O problema da autoridade epistêmica em Linda Zagzebski
Vinícius Schoenell dos Santos
Linda Zagzebski em sua obra, Epistemic authority: A theory of trust, authority and autonomy in belief (2012), se propôs a compreender o problema da autoridade epistêmica e quais seriam suas implicações na vida prática. Uma das dissonâncias sobre a ideia de autoridade epistêmica que Zagzebski identificou foi uma forte rejeição dos filósofos, ao longo da história da filosofia, em assumir a ideia de que existe, de fato, autoridades epistêmicas e em analisá-las como tal. Um dos fatores que Zagzebski (2012, p. 6-7) toma como motivo para essa recusa seria que os filósofos considerariam que a autoridade epistêmica entraria em conflito com dois dos valores modernos mais profundos: a autonomia e o igualitarismo. O valor da autonomia pressuporia que os indivíduos (por indivíduos, compreende-se os indivíduos adultos, com plenas capacidades cognitivas e, também, assume-se que há uma diferença biológica entre a capacidade dos indivíduos de obter conhecimento, onde alguns indivíduos possuem mais facilidade do que outros, mas que essa diferença não é substancialmente relevante para o problema) não necessitariam de outras pessoas para compor suas crenças epistêmicas, enquanto o valor do igualitarismo colocaria os indivíduos em uma posição de igualdade epistêmica e, se todos possuem a mesma capacidade epistêmica, não haveria sentido em se acreditar em outras pessoas.