Realização em 2025
Com elementos históricos e contemporâneos, a ópera Leopoldina celebra a trajetória de vida e o legado de uma das figuras mais importantes da história do Brasil, simbolizando a continuidade de sua influência na cultura brasileira. A obra integra música de concerto e referências ao carnaval, refletindo a diversidade cultural do país e a visão inovadora do compositor Jorge Antunes, um dos mais destacados nomes da música contemporânea e experimental no Brasil.
Estamos em busca de parcerias para a sua realização em 2025. O projeto visa unir orquestras, coros e instituições culturais interessadas em colaborar nesta iniciativa que une ópera, história e cultura popular de maneira singular.
A ópera narra a trajetória de vida da Arquiduquesa Leopoldina de Habsburgo, que, em 1817, casou-se por procuração com o Príncipe português D. Pedro de Bragança. A história começa com a cena do casamento em Viena, oferecido pelo Marquês de Marialva no Palácio Augarten. Uma pequena orquestra toca valsas no grandioso baile aristocrático, enquanto a grande orquestra no fosso faz contrapontos.
Em seguida, a trama se desenrola no Rio de Janeiro, onde a Imperatriz Leopoldina abraça o espírito brasileiro, defendendo a independência do país. O momento culminante ocorre em 2 de setembro de 1822, quando ela assina o decreto que declara o Brasil independente de Portugal. Cinco dias depois, D. Pedro referenda a decisão com o famoso Grito do Ipiranga, em São Paulo.
O drama continua ao retratar o sofrimento de Leopoldina ao conviver com Domitila, Marquesa de Santos, que foi nomeada dama de companhia da imperatriz. Leopoldina, já debilitada, perde seu nono bebê e falece aos 29 anos. A narrativa, no entanto, não segue uma ordem cronológica. Em cenas alternadas, uma escola de samba, no século XXI, prepara um desfile carnavalesco em homenagem à arquiduquesa e imperatriz. A professora Dina, personagem interpretada pela mesma soprano que canta o papel de Leopoldina, é o destaque da escola de samba. Durante o desfile, uma jornalista a entrevista sobre suas firmes críticas à sociedade, preconceitos, misoginia, injustiças sociais e violência das milícias, temas pelos quais é conhecida.
A resposta da professora Dina é uma ária longa e emocionante, onde ela incorpora o pensamento e as lutas de Leopoldina, falando sobre utopias, anseios, desilusões e esperanças do povo brasileiro.
Composta pelo maestro Jorge Antunes durante sua estadia em Paris, de janeiro de 2020 a setembro de 2021, a ópera "Leopoldina" foi criada graças ao Prêmio Icatu 2020, que lhe concedeu uma bolsa financeira e residência artística na Cité Internationale des Arts. A expectativa era que a estreia acontecesse em 2022, nas comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, mas a pandemia frustrou esse plano, com teatros fechados e programações adiadas. Apesar disso, a nova ópera gerou grande interesse e expectativa no público brasileiro.
Datas em São Paulo e Curitiba a serem confirmadas*
A Orquestra Sinfônica Nacional (OSN) foi criada em 1961, por meio do Decreto nº 49.913, durante o governo de Juscelino Kubitschek, com o objetivo de cultivar e difundir a música sinfônica brasileira. Inicialmente vinculada ao Serviço de Radiodifusão Educativa, a OSN se destacou ao integrar músicos da Rádio Nacional, realizando gravações e apresentações que impactaram todo o país. Nomes como Francisco Mignone e Edino Krieger contribuíram para a história da orquestra.
Após um período de dificuldades nos anos 1980, com a extinção do SRE, a OSN foi incorporada à Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1986, onde passou a se fortalecer. A partir de 1992, a orquestra passou a realizar concertos regulares no Cine Arte UFF, ampliando seu público e sua atuação artística. Desde 2009, a OSN tem funcionado de forma mais autônoma, com músicos definindo o repertório e regentes convidados.
Hoje, composta por 83 músicos efetivos da UFF, a OSN mantém sua missão de difundir a música brasileira com excelência, promovendo o acesso do público e preservando o mercado de trabalho para músicos brasileiros.
Silvio Viegas é atualmente o Regente Titular da Orquesta Provincial de Santa Fe, na Argentina, e professor de regência na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais até o final de 2022, Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro de 2008 a 2015 e Professor da cadeira de Regência na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais durante mais de 15 anos.
Foi também Diretor Artístico da Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes, em Belo Horizonte de 2003 a 2005 e Diretor Artístico Interino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro de 2011 a 2012.
Desde o início de sua carreira tem se destacado por sua atuação no meio operístico regendo títulos como O Navio Fantasma, L'Italiana in Algeri, O Barbeiro de Sevilha, Le Nozze di Figaro, A Flauta Mágica, La Bohème, Tosca, Carmen, Cavalleria Rusticana, I Pagliacci, Nabucco, Il Trovatore, La Traviata, Falstaff, Otello, Il Guarany, Romeu e Julieta, Lucia di Lammermoor, Norma, Porgy and Bess, Salomé, Aleijadinho, entre outros.
Nomeado como o melhor regente de ópera em 2017, como convidado, esteve à frente da Orquestra da Arena de Verona, Sinfônica de Roma, Sinfônica de Burgas (Bulgária), Sinfônica do Festival de Szeged (Hungria), Orquestra do Algarve (Portugal), Sinfônica Brasileira (OSB), Coro e Orquestra Estable do Teatro Colón, Teatro Argentino de La Plata (Argentina), Amazonas Filarmônica, Petrobras Sinfônica, Sinfônica do Paraná, Sinfônica do Teatro São Pedro - SP, Orquestra do Teatro da Paz, Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, entre outras.
Em 2001 obteve o primeiro lugar no Concurso Nacional "Jovens Regentes”, organizado pela Orquestra Sinfônica Brasileira no Rio de Janeiro.
Natural de Belo Horizonte, Silvio Viegas, estudou regência na Itália e é Mestre em regência pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, tendo sido discípulo de Oiliam Lanna, Sergio Magnani e Roberto Duarte.
Jorge Antunes, pioneiro da música eletroacústica no Brasil, iniciou sua jornada musical em 1961, quando ingressou no curso de Física na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) e despertou interesse pela música eletrônica. Em 1962, compôs a primeira obra brasileira inteiramente produzida com sons eletrônicos, intitulada "Valsa Sideral".
De 1965 a 1968, Antunes se destacou na vanguarda artística do Rio de Janeiro e iniciou suas pesquisas sobre a correspondência entre sons e cores, criando as "Cromoplastofonias". Em 1967, foi convidado pelo Instituto Villa-Lobos para organizar o Centro de Pesquisas Musicais e, posteriormente, tornou-se professor de Música Eletroacústica.
Em 1969, recebeu uma bolsa para estudar no Instituto Torcuato Di Tella, em Buenos Aires, sob a orientação de mestres como Alberto Ginastera e Luis de Pablo. Continuou suas pesquisas no Instituto de Sonologia da Universidade de Utrecht em 1970, especializando-se em música computacional. De 1971 a 1973, com bolsa do governo francês, estudou no Groupe de Recherches Musicales da ORTF e iniciou seu doutorado em Estética Musical na Université de Paris VIII.
Convidado pela Universidade de Brasília em 1973, dirigiu o Curso de Composição Musical até 2011. Em 1975, realizou uma turnê europeia com o Grupo de Experimentação Musical (GeMUnB). Entre 1978 e 1989, envolveu-se intensamente na vida cultural e política de Brasília, compondo obras engajadas como a "Sinfonia das Diretas" e participando de festivais internacionais.
Nos anos 1990, com bolsas da Vitae e do CNPq, conduziu pesquisas na Europa e no Oriente Médio, culminando com a conclusão da ópera "OLGA" em 1993, ano em que foi compositor-em-residência nos Ateliers UPIC, dirigidos por Iannis Xenakis. Em 1994, foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Música e fundou a Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (SBME), sendo reeleito como presidente em 1997.
Antunes teve uma carreira internacional destacada, participando de festivais na França e no Brasil, ministrando master-classes em Portugal e na Argentina e recebendo o prêmio Estancias 1998 do Ministério da Cultura da Espanha. Nos anos 2000, representou o Brasil no Festival da SIMC no Japão e realizou concertos em Paris. Em 2002, foi homenageado pelo seu 60º aniversário, recebendo o título de Chevalier des Arts et des Lettres do governo francês.
Em 2006, estreou a ópera "Olga" no Theatro Municipal de São Paulo. Nos anos seguintes, participou de concertos monográficos no Museo de Arte Reina Sofia, em Madri, e compôs o poema sinfônico "O Massapê Vivo", estreado na XVIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea. Criou o Grupo Ópera de Rua em 2010 e estreou "Brasil de pé atrás" na XIX Bienal de Música Contemporânea Brasileira.
Jorge Antunes foi homenageado pelos seus 70 anos no XXVI Panorama da Música Brasileira Atual, em 2012, e realizou uma turnê de concertos na Áustria, Alemanha e Israel com o GEMUNB. Em 2013, compôs "Carta Athenagorica" durante residência no CMMAS, no México, e em 2014, estreou a ópera "A Cartomante" em Brasília. Em 2017, estreou a ópera "O Espelho" no Theatro São Pedro, em São Paulo, e realizou uma residência na Cité Internationale des Arts, em Paris.
Ao longo de sua trajetória, Jorge Antunes consolidou-se como um dos mais importantes compositores e pesquisadores da música contemporânea brasileira, deixando um legado de inovação e comprometimento artístico.
Entrevista com Jorge Antunes mencionando a composição
Ópera O Espelho, Theatro São Pedro, 2016.
Documentário sobre Jorge Antunes, 2005.
Ópera Olga. TMSP, 2006.
Equipe Criativa
William Pereira | Direção Cênica e Cenografia
Caetano Vilella | Iluminação
Silvio Viegas | Regência
Personagens*
soprano | Leopoldina
mezzo-soprano | Maria Luiza
contralto | Domitila
tenor | Dom Pedro I
barítono | José Bonifácio
barítono | Marquês Marialva
barítono | Historiador
* a serem selecionados em audição.
Euterpe Cultural | Produção Executiva
Sistrum | Coordenação Geral
Cordas: Violinos I, Violinos II, Violas, Violoncelos, Contrabaixos (mínimo dois instrumentos de 5 cordas).
Harpa, Cavaquinho, Violão.
Madeiras: Piccolo (também Flauta em Sol e Flauta 3), 2 Flautas, 1 Flauta extra (somente nas valsas em cena do 1º Ato), 2 Oboés, 1 Oboé extra (somente nas valsas em cena do 1º Ato), 1 Corne-inglês, 2 Clarinetas em Sib, 1 Clarineta extra (somente nas valsas em cena do 1º Ato), 1 Clarineta Baixo em Sib, 2 Fagotes, 1 Contrafagote.
Metais: 4 Trompas em Fá, 4 Trompetes em Sib, 4 Trombones, 1 Tuba.
Percussão: Tímpanos (4), Xilofone, Glockenspiel, Atabaques (Rum e Rumpi), Tamborim, Caixa clara, Pandeiro, Repique, Surdo (médio e grave), Tom-tons (3 tamanhos: menor, médio, maior), Bumbo, Bombo (Gran Cassa), Reco-reco, Maraca, Chicote, Chocalho de metal, Metal Chimes, Wood Chimes, Apito Pedhuá, Agogô duplo, 3 Wood blocks.
Coros: Coro misto (S.A.T.B., cerca de 40 coralistas), Coro infantil (6 ou 8 crianças).
Eletrônicos: CD com sons eletrônicos (estéreo, 8 faixas).
William Pereira é um renomado diretor de ópera e teatro, cenógrafo e figurinista brasileiro, nascido em Paranaíba, Mato Grosso do Sul. Formado em Direção Teatral pela Universidade de São Paulo, iniciou sua carreira artística estudando piano. Destacou-se como um dos principais nomes do teatro de vanguarda nos anos 80, fundando o grupo A Barca de Dionísio e dirigindo produções premiadas, como Leonce e Lena de Georg Büchner. Seu talento o levou a estágios em importantes casas de ópera de Londres, trabalhando com diretores como Antoine Vitez e Harry Kupfer.
Ao longo de sua carreira, William dirigiu óperas em algumas das mais prestigiadas casas do Brasil, como o Theatro Municipal de São Paulo, Theatro Municipal do Rio de Janeiro e o Teatro Amazonas. Entre suas obras mais notáveis estão as estreias mundiais de Olga e Onheama e Kawa Ijen – O Vulcão Azul. No teatro, suas montagens foram igualmente reconhecidas, incluindo produções de Senhorita Júlia e Romeu e Julieta. Seu trabalho lhe rendeu diversos prêmios, incluindo o Prêmio APCA, Prêmio Shell, Prêmio Governador do Estado e Prêmio Carlos Gomes.
Caetano Vilela ganhou enorme destaque no Brasil e no mundo por suas criações em importantes produções nacionais e internacionais, como A Queda da Casa de Usher, de Philip Glass, em 2005, Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk, de Shostakovich, em 2007, Ariadne em Naxos, de Richard Strauss, em 2008, Os Troianos, de Berlioz, em 2009, e a ópera Ça Ira, de Roger Waters, compositor e fundador do Pink Floyd, em 2008. Foi responsável pela direção e iluminação da ópera O Navio Fantasma, de Richard Wagner, no Festival de Ópera do Theatro da Paz, trabalho considerado pela crítica especializada como uma das melhores produções de 2015. Ainda em 2015, assinou a encenação e iluminação das óperas Um Homem Só, de Camargo Guarnieri, e Ainadamar, de Osvaldo Golijov, para o Theatro Municipal de São Paulo, além das óperas O Homem dos Crocodilos, de Arrigo Barnabé, e Édipo Rei, de Stravinski, para o Theatro São Pedro. Caetano foi selecionado, junto a outros artistas brasileiros, para representar o Brasil na Quadrienal de Praga (Performance Design and Space) em 2015, uma exposição mundial de criadores da área teatral que acontece na República Tcheca.
Em 2016, dirigiu pela primeira vez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro a ópera Orfeu e Eurídice. Neste mesmo teatro, iluminou importantes produções líricas como Tannhäuser, de Richard Wagner, sob direção de Werner Herzog, e La Sonnambula, de Vincenzo Bellini, sob direção de Aidan Lang, entre outras. Dentre os trabalhos realizados por este grande artista brasileiro, destacam-se ainda D. Giovanni, de Amadeus Mozart, dirigida por Mauro Wrona; As Criadas, de Jean Genet, em co-produção com a Polônia, sob direção do polonês Radoslaw Rychcik; e Oeste Verdadeiro, de Sam Shepard, sob direção de Mário Bortolotto.
Carioca, Júlia é produtora cultural, mezzo-soprano formada pelo Instituto Villa-Lobos (UNIRIO, 2019) e técnica de iluminação cênica (IATEC, 2016).
Já trabalhou em diversas produções de concertos, teatro e ópera, em espaços no Rio de Janeiro como os Theatros Municipais do Rio de Janeiro e de Niterói, Cidade das Artes e em São Paulo como Praça das Artes, Sala São Paulo, Teatro B32, Teatro J Safra.
Atuou como produtora executiva da Temporada de Ópera do Theatro São Pedro de 2022 em I Capuleti e i Montecchi (Bellini - Antonio Araujo), West Side Story (Bernstein - Moeller&Botelho), Ópera dos Três Vinténs (Weill - Alexandre Dal Farra), além de balés e concertos sinfônicos.
Foi produtora executiva na Dellarte, atuando com incentivos fiscais e na produção artística do Festival de Inverno de Petrópolis (2020 e 2021), em formato online e presencial.
Através da Euterpe Cultural, incubadora de projetos criada em 2021, realiza produções independentes de ópera e música de concerto, como a ópera Il Pigmalione, a Petite Messe Solennelle (2022) e o concerto Vertentes Modernistas (2023) e o concerto Mistérios de Natal na Cripta da Catedral da Sé (2024) e presta consultorias para artistas e entidades sem fins lucrativos. Atualmente Júlia é agente artística dos cantores líricos na ArteMatriz cuidando diretamente da agenda de 35 cantores e gerindo dezenas de contratos com as principais casas de ópera e concerto do Brasil e América Latina.
A SISTRUM é pioneira na divulgação da música erudita contemporânea e de vanguarda, estando atuante desde 1976. Produziu nos anos 80 foi a produção da ópera Qorpo Santo, de Jorge Antunes, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. A partir de 1996, começou a desenvolver intensa atividade na produção de espetáculos de música moderna, congressos e também na produção de CDs na mesma área. Produziu o Encontro Internacional de Música Eletroacústica, com edições em 1997, 1997 e 2003. Desde 1992 produz eventos na área de literatura e de artes plásticas, destacando-se: Labirinto Sábio (1992); Exposição Athos Bulcão (1993); Exposição Cassiano Nunes (2000); Speculum Brasilis (2005); Ópera A Cartomante (2014); Duas Minióperas para Crianças (2016); Concertos no Rio e em Paris (2017), etc. Entre 2006 e 2016, produziu vários CDs e DVDs de música contemporânea brasileira. Seu mais recente DVD foi lançado em abril de 2012: a Ópera de Rua "Auto do Pesadelo de Dom Bosco". Em 2013 e 2014, a SISTRUM produziu óperas em parceria com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília: Olga e A Cartomante. Em 2014, produziu também o espetáculo teatro-musical Leçons de Ténèbres em parceria com a Embaixada da França no Brasil. Em 2017, produziu concertos para a Academia Brasileira de Música (RJ), a Sala Baden Powell (RJ) e a Casa Thomas Jefferson (Brasília).