Mostra [em]curtas

TRABALHOS AVALIADOS!

Veja os selecionados, e resultados aqui e em nossas redes!

Cine-criações do entre, ou como pensar com mídias outras (re)existências para o cinema, educação e paisagens.

Existe todo um subgênero asiático de quadrinhos e cinema, vindo do meio da década de 80 até o início do século XXI, que berrava as ansiedades daqueles que cresceram em um país traumatizado pela bomba atômica - seja a que serviu de recado ao final da segunda guerra ou as que pairavam pelos mares na disputa de poder entre as potências que ocupavam seus países como peças para o jogo de influências. Essa sensação de impotência, junto a um medo do progresso tecnológico desenfreado, criou imagens e conceitos que constituíram grande parte da estética que ficou conhecida como Cyberpunk. Akira (1988) e Ghost In The Shell (1995) talvez sejam os mais evidentes e bem sucedidas construções desse cenário em que o apocalipse foi normalizado.


Nessa mescla em que tudo é volátil e indefinido, onde os telefones são extensões de nossos braços e vozes, plantations gigantes se erguem no meio de espaços minúsculos em plena urbanização das grandes terras, de calores ao inverno e verões fechados em ebulição. O cenário em que já não há mais volta é o atual; resta ao poder tentar revertê-lo a um ponto mais próximo possível de zero. Estamos tão imersos em rituais de exploração gradualmente maiores que não percebemos o quão irreversíveis eles são: Jamais iremos ver a realidade na sua forma analógica após um contato direto com o digital, assim como a terra desgastada nunca será aquela de antes da chegada da ganância. Por mais que tenhamos aprendido que o ciclo sempre renova a sua plenitude, cada vez mais isso soa como uma falácia infantil que apenas serve para acalmar as crianças da proeminente ebulição do mundo para manutenção do capital.


O Cyberpunk nos confronta com uma realidade (um tanto quanto familiar) em que os estados são apenas memórias de um passado barroco, distantemente próximos (ainda mais se considerarmos uma métrica histórica, onde décadas são equivalentes a segundos). Onde o ser humano já foi totalmente transformado em engrenagem social, sendo posto em uma abrupta mescla entre homem e máquina, para que a ganância sempre esteja abastecida de mão de obra barata. Retrógrado em tantos aspectos, o Brasil decidiu ser vanguardista nesse esboço de inferno para a maioria.


Cada vez mais jogados às boas vontades de uma elite que já se provou egoísta e a favor de uma “idiocracia” que se mantém regente, nos vemos acelerados no processo de mistura com a máquina. Entre redes sociais e aulas à distância como únicas interações disponíveis sem risco algum à vida, acabamos tendo toda nossa percepção de mundo condicionada a um cabo de cobre. Nossas interações sociais analógicas estão reservadas a pequenos espaços de nosso subconsciente tal qual as pequenas reservas florestais que contrastam com a avassaladora urbanização das cidades, cada vez mais parecidas com gigantescos cortiços sem vida ou personalidade. E essa falta de personalidade avança impiedosamente sobre uma instituição tão essencial e fragilizada, a educação.


Para quem hoje se vê, por necessidade, condicionado ao distanciamento, presenciar a aula torna-se ainda menos engajante com a ausência das tramas paralelas nas mesas ao lado, especialmente quando tal ocasião se prende a modelos arcaicos. Um cenário completamente tomado por aqueles que deveriam ser satélites da escola parece cada vez mais consolidado, com direito a crianças com “sotaque de Youtube”. Faz-se necessário cada vez mais pensarmos sobre como os recursos dessa órbita podem beneficiar a formação de uma liberdade através da educação, tão sonhada por Paulo Freire.


Para isso é preciso pensar em processos. Processos podem ser vistos como impeditivos, meras formalidades burocráticas que impedem a inovação. Essa demagogia liberal apenas esconde o fato de que a estruturação evita que boas intenções não tragam frutos devastadores. Podemos traçar os mais diversos paralelos com a macropolítica mundial e brasileira, onde as vontades da maioria se tornaram contra os processos por falta de organização e noção dos porquês.


Ainda no recorte da sétima arte, veja o caso de filmes como A vida é Bela (1997) ou A Lista de Schindler (1993). Filmes de diretores renomados, que ganharam prestígio nas premiações compostas por sindicatos, mas que são casos de estudo até hoje por serem considerados irresponsáveis, principalmente por uma ala mais próxima da Cahiers du Cinéma, devido ao tom agridoce e evidentemente melodramático de ambos os longas para um episódio tão cruel como o holocausto. O estímulo audiovisual é uma das armas mais poderosas na construção das pós-verdades, presente muito antes de figuras como Trump ou Bolsonaro. E os dois premiados filmes acabam contribuindo para uma narrativa que trata o episódio como uma vírgula atípica da história, surgindo de forma espontânea sem causa ou consequência sistêmica.


Ao usarmos o audiovisual na educação, agregando-o ao ainda arcaico sistema, não consideramos a forma fílmica na hora de ensinar. Professores põem esses dois filmes antes de cogitarem procurar por Noite e Neblina (1955) de Alain Resnais, que pensa antes de tudo na forma para encenar tal conteúdo. Filmes não são livros ou artigos, onde as palavras regem o que ficará impresso aos sentidos, são as imagens e sons diluídos pelas escolhas da equipe com seu diretor. Essa intermediação da realidade com a câmera, que Bazin tanto enaltece como alma do processo fílmico, é sempre subjugada pelas intenções ou temáticas de um filme no senso comum. Afinal, um tiro filmado em Close-up ou em contra-plongée são tiros diferentes, por mais que o evento seja o mesmo.

“Eis uma ideia cinematográfica. Ela é prodigiosa porque assegura ao âmbito do cinema uma verdadeira transformação dos elementos, um ciclo que, de um golpe, capacita o cinema a fazer eco a uma física qualitativa dos elementos. Isso produz uma espécie de transformação, uma grande circulação de elementos no cinema a partir do ar, da terra, da água e do fogo. Em tudo o que eu digo, a história não é suprimida. A história está sempre presente, mas o que nos espanta é o fato de a história ser tão interessante pela própria razão de ter tudo isso atrás dela e com ela...” (DELEUZE, 1987 - O ATO DE CRIAÇÃO).


Por isso, precisamos pensar em formas e porquês para termos nos deixado levar pela modernidade hiperliberal e nos esquecido da importância desses fatores. Em meio a tantas reflexões, críticas e sonhos, a Mostra Audiovisual [Em]Curtas convida a todos, todas e todes que estudam as beiras, as bordas, o entre imagem, som, mídias, educação, cinema, arte, filosofia, paisagens, memórias e… e… e… para submeterem seus trabalhos acadêmicos para nossas seções de diálogos acadêmicos. O evento tem como tema:Cine-criações do entre, ou como pensar com mídias outras (re)existências para o cinema, educação e paisagens” e está dividido em três eixos de submissão e apresentação de trabalhos, sendo eles:

Eixo 1

Cinema, audiovisual, mídias e educação

Eixo 2

Cinema, linguagens audiovisuais, mídias, imagens e paisagens

Eixo 3

Processos criativos em cinema, audiovisual e mídias

Cada proponente poderá submeter até 02 (dois) trabalhos para o evento, um na condição de Autor e outro como Co-autor. Não há limite para número de autores e autoras por trabalho. Poderão submeter os trabalhos estudantes de Graduação, Pós-Graduação e Professores de qualquer área. Os textos deverão ter entre quatro e oito (4 a 8) páginas e estarem adequados às normas ABNT vigentes.


As contribuições serão avaliadas pela Comissão Editorial e por pareceristas ad hoc, por meio de revisão às cegas, reservando-se o direito da Mostra [em]curtas de propor modificações com a finalidade de adequar os trabalhos aos padrões editoriais.


Os resumos expandidos devem ser adequados às normas para publicação e enviados à Comissão Editorial da Mostra [em]curtas até o dia 10 de junho de 2021 por meio eletrônico para academica.emcurtas@gmail.com. A Comissão Acadêmica selecionará trabalhos para serem publicados no dossiê “Mostra [em]curtas” em Setembro de 2021 na Revista F(r)icções http://friccoes.com/. Os demais trabalhos aprovados comporão os Cadernos de Anais da Mostra [em]curtas no site oficial da Mostra, também com lançamento para Setembro de 2021.


Os textos submetidos às propostas acadêmicas da Mostra [em]curtas não precisam ser originais e podem estar em processo de avaliação simultânea em outra publicação/evento. Cabe ao Conselho Editorial avaliar a conveniência de publicar ou não trabalhos já divulgados.


É condição para a publicação dos materiais a adequação à linha editorial da Mostra [em]curtas, o cumprimento das normas e a revisão prévia.


Apreciação pela Comissão Científica


Os trabalhos serão, primeiramente, apreciados pela Comissão Científica, que solicitará pareceres aos Consultores ad hoc, que permanecerão anônimos. Os artigos serão encaminhados aos consultores sem identificação. Os autores serão notificados da aceitação ou recusa de seus artigos.


Quando forem indicadas modificações substanciais, o autor será notificado e poderá realizá-las, devolvendo o trabalho reformulado dentro do prazo estabelecido pela Comissão. Caso os autores não levem em consideração os apontamentos e correções contidos nos pareceres, o texto não será publicado.


Formatação para Trabalhos


Os resumos expandidos deverão obedecer estritamente à formatação apresentada no template (margens, tamanho da folha, espaçamentos, tamanho de fonte, estilos etc.), que trazem também exemplos das normas para citação e referenciação.

Submissões: de 10/05 até 10/06

Respostas dos avaliadores: a partir de 10/08

Apresentações das comunicações: Setembro de 2021

Publicação dos textos: Setembro/Outubro 2021

Os trabalhos deverão ser enviados em formato DOC ou DOCX para o e-mail: academica.emcurtas@gmail.com


O valor de contribuição para participar é de R$15,00 (quinze reais) por inscrito e deverá ser enviado por transferência bancária ou PIX para:


Transferência bancária:

Banco: NuBank

Agência: 0001 / Conta Corrente: 14879026-6


PIX: emcurtas@gmail.com

IDENTIFICAÇÃO: E. GOMES LOURENÇO


É necessário que o pagamento seja efetuado para que ocorra a apresentação do trabalho como comunicação oral no evento e posterior publicação na Revista F(r)icções e Cadernos dos Anais da Mostra [em]curtas, os valores serão entre R$15,00 e R$30,00 reais: R$15,00 reais para textos com apenas um autor e R$30,00 reais para textos com dois autores ou mais.


Os autores serão contatados por e-mail para combinar datas e horários a respeito das comunicações.


TODOS OS PARTICIPANTES RECEBERÃO CERTIFICADOS DE APRESENTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO EMITIDOS PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA.


Junto o trabalho em anexo, no corpo do e-mail os autores e autoras devem enviar:

  • Título do trabalho

  • Resumo do Trabalho

  • Minibiografia do(s) Autor(es)

  • Telefone para Contato/Whatsapp

  • Comprovante de depósito/transferência/PIX da taxa de contribuição (R$15,00 ou R$30,00).

  • E claro, o trabalho anexado! Não esquece, emmm..


As orientações para inscrições de ouvintes serão publicadas em breve!!


“...A pergunta então é essa: esses pequenos fragmentos de espaço visual cuja conexão não é dada previamente são conectados por meio de quê?...” (DELEUZE, 1987 - O ATO DE CRIAÇÃO)


Avaliadores:

Profa. Dra. Daniela Franco Carvalho (UFU)

Prof. Dr. Fábio Purper Machado (UIVO)

Profa. Dra. Fernanda Monteiro Rigue (UIVO)

Prof Me. Fernando da Silva Barbosa (UAM)

Prof. Dr. Ivan Ferrer Maia (USJT)

Profa. Esp. Keyme Gomes Lourenço (UIVO)

Prof. Dr. Leandro Belinaso (UFSC)

Profa. Maria Carolina Alves (UIVO)

Profa. Nicole Cristina Machado Borges (UIVO)

Profa. Esp. Roberta Paixão Lelis da Silva (UIVO)

Profa. Dra. Tamiris Vaz (UFU)

Prof. Me. Tiago Amaral Sales (UIVO)

O evento será online pelo Canal do Youtube da Mostra [em]curtas

Contamos com sua presença!