A História de Luminárias-MG
VEM VIVER LUMINÁRIAS
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Atualizado em 21/01/2022
ESTREITO DO INFERNO
Desde o Século XVI, as expedições exploratórias atingiram o Vale do Rio Ingaí, no Alto Médio Rio Grande, preparando etapas como se fossem passos de uma rota a ser atingida pelas bandeiras paulistas no Século XVII.
Localizado no Rio Ingaí, o Estreitamento do Inferno, que mais parece um paraíso, é propício para diversas atividades de ecoturismo e aventura. Além do estreitamento, onde pode-se praticar boiacross, canoagem, mergulho e salto, há em sua saída duas grutas, favorável ao espeleoturismo, e ainda merecem destaque o Paredão do Inferno e as formações geológicas da região, palco de estudo de geólogos de diversas partes do Brasil. (www.minasgerais.com.br)
A roça do Angaí, assim nomeada em referência às águas endemoniadas, que se agitam na travessia do rio Ingaí no meio das duas grandes montanhas.
Era o ponto de entrada do Deserto Dourado. Atualmente no município de Luminárias, essa roça era um importante ponto de abastecimento para os tropeiros e um grande referencial geográfico. (Professor Vinícius Wilherm)
Rio Ingaí, rio responsável pela visita de bandeirantes às terras de Luminárias, e, claro, abrigou em suas margens inúmeros antepassados originários destas terras. O Rio Ingaí foi muito usado pelos bandeirantes como referência para o caminho até a Serra da Mantiqueira (1674). A região do Rio Ingaí também era conhecida pelos bandeirantes como “Deserto Dourado” (Mourão, 2007, p.39).
Partindo de Luminárias, deve-se seguir sentido ao monumento do Cristo. Depois, pegar sentido comunidade Mata-Boi e seguir rumo à comunidade Duas Barra, de onde deve-se pegar para a comunidade Garcias. Ao chegar nos Garcias, seguir diretamente para a região do Inferno.
MARIA JOSÉ DO ESPÍRITO SANTO
Maria José do Espírito Santo é sem dúvida uma das pessoas mais importantes da história da pequena Luminárias. Apesar de pouco sabermos sobre sua origem e sua infância, um rico material bibliográfico nos assegura muitas informações preciosas sobre sua existência e fundamental importância na construção do que hoje é o município de Luminárias, no Sul de Minas.
Maria José do Espírito Santo era filha de Manoel Pereira Souto, seu sogro era Alexandre Pereira, natural de Coimbra.
Em 1772 casou-se com Joaquim Álvares Taveira na Matriz de Sant'Ana de Lavras do Funil, e juntos tiveram 12 filhos.
Mulher branca, viúva em 1812, Maria José do Espírito Santo viveu até os 82 anos, falecendo em 1841. Durante esse período foi inventariante de todos os bens antes pertencentes ao marido, em especial, a Fazenda das Luminárias.
Sua história evidencia seus grandes feitos:
Em 1795, junto com Juiz Doutor Joaquim da Silva Tavares, Maria escreve para o Governador e Capitão General da Capitania das Minas Gerais Visconde de Barbacena Luís Antônio Furtado de Castro do Rio Mendonça. Na correspondência ela solicita terras devolutas onde constavam matas virgens, capoeiras, campos e seus logradouros, terras que partiriam com a vizinhança de João da Costa Silva e seu marido Joaquim Alves Taveira. As terras requeridas por Maria eram antes pertencentes a sesmaria de Padre Bento, e, portanto no Deserto Dourado. As descrições de tais terras nos mostram uma certa margem do Rio Ingaí e também sua vizinhança com a Serra da Fortaleza e o Ribeirão das Luminárias, essas informações atestam que Maria estava requerendo boa parte do que hoje é o município de Luminárias.
Ainda em 1795, após a construção da Capela do Carmo, foram realizados os batizados de dois escravizados pertencentes a um herdeiro de Maria José do Espírito Santo. A Capela do Carmo foi construída no terreno onde se encontrava a Fazenda da matriarca, e ainda pode ser visitada em Luminárias.
Em 1812 Maria fica viúva e passa a ter controle total também sobre o patrimônio de seu marido, Joaquim Alvares Taveira. Acredita-se que com o passar do tempo Maria se fortaleceu ainda mais como liderança regional. Contribuiu significativamente não só para a obtenção de boa parte do que hoje é o município de Luminárias, como também ajudou a construir o patrimônio local.
Maria José do Espírito Santo faleceu em 1841, aos 82 anos, na Fazenda das Luminárias. Em seu testamento ela distingue com detalhes cada um de seus patrimônios e legado, Maria ainda abole escravizados em seu último documento e nos deixa um rastro de sabedoria e personalidade.
Para alguns o nome se deve aos antigos festejos e celebrações católicas desde os primeiros povoadores no século XVIII. Outros dizem que Luminárias se refere aos pontos luminosos nas serras da região.
Ainda nos séculos XVI e XVII, segundo relatos, os “índios amigos” que aqui viviam já observavam a aparição de estranhas luzes nesta região, sobre os Índios que aqui viviam alguns estudiosos afirmam que nessa região habitavam os antepassados da Nação Kayapó (Mourão, 2007, p.41), por outro é mais comum os especialistas afirmarem que nessa região habitavam os Cataguases.
Nossa viagem começa às margens do Rio Ingaí, rio responsável pela visita de bandeirantes às terras de Luminárias. O Rio Ingaí foi muito usado pelos bandeirantes como referência para o caminho até a Serra da Mantiqueira (1674) e como "atalho" entre o caminho velho e o caminho novo da Estrada Real. A região do Rio Ingaí também era conhecida pelos bandeirantes como “Deserto Dourado” (Mourão, 2007, p.39).
Os primeiros mapas que apresentam nossa região indicam duas boas referências para a origem do nome da cidade de Luminárias. Nesses documentos antigos podemos perceber que nossa cidade se localiza ao lado da Serra das Luminárias e do Ribeirão das Luminárias. A explicação mais comum para a nomenclatura dessa região se baseia nos pontos luminosos que, segundo contam, aparecem na Serra das Luminárias.
Por volta do século XVII se encontravam aqui grandes fazendas, mas também uma pequena parada para viajantes, servindo como um ponto de referência aos desbravadores. Entre essas fazendas se destacam as que traziam em seus nomes a alusão ao antigo fenômeno das Serras das Luminárias:
Fazenda Ribeirão das Luminárias
Fazenda Serra das Luminárias
Fazenda das Luminárias
Já no século XVIII, a matriarca luminarense Maria José do Espirito Santo doa parte de sua fazenda para a construção da capela do Carmo (Igreja Velha). Com a instituição da Igreja no município surge então outra versão para o nome da cidade de Luminárias. Alguns moradores locais acreditam que na verdade o nome da cidade se deve a procissão das luminárias que ocorrem até hoje em homenagem a N. Sª. do Carmo e aos primeiros festejos e ritos católicos no município. Nesse festejo os devotos confeccionam suas luminárias e saem em procissão pelas ruas da pequena cidade. Segundo Monsenhor Waldir, importante figura da história luminarense, não eram pontos luminosos, para ele, após as chuvas o sol saía e a água continuava a brotar na serra, o que daria a impressão de serem pontos luminosos, mas que na verdade seriam apenas águas.
O curioso é que os relatos não se perderam com o tempo, alguns moradores atuais da cidade afirmam avistar luzes e bolas de fogo no alto das serras da região. Os relatos causam inquietude nos mais curiosos, sendo a região um rico campo para incursão ufológica. Segundo o ufólogo Cristiano Gonçalves, que atuou na cidade no início de 2021 com sua equipe de pesquisa – Grupo Contato OVNI Pesquisa de Campo – o fenômeno que ocorre em Luminárias está dentro dos parâmetros que se caracterizam como OVNIs reais. "Além de coletarmos muitos depoimentos dos moradores da cidade, os quais a grande maioria confirma os avistamentos, nas duas vigílias que fizemos, nós também testemunhamos as famosas luzes sobre Luminárias. Fotografamos e filmamos para posteriores análises. Todavia, numa análise prévia - inclusive com auxílio de guias de turismo conhecedores da cidade que participaram conosco da vigília - podemos supor que estivemos sim diante do fenômeno OVNI. Eliminamos as possibilidades destas luzes serem balão, satélite, pipa com lanterna, drone, faróis ou qualquer aeronave conhecida, ainda assim, estes objetos luminosos executavam movimentos que podemos considerar inteligentes, nos levando a esta prévia conclusão: a probabilidade de serem autênticos OVNIs é muito, mas muito alta".
Ao longo dos anos a comunidade luminarense recebeu diversos nomes, como:
Freguesia de Nossa Senhora do Carmo das Luminárias
Carmo das Luminárias
Luminárias
Outro fato interessante, narrado em Memórias Iluminadas", foi a tentativa de retirar "Luminárias" do nome da cidade. Isso ocorreu na metade do século XX, na época foi criada uma comissão de cidadãos luminarenses que foram até Lavras e conseguiram evitar a perda do nome da cidade na justiça. O mais interessante é que nunca se soube ao certo o verdadeiro motivo para a tentativa de mudança da nomenclatura do município.
O que de fato explica o nome da região ainda pode ser um mistério. Mas o que a gente tem certeza é que Luminárias é um lugar especial, e que para além de suas águas e suas luzes, é um lugar de paz e felicidade.
Nossa viagem começa às margens do Rio Ingaí, rio responsável pela visita de bandeirantes às terras de Luminárias. O Rio Ingaí foi muito usado pelos bandeirantes como referência para o caminho até a Serra da Mantiqueira (1674) e como "atalho" entre o caminho velho e o caminho novo da Estrada Real. A região do Rio Ingaí, nas proximidades do Pico do Gavião, também era conhecida pelos bandeirantes como “Deserto Dourado” (Mourão, 2007, p.39).
Desde o Século XVI, as expedições exploratórias atingiram o Vale do Rio Ingaí, no Alto Médio Rio Grande, preparando etapas como se fossem passos de uma rota a ser atingida pelas bandeiras paulistas no Século XVII.
Atualmente nas beiras do Rio Ingaí algumas atividades de ecoturismo podem ser realizadas como: Boiacross, Trekking, Montanhismo, Espeleologia, Escalada dentre outros. Tudo deve ser feito com uma empresa qualificada e com os equipamentos de segurança necessários.
https://www.youtube.com/watch?v=LKqTln2NSSE
SERRA DAS LUMINÁRIAS
Ribeirão das Luminárias, Fazenda Ribeirão das Luminárias, Fazenda Serra das Luminárias, Fazenda das Luminárias e a Serra das Luminárias. Por volta do século XVII se encontravam aqui grandes fazendas, mas também uma pequena parada para viajantes, servindo como um ponto de referência aos desbravadores.
Mencionada em documentos dos séculos XVIII e XIX, a Serra das Luminárias era o extremo final do Deserto Dourado da Estrada Real.
O grande maciço estava entre a região de Carrancas e o Deserto Dourado. Aos pés da Serra das Luminárias estava a Fazenda das Luminárias e o Ribeirão das Luminárias. Nessa localidade foi construída uma capela, em honra de Nossa Senhora do Carmo, por dona Maria José do Espírito e ali se desenvolveu a povoação que viria a dar origem à cidade de Luminárias.
O nome da Serra das Luminárias se originou da aparição de diversas luzes que eram vistas durante a noite e para as quais, nesses quase quatro séculos de história, ainda não foi possível descobrir a origem.
Há quem acredite que sejam até mesmo Seres Extraterrestres ou divindades de outra natureza.
Nas proximidades de Luminárias existe o Estreitamento do Inferno, que era chamado pelo povo indígena como Angahy, Local das Águas Endemoniadas. Nesse ponto o rio passa entre duas montanhas e suas águas se agitam. Há indícios Históricos de que o próprio Fernão Dias, primeiro sertanista a desbravar o interior de Minas Gerais, teria passado por esse estreito.
Há ainda, ao lado da Serra das Luminárias, a Pedra da Fortaleza, popularmente conhecida como Serra Negra e que figura também em mapas dos séculos passados.
Os pontos luminosos nas serras são a causa dos nomes dados a essa região. A Serra das Luminárias é banhada pelo ribeirão de mesmo nome e se encontra próxima a Serra da Fortaleza. Nela é possível fazer trilhas, acessar grutas e cachoeiras de águas puras.
Muito se fala sobre essa serra, e existe até música sobre ela:
As luzes clareiam uma serra em vão
Provocam mistérios nos homens de Deus
Quem foi o mensageiro com as boas novas no sertão?
Quem mora não sabe o valor que tem
Na capela, a gênese e toda a criação
No céu as estrelas parecem viajar
E o vento, um ar puro carregado de poeira e chão
Naquela serra onde existem homens de Deus
Naquela serra não existem só homens de Deus?
Tenho medo que os homens de Deus não orem pras bandas de lá.
A Igreja Velha ou Capela do Carmo foi construída ao longo do século XVIII, após a doação de parte do terreno pertencente à Maria José do Espírito. As primeiras atividades da Capela do Carmo, relatadas por Mourão (2007, p. 146), foram os batizados de dois gêmeos (Manoel e Isabele em 1795), e também o batizado dois escravos pertencentes a Luís Álvares Taveira, filho de Maria José do Espírito.
Um dos maiores patrimônios materiais da cidade, a Igreja possui fundamental importância e influência na vida Luminarense.
A Igreja Velha pode ser visitada com agendamento prévio ou durante do horário das celebrações católicas que acontecem até hoje na Capela.
O “Levante da Bela Cruz” (Revolta das Carrancas) é conhecido como uma das grandes revoltas do período. Em 13 de maio (isso mesmo, 13 de maio) de 1833 o quarto filho do Barão de Alfenas foi assassinado na Fazenda Campo Alegre ( Mourão, 2007, p. 112), assim como toda sua família. A revolta sangrenta seguiu para a Fazenda Bela Cruz (Até hoje ainda muito bonita) e foi contida, de forma não menos sangrenta, na Fazenda Jardim (ruínas).
A SEGUIR TEXTO do Dr. Marcos Ferreira de Andrade
A tarde do dia 13 de maio de 1833 seria fatídica e traçaria um novo rumo para alguns escravos das fazendas da família Junqueira. A fazenda Campo Alegre estava sob a responsabilidade do filho do deputado, Gabriel Francisco de Andrade Junqueira, que, na ausência do pai, conduzia todos os negócios da fazenda, além de supervisionar o trabalho dos escravos. Naquele dia, seu pai se encontrava na Corte, cuidando de suas funções no parlamento nacional. Antes do meio-dia, como de costume, foi até a roça fiscalizar o trabalho de seus escravos. Como sempre fazia, solicitou a um cativo da casa que arriasse o seu cavalo, montou-o e seguiu em direção à roça. Ao chegar, nada percebeu de estranho e, como sempre, encontrou os escravos preparando a terra, cuidando das lavouras de milho e feijão, dentre outras. A tranquilidade era apenas aparente. Sem condições de oferecer nenhuma reação, ainda montado em seu cavalo, Gabriel Francisco foi surpreendido por Ventura Mina, que o retirou à força de cima do animal, e, juntamente, com Julião e Domingos, deram-lhe várias porretadas na cabeça, levando-o à morte alguns instantes depois.
Naquele instante, alguns dos escravos que estavam trabalhando na roça formaram um grupo e seguiram em direção à sede da fazenda Campo Alegre, todos liderados por Ventura Mina. Além de Julião e Domingos, o grupo agora era bem maior e contava com a participação de Antônio Resende, João, cabundá, André, crioulo, e José, mina, dentre outros. Só não atacaram a sede da fazenda porque um escravo, de nome Francisco, havia saído às pressas em direção à sede da fazenda, montado a cavalo, e avisou aos outros familiares do deputado o que havia acontecido na roça. Os escravos chegaram até ao terreiro da fazenda, mas perceberam que ela estava guarnecida por capitães do mato. Os insurgentes, então, “arrepiaram a carreira tomando a direção da fazenda Bela Cruz”.
Ali se passou o momento mais dramático da revolta, onde os escravos assassinaram todos os brancos ali existentes. Depois de deixarem a fazenda Campo Alegre, os escravos, liderados por Ventura Mina, seguiram para a fazenda Bela Cruz que ficava, aproximadamente, uma légua de distância da de Campo Alegre. Ao chegarem na roça da Bela Cruz, os insurgentes relataram aos outros escravos o que ocorrera em Campo Alegre, convocando-os a fazer o mesmo com os brancos dali. A partir daquele momento o grupo se ampliara bastante, ultrapassando o número de 30 cativos, que logo se dirigiu à sede da fazenda.
Os escravos invadiram a casa grande, investindo diretamente contra José Francisco Junqueira, sua mulher, Antônia Maria de Jesus, que se recolheram rapidamente e se trancaram num quarto. Mas nem por isso escaparam da violência dos cativos. O escravo Antônio Retireiro buscou um machado e o “entregou a Manoel das Vacas o que ficou trabalhando para arrombar a porta, enquanto aquele (…) trouxe uma pistola carregada saltando o muro, e foi arrombar a outra porta de trás”. Depois de arrombarem a porta do quarto, Antônio Retireiro, com a arma que tinha na mão, disparou na face de seu senhor, ficando mortalmente ferido e “ainda teve que sofrer muitos maiores tormentos, com sua mulher, filha e neta, os quais foram todos massacrados com inaudita crueldade dentro daquele quarto a olho de machado, tendo parte nesta incrível matança todos os escravos vindos de Campo Alegre (…) e grande parte dos da Bela Cruz”. No auto de corpo de delito consta que a mulher de José Francisco Junqueira, além de apresentar ferimentos no rosto, couro cabeludo e grande efusão de sangue, cujas feridas foram feitas com instrumentos cortantes, também se encontrava bastante ensanguentada da cintura para baixo, causando certo constrangimento às testemunhas, impedindo que dessem prosseguimento ao exame.
Ana Cândida da Costa, viúva de Francisco José Junqueira e duas crianças seriam as próximas vítimas dos escravos. Esta foi morta a golpes de foice e cacetadas no quintal da dita fazenda pelos escravos Sebastião, Pedro Congo, Manoel Joaquim e Bernardo. O estado em que foi encontrada era lastimável, pois sua cabeça e rosto estavam irreconhecíveis e não se achava “unida ao corpo”. Já o menino José “foi morto pelo crioulo Andre, e o mesmo Pedro Congo e Manoel Joaquim, a menina Antonia (…) foi morta pelo Manoel das Caldas, Sebastião e Bernardo, e a criança de peito (…) foi morta pelo crioulo Quintiliano que a mandou lançar pelo Euzébio no cubo do Moinho”.
Os escravos utilizaram-se de instrumentos de trabalho – paus, foices e machados – e mesmo armas de fogo para cometer os assassinatos nas duas fazendas. A crueldade com que foram executadas as mortes, relatadas com detalhes no auto de corpo de delito, certamente contribuiu para extremar o pavor em relação às insurreições escravas, reforçar os mecanismos de controle e repressão e revelar o caráter aterrador da violência coletiva em si. Dona Emiliana Francisca Junqueira, por exemplo, “se achava com um grande golpe na cabeça pela parte de trás e logo acima na nuca que lhe tinha separado a maior parte do crânio, além de muitas outras feridas que tinha no rosto e que todas mostravam ser feitas com instrumentos cortantes”.
Os escravos estavam determinados a exterminar todos os brancos daquela propriedade, tanto que parte deles permaneceu na Bela Cruz e preparou uma emboscada para também assassinar o genro de José Francisco, Manoel José da Costa, mandando avisá-lo “do sucesso ali acontecido, e que todos tinham já partido para o Jardim e acudindo ele a casa sem refletir no engano assim que foi entrando pela porteira saíram os que estavam de emboscada, e o mataram com paus”. O mesmo estava na fazenda Campo Alegre, quando foi assassinado o filho do deputado. Alguns escravos ficaram atrás da senzala, outros, atrás de uma casa de carros e um terceiro grupo, encostados no muro, pela parte de dentro. Assim que Manoel José da Costa atravessou a porteira estes “cairam sobre ele e o mataram a bordoadas, e por fim não ficando ainda bem morto deram lhe um tiro”.
Em Luminárias, a Revolta pretendia atacar a Fazenda jardim, mas os planos de Ventura Mina e seus revoltosos não atingiram seus fins. Segundo relatos, os proprietários conseguiram se precaver ao ataque e com a ajuda de escravos de confiança conseguiram evitar o banho de sangue pretendido pelo grupo de Ventura Mina.
Liderados pelo escravo Ventura, o outro grupo seguira em direção à fazenda Bom Jardim, para ali fazerem o mesmo e darem prosseguimento à insurreição. Encontraram, pelo caminho, um agregado da mesma fazenda que se dirigia à Bela Cruz em busca de mantimentos. Os escravos o assassinaram, “sendo o Ventura que lhe deu o primeiro golpe mortal com sua foice e depois o acabou de matar Manoel das Vacas, com um porrete”. Ao chegarem nesta fazenda encontraram forte resistência por parte do proprietário e de seus escravos, sendo o líder Ventura ferido gravemente. João Cândido da Costa Junqueira já havia sido informado dos trágicos acontecimentos de Campo Alegre e Bela Cruz e, rapidamente, armou parte de sua escravaria de confiança e a reuniu em uma sala e ficou à espera dos insurgentes. A maioria dos escravos ficou trancafiado na senzala. Depois de um tempo, Ventura Mina e os insurgentes apareceram, sendo recebidos à bala, o que causou a imediata dispersão do grupo. As informações sobre os combates entre o fazendeiro e seu braço de escravos armados e os cativos insurretos foram escassas nos autos e não mereceram muita atenção nos relatos feitos pelas autoridades da época. O que se sabe é que esse confronto teve como resultado a morte do líder Ventura Mina e de mais quatro companheiros, João Inácio, Firmino, Matias e Antônio Cigano e o fim da revolta. A convocação da guarda nacional e o esquema repressivo foram acionados logo após esse último combate. Embora o líder tenha sido morto, havia um receio de que a insurreição se estendesse, uma vez que muitos escravos se embrenharam nas matas da região, sendo capturados alguns dias depois.
As ruínas da Fazenda Jardim ainda podem ser encontradas próximas ao Rio Ingaí e aos pés do Pico do Gavião. O local se encontra em meio ao matagal e, mesmo assim, guarda a grandiosidade da antiga Fazenda que foi testemunha do fim da mais sangrenta revolta de escravizados do Brasil.
Um trabalho historiográfico atual está sendo desenvolvido para o resgate dessa história, assim como outros detalhes da querela ocorrida entre os Municípios de Luminárias, Cruzília e Carrancas.
Dos 31 escravizados denunciados como revoltosos nesse processo, nove (29%) eram crioulos, dezessete (54%) africanos da África Centro-Ocidental e dois provenientes da África Ocidental. Embora a Revolta de Carrancas tenha sido realizada com a participação majoritária de pessoas escravizadas de origem africana, a presença dos crioulos foi bastante significativa, dois deles foram processados como "cabeças" no crime de insurreição. A revolta uniu pessoas escravizadas de diferentes origens com uma mesma finalidade: a liberdade. Além de atingir a liberdade, os revoltosos também pretendiam matar todos os brancos existentes e tomar suas propriedades.
Bibliografia
ANDRADE, Marcos Ferreira de. Rebeliões escravas na Comarca do Rio das Mortes, Minas Gerais: o caso Carrancas. Afro-Ásia. Salvador, nº 21-22 (1998-1999), 45-82.
REIS, João José Reis. Rebelião escrava no Brasil. A história da revolta dos Malês em 1835. Edição revista e ampliada. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
RIBEIRO, João Luiz. No meio das galinhas as baratas não têm razão. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
http://www.asbrap.org.br/documentos/revistas/rev9_art4.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-77042017000200264
Luminárias também é um terra de sabedoria e ciência. Grandes cientistas e intelectuais nasceram aqui, e também outros de renome mundial passaram por essas bandas.
Entre eles (as), dois cientistas austríacos, Spix e von Martius, chegaram ao Brasil em 1817 em uma expedição que pretendia estudar essas terras.
Segundo Mourão (2007, p. 54), após saírem do Rio de Janeiro em 08/12/1817 (após o casamento real) entraram no "sertão das carrancas" em direção a São João del-Rei. O primeiro acampamento dos cientistas, depois da Vila de Campanha, foi o arraial do Rio Verde. (Após avistarem a cobra parda escura listrada e com uma caveira na cabeça) Passaram pelo Rio do Peixe, pela Capela do Padre Bento e pelo que hoje é o município de Luminárias. Disseram eles que (...) não poderiam sair de região tão serena e onde podiam se entregar com alegria na montanha à alma do viajante. Aqui (Luminárias) estava acostumada a sociedade dos vizinhos, hospedavam-se nas fazendas sem mais cerimônias.
Nesse tempo já existiam as Freguesias de Carrancas e Lavras do Funil, Luminárias, entretanto, consistia em um aglomerado de Fazendas, entre elas: a Fazenda das Luminárias de propriedade de Maria José do Espirito e Joaquim Álvares Taveira; Fazenda Ribeirão das Luminárias (onde se hospedou em 1822 o francês Saint-Hillaire, como resultado de suas expedições pelo território brasileiro, Auguste de Saint-Hilare reuniu mais de 30 mil amostras, sendo que eram 24 mil de espécimes de plantas e 6 mil espécies de animais. Dessas 6 mil, eram 2 mil aves, 16 000 insetos e 135 mamíferos, além de inúmeros répteis, peixes e moluscos. A maioria das espécies coletadas era descrita pela primeira vez na história em seus livros, por esse motivo seus cadernos de campo ficaram tão conhecidos); a Fazenda Serra das Luminárias que ficava em direção a Carrancas.
Spix e Von Martius também estiveram na Ermida de Santo Antônio, localizada na Fazendinha de Durval Vilela, e também no sopé da Pedra Branca (Mourão, 2007, p. 55)
Os dois cientistas realizaram uma das mais importantes e impactantes descobertas da ciência moderna durante os vários anos que estiveram no Brasil, e também descreveram em suas obras as passagens pelas terras luminarenses.
Durante os mais de dez mil quilômetros percorridos, Spix e Martius coletaram dezenas de milhares de amostras de plantas, animais, artefatos e anotações. Entre as mais de 3.000 espécies de animais catalogadas pela primeira vez, algumas delas acabaram sendo batizadas em homenagem aos pesquisadores, como a Cyanopsitta spixii, mais conhecida como ararinha-azul, que infelizmente encontra-se extinta na natureza.
Há também as publicações no campo científico, nas quais os autores descrevem e ilustram detalhadamente aspectos da exuberância natural do Brasil, com destaque para Flora Brasiliensis, que ainda é considerada a mais importante obra sobre a botânica brasileira. "Frey Apollonio", escrito em 1831 por Martius e publicado somente na década de 1990, pode ser considerado o primeiro romance sobre o Brasil.
Carlos Ribeiro Diniz, nasceu em 02 de fevereiro de 1919 em Luminárias-MG. Exerceu várias atividades, foi médico, bioquímíco, professor e pesquisador. Ele desenvolveu importantes estudos sobre os venenos de cobras, aranhas e escorpiões. Como diretor da Fundação Ezequiel Dias (Funed), conseguiu recursos que permitiram a pesquisa básica e a produção de vacinas e soros antiofídicos. Formado em medicina, sempre se interessou pela área da bioquímica. Envolveu-se também em estudos sobre a bradicinina, que provoca a queda da pressão arterial, e outras substâncias químicas que repercutiam no sistema cardiovascular.
Embora tivesse recebido convites para participar de projetos industriais, Diniz afirmava que sua vocação sempre esteve ligada à universidade, ao ensino e à pesquisa. Participou da formação do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da UFMG e da consolidação da pós-graduação em bioquímica da mesma universidade. Também foi um dos criadores da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Durante um Congresso em Estocolmo defendeu uma ideia polêmica: a preservação dos animais venenosos ameaçados de extinção. Acreditava que apenas preservando-os seria possível estudá-los e conhecer a ação dos venenos. O "doutorzinho" como era chamado já na infância pelo seu interesse por pesquisa.
Recebeu os seguintes prêmios: Comendador da Odem Nacional do Mérito Científico, membro titular da Academia Brasileira de Ciências, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG.. Morreu no dia 8 de julho de 2002
TRAJETÓRIA
A personalidade curiosa e o gosto pela leitura também o levou mais cedo para a escola. Aos cinco anos foi para um colégio interno em Lavras (MG) por vontade do pai, que considerava a vida de agricultor muito penosa. Desde então, o estudo sempre fez parte de sua vida. Para a historiadora e autora do Livro do Centenário da Funed, Rita de Cássia Marques, professor Diniz tinha amor à ciência desde a infância. “Curioso, era interessado em muitas coisas! Saber sobre o mundo o ajudava a ter ideias novas, pensar adiante do seu tempo. Era curioso e estudioso!”, afirma a historiadora.
No final da década de 1930, Carlos Ribeiro Diniz muda-se para Belo Horizonte, onde começa a cursar a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Logo se interessou pela fisiologia, disciplina dada pelo professor Baeta Vianna, um dos pioneiros da pesquisa experimental no Brasil. A convite do professor, Diniz vai trabalhar em seu laboratório e participa de reuniões científicas, conhecidas como journal club. Nesse período, recebeu treinamento rigoroso em química analítica, fez revisão da literatura biomédica e de pequenos projetos de pesquisa. A geração do professor Baeta foi a primeira a usar a bioquímica moderna em laboratórios clínicos em Belo Horizonte.
Rita Marques descreve o professor Diniz como uma figura iluminada, sábia, cheia de ideias e que fez grandes amizades. Uma delas, foi com o professor Wilson Beraldo, que conheceu ainda nos tempos de estudante e que sempre admirou a capacidade administrativa do Prof. Diniz. “Segundo o professor Beraldo, o Diniz, desde os tempos que viviam em república, era um bom administrador, que colocava ordem na casa com calma e delicadeza”, relata e completa que, além de bom administrador era bom professor. “Gostava de ser chamado de professor, dizia que qualquer um bota um terno e já é chamado de doutor, segundo ele, professor era mais importante!”, lembra Rita.
Em 1943, Diniz concluiu o curso médico e foi convidado por Baeta Vianna para ser seu assistente na Faculdade de Medicina. Sua tese de livre docência foi defendida em 1948 e tinha como tema as enzimas proteolíticas da tireoide. Nesse mesmo ano, foi convidado por Baeta Viana para trabalhar no Instituto Biológico de São Paulo e na Escola Paulista.
No ano de 1949, professor Diniz se casou com Maria da Conceição Vasconcelos, em Belo Horizonte, com quem teve cinco filhos: Carlos Henrique, Marcelo, Rogério, Miguel e André. Seu filho, Marcelo Ribeiro Vasconcelos Diniz, também é pesquisador da área de bioquímica e foi servidor da Funed, onde atuou com pesquisa de peçonhas de aranhas e serpentes, purificação de proteínas, clonagem molecular, entre outros temas.
O contato do professor Diniz com a área de venenos começa na década de 1950, depois de ser convidado por Zeferino Vaz – pesquisador e médico brasileiro que foi responsável pela construção e desenvolvimento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – para trabalhar em Ribeirão Preto com veneno de serpentes e de escorpião. Na época, não se conhecia a natureza química da peçonha, principalmente do Tytius serrulatus, popularmente conhecido como escorpião amarelo. Diniz também lecionou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde foi professor assistente, titular e chefe de departamento e de pesquisa.
Reconhecimento
Ao mesmo tempo, Diniz conduzia intenso trabalho de pesquisa. Dedicava-se ao projeto da bradicinina (usada em medicamentos de controle da hipertensão) junto com Maurício Oscar da Rocha e Silva – médico brasileiro que descobriu esse componente. Nessa época, chegou a publicar em uma das principais revistas científicas do mundo, a Nature, e teve seu trabalho reconhecido internacionalmente. Em 1955, Prof. Diniz recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller para trabalhar na Universidade de Wisconsin, em Madison (EUA). Lá, também realizou cursos como genética bacteriana, enzimologia e cultura de tecidos.
Na década de 1960, Diniz foi convidado por Oscar Versiani, diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, e por Luigi Bogliolo, professor de patologia, para o cargo de chefe do departamento de Bioquímica no lugar do Baeta Viana, que havia se aposentado. Depois de muita conversa, Diniz aceita a proposta e assume o departamento na Faculdade de Medicina da UFMG, até arrumar um substituto. Ficou entre Belo Horizonte e São Paulo por muito tempo.
Na década de 1970, professor Diniz participou da comissão de reformulação dos cursos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-UFMG). Ele acreditava que o progresso da carreira científica estava ligado à boa formação na graduação e que a iniciação científica possibilitava uma mentalidade científica aos estudantes. Rita conta que, no primeiro encontro que teve com o Prof. Diniz no ICB, ele a perguntou se ela tinha pretensões de seguir carreira acadêmica. “Eu respondi que ‘sim ‘e ele emendou: ‘então vamos cuidar disso!’. Ele não me conhecia, mas me deu oportunidades como se eu fosse discípula criada por ele. Sabia valorizar o trabalho feito. Foi acolhedor, respeitoso e isso me marcou para sempre!”, conta a historiadora.
Visionário, em 1975, Diniz criou a Biobrás, empresa para produção de enzimas, situada em Montes Claros (MG), e que nasceu a partir de projetos do curso de pós-graduação em biotecnologia da UFMG. Para a chefe do Serviço de Biologia Celular da Funed, Luciana Silva, essa característica do professor Diniz de ser cientista empreendedor foi particularmente inspiradora para ela, que destaca a importância dada por ele ao trabalho com parceiros múltiplos e de maneira multidisciplinar, com várias instituições de pesquisa, o que acredita ser muito importante para o desenvolvimento biotecnológico de Minas Gerais. “Ele fazia questão dos seminários de pesquisa, trazendo cientistas de vários lugares para apresentar linhas de pesquisa, ampliar nossa rede de contatos e conhecimento. Inclusive deveríamos ter mais cientistas como ele, que consigam transformar suas pesquisas em produtos que possam gerar receita, retornar o investimento público já realizado. Precisamos avançar e fomentar mais iniciativas empreendedoras. Eu, através das minhas pesquisas, ajudei a fundar a OncoTag, então de alguma maneira estou honrando o legado dele”, afirma Luciana.
Contribuição à Ciência Mineira
Na década de 1980, Diniz contribuiu para importantes projetos da ciência mineira. Participou da rearticulação para criação da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e foi convidado, pelo então governador, Tancredo Neves, a assumir a superintendência da Funed. Na impossibilidade de assumir a direção da Fundação, professor Diniz, fica como assessor técnico e científico e, mais tarde, como diretor do centro de pesquisa da Instituição. Sua atuação foi central para trazer recursos para a Funed, o que possibilitou reativar os laboratórios de pesquisa e introduzir os trabalhos com venenos de peçonhas. Ele também reformulou e modernizou o processo de produção de soros da Funed, criando várias linhas de pesquisa. Giselle Cotta, chefe da Coleção Científica da Funed, lembra com carinho desse tempo. “Tive muito apoio do professor Diniz e de seu filho Marcelo Diniz na Funed. Foram eles que abriram as portas da herpetologia para mim. Participei com eles na época da crise do soro, em 1986, quando foram formados os grupos de trabalho regionais de distribuição de serpentes, entre outros”, recorda.
Para Giselle, a Coleção de Serpentes também existe muito em função do trabalho desenvolvido pelo professor. Diniz, pois Minas não tinha tradição em estudos de ofídios, já que eles eram voltados à questão dos venenos e do envenenamento e não para os animais que provocavam esses acidentes, especialmente as cobras. “Nessa retomada, ele incentivou o reativação da Coleção e profissionalizou o trabalho, de forma que o serviço se tornou uma referência na identificação dos animais que chegavam ao Serviço de Animais Peçonhentos, auxiliando na extração do veneno para a produção do soro”, pontua Giselle.
Outro fato curioso da cidade ao longo dos séculos eram as visitas à Água Santa, a mina de água borbulhante situada bem no pé da Serra de Luminárias, possui poderes medicinais (segundo relatos) e é frequentemente procurada.
Sobre a Àgua Santa, o homem ( na época) mais velho de Luminàrias contou;
"eu morava na roça,na tal Àgua Santa.
Era meia légua de distância...
...papai me falou que veio um homem com uma enfermidade na perna. Ele andava de muleta,e fez uma barraquinha là na Àgua Santa.
Ficou uma semana là , bebendo daquela àgua e banhando.
Saiu de là são e curado.
Uma vez eu comprei uma lata ,daquelas de 26 litros de querosene. Fui là, apanhei um tanto d'água assim e levei pra casa. Deixei ela em cima da mesa da sala.Quando eu vi,a lata suou tudo por fora.
Ficou cheio de bolinha.
Uma coisa medonha.
É impossível,parece que você não acredita,mas é verdade..."
( Trecho da história contada por Geraldo Pedro Furtado_ Geraldo do Neco, no livro Memórias Iluminadas)
Texto do Maestro Antônio Souza
127 ANOS DE HISTÓRIA
1894, uma pequena cidade em formação e alguns músicos que talvez fugindo da solidão, tocavam seus instrumentos inspirados no entardecer entre as montanhas.
A vida não era fácil, a aparência era de guerreiros lutando de sol a sol para o sustento de suas famílias, mas a aparência rude e as mãos calejadas do trabalho duro, não revelava a sensibilidade que possuíam.
Mas de onde vinha a inspiração?
A fé católica era grande inspiração, tocavam solitários e sentiam grande paz ao entoarem suas melodias. As paixões amorosas também os inspiravam. Melodias ecoavam dispersas entre as montanhas levando emoção, alegria e inspiração não só aos músicos, mas também aos ouvintes. Até que Américo Costa um escrivão que também era músico, reuniu esses músicos solitários e formou uma pequena corporação. O resultado surpreendeu a pequena população, a música se tornou mais forte e harmoniosa.
O interesse pela banda levou outros jovens a buscar o aprendizado musical, o que foi bom, mas não tinham recursos, assim começaram a tocar nas fazendas da região onde recebiam doações que utilizavam para manter a associação. Era difícil, saíam a cavalo muitas vezes enfrentando mal tempo, deixavam suas famílias e chegavam a ficar semanas fora de casa. Em 1910 eles criaram a Associação Carmelitana Luminarense com a finalidade de manter e amparar a Banda que com apenas 16 anos já passava por grandes dificuldades. Mas a semente já estava plantada e era forte o bastante para sobreviver por mais de um século passando por enormes dificuldades, mas mesmo assim, marcando presença em todos os momentos importantes da história de Luminárias.
São várias gerações de guerreiros que lutaram e lutam até hoje para não deixá-la morrer. Músicos, maestros, professores que mesmo sem formação acadêmica, lecionando e ensaiando nos seus horários de folga, foram persistentes e brilhantes em sua missão. Muitas vezes passavam a noite escrevendo partituras com caneta tinteiro sob a luz de velas e lamparinas, em uma época em que até o papel era escasso. E de onde vinha essa força de vontade? Como dizia nosso saudoso Maestro Sr. Nem, “Quem canta ou toca reza duas vezes”, então foram muitas e muitas orações, e Deus ouviu e não deixou ela acabar alimentando esses músicos com inspiração e extrema força de vontade.
Hoje agradecemos a Deus e a esses persistentes músicos que permitiram que a música fizesse parte de nossas vidas até os dias atuais. São 127 anos de história que não podem ser esquecidos, mas sim reconhecidos e respeitados como cultura e patrimônio do nosso povo.
Veja como está a banda hoje em dia: https://www.youtube.com/watch?v=sldhCGZ-KgQ
Entre 1939 a 1945 aconteceu a Segunda Grande Guerra Mundial, e seis cidadãos luminarenses serviram o exército brasileiro em combate. Após a volta dos heróis de Guerra, a cidade de Luminárias construiu a Praça dos Expedicionários, no lugar onde foram recebidos com festa, em homenagem aos combatentes. Após a última reforma a Praça voltou a ter o seu aspecto original, ou seja, o formato e as cores da bandeira nacional, sendo uma réplica gigante do símbolo pátrio.
Um dos últimos grandes feitos Luminarenses, foi a construção da Usina da Fumaça em meados do século XX, mais especificamente entre os anos de 1954 até 1961, e seu nome era Usina Franzen de Lima. A Usina da Fumaça durante anos forneceu energia elétrica para as cidades de Luminárias e Ingaí.
Atualmente suas ruínas são encontradas as margens do Rio Ingaí e desperta a curiosidade de visitantes. Sua queda d'agua imponente e suas corredeiras formam um lindo cenário, em maios aos restos da Casa das Máquinas, da Bobina e da Barragem.
Atualmente estudos estão sendo feitos sobre o melhor aproveitamento da antiga Usina.
O Luminárias Atlética Recreativo é um clube desportivo da cidade de Luminárias em Minas Gerais. Uma de suas primeiras equipes foi a célebre equipe feminina de Vôlei, que disputou a V olimpíada estudantil de campanha em 02 de setembro de 1963 onde identificamos as seguintes pessoas: Maura Diniz, Terezinha Murad, Cida Murad, Sonia Fonseca, Helena Biavati, Ana Mesquita e Helio Magalhães (Treinador). Outra equipe reconhecidamente fundamental na construção do L.A.R, foi a equipe campeã invicta de voleibol masculino da V Olimpíada de Campanha em 1963 Sued, Avani, Zizinho, Helio, Bernardes, Orlando e Bibe.
Em 02 de maio de 1965 foi inaugurada a Quadra do L.A.R. A solenidade contou a benção do pároco local, atual Monsenhor Waldyr, e centenas de moradores locais durante a celebração.
Atualmente as equipes do L.A.R treinam e disputam jogos no Ginásio Poliesportivo Danilo Souza Leite. As atividades esportivas municipais são coordenadas por Bruno Murad e Giordânio Moura.
Outros grandes atletas também se destacaram e se destacam ao vestir a camisa do L.A.R entre eles podemos citar:
Danilo Souza Leite
Isis Vilela
1ª TAÇA EPTV DE FUTSAL FEMININO
Na década de 2000 Luminárias era uma das equipes mais fortes e vencedoras de Futsal Feminino da Região. Sendo precursora do Futsal Feminino no Sul de Minas.
A equipe contanto apenas com atletas luminarenes também foi responsável por diversos títulos regionais para nosso município.
Mas em 2006 com o intuito de vencer e se sagrar campeãs da 1ª Taça EPTV de Futsal feminino, o então treinador Ednaldo Alves, fez uma parceria com atletas e comissão técnica convidadas e montaram uma equipe forte e que acabou se sagrando vice-campeã, perdendo a Final da competição nos pênaltis para a equipe de Varginha. Nessa competição as atletas luminarenses se juntaram a atletas convidadas e foram coordenadas pelo Professor Dula.
L.A.R
Atualmente o L.A.R possui atletas de diversas categorias e modalidades esportivas. A equipe adulta de futsal do L.A.R disputa frequentemente a Taça EPTV de Futsal, Copa Alterosa assim como diversos outros torneios e competições regionais.
As tradicionais equipes de vôlei também se mantém ativas e disputam frequentemente torneios regionais.
Todas as equipes vinculadas ao L.A.R, entre essas as equipes municipais, recebem apoio e possuem horários reservados para seus treinamentos.
Recentemente as categorias de base do L.A.R iniciaram um trabalho diferenciado envolvendo diversas áreas como educação física, nutrição, psicologia e fisioterapia no intuito de fortalecer e fomentar a prática esportiva na cidade, promovendo assim mais bem estar e desenvolvimento aos nossos jovens atletas.
A TAÇA DA SAUDADE
Uma das competições mais importantes de Luminárias, é, sem dúvidas, a Taça da Saudade. Trata-se de um torneio municipal de futsal, reunindo atletas de Luminárias e toda região, divididos em duas taças:
Taça de Prata
Taça de Ouro.
Um dos grandes atrativos é o público sempre presente fazendo barulho e torcendo pela sua equipe. As noites de jogos da Taça da Saudade são uma grande celebração do esporte em Luminárias.
L.A.R FORTE EM 2022/2023
NA EDIÇÃO DE 2022 DA COPA ALTEROSA DE FUTSAL, A EQUIPE ADULTA DO L.A.R COMANDADA PELO TREINADOR "GUINHO" ACABOU FICANDO ENTRE AS 16 MELHORES EQUIPES DA COMPETIÇÃO, ENCHENDO A TODOS DE MUITO ORGULHO E ALEGRIA.
ENTREVISTA COM DONA MARILDA CONCEIÇÃO MAIA AMARAL SOBRE A CONCEPÇÃO DO BRASÃO E DA BANDEIRA DE LUMINÁRIAS
Concedida à Coordenadoria de Turismo, Cultura e Patrimônio.
Como foi lançado o concurso do Brasão e da Bandeira de Luminárias?
D. Marilda: Por volta de 1972 o então Prefeito José Olinto Furtado lançou o concurso para a Bandeira e o Brasão do Município. A divulgação do concurso aconteceu no “boca-boca” e cartazes, eu fiquei sabendo lá na Escola, na época eu era professora e a notícia chegou pra gente lá, e eu resolvi participar.
A senhora lembra quantas pessoas participaram do concurso? Se sim, a Senhora se lembra de alguém?
D. Marilda: Algumas pessoas participaram do concurso, agora eu me lembro de apenas dois, que também eram professores. O Gil Furtado participou do concurso e também a Marília Diniz.
Como foi a concepção e a construção da bandeira?
D. Marilda: A bandeira não foi desenhada e nem pintada, eu usei recortes de papel sulfite, eu fiz uma serra estilizada verde e um céu azul. Eu acrescentei uma estrela no céu para representar a beleza de nosso céu e a proteção divina de Nossa Senhora do Carmo, também coloquei uma estrela no chão que representa o nome da cidade de Luminárias e nossas riquezas naturais. A luz na Serra que deu nome a cidade, sobrenatural ou não. Ninguém sabe a origem das luzes aqui, nós somos iluminados e, vale lembrar que a matriarca Maria José do Espírito Santo, no século XVIII, começou a iluminar as nossas serras.
Depois que a minha bandeira ganhou o concurso ela foi enviada para a Associação Heráldica de São João del Rei para o estudo do brasão, lá ela foi avaliada e algumas mudanças foram sugeridas e acrescentadas na bandeira. Foi colocada uma Torre por exigência da Heráldica, pois representa a cidade, também foram colocadas a data de emancipação do município e uma margem verde na bandeira.
Relato:
"Tinham as que preparavam a lã e as que teciam. Aqui na Lambinga tinha carneiros nas fazendas. Cortava-se a lã e levava para as mulheres fazerem cobertas ( colchas) e paletós de lã. Primeiro abria a lã para sair a sujeira dos carneiros, junto saía carrapichos que fincavam na gente. Depois lavava aquela lã e secava. Depois cardava em duas pás que se chamavam " carda", que tinha umas cerdas de aço .Essas a minha Vó Dóca não deixava mexer, senão quebrava os" dentes". E nesse tempo era difícil comprar, só comprava no Rio de Janeiro. Na carda rolava a lã de uma para outra até formar um canudinho fino. Esse canudinho ia para uma roda de madeira e pedal , que chamavam de roda de fiar. Nessa roda tinha um carretel de ferro, onde a linha era " fiada " ou seja transformava em fios. Ali a lã se transformava em fios compridos, que enrolava em outra roda com quatro esteios para formar as meadas. Aí era a fase de tingir a lã. Tingia com flor de quaresmeira, casca de cebola, roxinha do brejo e outras que não me lembro agora. Depois secava, fazia novelos e ia para o tear, para tecer colchas e paletós. Eu me lembro as que preparavam a lã eram a Vó Dóca, Tia Nazaré do Geraldo do Orlando, Nazaré( alí da pracinha de cima ), Maria do Zé Armeidinha, ( se alguém lembrar de mais alguém coloca para mim. ) As que teciam eram em menor número. Os teares eram cheios de pentes e de pedais,tudo feito em madeira e bambú..Me lembro das que teciam, Maria do Chico Genoveva, Sá Rôla e sua filha Cida do Zé Terra,( coloquem também se lembrarem, por favor ). Nesse tempo não se comprava paletó e nem " cobertas" era tudo tecido por aqui. Fazia de fios de algodão também. Ai descaroçava o algodão e fazia igual a lã. Os paletós eram só xadrezinho de branco e preto ou marrom e branco. Será porque né?
Parte importante da paisagem luminarense, o Morro do Cruzeirinho, atualmente abriga a estátua do Cristo Redentor de 12 metros de altura e uma escadaria de 273 degraus para os mais animados. Antes da construção do Cristo, em 1992, no Morro existia um Cruzeiro que era usado para celebrações religiosas.
Em três(03) de Agosto de 1992 o Município assina contrato com a Construtora Gabriela Novaes Ltda. para fornecimento de mão de obra, administração e execução do Mirante do Cristo no Morro do Cruzeirinho, praça para mirante, escadaria de acesso e montagem da Imagem do Cristo Redentor.
A benção da Imagem do Cristo Redentor no Morro do Cruzeirinho ocorreu em 27 de Dezembro de 1992.
A estátua do Cristo, que tem aproximadamente 12 metros de altura, é um dos principais atrativos turísticos do município. De fácil acesso, o atrativo é destino certo da maioria dos turistas que visitam a cidade. Além da beleza e esplendor do monumento em si, o local proporciona uma linda vista de toda a região, além de nos presentear com um magnífico por do sol. Aos mais animados, fica a dica de subir por sua escadaria, que conta com 273 degraus.
O Ribeirão do Lavarejo é reconhecidamente um leito muito importante, uma vez que ainda guarda resquícios do processo de mineração do Ouro em Minas Gerais. No trecho dos córregos do Rio Cervo e das cabeceiras do Rio Ingaí, as minerações são apontadas numa Carta Sertanista de 1717.
Houve uma mineração tão intensa que de forma peculiar surgiram ali os "lavarejos", termo único da região ainda não catalogado nos dicionários, mas presente nas cartografias do IBGE.
O Lavarejo, que significa uma grande apuração do cascalho aurífero através da água, aconteceu entre a Lavrinha e a paragem de São José. A região do Lavarejo ficava próximo as Fazendas Favacho, Campo Alegre e a Fazenda Ribeirão das Luminárias, junto ao ribeirão do Mandembe.
Uma das marcas que o tempo deixou para reconhecimento da atividade mineradora nesses locais são as toneladas de seixos rolados que se encontram na margem esquerda do Rio Ingaí, retirados do riacho para apurar o ouro. Em algumas Fazendas, a bateia não é esquecida e ocupa um lugar de destaque, como na Fazenda da Barra.
Só uma região aurífera poderia dar origem a uma riqueza tão grande quanto a de João Francisco Junqueira, pai do Barão de Alfenas.
Relato de Francisco José Furtado:
"Tinha as catas do Ribeirão do Mandembe e tudo aí pra baixo... Eram feitas muitos desvios de água para lavar o ouro, que depois que a munha era separada do cascalho, através das bicas d'água, o ouro era também bateiado pra ser apurado. O ouro era trazido para o capão por um escravo, assim que ele terminava o serviço, ele era morto"...
O Lavarejo também é um dos locais mais bonitos de Luminárias, seu ribeirão possui piscinas naturais e pequenas cachoeiras. Em seus arredores temos também uns dos principais e mais antigos caminhos da região, a trilha do Lavarejo ligando Luminárias ao município de São Thomé das Letras.
Contudo a visita ao Lavarejo deve ser sempre guiada por profissionais locais, devidamente qualificados e autorizados a fazer a trilha.
Inúmeros escritores luminarenses se destacam com obras literárias de altíssima qualidade, outros fazem e fizeram um grande trabalho histórico de resgate e acervo. Entre as obras literárias luminarenses se destaca Diário de uma Fenix, de Juliano Gouvêa. A obra conta com vários cenários e dimensões, e traz a Caverna da Serra Grande, Fazendas da região, Igreja Velha, dentre outros locais luminarenses, como um de seus "panos de fundo".
Diário de uma Fênix, de Juliano Gouvêa, se inicia de forma radical e se desdobra em cenários e dimensões que deixam nossa imaginação a flor da pele. Qualquer luminarense vislumbra seu lugar de origem em cada frase sobre essa terra abençoada. Suas personagens são incrivelmente cativantes, o nível literário aplicado é do mais alto refinamento. As personagens dialogam, as vidas se relacionam, passado e futuro se tornam apenas perspectivas diferentes dentro de um mesmo universo. Além de tudo isso, ainda é uma obra que te emociona. É impossível segurar as lágrimas quando Juliano Gouvêa sinaliza para o limiar entre o que é e o que não é. A morte, a vida e o destino marcam uma obra fascinante, cheias de idas e vindas, surpresas, tragédias e amor. (Resenha de Carlos Eugênio)
Vale a pena conhecer não só essa, mas como diversas outras obras luminarenses. Conheça a Biblioteca Municipal, que atualmente fica na Casa de Cultura (prédio que abrigou a primeira Escola de Luminárias).
De autoria de Andressa Gonçalves e Paulo Morais, Memórias Iluminadas, escrito em 2008, traz histórias de 26 moradores, nascidos até 1939, da cidade de Luminárias, em Minas Gerais. São narrativas que contam causos, lendas e fatos, lembram tradições e personagens, descrevem saberes e modos de fazer antigos. Os depoimentos foram registrados em áudio por meio da metodologia da história oral. As gravações foram transcritas e editadas para compor a obra. As memórias de:
Geraldo Pedro Terra, Jorge Ferreira Carvalho, Waldemar Vilela de Paula, Clece Ribeiro Diniz, Oliveira Peixoto Arantes, Nagib Murad, Dalva Fonseca Murad, Luiz Mariano da Silva, Joselina Maria da Costa, João Batista Ferreira, José Gaio Filho, Waldir Henrique Mancini, Júlia Moreira de Araújo, Antônio Ferreira de Araújo, Luísa Furtado, Luci Teodoro Moreira, Jair Mesquita, Abigail Mesquita, Lair Ribeiro Diniz de Rezende, Cristiano Carvalho, Iolanda Biavati Silva, Antônio Vítor Gouvêa, Iolanda Gomes de Melo, Vicente José Moreira, Geraldo Agostinho de Mesquita e José Ferreira Diniz.
Formam, juntas, um precioso inventário do Patrimônio imaterial e revelam a riqueza da cultura da comunidade. Num momento onde assistimos as sociedades se transformarem rapidamente, a obra Memórias Iluminadas se lança como referência para que as novas gerações conheçam suas raízes e valorizem a identidade cultural Luminarense.
LEMBRANDO QUE NA ABA DE ANEXOS, ROTEIROS E DOCUMENTOS VOCÊ ENCONTRA A OBRA Memórias Iluminadas
A EMBAIXADA DE REIS
No nosso caso nos baseamos em elementos simples dessa manifestação cultural: A bandeira, Os marungos ou bastiões, os Embaixadores, os Foliões.
A Bandeira ou Estandarte: Símbolo maior dentro da Embaixada, todos beijam a bandeira e ela representa o nascimento de Jesus e a visita dos três reis magos.
Geralmente a bandeira é um pano colocado num suporte de madeira, com desenhos da manjedoura onde teria nascido Jesus
Durante as festividades dos Três Reis Magos, quem detém a bandeira possui controle perante os demais foliões, esse é chamado de "patrão". Aí entram os marungos.
Os Marungos vestem roupas coloridas,máscaras e capacetes. Eles são os responsáveis por levar a bandeira para que outras pessoas possam beija-la. Durante os encontros de Folias os Marungos se desafiam em versos, acrobacias dentre outras manifestações. Há quem diga que eles representam os três reis magos, há quem diga que eles distraem as pessoas para que os Três Reis Magos possam fugir em paz após a visita ao nascimento de Jesus.
No caso das Folias de Reis de Luminárias, existem vários códigos que podem ser feitos na posse da bandeira. Caso o Patrão leve a bandeira embora, é necessário que o Marungo peça para o Embaixador cantar algo pedindo para que a bandeira volte para a presença dos foliões. Caso sejam colocadas flores na bandeira, cada Marungo deve recitar um verso para tirar a rosa da bandeira. Caso o Patrão dê um ovo cru, o Marungo deve beber, dentre outros vários códigos.
A folia não deve andar para trás, caso ela esteja indo embora de seu bairro ela não poderá retornar. As vezes isso acontece quando estão mudando de rua.
Os embaixadores e os foliões, são basicamente os músicos que formam a folia ou embaixada e entoam instrumentos e vozes.
Após muitos ensaios, dia 25 de dezembro a embaixada sai de casa em casa com versos, músicas, acrobacias, piadas, palhaçadas, pedindo esmola, pedindo comida etc.
FOLIA DO SÔ ALEXANDRE
A primeira é a Embaixada de Santo Reis, cujos os embaixadores são Gonçalo, Tião Costa, entre outros. A bandeira fica na casa do Alexandre Mariano, os marungos mais famosos são Zé Dinoca, Vicente, Raimundo ... Vários sanfoneiros já saíram na Folia do Sô Alexandre, entre eles, Jorge Jacaré, Cláudio, José Maurício. Entre os que fazem a tala, o coro após o refrão, temos o Sr. Vitor "Sirvino", Tiãozinho, Tibena, Geraldinho. É quase impossível lembrar de todos que já fizeram e ainda fazem parte da Embaixada. Vale ainda destacar que a Folia do Sô Alexandre sempre apresentou excelentes músicos e cantores, chamando a atenção por onde passavam devido a cantoria afinada e harmoniosa.
Embaixada Mirim de Santos Reis
Relato sobre o início da Embaixada Mirim:
"...nós, na época crianças, fizemos uma bandeira de saco de ração, conseguimos elaborar um Marungo e saímos três pessoas, um Marungo , um violonista e um percussionista. No primeiro dia de saída no bairro, mais de vinte crianças se juntaram, chamando a atenção e conseguindo doações , inclusive a instrumentos , como uma sanfona.
Nos primeiros nove dias de viagem pela cidade, a percussão era um balde de minha mãe lavar roupa.
O tiaozinho da lavrinha emprestou uma sanfona para o Fabrício tocar, apareceram outros instrumentos.
Chegamos na casa da Sra Josina.
Ela era dona de uma folia antiga , seu marido tinha morrido. Ele emprestou algumas roupas e adereços que tinham sido do Juca Véio para nossa folia.
Rolou uma aproximação muito forte com a igreja, tocamos na Matriz e doamos metade do dinheiro arrecadado, na época eram 200 reais, para o início da construção da Igreja que tem lá no São Sebastião.
Folia de Reis Filhos do Tinória
Existe também em Luminárias a Folia de Reis Filhos do Tinória, sob o comando do Capitão Delcione, a embaixada participa regularmente de encontros e também animas e festejam Santos Reis pelas ruas de Luminárias e região.
Apesar de não estar exatamente no município de Luminárias, o Mato da Venda é parte fundamental de nossa história. Ele fica na região de divisas entre os municípios de Luminárias, Ingaí, Carrancas e Itutinga, a mata densa localizada as margens esquerda no Rio Capivari ganhou esse nome devido ao ponto de comércio, venda, ali existente.
O ponto é estratégico, fica a poucos quilômetros da Estação Ferroviária de Paulo Freitas, onde todos os insumos e mercadorias chegavam a nossa região vindos do mar e das grandes capitanias ("Que ligava minas ao porto, ao mar"). A estrada que corta o Mato da Venda liga a Estação com nosso município e ali muitas histórias aconteceram.
"Certa vez, ainda muito jovem, fui com meu pai a uma Fazenda, seu proprietário se chamava João Barreiro. Chegando lá fui direto pro curral, os filhos do João tiravam o leite e as crianças brincavam pelo terreno da Fazenda. Na hora do café entramos na casa, assoalho de madeira, portas e janelas enormes, uma grande vista para o pomar. Ao caminhar pela casa se percebia que abaixo de nós ainda havia um universo inexplorável, porão. Sentamos tomamos café em caneca esmaltada e comemos broa de fubá, tudo parecia incrível e ficou ainda mais. Seu João Barreiro chamou nós num canto e começou a contar a história de quando resolveu adentrar ao Mato da Venda em busca do famoso Ouro:
__ João contou: Coloquei as botas, uma roupa grossa e forte, embornal, canivete, facão, uma espingarda e coragem, muita coragem. No início tudo parecia normal, adentrei ao matagal e logo já estava no meio da mata densa, de árvores grandes e sem nenhuma trilha. Num susto me deparo com uma galinha e alguns pintinhos, a galinha seguiu em direção mata dentro e eu fui atrás, ai o bicho pegou, a galinha e os pintinhos me atacaram, me bicaram e eu cai pro chão, machuquei tudo. Quando dei por mim aqueles bichos viraram uma outra entidade que foi ficando cada vez mais assustador e sanguinário. Nesse momento consegui sair correndo e não vi mais aquela entidade e nem o Ouro".
Outros testemunhos de nativos também nos mostram um pouco da dimensão da lenda do Mato da Venda, rota de passagem na construção de Luminárias.
"Eu tava esperando uma carona no Mato da Venda com um companheiro. Já tava de noite e não passava nenhum carro, isso era 1990, sei lá, faz tempo. Ai surgiu dois faróis grandes, reluzentes, aquilo veio assoviando, passou perto de nós muito rápido, não parou pra dar carona, nós pedimos, e também não conseguimos ver o veículo, só tinha "os farol". Meu amigo muito nervoso começou a xingar tudo que é nome. Ai que o negócio ficou feio, não é que apareceram mais dois faróis vindo em nossa direção, e a cena se repetiu, passou por nós, não conseguimos ver nada, só "os farol". Enquanto nós tivemos coragem a cena continuou se repetindo, resolvemos ir embora e nunca mais vi esses faróis."
Nunca se soube o que realmente acontece no Mato da Venda, o fato é que adentrar na mata exige equipamentos e coragem diante desses relatos. Mas a paisagem é incrível e não há nada de mais só passar pela estrada, conhecer a Região, a antiga Estação, o Rio Capivari, Fazenda Vista Alegre e o Estreito.
Muito se sabe sobre os luminarenses que todos os dias iam e voltavam dessas terras levando e trazendo insumos, mercadorias, correspondências, dentre outros. Muitas vezes esse trajeto era feito a pé e com as costas carregadas.
Ainda nos séculos XVI e XVII, segundo relatos, os “índios amigos” que aqui viviam já observavam a aparição de estranhas luzes nesta região, sobre os Índios que aqui viviam alguns estudiosos afirmam que nessa região habitavam os antepassados da Nação Kayapó (Mourão, 2007, p.41), porém o mais comum é afirmar que aqui habitavam os Cataguases.
O curioso é que os relatos não se perderam com o tempo, alguns moradores atuais da cidade afirmam avistar luzes e bolas de fogo no alto das serras da região. Os relatos causam inquietude nos mais curiosos, sendo a região um rico campo para incursão ufológica. Segundo o ufólogo Cristiano Gonçalves, que atuou na cidade no início de 2021 com sua equipe de pesquisa – Grupo Contato OVNI Pesquisa de Campo – o fenômeno que ocorre em Luminárias está dentro dos parâmetros que se caracterizam como OVNIs reais. "Além de coletarmos muitos depoimentos dos moradores da cidade, os quais a grande maioria confirma os avistamentos, nas duas vigílias que fizemos, nós também testemunhamos as famosas luzes sobre Luminárias. Fotografamos e filmamos para posteriores análises. Todavia, numa análise prévia - inclusive com auxílio de guias de turismo conhecedores da cidade que participaram conosco da vigília - podemos supor que estivemos sim diante do fenômeno OVNI. Eliminamos as possibilidades destas luzes serem balão, satélite, pipa com lanterna, drone, faróis ou qualquer aeronave conhecida, ainda assim, estes objetos luminosos executavam movimentos que podemos considerar inteligentes, nos levando a esta prévia conclusão: a probabilidade de serem autênticos OVNIs é muito, mas muito alta".
Em Agosto de 2022 ocorreu o primeiro Congresso de Ufologia de Luminárias, o evento ocorreu na Pousada Serra da Luz e reuniu ufólogos e simpatizantes de várias partes do país. Entre eles podemos destacar a participação do Montanhista Maurício Kairuz, os ufólogos Albert Eduardo, Paulo Baraky, Raoni Machado e Edison Boaventura Jr (Apresentador do Programa Enigmas e Mistérios).
Vale lembrar que Maurício Kairuz apresentou evidências dos avistamentos das famosas "luminárias", como fotos e vídeos. O caso de Luminárias ainda intriga muita gente e fascina aqueles que gostam do assunto. Sendo Luminárias o único caso do mundo de uma cidade que recebeu seus nome devido a fenômenos luminosos não identificados.