Coordenadora: Alessandra Fabrícia Conde da Silva
Este projeto procura estudar a literatura produzida por escritores que imigraram para a Amazônia ou que são filhos da imigração, além daqueles que, embora não ligados ao fenômeno imigratório, retrataram ecos da presença histórica e cultural estrangeira na Amazônia, como se vê em relação aos japoneses, americanos, ingleses, portugueses, e mesmo em relação aos judeus e sírio-libaneses. Para tal, serão utilizados dois critérios para traçar uma cartografia de escritores e obras: aqueles que descendem dos povos que imigraram para a Amazônia e aqueles que atestaram em suas obras marcas da imigração e suas relações transculturais com a gente amazônica. Escritores como José Benedicto Cohen, Sultana Levy Rosenblatt, Marcos Serruya, Leão Pacífico Esaguy, Mady Benoliel Benzecry, Elias Salgado, Ilko Minev, Myriam Scotti, Rogel Samuel, Márcio Souza, Paulo Jacob, Milton Hatoum, Jorge Tufic, Fusako Tsunoda, Antonio Candido da Silva, Ademar Ayres do Amaral, David Afton Riker, Benedito Monteiro, Dalcídio Jurandir, Abguar Bastos entre outros formam o corpus de estudo deste projeto .
O projeto de pesquisa Ecos sefarditas: judeus na Amazônia volta-se para o estudo dos textos literários produzidos por três grupos de escritores da literatura da Amazônia: os judeus, os que tem antepassados judeus e os não judeus que procuraram registrar em suas obras não apenas ecos culturais ou históricos do judaísmo na Amazônia, mas o processo de adaptação dos imigrantes na terra que o acolheu. Fazem parte do corpus desta pesquisa textos de Sultana Levy Rosenblatt, Marcos Serruya, Leão Pacífico Esaguy, José Benedicto Cohen, Ilko Minev, Elias Salgado, Myriam Scotti, Paulo Jacob, Rogel Samuel, Márcio Souza, Salomão Larêdo, Dalcídio Jurandir, Milton Hatoum, Sandra Godinho entre outros. De tal forma, pretende-se fortalecer ainda mais o estudo sobre a presença judaica no Brasil, destacando a cultura e a história judaica em terras amazônicas.
Coordenadora: Everton Luís Farias Teixeira
Neste projeto de pesquisa é proposto um estudo comparativo entre as obras de João Guimarães Rosa (1908-1967) ? com destaque para o romance Grande sertão: veredas (1956) e os ?cronicontos? alemães de Ave, palavra (1970) ? e a historiografia de Eric Hobsbawm (1917-2012), enfeixada em Bandidos (1969) e Era dos Extremos (1994). O fio aparente que liga as produções destes dois observadores históricos do século XX é a preocupação de ambos com o homem comum em detrimento aos fatos históricos e aos espaços geográficos demarcados. O presente exame espera demonstrar como a história ocidental no século XX infiltra-se na particular inscrita desse autor brasileiro, seja pelo cosmopolitismo do terror forjado em ?O mau humor de Wotan?, seja pelo remoto sertão caracterizado como o próprio mundo pela fala do protagonista Riobaldo. Acerca desta obra, afirma-se que esta topografia, diferente da tradição regionalista, se erige tal qual uma metonímia de todos os lugares, portanto, distante de um saudosismo sertanejo. Alguns exemplos dessa ressonância histórica abundam nesse romance, como os grandes fenômenos vivenciados no século passado: a emancipação feminina e a crítica aos modelos liberais, os quais geraram os bandidos sociais em algumas regiões do globo, e com estes um acontecimento específico na passagem do século XIX para o XX: a eclosão dos primeiros Estados-paralelos de procedência rural originada pelas catástrofes ocorridas na Europa, as quais levaram as personagens das narrativas ?A velha? e ?A senhora dos segredos? a acreditarem na ilusão de liberdade em território brasileiro. Assim, os temas da ?nova mulher? e dos movimentos de resistência social nas periféricas zonas do capitalismo são de grande relevância tanto para a obra rosiana, quanto para o trabalho deste intelectual britânico, pois, em ambos, a documentação histórica se constitui em algo circunstancial em que as dimensões míticas dialogam com as composições ideológicas. Tendo a ambiguidade como a tônica das relações humanas e de poder do século XX e da ficção rosiana, o jagunço ficcional ora se assemelha ao paladino robinwoodiano, arquétipo ideal do bom bandido, quanto ao criminoso comum, figura proscrita pelas leis do Estado e pela aceitação do público geral. Este trabalho analisa ? com o auxílio da Estética da Recepção e das contribuições críticas de Antonio Candido (1918-2017) ? o percurso traçado pelas sociedades ocidentais no breve século XX no intuito de encontrar outras formas de subexistir em meio à desintegração dos valores desenhados pelo iluminismo setecentista. Integrando essas construções estético-científicas, é possível estabelecer uma interpretação mais completa de uma das muitas faces da realidade contemporânea, época em que o globo, perplexo, observou ruir impérios e a civilidade diante da barbárie praticada em regiões, como o sertão (real ou metafórico), esquecidas pelo capitalismo e pelo desgastado poder público. Nesta dialética, por um lado, amplia-se o estudo do tema do banditismo social hobsbawmiano, acrescentando-se à sua tipologia a figura do jagunço, por outro, denota-se em Guimarães Rosa uma atitude excepcional diante da violência e da barbárie observada em um período de exceção como o nosso em que todas as escritas se configuram em cantos de sobrevivência ou réquiens da liberdade.
A expansão ultramarina portuguesa acarretou a difusão da língua de Portugal pelo mundo e esse impacto linguístico português ainda hoje está sendo registrado. Em condições históricas muito específicas (quase sempre associadas ao flagelo da escravidão ou ao modelo de produção tipo 'plantation' ou às fortalezas) surgiram línguas que vieram a ser conhecidas como crioulas de base portuguesa. Essas línguas crioulas (de base portuguesa) possuem o léxico majoritariamente português, embora haja influências regionais (africanas ou asiáticas) na fonologia e na morfo-sintaxe. Entender os sistemas linguísticos das línguas crioulas nos permite, ao mesmo tempo, lançar novas luzes para reavaliarmos uma série de fenômenos linguísticos presentes no português do Brasil - e no falado na África - e ausentes no português europeu. Portanto, o projeto pretende estudar a problemática da crioulística, focando-se na crioulística de base portuguesa. O objetivo do projeto é investigar aspectos linguísticos (morfo-sintáticos) dos crioulos de base portuguesa, com destaque para Cabo Verde e Guiné Bissau, e também investigar o Português falado na região atlântica, em geral, em contato com as línguas crioulas de base portuguesa ou línguas locais. Objetiva-se ainda o estudo do português de contato da região norte do Brasil, centrado em uma sub-variedade específica denominada 'afro-indígena'. Pretende-se o cotejo, na medida do possível, entre as diversas variedades de línguas desse mundo Atlântico.
Coordenador: Liliane Batista Barros
O projeto propõe estudar como a Literatura trabalha a representação dos conflitos bélicos ocorridos após a independência do Brasil, de Angola e de Moçambique.
É membro do grupo de pesquisa O círculo de Bakhtin em diálogo coordenado pelo Prof. Dr. Fábio Marques de Souza (UEPB) no qual visa o desenvolvimento de pesquisa quanto ao uso de estudos bakhtianos no âmbito do letramento acadêmico.
Coordenador: Maria Helena Rodrigues Chaves
Coordenador: Maria Helena Rodrigues Chaves
Este projeto tem o propósito de investigar um aspecto da problemática educacional, no Brasil, que é o da formação inicial de professores de língua portuguesa, com foco na articulação entre a teoria, a prática e as demandas sociais instauradas pela diversidade constitutiva da sala de aula. A questão motivadora da pesquisa se volta para o fato de os professores de língua portuguesa, que se formam em nível superior, após passarem anos na universidade e receberem muitos conhecimentos teóricos e pedagógicos, não conseguirem tornar os alunos da escola pública básica, leitores fluentes e escritores competentes. Nesse sentido, pesquisa relaciona a formação curricular e pedagógica que os alunos do curso de licenciatura em Letras Língua Portuguesa recebem na universidade, com a formação prática possibilitada pelo Estágio Supervisionado, em situação real de escola pública básica. Tendo, como base teórico-metodológica, a concepção interacionista de linguagem, os estudos de Tardif e Contreras sobre saberes docentes e autonomia de professores, e os estudos que que concebem o estágio curricular supervisionado como pesquisa, a exemplo de Selma Pimenta e Evandro Ghedin., objetiva-se conhecer e compreender os fatores que interferem no processo de formação inicial de professores de língua portuguesa, influenciando na qualidade da formação dos egressos e, assim, contribuir com os estudos que teorizam a respeito da formação e do trabalho docente. É uma pesquisa qualitativa, de natureza etnográfica, que se realiza em dois campos: o curso de Letras Português, da Faculdade de Letras, do Campus Universitário de Bragança (FALE/CBRAG/UFPA) e escolas da educação básica da cidade de Bragança/Pa, e o curso de Letras Língua Portuguesa, da Faculdade de Letras, do Instituto de Letras e Comunicação (FALE/ILC/UFPA) e escolas da educação básica da cidade de Belém/Pa. A pesquisa tem duração inicial de quatro anos, com início em 2024.
Coordenadora: Rosângela do Socorro Nogueira de Sousa
Este projeto, objetivamos mapear os grupos de pesquisa em discurso e gênero na região Norte a fim de subsidiar o projeto ?Rede de Pesquisa em Discurso e Gênero: cartografia para integração Brasil e América Latina? ? coordenada pela professora Viviane Resende (UNB) ? cuja proposta é articular uma Rede de Pesquisa em Discurso e Gênero que possa integrar os grupos de pesquisa de gênero em análise de discurso das cinco regiões do Brasil e dos países latino-americanos que compõem a estrutura da ALED. O projeto tem como meta integrar a região Norte em um grupo de pesquisadores de diversas instituições nacionais, que engloba a Universidade de Brasília, a Universidade Federal da Bahia, a Universidade Federal do Espírito Santo, a Universidade Federal do Pará, a Universidade Federal de Santa Catarina, a Universidade Federal de Viçosa, a Universidade Federal de Minas Gerais, e internacionais, a Universidad de Buenos Aires.
Coordenadora: Rosângela do Socorro Nogueira de Sousa
Este projeto, que visa dar continuidade nas pesquisas desenvolvidas desde 2017, coloca-se em perspectiva de Análise de Discurso Textualmente Orientada (Fairclough, 2001), partindo de uma abordagem que considere gênero, raça, etnia, classe social e suas interseccionalidades em discurso, caracterizando-se por: a) Se inserir em uma perspectiva interdisciplinar; b) Apresentar posicionamento explícito, portanto, engajada socialmente; c) Fazer uso de análise sistemática de texto como método de pesquisa. A proposta de investigar nos discursos sobre gênero, raça, etnia, classe social e suas interseccionalidades tem sua relevância pelo fato de assinalar o que se apresenta, no campo social como um todo, o direito democrático de igualdade de tratamento e liberdade. Dentro dessa perspectiva, o uso da linguagem cumpre os objetivos de representar, agir, interagir e identificar o mundo e nós mesmos, dando origem a Discursos, gêneros e Estilos. Ela, como parte irredutível da vida social, tem relação dialética com a sociedade, de modo que é possível afirmar que ?... questões sociais são, em parte, questões de discurso e vice-versa.? (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, p. vii). Na perspectiva da Análise de Discurso Crítica (ADC), a linguagem é capaz de estabelecer e manter relações de dominação tanto quanto é capaz de contestar e superar tais relações. Daí a perspectiva engajada dá sentido às pesquisas linguísticas que tomam como aporte teórico-metodológica os pressupostos da ADC.
Coordenador: Sérgio Wellington Freire Chaves
O grupo de estudos SERLI e Projeto de Pesquisa MiSAm visam cartografar, analisar e promover reflexões críticas acerca do processo migratório de sertanejos para o norte do país, sobremaneira, em determinados momentos históricos, viabilizando compreensões, a exemplo, de interesses políticos e financeiros que sobrepuseram a questões outras e viabilizaram, inclusive, estereótipos a determinadas regiões do país e sua gente, promovendo preconceitos, rupturas, invalidações culturais e silenciamentos até hoje.