Rio do Sul, 27/05/2022 por Gregório U. L. da Silva

Olá... obviamente Bolsonaro aumentou sua votação do primeiro para o segundo turno. No Brasil esse aumento foi de 9,1%. Para analisar as determinantes desse aumento em nossa região adotamos a estratégia de contar com 51 localidades (24 Bairros da cidade de Rio do Sul e 27 cidades do Alto Vale). Essa mesma estratégia foi adotada quando analisamos a votação de João Amoedo(NOVO) na região. Então o que tentaremos explicar tem a seguinte lógica:

'aumento' = Votação Bolsonaro segundo turno em 2018 nas 51 localidades - Votação Bolsonaro primeiro turno em 2018 nas 51 localidades.

Essa é a variável que tentamos explicar. As outras envolvidas na análise são:

'Localidade' = DUAS SÃO AS POSSIBILIDADES, 'CIDADES DO ALTO VALE' e 'BAIRROS DE RIO DO SUL'.

'nível_apoio_turno_1' = trata-se de uma divisão em 3 categorias entre as 51 localidades na votação de Bolsonaro no primeiro turno, as que votaram mais são classificadas como 'alto'; as de menor apoio são classificadas como 'menor' . Já as do meio, como 'mediano'. Cada categoria conta com 17 Localidades. A lista completa das 51 Localidades consta aqui.

'Amoedo' = trata-se da votação em João Amoedo do Novo no primeiro turno nas 51 localidades.

'Ciro' = trata-se da votação em Ciro Gomes do PDT no primeiro turno nas 51 localidades.

As votações em Bolsonaro e Haddad não foram incluídas por estarem ambos na disputa do segundo turno. Já outros candidatos e votos(Nulos, Brancos) não foram considerados por falta de tempo. Mas acredito Ciro e Amoedo sejam úteis para esse exercício, pois ambos ficaram em terceiro e quarto na região (não no país). Por isso supõem-se que os votos de Ciro, supostamente mais à esquerda migrem para o opositor de Bolsonaro no segundo turno. Já em relação à Amoedo, a expectativa é oposta. Os dados como veremos abaixo só nos dão segurança de que Amoedo demonstra sentido esperado. Para Ciro, não há segurança nos dados para afirmar nada.

Abaixo temos uma tabela, ela nos possibilita analisar o efeito conjunto de 'Amoedo', 'Ciro', 'Localidade' e 'nivel_apoio_turno1' em 'aumento'.

Aquilo que ser quer explicar é 'aumento', por isso consta no alto da tabela (essa representa um modelo de regressão linear).

'Ciro' e 'Amoedo' são variáveis numéricas, logo sua análise é direta (o efeito de Ciro/Amoedo em 'aumento').

A variável 'nível de apoia turno1' é categórica e tem a categoria 'menor' como referência, ou seja os efeitos que ali constam são 'menor' x 'mediano' e 'menor' x 'alto'. (isso significa que se eu quisesse comparar 'mediano' com 'alto', eu teria que mudar a categoria referência)

A variável 'Localidade' também é categórica. Mas só tem duas categorias. Na tabela vemos o efeito de 'Cidade Alto Vale' contra a categoria de referência 'Bairros Rio do Sul'.

As variáveis 'Ciro' e 'Localidade' não são explicativas à 95% (ver x vermelho e imagem interativa abaixo para mais detalhes). A categoria 'mediano' não é explicativa a 95% quando comparada à categoria 'menor' (ver x vermelho e imagem interativa abaixo para mais detalhes).

Os casos em que constam 'sig' ao lado, representam as variáveis que passaram no teste de significância, e portanto, são passíveis de uma leitura dos dados (cautelosa, por se tratar de um exercício, para um dado mais confiável, seria necessária uma análise mas aprofundada)

O modelo acima estima que a cada 1% que 'Amoedo' recebeu no primeiro turno ocorra um acréscimo de 0,48% no 'aumento' da votação de Bolsonaro no segundo turno em comparação ao primeiro. O efeito dentro do intervalo de confiança é positivo entre 0,13 e 0,83. Na imagem interativa abaixo, basta observar a variável 'Amoedo' para constar esse intervalo.

O modelo também prevê que pertencer a categoria de maior apoio a Bolsonaro no primeiro turno, quando comparados àqueles de menor apoio, reduz em 1,29(intervalo de confiança entre -2,20 e -0,37) o 'aumento'. Isso quer dizer que o 'aumento' foi maior nas localidades (cidades e bairros) que votaram menos no então candidato ex-capitão no primeiro turno. Uma vez que sua votação já era menor nos segundo turno, era de se esperar que o aumento fosse menor? Para mim sim, pois em outra análise tinha achado algo nesse sentido.

O intercepto é o cálculo de quanto teria de aumento se todas as variáveis numéricas fossem zero e situadas nas duas categorias de referência (menor apoio e Bairros de Rio do Sul). Ou seja estima-se que dada Localidade que seja um bairro de Rio do Sul, de menor nível de apoio à Bolsonaro no primeiro turno e que tenha dado 0% a Amoedo e a Ciro tenha tido um aumento de 8,21% da votação em Bolsonaro. Esse dado aqui pouco nos agrega, fica mais como curiosidade.

51 são os casos (Observations) e o R2 é de cerca de 0,3(30% de capacidade explicativa). Ou seja, modelo de potência leve/moderada.

Abaixo vemos uma imagem interativa que apresenta os intervalos que constam na coluna CI da tabela acima. Percebam que o que passa em cima da linha zero não é sig, e o que não passa é. (Você pode interagir a vontade com esse gráfico, basta dar um duplo clique para que ele volte à posição original).

Essa análise de regressão gerou resíduos. Por exemplo, o Fundo Canoas e o Sumaré foram bem previsíveis. Se quiser ver a lista completa das localidades e do valor estimado -> clique aqui.

Também rodamos o modelo beta, que padroniza todas as variáveis explicativas e verifica o peso relativo de cada uma. - Veja o resultado aqui

Concluímos apontando que em nosso exercício o voto no primeiro turno(menor em Bolsonaro) e maior em Amoedo, pareceram ser as maiores explicações para o 'aumento' da votação na região de um turno pra outro nas eleições de 2018 no candidato que se saiu vitorioso no pleito.

A votação em Ciro tem efeito esperado de reduzir o aumento (embora não significativo). O mesmo vale para Cidades do Alto Vale em comparação aos Bairros de Rio do Sul.

Fiz diversas análises extras com o banco de dados criado para esse exercício, se quiseres ver essas pode acessar esse link. Se quiseres ter acesso ao meu script e replicar na sua casa, basta acessar esse link.

Se você chegou até aqui e gostou de brincar com a imagem interativa, há outra nesse site. Refere-se às eleições municipais de Rio do Sul em 2020 e que tentam entender o destino dos votos de Gariba 2016 para aquele pleito: Clique aqui para ler.

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