PedraLuz, Arquipélago, Exposição Marajós
As muitas mãos desenhando à tucumã, impreciso caroço: olho todo floresta, Pedro.Preto Poeta e Rafael da Luz, as correspondências, partilha sensível em meio às moventes ilhas, gigante Andara, para dizer da resistência contra a doença e suas metáforas, a Amazônia sibila lenta, porque o tempo tem outro giro, a memória viva diz dos atravessamentos
a ilha
o rio
o ser
imagéticas linhas, invisível território percurso de artes e saberes: Poesia, FotoGrafia, Ancestralidade, perspectivas invertidas, transgressoras de além rio, braço de igarapé, desvio: a baía ressoa, uma pedagogia das águas no corpo-palavra.
O Marajó aqui exposto, grande em sua distância, toca a cada pessoa, de modo próprio, diverso, de perto todo “encantado”: água, maré, fogo, ar, o ruído silencioso do encontro, brincante as vozes são muitas na delicadeza aguerrida da transcriação híbrida, para deslocar territórios, são Pedro, são Rafael, são mulheres, meninas, meninos, sou eu - outra.
Insulares histórias, fazeres, o impossível diário, campos e cantares. A originária Amazônia.
A poética de Galvanda Galvão nos emocionou e nos colocou diante do desafio de rumarmos, com a escolha de evidenciarmos os sentimentos da exuberância e contradições do Marajó. Uma "transcriação híbrida", como mencionou Galvanda. Vejam o desafio dessa aguerrida viagem, que trouxe de nossas essências a fusão de 13 escritas poéticas feitas por Pedro.Preto e 13 fotografias correlacionadas por Rafael da Luz. São os Marajós, de muitas e muitos, aqui apresentados em uma caminhada, como em um colo de mãe.
Queremos declarar nosso apego por esta cria e o quanto ela já nos mobilizou, sensibilizou, envolveu dezenas de pessoas queridas.
A cria é arte. Os dois pretos da Amazônia, seus criadores, agora são seus cuidadores e observadores de todas as emoções que brotarem dos olhares daqui para frente.
Marajós: dos ciclos, dos olhares, das veias, dos ventos, das águas, das revoadas, das luzes, dos remos, dos estreitos, das trocas, dos afetos, das alminhas, das divindades.
Viajem por esses rios turvos e florestas imponentes, mas observem tudo, assim como nos encantos de Pedro.Preto por Ponta de Pedras, Muaná, São Sebastião da Boa Vista, Curralinho, Bagre, Breves, Melgaço, Portel, Anajás, Afuá, Chaves, Gurupá e nos traços, nas luzes e vidas fotografadas por Rafael da Luz.
Sintam-se Marajós.
Belém, Pará, Setembro de 2025.
Pedro Nazareno Barbosa Júnior
Rafael Fernando da Luz Serrão Chaves