Além da dualidade: o monismo neutro de Bertrand Russell como solução para o problema do comércio psicofísico
Verônica Pavani da Silva
O monismo neutro afirma que a realidade última é uma substância indeterminada que se situa entre o mental e o físico, mas que não é substancial e necessariamente nenhum dos dois. Essa substância permite explicar o que vulgarmente se entende por mente ou matéria e pode ser entendida como uma ponte entre as propriedades mentais e físicas, sem que seja possível reduzir uma à outra. O problema fundamental que dá origem ao monismo neutro como resposta é a aparente existência de diferentes tipos ontológicos de entidades. Na tradição filosófica ocidental, houve uma tendência a classificar as entidades em duas categorias principais: as materiais (ou físicas) e as mentais (ou psíquicas). No entanto, essa classificação binária parece insuficiente para lidar com outras categorias de entidades, como as abstratas e as fictícias. Essa teoria propõe que todas as entidades, independentemente de sua natureza, são, na verdade, manifestações de uma única substância neutra que forma a base da realidade. Essa substância não tem propriedades mentais ou físicas em si mesma, mas pode se manifestar de diferentes maneiras para produzir a variedade de entidades que observamos. E, embora o monismo neutro tenha sido uma teoria influente na filosofia do século XX, sua posição no debate contemporâneo sobre a natureza da mente e do mundo físico ainda é objeto de controvérsia, e o seu esclarecimento, portanto, pode ter implicações profundas para a compreensão da natureza do universo e da nossa própria experiência. Bertrand Russell apresentou sua teoria do monismo neutro pela primeira vez na sua obra The Analysis of Mind (1921) e expandiu suas considerações em The Analysis of Matter (1927), para incluir uma análise mais profunda da natureza da matéria. Russell acreditava que a teoria oferecia uma solução elegante para o problema mente-corpo e que ela tinha implicações importantes para a física, porque ela sugeria que as leis físicas poderiam ser derivadas diretamente da lógica e da matemática. Assim, questiona-se: Qual era exatamente a visão de Russell sobre o mundo? Sua metafísica pode ser uma solução definitiva para o problema do comércio psicofísico? Este trabalho abordará, de modo geral, a natureza precisa da metafísica monista neutra de Russell. O objetivo será compreender se sua solução para o problema mente-corpo é satisfatória e se é capaz de responder às críticas que foram dirigidas à teoria ao longo do tempo. Dessa forma, o monismo neutro é um assunto relevante para a filosofia contemporânea e a análise da teoria de Russell será um passo importante para esclarecer essa discussão.