições higiénicas e em boa conservação, servindo de residência a vários eclesiásticos, e também ali funcionava uma escola de instrução primária. O inventário feito ao convento depois da sua extinção produziu 54045 xerafins, 2 tangas e 42 réis.
Convento de Pillar
Seminário de Pillar