Site dedicado a antiga e memorável família italiana Bilibio

História

Ao contrário do que muitos pensam o sobrenome Bilibio não é espanhol e muito menos basco mas sim italiano. Essa confusão ocorre pelo fato da família italiana ter se estabelecido na Espanha na época da colonização romana em uma localidade com grande população basca!

Bilibio (em latim: Bilabium) (em italiano: Bilibio) é um sobrenome italiano, de uma antiga e nobre família patrícia romana. As pesquisas históricas indicam que a família surgiu em Roma, em 450 a.C. Sabe-se atualmente que Pêtronio Bilibio (em latim: Petronium Bilabium) foi o patriarca, o primeiro a utilizar o sobrenome, de acordo com registros históricos realizados por Estrabão, Augusto e Marcial acredita-se que Petrônio era influente no meio político e em decorrência desse fato ficou conhecido na sociedade romana por seus discursos, tendo sido esse o motivo por ter ganhado o apelido Bilabrum, que posteriormente deu origem ao sobrenome. Inicialmente o sobrenome era grafado como Bilabrum, posteriormente transformou-se em Bilabium, mais tarde como Bilibium, algumas vezes grafado Bilibivm e finalmente cristalizou-se em Bilibio.

A origem etimológica do sobrenome vem do latim. Bilabium pode ser dissociado da seguinte forma; Bi, cujo significado é dois e Labium, cujo significado é lábios, deste modo podemos traduzir o sobrenome como dois lábios ou apenas boca. Interessante notar que a expressão bom de lábia e bilabial possuem a mesma origem.

Petrônio Bilibio era casado com Váleria Fêronia Quinta Bilibio. sabe-se que tiveram oito filhos, um deles se chamava Otávio Bilibio (em latim: Octavianus Bilabium). Otávio Bilibio teve um filho chamado Públio Bilibio (em latim: Publium Octavianus Bilabium Filius). Ocatavio casou-se com Vetulina, em Roma, e lá tiveram dois filhos; Nemestrino e Cornélio Bilibio (em latim: Nemestrino e Cornélio Bilabium Publium Filius).


Roma

Imagem retirada em Pixabay

Roma - Itália

Imagem retirada em Pixabay

Nemestrino e Cornélio Bilibio migraram para a Espanha, para uma região conhecida como Hispânia Citerior Tarraconensis. Importante salientar que durante esse período o Império romano estava em plena expansão, conquistando diversos territórios. Neste contexto Nemestrino e Cornélio Bilibio fundaram um assentamento romano (itálico) conhecido como Aqcuae Bilbilitanorum ou Aqcuae Bilbilitanae assim como as cidades de Bilbilis e Bilibio e lá se dedicaram a vinicultura, assim como já faziam em Roma. Lembrando que a família Bilibio foi uma das primeiras famílias de colonos italianos a se estabelecerem na região. Hoje parte destes territórios correspondem as cidades de Haro, na província e comunidade autônoma La Rioja, Calatyud, na província de Saragoça, na comunidade autônoma de Aragão e Sória, na comunidade autônoma de Castela e Leão e da província homônima.


Aqcuae Bilbilitanorum significa água dos bilbilitanos, o termo latim Aqcuae foi usado por tal localidade ser famoso por suas águas termais. A família italiana deixou muitos rastros na Espanha, sobretudo na Rioja, onde existem umas falésias denominadas Riscos de Bilibio, assim como o famoso eremita e santo espanhol conhecido como San Felices de Bilibio.




Rastros que a família italiana deixou na Espanha são significativamente grandes, vejamos os Riscos de Bilibio e a cidade de Bílbilis, todos dentro do assentamento

Aqcuae Bilbilitanorum

Ruínas do castelo Bilibio - Haro, La Rioja, Espanha.

Ruínas do castelo Bilibio e ao fundo hermita de San Felices de Bilibio - Haro, La Rioja, Espanha.

Riscos de Bilibio, Haro, La Rioja, Espanha.

San Felices de Bilibio

Riscos de Bilibio, Haro, La Rioja, Espanha.


Vila de Bilibio - Haro - La Rioja - Espanha.

Cidade de Bílbilis - Espanha.

Cidade romana de Bílbilis - Espanha.

Cidade romana de Bílbilis - Espanha.

Cidade romana de Bílbilis - Espanha.


Sabe-se que durante a colonização romana da península ibérica a família obteve grande reconhecimento, possuiu relações politicas com o imperador Augusto (em latim: Gaius Lulius Caesar Octavianus Augustus) e foi durante esse período que Bílbilis itálica passou a ser denominada como Municipium Augusta Bílbilis.

O assentamento da família foi muito importante para o avanço do império romano na Península Ibérica, a região antes da chegada dos colonos italianos possuía grande população de celtas, iberos, bascos, lusões, berões entre outros póvos pre-romanos.

A família retornou gradativamente a Itália. Em 714 d.C ouve a invasão árabe-muçulmana da Península Ibérica forçando a família a deixarem o castelo Bilibio (em latim: Castellum Bilibium). Neste contexto a família se dirige a Repúblíca de Veneza, não se sabe ao certo os motivos de terem escolhido o local, mas de acordo com registros de feitos por Liberale Bilibio, em 1773, Orso Ipato, o terceiro duque de Veneza fez um convite para a família se estabelecer na próspera Republica de Veneza (em vêneto: Serenìssima Repùblica Vèneta) (em italiano: Serenissima Repubblica di Venezia) no ano de 714 d.C. Orso Ipato Disponibilizou a família Bilibio grandes lotes de terras na antiga Tarvisius (hoje Treviso), mais precisamente em Cavasagra na região de Vedelago. Posteriormente outros membros da família que haviam permanecido na Espanha retornam a Itália, sobretudo por conta de disputas dos feudos com outras famílias nobres e também por perseguição religiosa durante o julgamento das bruxas bascas. Sabe-se que a família não possuía uma boa relação com muitos nobres espanhóis e bascos, que os viam como estrangeiros, sobretudo as famílias Lara, Haro e Sanchéz, além da disputa pelos feudos a igreja católica também estava interessa nas terras da família, sobretudo onde viveu San Felices de Bilibio, por esse motivo a igreja acusou a família de bruxaria, Afonso Bilibio López, filho de García Bilibio Alonso e Maria López y Aznar foi um dos acusados por manter em sua casa Jimenez Campos de Abreu, acusado de praticar judaísmo e a jovem Juana Arburu de Barrenetxea Tamborindegui de praticar bruxaria. Acredita-se que as acusações eram para incriminar a família e a igreja ficar com suas terras. Afonso Bilibio fugiu para Fraça e posteriormente para a Itália.

A família Bilibio se fixou na República de Veneza e lá prosperou muito, tendo recebido novamente o título de patrício por Orso Ipato. Na República de Veneza a família manteve o costume de trabalharem como vinicultores, além da política muitos membros da família se dedicaram ao comercio e tornaram-se habéis comerciantes, como Dômenico Bilibio, muito conhecido em Veneza.


Parte da casa de onde a familia Bilibio partiu, Cavasagra, fração de Vedelago, Treviso, na região do Vêneto, Itália.

Posteriormente, por conta da grande crise que desolava toda Península Italiana, sobretudo em decorrência da unificação italiana e da revolução industrial a família Bilibio, decidiu, assim como milhões de famílias italianas decidiram, partir para o Brasil. Em 16/08/1879 o primeiro filho de Giovanni Bilibio e Domenica Rosin Bilibio, chamado Felice Bilibio, acompanhado de sua esposa Candida Pagnossin Bilibio e também de oito de seus nove filhos, Domenica Bilibio, Eugenio Bilibio, Pietro Bilibio, Catterina Bilibio, Aurelia Bilibio, Maria Luiggia Bilibio, Fiorina Bilibio e Giuseppe Bilibio deixam a Itália rumo ao novo mundo, partem do porto de Gênova, na Líguria, Itália e desembarcam no porto de Santos, São Paulo, Brasil.


A família se dirigiu ao sul do Brasil, se estabelecendo inicialmente na quarta colônia italiana, a primeira fora da serra gaúcha, no atual município de Silveira Martins, Rio Grande do Sul.


Alguns anos depois outros filhos de Giovanni tamém partem no navio de nome Pampa, seus nomes eram Catterino Bilibio e Liberale Bilibio. Catterino veio acompanhado de sua esposa Grazia Caovila Bilibio e de seus filhos Giovanna Bilibio, Angela Bilibio, Guglielmo Bilibio, Giuseppe Antônio Bilibio e Albina Bilibio. Liberale veio acompanhado de sua esposa Filomena Cecchin Bilibio e seus filhos Clementina Bilibio, Giovanni Bilibio, Ernesto Bilibio, Amabile Bilibio e Eugenia Bilibio. Desembarcaram no Morro da Saudade, Rio de Janeiro em 25 de outubro de 1879, posteriormente também se dirigiram a quarta colônia.


Em 1891, Candido Bilibio, filho de Felice, também partiu, este ultimo no navio de nome America. Cujo registro consta no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, no livro 028, na pagina 078, cujo numero da família é 01477.


Cândido Bilibio chegou a possuir um lote de terra em Piúma, no Espirito Santo, mas o mesmo vendeu sua propriedade e migrou para o sul. Dos cinco filhos de Giovani e Domenica dois permaneceram na Itália, em Vedelago, seus nomes eram Giacomo Bilibio e Luigi Bilibio.


A viagem da Itália ao Brasil levou 37 longos dias, a família foi acomodada na segunda classe, ou seja, a pesar da família estar passando por muitas dificuldades, possuíam uma boa condição financeira pois migrar da Itália para o Brasil não era barato, ainda mais de segunda classe


Posteriormente outros membros também partem de Cavasagra, do porto de Gênova, no navio de nome Pampa, e desembarcam no Rio de Janeiro, o seu destino final também foi o Sul do Brasil, a colônia de Silveira Martins.


Os motivos para migração foram muitos, neste período a italia passava por uma grande crise politica, econômica e social, não havia trabalho e a comida e a pobreza se estendia do norte ao sul da pesninula italiana. Assim como muitas famílias a condição para a partida foi em extremadegradação. Apesar da triste partida por deixarem muitos membros da família para trás, seus amigos, terras e toda uma vida, tiveram a coragem de partir para outro continente, onde não se falava italiano e se tinham outros hábitos, em um ato heroico deixaram a Itália rumo ao Brasil em busca de uma nova vida, de uma nova oportunidade.


Apesar da família ter como destino a quarta colônia de migração italiana, na cidade de Silveira Martins, foi no interior de Marau, em uma localidade denominada Cestiada, que a família se fixou por longo período de tempo, o segundo maior lote de terra pertenceu a família.

Antes de Felice Bilibio adoecer ocorreu um desentendimento famíliar muito grande em relação as divisões de um grande lote de terra e também por conta de uma quantidade de ouro que a família trouxe da itália, o resultado dessa disputa foi uma briga muito grande que resultou na migração de dois filhos de Felice para a Argentina, mais precisamente para a província de Corrientes, em 1918.

Após a morte de Felice, seus irmãos Catterino e Liberale juntamente com os filhos que permaneceram no Brasil decidiram vender as propriedades e após isso a família se espalhou principalmente na região Sul, sobretudo para as cidades de Cruz Alta, Passo Fundo, Caxias do Sul, Pejuçara, Santa Maria, Frederico Westphalen, Ijuí, Círiaco, Nonoai, Vêreanopolis, Viadutos, Mato Castelhano e Dionisio Cerqueira.

Em 1930 Pietro Bilibio começou se comunicar por cartas com a família na Itália. Os filhos de Felice que migraram para a Argentina voltaram a se comunicar com a família após 20 anos, onde trocaram algumas cartas com alguns familiares estabelecidos em Passo Fundo.

Pietro Bilibio, um dos filhos de Felice, foi um dos fundadores do bairro São Cristóvão, o maior de Passo Fundo. Os filhos de Pietro Bilibio e Carolina Cassini Bilibio cujos nomes são Olímpia, Dozalina, Rica, Angela, Terezinha, Maria, Ida, Adelaide, Marcelino, José juntamente com seu filho Demétrio e Cândido Bilibio, esse ultimo acompanhado de sua esposa Carmela Faoro Bilibio e seus filhos Odolir, Jatir, Valdomiro e Hilário Bilibio ajudaram a desenvolver o bairro São Cristóvão, o maior bairro de Passo Fundo. Oi


Na cidade de Cruz Alta Fausto Bilibio, com sua esposa Adélia Macagnan Bilibio e seus filhos Ricardo, Honorato, Guilherme, Fiorindo e Dinílio Bilibio fundaram a empresa de nome Irmãos Bilibio, inicialmente vendiam produtos variados e em 1960 se dedicaram ao comércio de bebidas.

O comercio foi muito importante para o desenvolvimento da região, tendo em vista que diversos produtos alcolicos procedentes do norte e nordeste do Brasil chegaram a Cruz Alta através do comercio da família. Fausto Bilibio também contribuiu na construção de uma igreja em Santa Lucia do Piaí em Caxias do Sul, já que a mesma foi construída em um lote de terra que ele havia doado para sua contrução.

Na cidade de Arroio Grande a família Bilibio construiu um importante moinho para a moagem de cereais cujo mesmo leva o sobrenome da família.

A maior parte da família dedicou-se a gricultura, ao menos as primeiras gerações após a migração, assim como a maioria dos imigrantes italianos, todavia alguns optaram por uma atividade comercial, assim como Fausto Bilibio, Atílio Sassa Bilibio, nascido em Nova Bassano, dedicou-se ao comercio, fundando uma serralheria, que posteriormente tansformou-se em uma metalúrgica, a Medabil, tornando-se o maior empresário do ramo na região sul e um dos maiores do Brasil, o mesmo também escreveu um livro sobre liderança empresarial, cujo titulo é Como começar uma industria com pouco dinheiro e muita paixão, Attílio Bilibio veio a falecer em decorrência de um trágico acidente aereo, onde o vôo 3054 da Tam bateu à noite contra um prédio da própria companhia aérea e explodiu, após a tentativa de pouso na pista principal do Aeroporto de Congonhas em 2007.

Alguns membros da família, dedicaram-se a politica, como por exemplo; Cesar Raimundo Bilibio, candidato a vice prefeito de Passo Fundo, Horalino Bilibio vereador de Cascavél PR, Itamar Bilibio, prefeito de Laguna Carapã MS, Gustavo Jung Bilibio, vereador de Cruz Alta RS.

Em 1927 Erminio Bilibio, Luigi Bilibio e Raimundo Bilibio partem da Itália para a Argentina, com as respectivas idades de 18, 18 e 17 anos. Ambos partem do porto de Gênova e se estabelecem na cidade de Buenos Aires, nas respectivas datas de 02/10/1927, 09/01/1927 e 09/10/1927. Erminio partiu na embarcação de nome Plata, Luigi partiu na embarcação de nome Nazario Sauro e Raimundo partiu na embarcação de nome Florida.

Também temos informações de que um membro da família migrou para o Peru, chamava-se Eugenio Bilibio, filho de Angelo Bilibio e Giovanna Venturin, não temos certeza quanto a data e onde se estabeleceu, no entanto, sabe-se que partiu acompanhado de sua esposa Maria Filippin juntamente de seus filhos Romulo, Remo, Erminia, Erminio, Noé, Fiorindo e Fortunato.

Na Argentina um conhecido membro da família é José Andrés Bilibio Estigarribia, descendente de italianos por parte de pai, pelo sobrenome Bilibio, e de bascos por parte de mãe, pelo sobrenome Estigarribia, lembrando que nos países de língua espanhola a ordem de sobrenomes é inversa da ordem portuguesa e brasileira. José Andrés Bilibio nasceu em 1975, na provicina de Corrientes, naturalizou-se armênio, começou sua carreira no clube argentino Deportivo Armenio e fez sucesso no Ararat Yerevan, onde disputou uma eliminatória para a Eurocopa 2004.


Por conta da grande notoriedade que a família possui, principalmente determinados mebros, podemos encontrar diversas ruas com nomes de membros ilustres da família, sobretudo na região sul do Brasil, tais como as ruas Attilio Bilibio, em Porto Alegre, Vereador Horalino Bilibio, em Cascavel, Guilherme Bilibio, Olavo Bilibio, Fausto Bilibio, todas em Cruz Alta, José Bilibio, em Passo Fundo, Geraldo Vieira Bilibio, em Dionisio Cerqueira e as ruas A (VI) Bilibio, B (VI) Bilibio, C (VI) Bilibio, Km 3, em Santa Maria.


Catterino Bilibio e Graciosa Caovilla Bilibio e família.

Brasil, Rio Grande do Sul, 1895

Família de Germano Bilibio e Albina Valcanova Bilibio. 1930 Rio Grande do Sul, Brasil.

Família de Fausto Bilibio e Adélia Macagnan Bilibio. 1930 Rio Grande do Sul, Brasil.

Felice Bilibio e dois de seus nove filhos.

Brasil, Rio Grande do Sul. 1880


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