A Avenida Hélio Prates é uma das principais vias estruturantes do Distrito Federal, conectando o centro de Taguatinga à região administrativa da Ceilândia, a mais populosa de Brasília. Seu papel de eixo metropolitano a torna um importante ponto de passagem, comércio e serviços para milhares de pessoas diariamente. No entanto, a infraestrutura urbana da avenida, sobretudo em seu trecho na Ceilândia, revela uma série de deficiências que comprometem a qualidade do espaço público, a segurança e a acessibilidade dos pedestres e ciclistas.
Apesar de sua importância territorial e urbana, a Hélio Prates é marcada pela predominância de fluxos veiculares e por calçadas estreitas, desniveladas e descontinuadas, muitas vezes ocupadas por obstáculos e adaptações improvisadas das fachadas comerciais. A ausência de ciclovias ao longo de toda a sua extensão é especialmente crítica, visto que a região possui alta densidade populacional e grande número de deslocamentos de curta distância, o que reforça a demanda por modos ativos de transporte. Em contrapartida, extensas áreas de recuo têm sido ocupadas por estacionamentos informais, o que evidencia a priorização dos automóveis particulares em detrimento da mobilidade ativa e da permanência qualificada no espaço público.
Além das questões infraestruturais, observa-se também a escassez de elementos que incentivem o uso coletivo da avenida, como mobiliário urbano, sombreamento, áreas verdes e travessias seguras. Isso contribui para um ambiente hostil e pouco atrativo, especialmente para grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas com deficiência. A configuração atual da avenida favorece o deslocamento rápido, mas desestimula a vivência do espaço urbano e a integração social.
Dessa forma, uma proposta de requalificação urbana na Hélio Prates se justifica não apenas pela necessidade de corrigir as falhas físicas existentes, mas também pela urgência de ressignificar o papel da avenida como espaço público de convivência, mobilidade sustentável e inclusão. O projeto visa redesenhar o espaço urbano a partir do olhar do pedestre e do ciclista, promovendo equidade no uso do solo, conforto ambiental e valorização da vida urbana cotidiana na Ceilândia.